Slm 146:1 Aleluia! Louva, ó minha alma, ao SENHOR.
Slm 146:2 Louvarei ao SENHOR durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu viver.
Slm 146:3 Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação.
Slm 146:4 Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios.
Slm 146:5 Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no SENHOR, seu Deus,
Slm 146:6 que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e mantém para sempre a sua fidelidade.
Slm 146:7 Que faz justiça aos oprimidos e dá pão aos que têm fome. O SENHOR liberta os encarcerados.
Slm 146:8 O SENHOR abre os olhos aos cegos, o SENHOR levanta os abatidos, o SENHOR ama os justos.
Slm 146:9 O SENHOR guarda o peregrino, ampara o órfão e a viúva, porém transtorna o caminho dos ímpios.
Slm 146:10 O SENHOR reina para sempre; o teu Deus, ó Sião, reina de geração em geração. Aleluia!
Entende-se que esse Salmo foi escrito por Davi. De qualquer modo, nós,
cristãos, cremos que ele foi divinamente inspirado e, portanto, é o
conselho de Deus para nossas vidas em todas as gerações. E o conselho é este: Confie em Deus e não no homem, por mais exaltado que ele seja; não coloque sua confiança em homens, não importa qual seja sua posição ou poder; confie, antes, no Senhor.
Ao vermos o grandes feitos de Davi registrados nas Escrituras, o mavioso salmista de Israel, homem escolhido segundo o coração de Deus - e portanto acima, e muito acima de todos os demais, poderíamos supor que ele se colocasse como a referência político-religiosa em sua época e em diante. Afinal, foi Davi quem matou o gigante Golias, além de vencer os gigantes de outras nações. Ele ficou conhecido como "homem de sangue" (I Cr 22.8). Davi também era um homem de louvor, louvando ao Senhor quer pela vitória concedida após (Sl 9.1-3) ou antes da batalha (Sl 22.20-25), além de instituir o ministério de música junto a arca de Deus, com turnos de levitas, músicos e cantores (I Cr 16.1-7). Davi profeticamente falou sobre o Senhor Jesus, sua encarnação, seu sofrimento e traição, sua morte, sua ressurreição, seu reino e a libertação de toda criação. Foi a Davi que foi feito o pacto (ou aliança), da parte de Deus, de que seu trono seria eterno, de "geração em geração", em resposta ao desejo de Davi em edificar uma casa para Deus (I Cr 17).
Podemos pensar, desse modo, que Davi, uma bênção tão grande para seu país, deveria ser adorado, de acordo com o uso das nações pagãs, que deificaram seus heróis, para que todos eles viessem e confiassem em sua sombra e fizessem a ele sua permanência e fortaleza. “Não”, diz Davi, “não confie em príncipes (Salmos 146:3), nem em mim, nem em qualquer outro; não coloque sua confiança neles; não aumente suas expectativas em relação a eles. Não esteja muito certo de sua sinceridade. Não esteja muito certo de sua constância e fidelidade; é possível que eles mudem de ideia e quebrem suas palavras.
Sobre isso, Jeremias também profetiza: "Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!" (Jr 17.5). Esse conselho é ainda ampliado por Deus: "Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, e se estribam em cavalos, e têm confiança em carros, por serem muitos, e nos cavaleiros, por serem muito fortes; e não atentam para o Santo de Israel, e não buscam ao Senhor" (Is 31.1). O Novo Testamento enfatiza isso de modo muito direto: "sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso" (Rm 3.4).
Note que na perspectiva de Deus, quem inspirou a Bíblia - e por isso ela é dita Sagrada, a confiança do Seu povo não deve ser posta em nenhum homem ou nação ou mesmo em "instrumentos de defesa" (carros, cavalos, etc.), por mais poderosos ou famosos que sejam! Não importa se esse é o costume de outros povos e religiões, não importa se a situação é de aperto ou opressão: para Deus, Seu povo deve CONFIAR NELE E SOMENTE NELE, em todo e qualquer momento ou situação! A confiança mesmo no mais exaltado e poderoso dos homens é proibida; e as razões são dadas para a proibição, conforme lemos no Salmo 146.
É muito lamentável a nossa tendência de confiar nos grandes e nos elevados da terra, que parecem capazes de fazer por nós, de nos ajudar, de nos promover à posição e à riqueza e de estabelecer nossa condição. O salmista declara que nenhum homem, nem mesmo o mais poderoso, tem poder para salvar (livrar) a si mesmo ou a outros. Eles são meros mortais, de quem hora ou outra sai-lhes o espírito e então retornam ao pó da terra, pois é isso que são - pó. Davi, quem poderia gloriar-se de seus feitos e de ser quem ele foi, a quem Deus usou poderosamente e notoriamente em Seus santos desígnios, disse que não se deveria confiar mesmo nele!
A aplicação prática para a nossa geração e as gerações futuras é muito, mas muito direta: NÃO CONFIEM EM HOMENS, POR MAIS GABOLAS QUE SEJAM! Não é para colocarmos nossa confiança em nenhum deles: nem em líderes religiosos, nem em políticos, nem em ninguém. Seu líder religioso NÃO É INFALÍVEL, muito menos o seu político do coração! E, de passagem, diga-se: NÓS NUNCA CONHECEMOS AQUILO QUE PASSA NO INTERIOR DE NINGUÉM! Não conhecemos suas verdadeiras intenções; no máximo ouvimos seus discursos e vemos seus comportamentos! E, portanto, discurso e comportamento precisam estar muito alinhados! O próprio Senhor Jesus nos disse isso inúmeras vezes:
Mat 23:1 Então, falou Jesus às multidões e aos seus discípulos:
Mat 23:2 Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus.
Mat 23:3 Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem.
Mat 23:4 Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
Mat 23:5 Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas.
Mat 23:6 Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas,
Mat 23:7 as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos homens.
O discurso dos fariseus era um, no entanto sua prática era outra. Não é à-toa que o Senhor os chamou de hipócritas!
Vejamos outra passagem:
Mat 7:15 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.
Mat 7:16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?
Mat 7:17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus.
Mat 7:18 Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons.
Mat 7:19 Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.
Mat 7:20 Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.
Mat 7:21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Mat 7:22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
Mat 7:23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.
Aqui temos duas situações. A primeira, a do discurso sem a correspondente - e coerente - prática. Na continuidade, a segunda situação nos fala de uma prática P.I.V. (Para Inglês Ver). Nos dois casos, o destino é o mesmo: ficar de fora do reino dos céus, com o correspondente lançamento no fogo eterno, destinado ao diabo e aos seus anjos. É interessante notar que esses dois grupos de pessoas até podem enganar os incautos, mas a Deus elas jamais enganam!
Sendo ainda mais claro, o ensino bíblico, aplicável àqueles que têm a Bíblia como o livro divinamente inspirado por Deus e, portanto, o livro proveitoso para "ministrar a verdade, para repreender o mal, para corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver" (II Tm 3.16) é que a confiança no poder terreno, de homens e seus aparelhos, é pecado aos olhos de Deus. Equivale dizermos que o Senhor não é suficientemente poderoso para nos dar livramento e nos conduzir à vitória e a paz, ou que não está nem aí para a nossa situação, para os nossos problemas e angústias, sejam elas espirituais, econômicas, políticas, etc. Em última análise, é a independência e auto-suficiência que o diabo prometeu ao homem no Éden e que vem prometendo até hoje. E isso é radicalmente oposto às palavras e ao comportamento de Davi.
É um absurdo essa confiança cega, manifesta cabalmente pelo apoio efusivo, acrítico e institucional que as denominações ditas cristãs vem dando à políticos e seus partidos, sejam eles de direita, de esquerda ou de centro, às custas do (im)provável atendimento às suas pautas religiosas. Do mesmo modo, é um absurdo essa confiança inquestionável em lideranças cristãs, como se fossem o próprio Deus. É um absurdo tal coisa, da parte daqueles que confessam a Jesus como Senhor! Novamente, nenhum homem ou ideologia pode ser objeto de nossa confiança tal como se tem visto, como diz o próprio Salmo! "Mas pastor, e se for proibido a igreja se reunir?" Querido(a), isso já aconteceu inúmeras vezes ao longo da história! Multidões de nossos irmãos e irmãs foram privados da comunhão pública na época das perseguições imperiais! O peixe, enquanto símbolo do cristianismo, surgiu nessa época para identificar os que eram cristãos, a fim de poderem fazer suas reuniões de forma secreta! E a igreja seguiu em frente, como o Senhor mesmo disse que aconteceria: nenhuma porta do inferno pode contra ela! A porta da sua denominação pode até ser fechada algum dia, querido(a), mas jamais a porta da fé em Cristo Jesus!
Nosso papel enquanto igreja é confiarmos exclusivamente em Deus, nosso Pai, e em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo! Se mesmo ao fazermos o bem e vivermos vidas pias o Senhor permitir que o mal nos sobrevenha, então glorifiquemos ao Senhor por isso! Pedro, apóstolo do Senhor, nos recomenda a sujeição às autoridades, mas nunca a confiança nelas! Novamente, temos o testemunho dos nossos irmãos e irmãs: Roma mandava que eles abjurassem da fé e adorassem ao imperador, mas eles mantinham-se firmes, mesmo sob ameaças de violência, privação e de morte; Roma proibia-lhes a reunião pública, mas eles se reuniam secretamente e assim compartilhavam o pão e o cálice do Senhor! Eles sofreram e foram perseguidos sim, num nível que muitos de nós não consegue alcançar, mas onde iam, fugitivos, a Palavra do Senhor era pregada e novos irmãos e irmãs nasciam da Palavra e do Espírito! Eles eram considerados párias na terra, mas amados nos céus! Estevão enquanto estava sendo apedrejado e morto por causa do testemunho, viu os céus abertos e o Filho do Homem de pé, à destra de Deus! Daqueles 12 originais apóstolos do Senhor, dentre os que permaneceram a Ele fiéis, apenas João não sofreu o martírio por sua fé, tendo no entanto que viver isolado na ilha de Patmos, onde teve a bênção de ver o Senhor ressurreto e glorificado, recebendo do Senhor as visões que constituem o livro de Apocalipse!
O que esses e outros irmãos e irmãs tiveram em comum? A irrevogável e irrestrita confiança somente no Senhor! Seus testemunhos ultrapassaram os séculos e até hoje nos impactam! Seus nomes, suas obras e principalmente sua fé estão para sempre escritos nos umbrais da eternidade! Que nós possamos olhar para o exemplo que eles nos legaram, de forma a fazermos o mesmo que eles fizeram, de forma a seguirmos seus passos! O mundo, querido(a), jaz no maligno e tudo o que há no mundo não agrada a Deus, de sorte que quem ama o mundo e o que há no mundo o amor do Pai não está nele. E esse amor ao mundo aplica-se também a toda essa paixão carnal por homens e ideologias por quem diz ser do Senhor, trazendo escândalos, descrédito para com o Evangelho e blasfêmias contra Deus e o Caminho.
Lembre-se do que nos ensinou o Senhor em Apocalipse: o anticristo (a besta que emerge do mar) terá efusivo apoio político e religioso do falso profeta (a besta que emerge da terra), ambas capacitadas pelo dragão (satanás) para agirem e enganarem aos homens! A união de poder político com religião historicamente sempre culminou no surgimento de anticristos e seus falsos profetas, tal como visto por Daniel em Babilônia. Quanto mais avançamos no cronograma de Deus, mais e mais anticristos surgirão, tal como João, o apóstolo, nos diz: "Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora". Nosso Senhor nos diz, ainda, que esses falsos cristos e falsos profetas enganariam a muitos e isso se deve a essa confiança acrítica e efusiva posta neles! Tudo o que temos visto e ouvido, portanto, são o cumprimento daquilo que nos tem dito o Senhor e também a preparação para o fim, onde muitos adorarão e seguirão os falsos ungidos do diabo, por neles depositar confiança cega e irrestrita!
Ao final, segundo Davi, não é o homem por mais poderoso e influente que seja quem dá pão ao faminto, ou faz justiça aos oprimidos, ou abre os olhos aos cegos, ou levanta os abatidos, ou guarda o peregrino, ampara o órfão e a viúva. É O SENHOR, HOJE E SEMPRE! Portanto, não coloque sua confiança e esperança em homem algum, mas sim somente no Senhor seu Deus!
"Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre" (I João 2:17).
Pense nisso! Graça, misericórdia e paz te sejam multiplicadas!