quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
JUSTIÇA A QUALQUER PREÇO E O PREÇO DE QUALQUER JUSTIÇA
Justiça (dic. Aurélio):
1.Conformidade com o direito; a virtude de dar a cada um aquilo que é seu.
2.A faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência.
O sentimento de justiça é talvez um dos mais antigos do homem. Para a filosofia, o sentimento de Justiça é intrínseco à consciência humana, isto é, no homem normal dotado de discernimento do bem e do mal, do certo e do errado, do que é justo e injusto.
O poder de discernir entre o bem e mal - algo até então restrito à Deus - foi justamente o que a antiga serpente prometeu a Eva, conforme registrado no Livro de Gênesis: "Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal" (Gn 3.5). Desde então o homem, incapaz de conter o mal libertado no mundo por sua ação de desobediência, passou a ter que lidar com a maldade, criando códigos de conduta baseados em seu conceito de certo e errado. Parodiando Gênesis, "e o mal foi gerado na humanidade. E disse o Homem: faça-se um código de Leis que administrem a maldade humana. E fez-se o Direito".
Assim, o transgressor passou a exigir observância aos seus princípios "legais"; obediência aos princípios, normas, preceitos e padrões criados pelo próprio transgressor. Talvez seja a partir daí que surge o antigo dito popular "faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço". Como homens, exigimos justiça, mas não somos justos; julgamos segundo o nosso padrão, o qual nem nós mesmos conseguimos atender.
Gritamos "justiça!", "quero a minha justiça!"; queremos justiça a qualquer preço, sem nos importarmos com o preço de qualquer justiça. Não importa se pessoas inocentes sofrerão; não importa se a causa, pela qual todos trabalharam, se perderá por completo. O que interessa é termos o nosso "sentimento de justiça" satisfeito! Nem que para isso seja preciso montarmos um verdadeiro tribunal da inquisição, o qual consideramos como "santo tribunal" ou "tribunal de Cristo" - principalmente em Igrejas. E assim irmãos se levantam contra irmãos, pelo "direito de justiça". Ninguém quer ser injustiçado, ninguém quer arcar com o dano; antes, todos, uma vez demandados, exigem reparação!
Sobre o "sentimento de justiça" e o consequente "direito de reparação", Paulo, escrevendo aos Coríntios, diz: "Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano? Mas vós mesmos fazeis a injustiça e fazeis o dano, e isto aos irmãos" (I Co 6.7,8). Ou seja, já é um erro notório haver a demanda - a disputa, o litígio, a peleja - entre os irmãos. Os crentes da Igreja de Corinto deveriam fazer tudo o que estivesse ao alcance para evitar o litígio, até mesmo sofrer o dano. Sofrer o dano (o prejuízo) do ponto de vista do Cristianismo Bíblico é preferível ao litígio, até porque um erro não compensa outro: se a injustiça é errado, cobrá-la também o é. Observe que Paulo diz que ao cobrar a reparação, aqueles crentes estavam eles mesmos causando o dano, "e isto aos irmãos", acrescenta.
Ele segue a exposição: Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? (I CO 6.9) Injustos - era o melhor qualificativo para aquelas pessoas, mesmo às que foram injustiçadas. O valor a ser pago na hipótese de "justiça a qualquer preço" é caríssimo - a perda da entrada no reino de Deus, o preço de qualquer justiça como esta. Fora do reino, sem a santa herança; esse é o resultado do exercício da justiça mundanizada, da justiça daqueles que se consideram a si mesmos eruditos e mestres da Lei. Jesus
disse: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus" (Mt 5.20).
Você tem pautado o exercício da justiça com base numa justiça a qualquer preço? Você julga segundo a aparência? Você julga segundo sua própria medida, sendo parcial? Cobra direitos sem cumprir deveres? Sua vida é um livro aberto? Você é um bom exemplo a ser seguido, especialmente naquilo que você tanto cobra nas outras pessoas? Exige transparência, mas há áreas da sua que ainda estão em trevas e que você faz questão de continuar assim? Considera-se a si mesmo um "paladino da justiça", mas não passa de um patético bufão na sua vida cotidiana?
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
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