Cura interior, cura das emoções ou cura das memórias... há várias formas pelas quais essa prática é denominada nas Igrejas que as aceitam e adotam. Juntamente com os nomes, há também - e infelizmente - muita confusão sobre o entendimento do assunto. A imensa confusão que foi gerada ao longo dos anos sobre o assunto acabou causando desentendimentos, más compreensões e práticas estranhas que nada, em absoluto, tem relação com o correto entendimento e prática da cura interior. Muito desse desentendimento deriva-se da introdução de práticas espúrias e antibíblicas como se fossem cura interior. Dentre elas, podemos citar a regressão (até o ventre materno ou até mesmo à vidas passadas, o que é espiritismo disfarçado com roupagem evangélica). A regressão nada tem a ver com cura interior; é uma técnica psicológica.
Cura interior nada tem a ver com psicologia ou psicoterapia. A cura interior não utiliza técnicas dessas áreas de conhecimento as quais, apesar de genuínas, não guardam relação com a Palavra de Deus. Aqui, aproveito para introduzir o primeiro conceito importante: cura interior precisa, obrigatoriamente, estar 100% baseada na Bíblia. A Palavra de Deus é e sempre será o Remédio de Deus para os problemas humanos, não importa onde estejam localizados - se no corpo, na alma ou no espírito (I Ts 5.23). Substituir a Palavra, até uma ínfima parte que seja, na cura interior (ou em qualquer coisa) é abdicar da suficiência das Escrituras, algo inconcebível a um verdadeiro crente em Cristo. Há muitos ditos "pastores" que se matriculam em cursos de psicoterapia para ministrarem cura interior nas igrejas; outros que ainda misturam práticas esotéricas na cura, como a tal "regressão a vidas passadas". Além de não alcançar o resultado esperado - porque cura interior NADA, repito, NADA TEM A VER com psicoterapia ou psicologia, a prática só contribui para mascarar o real problema interior da pessoa e agravar o quadro.
Abre 1º parênteses: Alguns irmãos questionam a legitimidade da cura interior porque, via de regra, não compreendem a base bíblica da mesma. Na maioria das vezes, isso se deve a aplicação das verdades bíblicas de forma transcendental, sem considerar sua eventual aplicação imanente. Por exemplo, afirmam que o sacrifício de Cristo resolve todos os problemas emocionais do homem quando este se converte e que, por isso, não haveria necessidade da cura interior. No entanto, é preciso considerar que a suficiência do sacrifício de Jesus na cruz (sim, o sacrifício do Senhor é suficiente - o que passar disso, é de procedência maligna!) sob o aspecto imediato e mediato. Isaías 53 diz que "por suas pisaduras fomos sarados" (Is 53.5), porém vemos Deus colocando na Igreja Neo-Testamentária "dons de curar" (I Co 12.28). Qual era a base espiritual dos "dons de curar"? O sacrifício de Cristo. Os dons de curar eram possíveis porque o Senhor Jesus Cristo havia sido sacrificado na cruz e eram (e ainda são) necessários porque mesmo o corpo dos genuínos crentes em Cristo era (e ainda é) passível de adoecer. Note que a ministração de cura é sempre feita "em Nome de Jesus", como Ele mesmo assim ordenou (Mc 16.18); a cura é o resultado da cruz. Note também que apesar do sacrifício de Cristo garantir a cura, havia na Igreja crentes doentes, que precisavam de cura. Assim, o suficiente sacrifício de Nosso Senhor garante inapelavelmente a realidade da cura (bem como um futuro corpo sem doenças), mas a realização dessa verdade na vida dos irmãos em Cristo não é necessariamente instantânea, automática. Fecha 1º parênteses.
O segundo conceito importante é que a cura interior só pode ser ministrada por quem tem as suas próprias emoções curadas pelo Espírito de Deus. "Médico, cura-te a ti mesmo" é a máxima aqui. Não há nenhuma eficácia numa ministração de cura interior realizada por alguém doente em sua própria alma. Por isso mesmo, de nada adianta aplicar técnicas psicoterapêuticas e/ou psicológicas como se fossem cura interior, porque não haverá resultado prático. Na ministração de cura, de forma redundante, o objetivo é curar as emoções daquele que sofre; para isso, o ministrante precisa ser forte emocionalmente, pois a exacerbação de poderosas emoções - por vezes contraditórias - durante a ministração, é algo muito comum.
No que consiste a ministração de cura interior? Consiste na ministração das verdades bíblicas aplicadas às necessidades emocionais específicas que se constituem em feridas de alma, de forma a curar, com o auxílio e total dependência do Espírito Santo, aquela emoção específica. Por exemplo: uma irmã em Cristo que foi duramente ferida emocionalmente por seu pai na sua infância (por qualquer razão: violência familiar, estupro, abandono do lar, etc) não consegue, atualmente, se relacionar com Deus como seu Pai, pela associação do conceito de pai com a ferida. Todas as vezes que ela ouve falar em Deus como Pai ela sente repulsa. Aqui, a ministração de cura interior envolve a ministração das verdades bíblicas acerca de Deus como Pai (Pai de Amor, de Bondade, de Graça, etc), desassociando emocionalmente (não é ideológico ou mental) o conceito errado de pai, com liberação de perdão ao pai terreno após a cura. Observe que não se trata meramente de uma associação conceitual pura e simples, mas sim principalmente emocional. A cura interior deve quebrar padrões de respostas habituais e comportamentos que foram gerados em reação a um trauma inicial.
Assim, a cura interior é necessária se há uma ferida ainda não cicatrizada, ou seja, se uma lembrança, uma pessoa ou um ambiente causa desconforto, dor, medo ou tristeza. Deve ser compreendido que as feridas emocionais podem surgir por diversas razões, sendo talvez a principal delas a rejeição. Rejeição é o sentimento gerado a partir de atitudes de outros que nos levam a sentir-nos sem valor ou não amados. Por exemplo, a separação, o abandono, a crítica, a indiferença, a ausência ou violência por parte dos pais pode produzir um sentimento de rejeição na vida dos filhos. Podemos ainda citar:
- As "preferências" de um dos pais ou de ambos por um filho em detrimento de outro.
- "Bullying": atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês bully, tiranete ou valentão) ou grupo de indivíduos causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder. Por exemplo, quando um/uma jovem é vítima de estupro ou violência sexual sem coito, quando for adulto(a) poderá apresentar traumas com relação a tudo que se refere ao sexo.
- Auto-rejeição: Quando nós mesmos não aceitamos nossa condição (cor da pele, classe social, profissão, aparência física, etc...).
- Sentimentos de culpa, com causa real ou aparente: Por exemplo, ter sido apontado como “responsável” pela morte ou destruição de alguém (morte da mãe no parto, alcoolismo do pai por desgosto, suicídio de alguém...).
Sobre isso, comenta Nelson Galvão, no site da CACP: "A cura espiritual deve tocar o problema na sua fonte. O indivíduo deve ser liberto da prisão de uma memória em particular e do falso significado atribuído a ela. As feridas emocionais causadas pelo incidente que forçou a repressão de sua memória deve ser curada. Paulo fala de Deus como o Pai da compaixão (I Co. 1:3-4) e também enfatiza que a provisão do sangue de Cristo é um aspecto da Sua perfeita sabedoria (Ef. 1:7-8). De fato, é a “contínua aspersão do Seu sangue” que guarda o coração e a consciência das “palavras mortas” (Hb. 9:14; 10:22) e nos liberta do cativeiro emocional destas palavras a fim de que possamos servir ao Deus vivo." Nenhuma cura interior deve ser ministrada a partir da implantação de experiências falsas! Portanto, quem ministra a cura precisa conhecer o real problema na vida da pessoa que sofre. Nada de chutes ou achismos!
O terceiro conceito aqui que é, talvez, a base principal da cura interior é que a cura interior é produzida unicamente pelo Espírito Santo atuando através da vida daquele que ministra. Cura interior é um dom do Espírito Santo (I Co 12.9), no qual Ele, que é Senhor Absoluto da Igreja, age por meio de alguém para curar aqueles que sofrem. É Ele, em última análise, quem cura o homem! Como diz o antigo hino "O Espírito de Deus Está Aqui":
O Espírito de Deus está aqui, Operando em nossos corações
Trazendo sua vida e poder, Ministrando sua graça e amor
Os feridos de alma são curados, Os cativos e oprimidos livres são
Os enfermos e doentes são sarados, Pois o Espírito de Deus está aqui
Daí, quem ministra a cura, precisa estar em total dependência e em total sintonia com o Espírito Santo, discernindo a forma e o momento de ministrar essa cura. As feridas emocionais podem se encontrar profundamente enterradas na alma humana e, para curá-las, é necessário trazê-las à superfície. Em alguns casos, esse processo pode ser extremamente difícil por causa das barreiras que são erigidas sobre aquela ferida, pela própria alma, de forma que ela não fique exposta. Sem a atuação poderosa do Espírito Santo, é impossível destruir estas barreiras. Além disso, pode haver pecado envolvido, ou em alguns casos até mesmo podem existir demônios por detrás daquela situação. Assim, pode haver a manifestação demoníaca no momento da ministração da cura e, novamente, é imprescindível que seja dado ao Espírito Santo todo o controle de ambas as vidas, tanto do ministrante quanto do ministrado.
É importante o entendimento de que nem sempre a cura interior, tal como é entendida, se faz necessária. Algumas ocasiões, a cura emocional pode brotar da revelação específica da Palavra de Deus a partir da pregação de um sermão, por exemplo, de forma que a pessoa recebe e se apropria daquela verdade da Palavra para seu problema específico. Noutros casos, a cura emocional pode brotar a partir de um louvor inspirado pelo Espírito Santo, onde a letra com o Espírito atuam para curar a ferida emocional. Por essas e por outras, não se deve reprimir as emoções no culto/serviço cristão: nem as emoções do adorador, nem as emoções do pregador. Obviamente, tudo com o devido equilíbrio, mantendo-se a decência e a ordem na Igreja.
Nos casos em que a ferida emocional está ligada, direta ou indiretamente a um pecado, este pecado precisa obrigatoriamente ser reconhecido como tal, confessado e abandonado a fim de que as emoções possam ser curadas pelo Espírito Santo. Por exemplo, medos/fobias ligados ao mundo espiritual podem possuir, por detrás, práticas espíritas/feitiçarias - o envolvimento da pessoa com ocultismo - as quais a pessoa nunca reconheceu como pecado e nem confessou como tal. Neste caso específico, há a necessidade de libertação e conversão da pessoa à Cristo para que a ferida emocional seja curada.
Abre 3º parênteses: Um verdadeiro crente em Cristo, convertido ao Senhor, firme na fé a qual "de uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 3), JAMAIS será objeto de possessão demoníaca, pois o seu corpo é Templo do Espírito Santo, o lugar onde o Espírito Santo habita e é adorado. Porém, é preciso considerar que com o retrocesso do cristianismo bíblico e o consequente avanço dos falsos ensinos, muitos não-convertidos passaram a freqüentar as igrejas e participarem dos cultos/trabalhos como se fossem realmente convertidos. Infelizmente, muitas dessas pessoas são escravas do diabo ao ponto de serem possuídas/oprimidas por espíritos demoníacos. Aqui vale o velho adágio: "nem tudo o que reluz é ouro": o que parece expulsão de demônios de crentes, não o é, no mundo espiritual; é apenas a expulsão de demônios de "pseudo-crentes", de inconversos. Aqueles que abandonaram a fé correm o risco de experimentar o mesmo triste e deprimente estado espiritual, bastando que para isso a "casa" torne-se vazia, algo muito fácil de acontecer numa vida sem o Senhor e sem o devido cuidado espiritual. Em ambos os casos aqui abordados - não-convertidos (ou convencidos) e desviados - vale lembrar as palavras de Jesus em Mateus 12:43-45 = "E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má". Fecha 3º parênteses.
Apesar de já ter sido mencionado anteriormente, é válido fazê-lo novamente para reforçar o entendimento: a cura interior está ligada a alma humana, que padece de diversas doenças emocionais como resultado do pecado de Adão no Éden. Antes da queda (o pecado original), o homem, que é constituído por três partes - corpo, alma e espírito - gozava de plena comunhão com Deus. A parte do homem responsável pelo relacionamento do homem com o mundo espiritual é o espírito humano. Em seu estado de santidade e comunhão com o Criador, o homem vivia uma vida de saúde física, emocional e espiritual.
Quem em sã consciência pode afirmar que não precisa de cura interior?Os crentes,na sua grande maioria,desejam ser curados dos males do corpo.Mas,Cristo é completo:Ele cura tanto o corpo,quanto a alma.Nos arraiais "igrejeiros"há muita confusão a esse respeito.Vivemos numa época em que impera um sicretismo religioso,até mesmo nas igrejas ditas(daí a mistura)evangélicas.Há uma grande apelação:rituais espíritas,psicologia,parapsicologia,catolicismo etc-uma sopa de entulho e põe entulho.Daí que muitos até por medo não aceitem a cura interior.Só se esquecem que Deus é Amor e Perfeito.A Salvação é completa.Deus nada faz pela metade.O Seu desejo é restaurar o homem ao equilíbrio,levá-lo à estatura de homem perfeito. Alguém com sua alma enferma precisa do médico dos médicos.
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