"Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor." (Efésios 4:10-16)
O texto de Efésios fala sobre os homens-dons, dados por Cristo, em sua ascenção ao céu. Paulo lista 5 tipos de homens-dons, todos resultado da vitória de Cristo na cruz: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (ou doutores, noutras versões). É possível afirmar, portanto, que esses homens-dons são uma expressão limitada e específica do ministério plural de Cristo sobre a Terra. Limitada, porque em Cristo "habitava corporalmente toda a plenitude da Divindade" (Cl 2.9) enquanto o mesmo não se repete em nossas vidas; nesse caso, temos um dom perfeito dado a um homem imperfeito o qual, por sua vez, vai aperfeiçoando a si mesmo no uso desse dom a medida que vai exercendo. Específica, porque enquanto Cristo possuía a plenitude, os homens tem apenas uma expressão singular dessa plenitude. Assim, quem equipara Cristo e os homens, colocando-os no mesmo patamar de igualdade, comete grave erro; o mesmo erro que o ex-querubim cometeu em tempos imemoriais.
Analisando um pouco mais esse texto de Efésios, vemos que todos os dons listados tem em princípio a mesma função: "com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo". Aperfeiçoamento para desempenho do serviço, ato contínuo que Paulo denomina "edificação do corpo de Cristo". Aperfeiçoamento vem do grego "katartismos", significando um "ajuste correto, ajuste exato que descreve como (permite) que as partes individuais trabalhem juntas na ordem correta". O que se tem em mente aqui é que o serviço dos santos é sinergístico, "o efeito ativo e retroativo do trabalho ou esforço coordenado de vários subsistemas na realização de uma tarefa complexa ou função". Há, portanto, uma complementariedade inevitável no serviço cristão: o serviço que um indivíduo pode - e deve - prestar é importante para outro e para o serviço que esse outro presta e assim sucessivamente. Ninguém, portanto, trabalha sozinho ou para si mesmo. No entanto, para que esses serviços possam "se encaixarem" perfeitamente, Cristo deu dons aos homens.
Como Cristo deu dons aos homens, muitos tendem a medir o desempenho do exercício desses dons usando como padrão o ministério terreno de Cristo. Ou seja, buscam infalibilidade ministerial, estando sempre muito preparados para ferozmente criticarem todo erro que julgaram encontrar na pessoa-dom. É interessante que esses críticos plantonistas eles mesmos possuem dons (I Co 12 e 14) e abusam do direito de errarem - erros em diaconia, erros em profecia (profecias da carne), erros no ensino, erros no aconselhamento, etc. - e mesmo assim consideram-se em condições de criticar os erros dos outros. Isso me faz lembrar sobre a trave no olho: "Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão." (Mt 7.3-5) Obviamente, não estou me referindo aqui ao mau-caratismo de alguns que se intitulam e se promovem a si mesmos, sem sequer serem cristãos verdadeiros (como falsos profetas e falsos apóstolos, etc.). Estou me referindo às relações dentro do corpo de Cristo.
Outro tipo de erro muito comum, no que se refere especificamente ao ministério pastoral, é compará-lo com a atividade pastoril. Comparar um pastor de gente com um pastor humano nos força, obrigatoriamente, a comparar uma pessoa com uma ovelha (animal) em todos os aspectos, tal e qual no primeiro caso. Daí, vamos acabar concluíndo que gente só serve para o abate (virar churrasco) e para produção (de lã e de leite); passou disso, não serviriam para mais nada. Obviamente, isso é um absurdo!
O termo “pastor” é uma metáfora do Antigo Testamento, e, juntamente, com
as demais expressões de liderança espiritual na Igreja, aplica-se ao
cuidado amoroso, respeitoso e dedicado de um pastor em favor de sua
comunidade local. Sobre essa atividade, as epístolas pastorais estão repletas de direção e recomendações acerca do serviço a ser desempenhado. Expressões como "admoestar" (exortar) sirgem com muita frequência; outras expressões como "suplicar" (em favor de todo os homens), "alimentar" (com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido; I Tm 4.6), "rejeitar", "ordenar e ensinar", "tornar-se padrão", "repreender" (na presença de todos), "não impor precipitadamente as mãos", e muitas outras. Não há nenhuma expressão, no entanto, que ligue o exercício do ministério pastoral com a atividade pastoril, diretamente transposta. Não há algo como "defenda o crente do inimigo", como querem alguns a partir de um erro crasso de interepretação bíblica (com base numa má exegese de João 10). Com relação ao inimigo, o ministério pastoral (pastor de gente) atua, no máximo, no ensino bíblico e na correção dos desvios, no tratamento disciplinar e na oração.
Quem nos guarda do maligno é o Senhor Jesus, guardando tanto os crentes como os pastores (que também são crentes)! Ele é o bom pastor (Ele mesmo disse isso), que dá a vida pelas suas ovelhas, como de fato Ele o fez, na cruz do calvário! Quem toma essa passagem de João 10 e aplica ao ministério pastoral pós-ascenção de Cristo precisa mostrar atualmente como um pastor humano, de seres humanos, vai dar a sua vida por outros seres humanos (dar a vida aqui, em João 10, é literal; é morrer por e no lugar de outro, de forma que o outro não precise morrer e nem venha a morrer). Fico aqui, "pensando com meus botões", se os mega-líderes e seus liderados condicionados a não pensarem, que tanto criticam outros com base nesse falsa exegese, podem avocar para si mesmos esta função, de morte vicária e redentora! (veja mais em: https://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2018/02/a-podridao-do-sistema-religioso-que.html).
Pedro faz um acréscimo importante para o exercício do ministério pastoral: "Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho." (I Pe 5.1-3) Segundo o apóstolo, então, o pastorado de gente deve ser feito de forma espontânea, de boa vontade e como modelo dos irmãos.
A espontaneidade refere-se ao trabalho feito sem pressão, sem forçar a barra. O pastoreio é feito por prazer e devoção, não por pressão por lucros e dividendos, por crescimento e expansão do império pessoal de pastores-presidentes, bispos, apóstolos, etc. que pensam antes nas suas carteiras e ambições de poder do que pessoas. Quem pastoreia debaixo de pressão na verdade não pastoreia, pois tem seu foco mudado por conta das pressões religiosas monetarizadas; as pessoas, aqui, deixam de ser importates (e o pastorado refere-se a ter pessoas como foco do trabalho). Esses interesses escussos levam aos mega-ultra-plus-tabajara-líderes a colocarem gente doente na posição de liderança (de culto ou de atividades) pela "capacidade" que essa pessoa teoricamente possui em atrair gente (por exemplo, colocar sob imposição uma pessoa com síndrome do pânico na liderança de culto de libertação pela suposta capacidade de "fazer movimento" - coisa do neopentecostalismo antiblíblico - a despeito da negativa justificada do pastor local. Quem assim age, não pastoreia ninguém; só a si mesmo).
Como o leitor facilmente perceberá, isso nada tem a ver com a vontade de Deus! Isso está fortemente ligado com o outro requisito - "não por sórdida ganância". A motivação pastoral recomendada não é o lucro material! É a alegria de fazer a obra de Deus! Igreja que tem um pastor (mesmo que seja o mega-ultra-plus) ganancioso por dinheiro, biblicamente está sem pastor! Faço uma pergunta nesse ponto: observe a altíssima rotatividade da igreja "pastoreada" por quem vê cifrão em cada pessoa que chega; observe o sem número de divisões que essa igreja já sofreu, o número de líderes/liderados que perdeu e a quantidade de projetos que não deram certo. Você acha isso normal? Você acha que isso é culpa exclusiva do diabo? Você acredita na chapeuzinho vermelho, na branca de neve e nos três porquinhos? Isso acontece porque esses mega-ultra-plus, com foco na bufunfa e não nas pessoas, vão atropelando princípios bíblicos e consequentemente impedindo o progresso da igreja. Igreja bloqueada! Quem está resistindo a essa igreja não é o diabo, é o próprio Deus! Sabe por quê? Veja: Quanta gente machucada, ferida e abandonada pelo caminho; gente boa, gente com qualidades e defeitos (GENTE), com dons e talentos, gente que confiou a vida ao mega-ultra-plus e foi descartada por não obedecer cegamente aos devaneios imperialistas do sujeito (que não diz "Amém, mein Führer!" para tudo o que o mega-ultra-plus fala)! Quanta gente foi - e é - criticada pelo mega-ultra-plus (e por alguns de seus seguidores apassivados, com cérebro na posição "off") como "bode", "falso isso, falso aquilo", "balaio de gato", etc. só porque não concordou se sujeitar ao espírito de dominação vigente! Há alguma justiça, biblicamente falando, nisso?
Sobre quem está resistindo a igreja, o pr. Francis Frangipane explica: "é o próprio Deus quem “resiste aos soberbos” (Tiago 4.6). Desta forma, se estivermos divididos nos nossos corações de outras igrejas, ou se estivermos de alguma forma nos autopromovendo na nossa atitude, estamos andando em orgulho. Conseqüentemente, o Espírito que se levanta para se opor aos nossos esforços não é demoníaco; é Deus. Deus não tolera orgulho, especialmente o orgulho religioso. E é essa característica religiosa do orgulho – através da qual nos ufanamos dos nossos feitos, ficamos inchados com o nosso conhecimento ou julgamos as outras pessoas – que faz com que o Deus vivo se posicione contra muitos dos nossos esforços para ganhar as nossas cidades para Cristo. O Senhor não desculpará nosso orgulho simplesmente porque cantamos três hinos aos domingos, e nos consideramos “salvos”. Deus resistiu ao orgulho de Lúcifer no céu, e se oporá ao nosso orgulho na terra. O mais triste de tudo é que o orgulho religioso foi tão misturado à nossa experiência cristã que nem mesmo conseguimos perceber que há algo de errado. Entretanto, sem dúvida é o pecado mais ofensivo manifesto na igreja. O Senhor não quer que os perdidos sejam enxertados em igrejas onde vão assimilar o veneno do orgulho na mesma mesa onde recebem a salvação." (recomendo fortemente que você veja essa mensagem em: https://www.revistaimpacto.com.br/quem-esta-resistindo-a-igreja/) Esses mega-líderes são prepotentes! São cheios de si! Gostam de
apresentar seu currículo, suas realizações, para coagir e humilhar quem
se atrever a debater suas idéias esdrúxulas! Humildade passa longe,
muito longe da vida deles, apesar de enfatizarem "o quanto são são humildes"
em suas prédicas. Agem como se tudo o que tivessem feito na vida não
fosse uma simples concessão do Senhor. O mega-líder se esquece que
JAMAIS qualquer cristão deve se vangloriar de coisa alguma, a não ser de
suas fraquezas, porque até a mula de Balaão e o peixe de Jonas Ele já
usou! Deus Todo-Poderoso usa quem Ele quer e, portanto, não há vantagem
alguma em ser usado por Deus! Você dificilmente verá um mega-líder pedir
perdão por qualquer coisa: eles se acham sempre certos!
Note que, por fim e de forma muito coesa, vem a última característica: não dominador do rebanho, mas exemplo do mesmo. O conceito de pastor no Novo Testamento não é o de uma pessoa que conserva a totalidade do ministério em suas mãos, tendo ciúmes dele, esmagando toda a iniciativa dos membros da igreja. O ditador não vê nada disso. Ele é um mandão! É um orgulhoso! É um arrogante e prepotente! Um pastor não deve abusar do seu cargo, tornando-se ditador. Mas muitos não conseguem resistir a essa tentação, porque alimentam um grande orgulho carnal. São carnais e não espirituais, e só trazem descrédito à igreja e à comunidade cristã em geral. O pastor precisa ter uma vida tão significativa, que o rebanho o tenha como modelo, como exemplo, em toda a sua maneira de viver. Pergunto: o(a) irmão(ã) considera o mega-ultra-plus um exemplo a ser seguido? Você gostaria de ser e de viver como ele, biblicamente falando? Pois é...
Um pastor deve ser modelo em tudo. Em sua família (como pai, como filho e, como marido), em seu trabalho, em sua fé (zelo e conhecimento, amor fraternal e desinteressado, etc.), em seu modo de ser e de agir, em seus relacionamentos, etc. Na forma com que lida com o dinheiro e com o poder. E principalmente em sua fidelidade a Deus. Ser fiel a Deus e ao chamado de Deus para exercer o ministério pastoral "como Deus quer" pode, em casos extremos, envolver até a saída do pastor da Igreja. Isso acontece por várias razões, especialmente quando a igreja tem um mega-ultra-plus líder acima do pastor local fazendo oposição ao ministério pastoral bíblico (o qual não traz o crescimento e lucro esperados) impossibilitando a continuidade do exercício do ministério. Se insistir em ficar, trará danos para a congregação e para si mesmo, pois acabará se tornando "pastor PIV" (para inglês ver): não apita nada, não manda nada, tendo apenas aparência de líder. Ninguém
vai respeitá-lo, ninguém irá honrá-lo, ninguém irá se submeter
biblicamente falando a ele. Não poderá repreender ou corrigir ninguém
segundo a Bíblia, não poderá exercer o ministério que Deus lhe confiou. (veja mais em: https://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2018/02/a-podridao-do-sistema-religioso-que.html).
Quem está num ambiente assim, faz muito bem em pular fora. Essa ambiente deteriorado, sem pastor verdadeiro, se constituirá em cemitério espiritual. Quem insistir teimosamente, sofrerá por certo o dano de sua decisão irrefletida: pessoas doentes da alma, com aparência de fé, mas cujas atitudes e vida cotidiana negam isso. Gente amargurada, orgulhosa e pior: sem um pastor para cuidar delas! Meros cifrões. Meros geradores de grana para outros gozarem desses recursos. Sistema babilônico, já condenado por Deus: "Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos" (Ap 18.4). Acorda! Sai dela, povo meu!
Pense nisso! Graça e paz!
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