segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
JERUSALÉM, CAPITAL DE ISRAEL: PROFECIA BÍBLICA SE CUMPRINDO OU POLITICAGEM BARATA?
"Nos últimos dias, líderes de igrejas que durante a campanha apoiaram explicitamente o candidato do PSL e representantes do segmento no Congresso expuseram a insatisfação com o vice, principalmente após ele se manifestar contra a transferência da embaixada brasileira em Israel para Jerusalém." (fonte: https://odia.ig.com.br/brasil/2019/02/5618881-desenvoltura-de-mourao-desperta-a-ira-de-lideres-de-igrejas-evangelicas.html. Acesso: 11/02/19)
"Estudiosa da relação entre política e religião, a professora da Universidade do Norte do Texas Elizabeth Oldmixon explica que o apoio de lideranças evangélicas a Israel decorre de sua crença de que "a promessa bíblica de Deus da Terra Santa ao povo judeu é literal e eterna".[...] Para esses cristãos, adeptos do "dispensacionalismo", o retorno dos Judeus à Terra Santa - ou seja, o estabelecimento de Israel - é necessário para a volta de Cristo [...] Lideranças evangélicas ouvidas pela BBC News Brasil defendem a transferência da embaixada brasileira até abril, mês em que se iniciam as celebrações pela independência de Israel. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), pastor na Assembleia de Deus Vitória em Cristo, disse que a mudança é agenda prioritária. Se não se concretizar até abril, ele promete pressão política e mobilização popular." (fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-46790185. Acesso: 11/02/19)
Jerusalém, Jerusalém! De fato, és o cálice de tontear para as nações (Zc 12.2)! Uma poção inebriante e estuporante! As nações sempre se posicionaram com relação a Jerusalém; não há como haver "posição neutra" em relação a esta cidade e a nação de Israel. Desde os tempos bíblicos, essa cidade é disputada! Há várias promessas de Deus para ela: seus dispersos entre as nações seriam novamente à ela congregados e a cidade seria edificada (Sl 147.2; Is 27.13). Deus a porá por louvor na Terra (Is 62.7). O Senhor dos Exércitos reinará "monte Sião e em Jerusalém" (Is 24.3). De Jerusalém sairá a Palavra do Senhor (Is 2.3; Mq 4.2); a cidade será chamada "o trono do Senhor, e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, em Jerusalém" (Jr 3.17) e a casa de Deus será edificada nela (Zc 1.16; 8.3) - o centro de culto a Deus no período de mil anos quando Cristo estiver governando a Terra "a partir de Jerusalém" (Zc 14.16,17). Tudo isso se dará somente após a conversão ao Messias (Jesus Cristo) do remanescente de Israel, na segunda metade da grande tribulação e depois da vitória do Senhor sobre o Anticristo e o falso profeta, a prisão de Satanás e a a inauguração do milênio (1.000 anos do governo de Cristo sobre a Terra).
Jerusalém é a cidade mais controversa do mundo! Israel declarou em 1950 que Jerusalém era a sua capital. No entanto, apenas em 2017 os EUA reconheceram a cidade como tal, a partir da decisão de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém. Agora, no Brasil, a polêmica no governo sobre o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel começa a aparecer, a partir de discursos desconexos entre o presidente da República e seu vice como registrado na mídia jornalística. Compromisso de campanha com evangélicos, que fortemente apoiaram a eleição de Bolsonaro como presidente do Brasil, mas que seu vice, Gen. Mourão, tratou de forma contrária enquanto presidente em exercício. Evangélicos pressionando o governo pelo cumprimento da promessa de campanha de Bolsonaro quanto a mudança da embaixada brasileira em Israel. Eles fazem isso teoricamente porque crêem que este fato está ligado com a vinda de Jesus, ainda que seja possível haver outros interesses envolvidos. Estão "fazendo a obra de Deus", diria alguns; "acelerando a vinda de Jesus, ao prepararem o terreno sócio-político religioso mundial para esse mister".
Para nós cristãos, a Bíblia não é apenas um guia para a piedade. Ela é também a revelação do plano de Deus para a história. Por meio dela, aprendemos como Deus trabalhou no passado e o que Deus fará no futuro. A questão em aberto não é "se" Deus cumprirá o que prometeu; Ele SEMPRE cumpre Suas promessas. A questão é aberto é "como" Deus fará cumprir Suas promessas, isto é, que meios Ele usará para que Sua vontade seja cumprida. Como a história acontecerá, que eventos estão e estarão relacionados com o cumprimento das profecias bíblicas. E Jerusalém é, de fato, tema central dentro do programa profético de Deus. Esta cidade será o palco de grandes acontecimentos; nós, cristãos, cremos que Cristo retornará a Jerusalém para governar como seu rei. Lembro-me ainda das publicações de Wim Malgo, da década de 80/90, falando sobre Israel, Jerusalém e o Apocalipse: "Não é Possível Contornar Jerusalém", "A Crise Mundial à Luz da Bíblia", "O Acelerado Avanço da Rússia para Israel", etc. A cada página lida, mais claro ficava a relação bíblico-profética entre Israel, Jerusalém e o retorno de Cristo.
É bom deixar claro, contudo, que não há uma profecia bíblica direta sobre o estabelecimento de Jerusalém como capital de Israel; afirmar isso só é possível de forma indireta, interpretativa. Jerusalém é a cidade que "Deus escolheu para colocar o Seu nome" (I Rs 11.36); interpretar isso como um mandato divino para Jerusalém ser capital de Israel é outro assunto. Ainda assim, mesmo que consideremos Jerusalém como a capital histórica do Israel bíblico, o mundo antigo não via “capitais” como fazemos hoje. Sociedades tribais como Israel tinham uma cidade importante que geralmente abrigava um palácio e um templo. A vida orbitou em torno desta cidade e sua derrota foi a derrota da própria nação. Hoje as coisas são consideravelmente diferentes. Interpretar as profecias que falam de Jerusalém como centro do governo milenial de Cristo sobre a Terra como referindo-se a ela como capital atual de Israel parece-me forçar a Bíblia a dizer o que ela não diz. Tal prática é muito comum, observada noutras ocasiões, especialmente quando houve interesses políticos (alinhamento entre Igreja e Estado, partilhando interesses mútuos pouco ou nada cristãos, como no período de Constantino) e econômicos (turismo religioso, práticas judaizantes, domínio da Igreja, etc.) por detrás.
O retorno do povo judeu à sua pátria ancestral (1948) e o restabelecimento da soberania judaica em Jerusalém é visto por um grupo de cristãos como um estágio que antecede a era messiânica. Os cristãos, até então vistos pelos judeus como inimigos históricos (conversões forçadas, roubos, estupros e assassinatos promovidos nas Cruzadas, Inquisição, Holocausto, etc. cooperaram e muito para isso, juntamente com a a herética "teologia da substituição"), começam a serem vistos como amigos, por apoiarem Jerusalém como capital de Israel. Essa aproximação entre Igreja e Israel pode vir a ser algo muito positivo, tendo em vista que ambos os grupos compõem o que a Bíblia chama de "povo de Deus na Terra", se os interesses forem corretos da perspectiva de Deus. Eu creio que as profecias sobre Israel serão cumpridas por Deus e que Israel (judeus) e Igreja (gentios) estão de algum modo envolvidos nessas profecias.
Assim, é preciso perguntar: estaria Deus agindo na história humana, com a iniciativa de reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelos EUA, seguido por outras nações? Essa seria a forma de Deus cumprir a profecia bíblica sobre o fim dos tempos? Se sim, de que modo? Duas alternativas são possíveis: ou a capital em Jerusalém gerará paz ou acirrará ainda mais os conflitos, tanto na região, quanto no planeta. Pela Bíblia, sabemos que Israel só experimentará um período de paz (três anos e 6 meses - Dn 9.27) quando por ocasião da aliança com o grande líder mundial, de soluções inteligentes e de discurso eloquente, conhecido profeticamente como Anticristo. Portanto, é muito provável que a iniciativa aumente os conflitos armados e os atentados terroristas no Oriente Médio e no Ocidente. Estados Unidos, Brasil e outros países que se alinharem a Israel estarão no radar de grupos extremistas. Isso trará efeitos sobre a Igreja nesses países, que sofrerá as consequências de suas escolhas políticas; portanto, é muito bom que a Igreja ocidental esteja preparada para responder com graça abundante diante da violência extremada que sofrerá. Vale recordar que Igreja, no Novo Testamento, é composta por judeus e gentios, o que inclui os árabes; trazê-los para o contexto da Nova Aliança debaixo de Yeshua (Jesus) é um desafio ainda pouco abordado e consequentemente pouco respondido, diante do qual a Igreja moderna vem se deparando. Por outro lado, esse conflito pode, em tese, culminar com o surgimento do Anticristo, que virá com suas soluções pacificistas para um mundo imerso em violência e caos. Quando o Anticristo emergir, será reconhecido e aceito por causa de sua habilidade como pacificador. Como líder da confederação multinacional, ele imporá paz a Israel e ao Oriente Médio, iniciando e formulando um tratado de paz para Israel. Em última análise, no entanto, não haverá paz duradoura no mundo enquanto ele não for governado por Jesus Cristo, o Príncipe da Paz.
É bom deixar claro que Jesus não retornará à Terra antes que o tempo esteja cumprido. Ninguém pode acelerar ou retardar o cumprimento das profecias bíblicas, conceito muito difundido no meio evangélico pentecostal. Podemos realmente qualificar os atos de Deus como "atrasados"? Se Ele é eterno e fora do tempo, como Ele pode "atrasar"? Como Aquele que conhece o fim desde o princípio pode "adiar" Seus planos? Em Sua onisciência, Deus sabe o tempo do segundo advento, e Seus desígnios não conhecem adiantamento nem retardo. Em outras palavras, Deus como um ser pontual, eterno e onisciente, não pode estar sujeito às limitações do nosso tempo ou de nossas influências para cumprir seus planos. O tempo de Deus não é o nosso tempo. O momento certo da volta de Cristo não esta atrelado ao entusiasmo ou iniciativa humanas. Imagine se nós vamos impedir o agir de Deus?? Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? (Isaías 43:13) Não será o meio evangélico, com suas articulações político-econômicas, com sua teologia do "reino agora" (dominionismo evangélico), que mudará um milésimo de segundo o cronograma profético de Deus! Não será o presidente Donald Trump, nem Jair Bolsonaro, nem nenhum outro que poderá "ajudar Deus", "dando uma mãozinha" na realização dos propósitos divinos! Querendo ou não o homem, agindo ou não, Jesus é o Senhor Absoluto de Todas as Coisas e nada, absolutamente, escapa do Seu controle! Ele não precisa da ajuda de ninguém para coisa alguma! No Egito, uma superpotência em sua época, o soberbo Faraó por um lado endureceu seu coração diante de Deus; por outro lado, teve seu coração endurecido por Deus, de forma que o Senhor demonstrou o Seu Grande Poder e Glória na terra do Egito, libertando Seu povo "com mão forte e braço estendido, com grande espanto, e com sinais, e com milagres" (Dt 26.8)! Ele levantou Ciro, rei da Pérsia, para abençoar Seu povo! Você acha mesmo que Deus precisa de algum favor humano?!? Quando a hora chegar, não tem conversa fiada: Deus vai agir independente de vontade ou condição humanas, e restará ao homem pasmar diante do Poder Soberano de Deus!
Por fim, lembre-se das palavras de Jesus:
Ó Jerusalém, Jerusalém, que assassinas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes Eu quis reunir os teus filhos, como a galinha acolhe os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vós não o aceitastes! Eis que a vossa casa ficará abandonada! Pois eu vos declaro que, a partir de agora, de modo algum me vereis, até que venhais a dizer: Bendito é o que vem em o Nome do Senhor! (Mateus 23:37-39)
Pense nisso!
Graça e paz!
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