Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, se rebelando gravemente, então estenderei a minha mão contra ela, e lhe quebrarei o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e cortarei dela homens e animais.
Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS.
Se eu fizer passar pela terra as feras selvagens, e elas a desfilharem de modo que fique desolada, e ninguém possa passar por ela por causa das feras;
E estes três homens estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem a filhos nem a filhas livrariam; eles só ficariam livres, e a terra seria assolada.
Ou, se eu trouxer a espada sobre aquela terra, e disser: Espada, passa pela terra; e eu cortar dela homens e animais;
Ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem filhos nem filhas livrariam, mas somente eles ficariam livres.
Ou, se eu enviar a peste sobre aquela terra, e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para cortar dela homens e animais,
Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas próprias almas pela sua justiça.
Porque assim diz o Senhor DEUS: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juízos, a espada, a fome, as feras, e a peste, contra Jerusalém, para cortar dela homens e feras?
(Ezequiel 14:12-21)
Precisamos ficar atentos aos sinais dos tempos. Deus quer que entendamos que não só o cenário secular mudou, mas o cenário espiritual também. O cenário de algumas décadas atrás já não é mais o mesmo da presente época. As coisas espirituais mudam - só Deus é imutável, o que não quer dizer que Ele seja um robô, sem personalidade ou vontade ou que não reaja a cada momento àquilo que acontece a Sua volta. Para que o Plano de Deus se cumpra, as coisas precisam mudar. Por exemplo, as relações humanas - como os homens relacionam-se uns com os outros, de todos os aspectos do relacionamento pessoal (afetivo, emocional, romântico, profissional, familiar, etc.) - estão mudando a olhos vistos e sob a permissão de Deus.
Essas mudanças que vão acontecendo no mundo são prenúncios daquilo que há de vir. Foi assim nos tempos do Antigo Testamento, quando a sociedade de Israel saiu de um sistema patriarcal para o monárquico, culminando com a cisão de Israel em Reino do Norte e Reino do Sul e com o cativeiro assírio e babilônico. Foi assim no chamado Período Interbíblico, com a sucessão de grandes Impérios Mundiais, até culminar nas tetrarquias típicas do Império Romano. Aí nasceu Jesus, em Belém de Judá, o qual acabou sendo crucificado por inveja dos principais do povo. Surgiu a Igreja, povo marginalizado e perseguido na Terra. Avançou o tempo, o mundo mudou e a Igreja perseguida se institucionalizou e denominacionalizou; acabou tornando-se cativeiro da verdadeira Igreja, um Leviatã devorador de almas sob as "Ordenanças e Princípios Santificados" de Constatino que perduram até hoje. E o mundo seguiu seu curso, com a peste bubônica, com a Inquisição, com o Iluminismo, com 2 grandes guerras mundiais, etc. E hoje, aqui estamos.
O que virá, ainda, no cenário mundial? O Livro de Apocalipse nos dá muitos flashes sobre isso, utilizando-se de sua linguagem característica, ao falar do surgimento do Anticristo como grande líder mundial, de suas propostas de solução da crise mundial e de sua estratégia de poderio (aliança com Israel, etc.). No entanto, esse Livro não fala apenas de acontecimentos terrenos; fala também sobre o que acontece no Céu, ou seja, no mundo espiritual. O Livro de Apocalipse nos mostra como esses dois cenários - o terreno e o espiritual - estão obrigatoriamente interligados: o que acontece na Terra é o resultado daquilo que acontece no Céu, e o que acontece no Céu faz com que o cenário na Terra mude. Que Céu e Terra estão interligados isso é notório na Bíblia, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. Isso é consequência necessária do fato de que Terra e Céu estão debaixo do Governo daquele que está assentado no Trono do Universo, de Deus Pai, que tudo sujeitou e sujeita debaixo dos pés do Senhor Jesus.
João, apóstolo de Cristo, viu o céus abertos em Patmos e, com isso, escreveu a Revelação que a ele foi mostrada. Nós não vemos os céus abertos como João, não temos como ver o que acontece no Céu. Mas podemos ver o que acontece na Terra! Jesus nos ensinou que devemos "olhar para a figueira": "E disse-lhes uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores; quando já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. Assim também vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto" (Lucas 21:29-31). Ao olharmos para a figueira, podemos discernir qual o cenário que estamos vivendo, tanto no mundo físico como no mundo espiritual.
Vamos então fazer o que Jesus disse: vamos olhar para a figueira. Vamos olhar para o mundo. O que vemos?
a) Fome, consequência da instabilidade do sustento de pão. Hoje, 13 milhões de trabalhadores estão enfrentando o desemprego no Brasil. Há o aumento dos preços dos alimentos e moradia, corroendo os ganhos. No mundo, 795 milhões (1 em cada 9) passam fome (ONU).
b) Espada. Guerras. O Brasil hoje é uma nação em guerra – guerra urbana. Atingimos a marca recorde de 59.627 homicídios em 2014, 64.000 em 2017. Tráfico de drogas, milícias, facções criminosas. Bairros e mais bairros cariocas estão conflagrados, verdadeiros redutos de toda a sorte de escória e vilania. Palcos de uma guerra sem fim, por poder econômico e social. A solução, proposta pelo atual governo, é a mais simplória e ineficaz possível: contra a violência... violência! O Mestre de Nazaré há muito já condenava como inútil - e pior, reforçadora daquilo que pretende-se combater - o uso da espada contra a espada, da arma contra a arma, da violência contra a violência: "Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão" (Mateus 26:52).
No final de 2017, mais de 1,2 milhão de casos de violência doméstica estavam pendentes nos tribunais. A cada três horas uma mulher é estuprada no Brasil, num total de 60.000 casos em 2017. Números que só fazem aumentar: "O Brasil registrou 66.041 casos de violência sexual em 2018, o que representa uma média de mais de 180 estupros por dia, número mais alto desde 2009, quando houve a mudança na tipificação do crime no Código Penal brasileiro. Os dados fazem parte do 13º Anuário de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública" (fonte: https://www.dw.com/pt-br/brasil-registra-mais-de-180-estupros-por-dia-em-2018/a-50381106). O perfil do estuprador é, via de regra, alguém próximo a vítima: pai, avô, padrastro, tio, irmão, professor, pastor, padre... e por aí vai.
Registre-se aqui, ainda, as mortes de inocentes pelas chamadas "balas perdidas" - como se essas balas tivessem vontade própria, de sair do cano das respectivas armas e voarem em direção às suas vítimas. Casos como da menina Ágatha Félix, de 8 anos, que se junta a mais 56 crianças, com idade até 14 anos, mortas desde 2007. O Brasil - e o RJ - estão há muitas décadas sofrendo com os males da violência, que não discriminam entre idade, classe social ou religião. A religião, aliás, é mais um motivo de violência, tal como sempre foi na história mundial - antes, no exterior; hoje, no Brasil.
Mas a espada, dirigida contra as vidas humanas, também é dirigida contra a Natureza. Nós, raça humana, somos partes da Natureza criada por Deus, desde os primórdios da Criação registrada no Livro de Gênesis. Com a queda do homem, em sua escolha voluntária em ser igual a Deus, toda a criação ficou sujeita a servidão - "maldita é a Terra por tua causa", disse o Senhor a Adão! Paulo, apóstolo de Cristo, ensina que "toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Romanos 8:22), aguardando "com ardente expectação" a "manifestação dos filhos de Deus" (Romanos 8:19). Olhando para a criação de Deus hoje, é fácil ver que mesmo veredito de Deus dado a criação permanece: mortandade de peixes por poluição, destruição de florestas (como a Amazônia), poluição do ar e consequente aumento de alergias e doenças respiratórias, uso indiscriminado de defensivos agrícolas, aceleração das mudanças climáticas pela emissão de gases estufa com consequentes reflexos sobre o clima - eventos extremos climáticos (tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca, nevascas, furacões, tornados e tsunamis), sobre a acidez e nível dos oceanos e sobre a ecologia de vetores de doenças (malária, dengue, hantavírus, chikungunya, etc.), sobre a produtividade de solos e de áreas agricultáveis, só para mencionar alguns. Noutras palavras, "maldita é a Terra por tua causa"!
c) Peste. O Ministério da Saúde confirmou 604 casos e 202 mortes devido à febre amarela. Dengue, zika, chikungunya – quase 2 milhões de casos em 2016. Até o final deste século, quase toda a população do mundo poderá ser exposta a doenças transmitidas por mosquitos, inicialmente limitadas aos trópicos, de acordo com um estudo da PLOS Neglected Tropical Diseases. DST: Estimativas apontam que 131 milhões de pessoas são infectadas anualmente pela clamídia, 78 milhões pela gonorreia e 5,6 milhões por sífilis. Sífilis e gonorreia estão se tornando intratáveis, alerta OMS.
Todas essas coisas - fome, espada e peste - que estão acontecendo debaixo dos nossos olhos são um reflexo daquilo que está acontecendo no mundo espiritual. Do ponto de vista humano, tudo isso que está aí acontecendo é nossa responsabilidade enquanto raça humana. A nossa rebeldia contra Deus, escolhendo nós mesmos o nosso modo de viver sobre a Terra, trouxe e traz consequências. É exatamente isso que a Bíblia chama de pecado e é por isso que o pecado é tão maligno: ao escolhermos fazer o que queremos, contrariando a Deus e à Sua Vontade, nada produzimos de bom, só o mal em todas as esferas. Só destruição. Só mortandade. Contra nós mesmos, contra os nossos semelhantes e contra a criação. Se o mundo está como está, a responsabilidade é inteiramente nossa. Deus sempre nos deixou livres para agirmos como quisermos. É uma consequência necessária de ter sido criado por Deus. Porém, há outra consequência: ao agirmos por iniciativa própria, como se Deus nos fôssemos, passamos a ser moralmente responsáveis por nossos atos, tal como Deus é. Isso implica que haverá um dia em nossa existência no qual cada um de nós será obrigatoriamente confrontado com as escolhas que fizemos pelo próprio Deus - isso é o que a Bíblia chama de "Dia do Juízo" ou, popularmente, "Juízo Final".
Até o dia do juízo final, somos sempre réus culpados aos olhos do Sumo Juiz. Sua sentença é conhecida - a morte. Morte física, morte espiritual e morte eterna. A diferença entre esses aspectos da morte reside onde e quando ela atua: a física, já em curso em cada ser humano pelo envelhecimento e doenças e violência e fome e pestes; a espiritual, nossa separação de Deus que resulta em nossa atitude para com Ele e com a Terra. Por fim, a eterna, após a morte física, num estado eterno de separação de Deus, em sofrimento e degradação infinitas em duração e intensidade. Ele, o Juiz de Vivos e de Mortos, por Sua Graça, nos oferece o perdão da nossa culpa e o livramento da sentença. A despeito disso - da imensa culpa que carregamos e da imensa bondade da oferta que recebemos, vamos seguindo o nosso rumo tal qual estamos. Parece que estamos numa espécie de transe, sem conseguir enxergar a realidade diante de nós.
Vivemos numa época em que devemos estar cada vez mais atentos em relação a tudo o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Desemprego, violência e guerras, corrupção, inflação, empobrecimento, doenças... tudo isso é sinal de que Deus começou a derramar seus prometidos juízos sobre o mundo! Olhando para a Terra e o que nela está acontecendo, podemos rapidamente associar que há agentes espirituais atuando nesse exato momento em toda a Terra, sob a permissão de Deus, fazendo com que o Plano de Deus sobre a Terra se desenrole. Em Ezequiel, Deus fala sobre 4 juízos específicos que Ele derramou sobre Jerusalém e Israel, pelos pecados da nação, dos quais 3 estão sendo derramados novamente sobre o mundo - o quarto, a morte, é consequência sine qua non dos três primeiros. O que Deus fez em Jerusalém e Israel no passado, como registrado em Ezequiel, é um prenúncio daquilo que hoje está sendo feito no mundo inteiro!
Os pecados de uma nação trazem juízo sobre ela. Nesse texto, Deus fala a Ezequiel sobre um pecado que uma nação comete o qual é a mãe de todos os demais pecados: de se rebelar contra o Senhor. Todos os pecados que um homem ou nação insiste em cometer habitualmente são fruto, em última análise, da rebeldia contra o Senhor. É interessante notar que Ezequiel usa a expressão "cometer graves transgressões": ela significa agir traiçoeiramente cometendo traições – ou seja, aquele que falta com a fé prometida em juramento, desleal. É exatamente isso que vemos hoje, inclusive dentro de ambientes religiosos! Vivemos uma época de muita rebeldia e deslealdade. Os homens estão muito rebeldes e desleais; não querem escutar mais a Deus, não querem obedecer.
Deus envia a Palavra, exorta, corrige, avisa, direciona, mas infelizmente muitos não estão nem aí. FAZEM OUVIDO DE MERCADOR. Deus tem falado aos homens (Hb 1.1,2), crentes ou não-crentes: A Palavra de Deus tem sido proclamada em muitos lugares, até em denominações religiosas. Deus tem falado por meio dos sinais no mundo. Deus tem falado por pessoas. Deus tem falado principalmente por meio do Seu Filho Jesus. No entanto, os homens não querem ouvir o que Deus está falando: são questionadores, arrogantes, desobedientes, atrevidos, ingratos, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus (II Tm 3.1-5). DEUS ESTÁ FALANDO. VOCÊ ESTÁ OUVINDO?
Diante dessa realidade profética de juízo, não é possível achar socorro humano: não adianta se mudar, não adianta se esconder. É tempo de angústia. Nessa época, não há lugar para relacionamento superficial com Deus. A posição cômoda “em cima do muro” ficará cada vez menos viável. Dirijo-me agora aos ditos cristãos, aqueles que se gabam de sua fé religiosa-denominacional: Nenhum cristão superficial (frio ou morno) escapará desse juízo de Deus. Perceba que no texto de Ezequiel o Espírito de Deus nos deu o padrão de vida e fé que possibilitará escapar: Noé, Daniel e Jó. Noutras palavras, a vida a ser vivida nesses dias precisa ser como a desses heróis da fé. É tempo de heroísmo, querido(a) leitor(a), e esse heroísmo é manifesto pela fé na maneira de se relacionar com Deus, exemplificada na vida desses homens do passado!
a) Noé (Hb 11.7; Gn 6.8,9): servo temente e fiel, faz aquilo que o Senhor manda sem questionar. Homem justo e perfeito em suas gerações. Sua vida íntegra e reta diante de Deus fez com que ele e sua família fossem salvos do dilúvio. Mesmo vivendo em meio a uma geração corrompida e perversa, Noé achou graça diante do Senhor, e alcançou testemunho de que era justo e reto, e andava com Deus (Gn 6.9). A expressão “andar com Deus” aponta para a sua conduta, caracterizada pela vida de comunhão e obediência a Deus, uma das principais características do seu caráter.
b) Daniel (Dn 10.12): tem um coração que busca compreender a vontade de Deus e que se humilha perante Deus. Homem de firmeza moral, mantida mesmo diante das calúnias e ameças contra a sua vida.
c) Jó (Jó 1.1; Tg 5.11): integridade e retidão; homem temente a Deus e que se desvia do mal. Mesmo quando sua vida não vai bem fisicamente não abandona Deus, mesmo que não compreenda o que acontece em sua vida. Homem paciente.
Heróis não nascem de um dia para o outro. Heróis são formados nas fornalhas de aflição das pequenas coisas de cada dia. Esta é a hora de comprar azeite e de nos prepararmos para os desafios futuros, como Jesus ilustra na Parábola das 10 Virgens. Não temos tempo para perder. A Religião não vai ajudar, seja ele qual for. A política é inútil. A moral e ética do mundo são vazias de Deus. Precisamos prestar atenção aos avisos de Deus e passarmos a incorporar em nossas vidas as características morais e espirituais dos verdadeiros Homens de Deus citados nas Escrituras. Pàra isso, só com Jesus! Só pela fé transformadora Nele, nascendo de novo!
Acordai! Acordai! Despertai! Despertai! Eis que o fim vem e é próximo!
Pense nisso.
Graça e paz!
(SERMÃO MINISTRADO EM 09/04/2017)
Hoje, 3 anos depois de ter tido o privilégio de ministrar esse sermão, no início do ano de 2020, especificamente nos meses de abril e maio, pude constatar como o último dos 4 juízos abordados nesse texto de Ezequiel (as feras) pode se manifestar. Refiro-me às "vespas assassinas" (https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52540601). Deus pode usar qualquer ser criado como "fera" contra a humanidade impenitente!
ResponderExcluirDeus seja louvado!