TEXTO-BASE: 1 Coríntios cap. 12.
Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.
Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.
Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.
Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.
Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.
Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.
Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos.
Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?
E se a orelha disser: Porque não sou olho não sou do corpo; não será por isso do corpo?
Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?
Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis.
E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?
Assim, pois, há muitos membros, mas um corpo.
E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós.
Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são necessários;
E os que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; e aos que em nós são menos decorosos damos muito mais honra.
Porque os que em nós são mais nobres não têm necessidade disso, mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela;
Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros.
De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele.
Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular.
E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas.
Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos doutores? são todos operadores de milagres?
Têm todos o dom de curar? falam todos diversas línguas? interpretam todos?
Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente.
(1 Coríntios 12:1-31)
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INTRODUÇÃO
A Igreja em sua tenra idade possuía uma prosperidade a qual hoje não se tem visto: ela possuía abundância em dons espirituais. A verdade de que esses dons são valiosos como evidência da habitação do Espírito, e na medida em que podem ser úteis para a Igreja, foi esquecida pelos cristãos. Infelizmente com a mudança de ênfase da igreja, da presença e poder do Espírito para o poder e influência secular, muito daquilo que lemos no Novo Testamento foi deixado de lado. Considerando isso, esse estudo visa trazer despertamento, arrependimento e retorno à busca da presença e influência do Espírito Santo tal como fora no passado.
Paulo, escrevendo aos crentes de Corinto, fala sobre a diversidade dos dons que Deus por seu Espírito havia conferido à sua igreja, das várias administrações e ofícios designados pelo mesmo Senhor, e das diferentes operações dAquele que opera tudo em todos. Ele compara a Igreja com seus muitos dons ao corpo humano com seus vários membros e suas funções distintas e, argumentando sobre o benefício que cada membro do corpo tem para o corpo como um todo, enfatiza a unidade do corpo de Cristo apesar da existência de muitos dons diferentes. Noutras palavras, os diferentes dons não deveriam ser objeto de disputa entre os crentes (do tipo "eu sou melhor que você porque tenho esse dom e você não"), mas sim servir à comunhão da Igreja. Existem vários dons e vários ofícios a serem executados, mas todos procedem de um só Deus, um só Senhor, um só Espírito; isto é, do Pai, Filho e Espírito Santo, a origem de todas as bênçãos espirituais. Nenhum homem os tem apenas para si ou por qualquer mérito pessoal.
OS DONS ESPIRITUAIS
Os dons são diversificados (v.4, do gr. Διαιρέσεις, diaireseis): são variados, distintos, diferentes. Um dom não é igual ao outro; além disso, um mesmo dom pode apresentar variações, como no caso dos dons de curar. A despeito de sua variedade, todos tem origem no Espírito Santo. “Mas o Espírito é o mesmo”, Paulo explica, um só Espírito como autor de todos os variados dons espirituais. Importante ressaltar que no versículo 4 o termo usado para dom é charismatōn, termo grego que possui a mesma raiz do termo graça (charis), o que nos indica que os dons espirituais são a manifestação da graça de Deus e, portanto, não são dados por mérito humano.
Parênteses: Nada que é dado por Deus vem a nós pelo nosso mérito. Absolutamente nada! Tudo é pela bondade e misericórdia de Deus, por simples e pura Vontade Divina. Os dons, a salvação e tudo mais são presentes graciosos de um Deus que é Amor e que nos ama independente de nossos inúteis esforços humanos. Nunca por "fazermos por merecer", conceito que deveria ser extirpado totalmente do nosso entendimento em relação a fé em Cristo e portanto da vida comunitária na Igreja, incluindo o exercício de dons e ministérios.
Outro termo que surge na listagem de 1Co 12 é ministérios (v.5), traduzido do grego diakonia, o mesmo usado em Atos 6 quando da eleição dos primeiros 7 diáconos da Igreja. Diakonia significa "serviço" e, assim como os dons, é também diversificado (diairesis), sendo o Senhor é o mesmo – um só Senhor como autor de todos os variados ministérios. Lógico que sendo o Senhor o autor de todos os ministérios, mais uma vez percebemos que ninguém exerce ministério algum se não for pela Graça de Deus. Veja como isso é importante especialmente numa época como a nossa em que há proliferação de gente com título eclesiástico, como se fossem títulos dignitários conferidos por "honra ao mérito", mas notoriamente sem possuir o dom para o exercício da função.
No versículo 6 vemos o apóstolo mencionar "operações". Ele diz: "Há diversidade de operações". As operações vem do gr. energēmatōn, que pode ser traduzido por "efeito" ou "trabalho". Este termo significa o que é efetuado, ato, ação, operação e trabalhos, podendo ser entendido como "trabalhar efetivamente para fazer algo acontecer", descrevendo um trabalho ativo, eficiente e eficaz. No Novo Testamento quase sempre descreve a atividade sobrenatural. A idéia no versículo 6 é que existem ações sobrenaturais por parte do Espírito Santo que produzirão resultado nas vidas dos crentes, individualmente e enquanto membros do Corpo de Cristo, e na vida dos incrédulos que estiverem presentes. Um exemplo de uma operação é quando a Palavra de Deus pregada ou ensinada produz fruto no coração humano.
Spurgeon conta um episódio que ocorreu com ele. Certa vez, ele testou a acústica em um auditório no qual ele iria falar naquela noite. Subindo ao púlpito, ele proclamou em alta voz: "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo." Satisfeito com a acústica, saiu e seguiu seu caminho. Sem que ele soubesse, havia dois homens trabalhando nas vigas daquele grande auditório, nenhum deles cristão. Um dos homens sentiu uma pontada na consciência pelo versículo citado por Spurgeon e tornou-se um crente mais tarde naquele dia!
Essas operações do Espírito são variadas (diairesis), mas novamente é o mesmo Deus que opera tudo em todos – um só Deus como autor de todas as variadas operações.
Note que é de suma importância entendermos que a base para a posse e o exercício dos dons foi e ainda é a mesma (1Co 12:31; 1Co 13:1-13). Amor por Deus, por Cristo, pelos irmãos e até mesmo pelos incrédulos. Sem amor, tudo é completamente inútil (I Co 13) porque perde o seu propósito, gerando desunião, desavença e soberba (obras da carne). Amor não é em si mesmo um dom do ponto de vista bíblico e portanto não deve ser entendido como tal; o amor é um aspecto do fruto do Espírito (Galátas 5:22) que é, conjuntamente com os demais aspectos, o caráter de Cristo gerado na nossa vida pelo Espírito. Assim, o Amor é o contexto no qual os dons devem ser desenvolvidos e exercidos.
OBS.: A imagem mostra os sinos e as romãs na roupa do sumo-sacerdote, tiupificando os dons e o fruto do Espírito. Ambos devem estar presentes em nossas vidas.
Parênteses: Como o exercício do dom tem como base exclusiva o amor, aquele que recebeu dons do Senhor deve sempre priorizar o bem de outrem, não de si mesmo, quando executa o dom. Por outro lado, aqueles que se beneficiam do dom na vida de um irmão ou irmã em Cristo deveriam cuidar com carinho dessa pessoa e não destratá-la e entristece-la com coisas como fofocas, ofensas, traições e desprezo. Afinal de contas, se todos os membros funcionam no Corpo para o bem do Corpo, então não faz sentido algum prejudicar deliberadamente qualquer membro. Não faz o menor sentido, por exemplo, dar voluntariamente uma martelada no dedo do pé só porque ele não é olho, nem deixar de fazer curativo num corte no dedo só porque é no dedo e não no nariz. Ao contrário, se o dedo sofre, o nariz, o olho, o ouvido, etc. sofre com ele; se ele está bem, todo o corpo está bem. Note que Paulo diz: "Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele." O dom está sendo exercido? Vamos nos regozijar com aquele que exerce o dom, vamos apoia-lo e demonstrar a ele nossa gratidão e amor. Ele está padecendo, vamos igualmente apoia-lo e demonstrar a ele o nosso amor. Chega de obras da carne!
Os dons são dados para edificação da Igreja. Amor sem dons não edificam a Igreja, do mesmo modo dons sem amor também não. DONS DEVEM SER EXERCIDOS COM AMOR PARA PRODUZIREM EDIFICAÇÃO! Assim, devemos seguir o amor e desejar ardentemente os dons espirituais – desejar com fervor, com ardor, intensamente. O desejo ardente para recebermos dons espirituais deve, sem exceção alguma, vir acompanhado do ardente amor pelas vidas das pessoas, pela Igreja e pelo próprio Senhor. Noutras palavras, é o intenso amor em nossos corações o catalisador pela busca persistente dos dons espirituais.
TENDÊNCIAS SOBRE OS DONS ESPIRITUAIS
1. A tendência de negar ou desprezar os dons espirituais: Na sua forma mais extrema, esta tendência diz que os dons do Espírito foram dados como sinais miraculosos no Pentecoste mas não têm validade hoje. Dons de cura, profecia e línguas não mais são considerados válidos. Na sua forma mais moderada esta tendência admite, em teoria, a validade dos dons espirituais mas, na prática desconfia deles e tende a desprezá-los. Todos os dons espirituais, especialmente os mais controvertidos, são considerados no mínimo desnecessários e no máximo heréticos. A rejeição dos dons espirituais realmente indica um desentendimento básico da natureza de tais dons. Aqueles que temem os dons espirituais (e muitas vezes o problema verdadeiro é medo) geralmente imaginam os dons como manifestações altamente individualistas, irracionais e excêntricas que atrapalham a unidade do corpo de Cristo. Mas isso não é de modo nenhum o que a Bíblia esclarece sobre os dons do Espírito. Os carismas não são coisas artificialmente anexadas, nem temporária ou culturalmente limitados. São válidos em qualquer cultura e é sua presença na igreja que a torna relevante em qualquer cultura. Simplesmente não temos autoridade para declarar inválidos determinados dons.
2. A tendência de superindividualizar os dons espirituais: os dons espirituais são muitas vezes considerados estritamente um problema de relacionamento “particular” de um indivíduo com Deus, sem levar em consideração a comunidade cristã. Em contraste a isto Paulo repetidamente enfatiza que os dons do Espírito são para a edificação da igreja e se isto não for enfatizado os dons perdem seu significado. O princípio geral é “a cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum” (1 Co 12:7). O dom individual é equilibrado pela responsabilidade e interação da comunidade. O conceito bíblico é que a comunidade de crentes age como contexto de controle para o exercício dos dons, desencorajando desta forma aberrações individualista. E os dons precisam operar desta forma, ou seja, no contexto do Corpo. Quando a igreja realmente funciona nesta base, os diversos dons não somente complementam um ao outro, mas também agem como controle para evitar extremos. Os dons espirituais não são dados simplesmente para proveito pessoal e nem ainda principalmente para o próprio crescimento espiritual do indivíduo, embora isto também seja importante. Os dons são dados para o proveito comum, “para que a igreja receba edificação” (1 Co 14:5).
3. A tendência de enfatizar alguns dons e desprezar outros: Esta aberração é tão séria que hoje qualquer discussão sobre os dons espirituais geralmente fica atolada na questão de línguas. A tendência de pensar sobre os dons espirituais somente em termos de dons mais espetaculares como línguas, cura, ou profecia é uma aberração que deve ser evitada. Todos os dons são importantes, todos os dons são necessários e todos são dados por Deus para proveito comum. O problema, muitas vezes, é a falha em admitir a plena extensão dos dons — a falha em apreciar “a multiforme graça de Deus”. O fato é que todos os dons são importantes, e nenhum é uma anomalia quando exercido corretamente no contexto de comunidade. Desta forma, assim como é errado enfatizar demais pregação e ensino e negar línguas e curas, também é errado fazer o contrário - enfatizar os dons mais espetaculares em detrimento dos dons mais comuns. “Todo verdadeiro membro da igreja local tem no mínimo um dom e a maioria das pessoas tem vários. Sendo que ninguém tem todos os dons e todo mundo tem no mínimo um, há uma interdependência entre os membros da igreja. As Escrituras ensinam (1 Co 12:22-25) que os dons menos espetaculares são mais necessários.
Os dons do espírito foram dados no Corpo de Cristo para trazer unidade e criar interdependência. Os dons foram dados a todo o Corpo de Cristo, não apenas aos pastores e demais ministros. Por esta razão, não devemos pedir apenas aos ministros que façam o ministério do altar. As pessoas que têm o dom da cura devem orar pela cura. Pessoas que têm discernimento de espíritos devem ser usadas em circunstâncias questionáveis. As igrejas precisam dar prioridade à identificação dos dons espirituais e colocar as pessoas apropriadas nas funções-chave onde esses dons são necessários.
4. A tendência de divorciar os dons espirituais da cruz: Esta tendência surge da falha de equilibrar a tensão entre a cruz e os carismas, entre a Páscoa e o Pentecoste. Por um lado, esta tendência enfatiza os dons de tal forma que a cruz perde seu valor e a comunidade é fragmentada pelo egocentrismo; já do outro lado, rejeita qualquer ênfase nos dons por causa desta tendência de egocentrismo e auto exaltação. O ensino do Novo Testamento sobre os dons espirituais não é um chamado para cada cristão “fazer sua própria coisa a seu modo” e esquecer o bem-estar do grupo e a necessidade do mundo. O ministério não é determinado exclusivamente por desejo pessoal, mas pela cruz. “Quando alguém realmente entra na prática dos dons, descobre que significam responsabilidade e sacrifício”. A identificação dos dons traz à luz o problema de compromisso. De alguma forma se eu nomeio meu dom e há confirmação, não posso viver solto como antes. Meu compromisso me dará uma identidade.
5. Pode haver abuso (excessos) no uso dos dons espirituais: Como aconteceu em Corinto, pode acontecer que pessoas com dons espirituais (em especial aqueles que envolvem o uso da fala) cometam excessos durante o culto cristão, desvirtuando o uso e o propósito do dom bem como o próprio culto em si. São pessoas que perturbam a ordem no culto, orgulhosos pelos dons que possuem acabam não permitindo mais ninguém falar durante o culto. Em Corinto eles estavam sempre preparados com alguma profecia, com alguma língua, com alguma exortação, com alguma mensagem, interrompendo qualquer um que falasse no culto. O uso dos dons na Igreja requer decência e ordem. O "poder do Espírito" como razão para o descontrole no uso de dons da fala - os mais comuns são línguas e profecia - não encontra base bíblica, uma vez que a Bíblia ensina que "o espírito dos profetas está sujeito ao controle dos próprios profetas" (1Co 14:32). Quem fala, fala a partir do seu próprio espírito, podendo ser este espírito humano inspirado quanto ao conteúdo pelo Espírito Santo.
Proibir que os dons sejam usados é a solução? Definitivamente não! Paulo fala: "gostaria que todos vós falásseis em línguas, todavia, muito mais que profetizásseis" (1Co 14:5). Ele exorta aos crentes, inclusive, para que ninguém proíba o falar em línguas: "Portanto, meus irmãos, busquem com dedicação o profetizar e não proíbam o falar em línguas" (1Co 14:39). O que fazer, então? O que deve ser feito é ensinar e treinar aqueles que tem o dom de profecia ou de línguas. Essa tarefa é parte da razão de existirem anciãos (presbíteros) na Igreja, bem como da razão de haverem dons ministeriais. O aprendizado no uso dos dons nunca deveriam ser "learning by yourself" (aprenda por si mesmo), mas sim uma tarefa contínua a persistente de ajuste (que envolve erro e acerto) de cada membro do Corpo com sua função específica, ligado um no outro pelo auxílio de todas as juntas, segundo o justo funcionamento de cada parte (Ef 4.16).
Parênteses: Devemos considerar que há pessoas que são imaturas espiritualmente (meninos) as quais também recebem dons espirituais. Um pré-requisito para a maturidade espiritual é crescer e desenvolver o fruto do espírito. Algumas das pessoas mais perigosas na igreja são aquelas que tentam operar nos dons do espírito, sem primeiro desenvolver o fruto do espírito. Eles se tornam mesquinhos, cheios de orgulho e arrogantes em sua tentativa de usar um dom espiritual. Este grupo traz uma repreensão a este grande movimento do Espírito Santo. Os verdadeiros crentes maduros são cheios de amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade e domínio próprio. Imaturidade significa simplesmente “subdesenvolvido”. Não significa irresponsável, apenas subdesenvolvido. Existem muitas pessoas boas que foram cheias do Espírito Santo, mas nunca se desenvolveram espiritualmente para usar adequadamente seu dom espiritual. Pessoas espirituais imaturas tratam o ministério como um “show de talentos”. Crentes maduros sempre querem que Jesus seja o centro das atenções. Pessoas espirituais imaturas querem ser vistas, enquanto o crente maduro entende a diferença entre os dons espirituais públicos e os dons espirituais privados. Todos os dons espirituais nem sempre são apropriados em um culto de adoração. Os dons de edificação só são apropriados se o “corpo” puder ser edificado. Crentes espirituais imaturos fazem o dom espiritual sobre si mesmos e muitas vezes não entendem como fluir em uma unção corporativa.
6. Podem ser usados de forma errada: O propósito de todo e qualquer dom é sempre a edificação e esta, por sua vez, tem como base o próprio Senhor. No entanto, por conta da imaturidade humana, o dom pode ser usado para desagregação. Isso especialmente acontece por conta do orgulho e vaidade humana, que faz com que aquele que tenha o dom sinta-se "a última bolacha do pacote" e assim passar a fazer "o que der na telha". A solução para isso, mais uma vez, envolve uma ação amorosa e zelosa dos anciãos da Igreja e daqueles que possuem dons ministeriais, tal como discutido acima.
7. Podem ser falsificados (pelo homem e pelo próprio Satanás): Infelizmente pode acontecer que uma exibição de um pretenso dom seja na verdade uma manifestação da alma humana ou até mesmo o exercício de um poder satânico. Daí a importância do dom de discernimento de espíritos. Também é muito importante conhecer a Palavra de Deus, especialmente no que diz respeito ao ensino central da mesma. Note: Cristo deve ser sempre o centro da Igreja e isso se aplica a tudo, inclusive os dons ministeriais (é possível haver falsos pastores e falsos mestres atuando dentro da própria Igreja, cf. 2 Pedro cap. 2, Mateus 24:11, etc.). Então, como podemos saber o que é genuinamente do Espírito e o que é falso? Jesus disse que quando “o Espírito da verdade vier, ele vos guiará em toda a verdade” (João 16:13). O Espírito de Deus sempre opera de acordo com as Escrituras. Portanto, como nos sentimos ou os resultados que vemos não são ferramentas eficazes para determinar a autenticidade espiritual de uma pessoa, crença ou atividade. Em vez disso, devemos compará-lo com as Escrituras para ver se é do Espírito ou não.
8. Podem ser exercidos por crentes carnais: os dons não são prova de uma pretensa "espiritualidade superior". A verdadeira espiritualidade consiste no amor cristão (ao próximo e a Deus), na humildade e na busca da santificação. Ressalto que o dom aqui é genuíno. Perceba que também nesse caso devem entrar em ação os demais dons e ministérios da Igreja, conduzindo a pessoa no amadurecimento espiritual cristão.
QUANTOS DONS ESPIRITUAIS EXISTEM? PODEM HAVER OUTROS?
Comparando os textos de 1Co 12:8-10,28-30 com Romanos 12:6-8 e com Efésios 4:11 e eliminando-se as redundâncias, é possível constatar que a Bíblia aponta para a existência de aproximadamente 22 diferentes dons. Uma das possíveis formas de agrupa-los é do seguinte modo:
I. Dons de Assistência: (1) Serviço, (2) Contribuir, (3) Exercer misericórdia, (4) Dons de curar, (5) Operações de milagres, (6) Socorro.
II. Dons Ministeriais e de Direção: (7) Presidir, (8) Governo, (9) Discernimento de espíritos, (10) Apóstolos, (11) Profetas, (12) Pastores, (13) Evangelistas, (14) Mestres (ou Doutores), (15) Fé.
III. Dons da Palavra: (16) Palavra de sabedoria, (17) Palavra da ciência, (18) Exortar, (19) Variedade de línguas, (20) Interpretação de línguas, (21) Ensinar, (22) Profecia.
Pode haver outros dons que a Bíblia não fala? Há duas teses sobre isso: a primeira ensina que a Lista Bíblica é Exaustiva: Isto é, não há outro dom a não ser aquele que está incluído nas listas bíblicas. Outra tese é de que a Lista Bíblica não é Exaustiva: Conforme alguns mestres da Palavra de Deus ensinam, um exame das passagens bíblicas relevantes sugere que os vários dons mencionados são considerados representativos. A multiforme operação do Espírito poderia despertar uma infinidade de dons; os dons poderiam ser tão variados como a personalidade humana. Desta forma, qualquer habilidade (dom natural) vivificada e usada pelo Espírito Santo - seja na música, arte, literatura, oração intercessória, afazeres domésticos, hospitalidade, ouvir, e qualquer outro – seria considerado um dom espiritual legítimo. “A fé cristã criaria espaço para dons e criatividade na base da importante doutrina bíblica dos dons do Espírito”, segundo Howard A. Snyder.
BREVE DESCRIÇÃO SOBRE CADA UM DOS DONS ESPIRITUAIS
A descrição aprofundada sobre cada dom foge do escopo dessa postagem. Apresento a seguir uma breve descrição de alguns deles, para balizar o entendimento.
(A) Dons de Curar: “e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar” (I Co 12.9 – gr: charismata iamatōn en tō heni Pneumati). Note o plural (dons de curar). Os dons de curar variam conforme a origem da enfermidade (funcional, orgânica, psicossomática ou espiritual). Os dons de cura são manifestações do poder de Deus na esfera (na área) da doença, restaurando a saúde dos enfermos de maneira sobrenatural. OBS.: Devemos ter cuidado com as distorções em torno da cura, pois o Novo Testamento nos informa que nem todos os crentes foram curados (1 Tm 5.23; 2 Tm 4.20). Os dons de curar não dispensam as ciências médicas. Veja mais em: PALAVRA E ESPÍRITO: ENTENDENDO A CURA INTERIOR E A SUA FONTE e também em: JOHN LAKE – APRESENTAÇÃO e JOHN LAKE – NASCE UM MINISTÉRIO DE CURA DIVINA.
(B) Operações de Milagres: O dom de operar milagres consiste na capacitação da pessoa para realizar obras poderosas e sobrenaturais, que despertam surpresa, admiração ou espanto nas outras pessoas, dando testemunho do poder de Deus e edificando sua igreja (p.ex.: At 13.11,12 ver também 2Rs 6:5-7). As operações de milagres podem ser bastante variadas, envolvendo uma ampla gama de ações sobrenaturais distintas realizadas pelos que possuem esse dom.
(C) Socorro: “E a uns pós Deus na igreja [...] socorros” (I Co 12.28 – gr: antilēmpseis). A palavra socorros, do grego “antilempseis”, é derivada do vocábulo grego "antilambanomai", que significa “segurar com as mãos”. Capacidade de ajudar outros em suas necessidades de modo a fortalecê-los e encorajá-los material e espiritualmente. É o dom da ajuda onde há necessidade, da disposição de servir ou do espírito serviçal. Note: Esse dom não tem nada tem a ver com a prática do ativismo, algo tão comum no meio cristão-evangélico. O ativismo é opressor, o dom é ligado a liberdade e voluntariedade. Vejamos um exemplo da manifestação desse dom:
"Numa das igrejas em que servi como pastor havia um casal com este dom. Apesar de bastante novos na fé naquela época, nunca vira nada igual. Pessoas com problemas chegavam à igreja e eles logo as descobriam. Certo irmão perdeu o emprego na sexta-feira; no domingo o casal já estava a par. Aproximaram-se de mim e disseram: “Pastor, fulano está desempregado, e o pior é que esta semana ele tem dívidas a saldar; não vai poder pagar o aluguel”. De três em três meses havia uma família morando na casa deles. Ficavam ali uma semana, eles arrumavam emprego, davam-lhes um jeito na vida. Estavam sempre ocupados. Desde o primeiro mês, quando chegaram à Igreja e se converteram, esse dom começou a se manifestar. Faziam isto num acordo, uma harmonia e alegria enormes; têm-se por privilegiados neste ministério de socorro." (Pr. Caio Fábio; Espírito Santo: O Deus que vive em Nós)
(D) APÓSTOLOS: Os apóstolos são responsáveis por plantar igrejas (I Co 3.10,11), levam o evangelho até lugares não-alcançados (Rm 15.20), apontam e treinam líderes (At 14.21-23; Tt 1.5), tratam com problemas doutrinários e com pecado, supervisionam Igrejas e promovem a unidade (I Co 16.1-4), demonstram e concedem o sobrenatural (II Tm 1.6-7; II Co 12.12, At 4.33, 8.4-20, 10.44-46, 19.16 ), não manipulam ou se auto-promovem (II Co 11.7-15), não mercadejam com o evangelho (Hb 3.1), possuem a marca de Cristo - crucificação pessoal (II Co 1.3-7). Veja mais em: Entendendo a Natureza e o Papel dos Cinco Ministério de Efésios. Ao contrário do que muitos ensinam, esse ministério não está extinto, apesar de existir muita falsificação desse dom hoje em dia (muitos falsos apóstolos). Do mesmo modo, não se trata de um título de igreja, hierárquico, como se o apóstolo estive hierarquicamente acima do pastor. O verdadeiro apóstolo fundamenta a Igreja (Ef 2:20). Para quem quiser conhecer mais, recomendo a leitura do livreto "Primeiramente Apóstolos", por John Walker (disponível no link: https://hermesgama.files.wordpress.com/2008/09/primeiramente-apc3b3stolos.pdf). O ofício de apóstolo é uma combinação dos outros quatro dons-ministérios da igreja. Ele pode ser o que for necessário - pastor, evangelista, mestre ou profeta.
(E) PASTORES: Os pastores apascentam o rebanho. Possuem capacitação divina para nutrir, cuidar e amadurecer espiritualmente cada ovelha; são abnegados, generosos, hospitaleiros e moderados. Leia mais em: O MINISTÉRIO DO PASTOR.
(F) EVANGELISTAS: Evangelista é a pessoa que proclama o Evangelho aos que não o aceitaram ainda, com o fim de levar as boas novas a eles. Pregador de boas novas. Evangelistas são pregadores itinerantes, pregando especificamente a mensagem da salvação. Eles possuem, necessariamente, o dom da fé (I Co 12.9); sua mensagem é impactante, gerando fé nos ouvintes. É errado entender o ministério de evangelista como sendo um cargo ou como sendo uma função hierárquica inferior à de pastor e superior à de presbítero. O foco do ofício do evangelista é totalmente diferente dos demais. Algumas características desse ministério:
i) Mensagem cristocêntrica, com foco na salvação de almas (não no pastoreio delas!) NÃO É UMA MENSAGEM TEOLÓGICA/REFLEXIVA, MAS PRÁTICA.
ii) Sua mensagem inspira fé nos ouvintes para que tomem a decisão por Cristo.
iii) São criativos na arte da pregação do Evangelho. Usam bem ilustrações, parábolas, fatos e acontecimentos, datas, etc. São exímios comunicadores, eloquentes, carismáticos. A pregação é carregada de vida, cheia de imagens, intensa, pulsante, radiante. (veja, por exemplo, o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=IZdMCgFl_pg)
iv) Geralmente, operam dons do Espírito (como cura) e atuam em libertação – tudo aliado à pregação do Evangelho.
v) Aproveitam toda e qualquer oportunidade que surge para pregar a Cristo e ganhar almas: filas de mercado, visitas, enterros, lazer, etc.
vi) “Exímio pescador (evangelista), mas péssimo limpador de peixe” (tarefa do pastor).
(G) MESTRES: Os mestres são transformadores. São mais que meros professores ou teólogos; são capacitados divinamente para entender, explicar claramente e aplicar na prática a Palavra de Deus (Jo 6.45). O mestre é responsável pelo ensino à Igreja. Vale aqui a distinção entre o dom de ensino e o de mestre: o dom de ensino é geralmente específico (por exemplo, ensino em Escola Bíblica, ensino para crianças, etc.); já o ofício de mestre é geral, aplicando-se a toda a Igreja. Ressalte-se que esse dom-ofício não deve ser confundido com o de pastor. Noutras palavras, nem todo pastor é mestre (ainda que possa sê-lo).
Um ponto importante aqui é que esse dom-ofício (assim como o dom de ensino) não dispensa o estudo das Escrituras e, algumas vezes, até de outros assuntos. A expressão "o Espírito vai ensinar o que deve ser dito na hora" aplicada ao ensino é algo sem pé nem cabeça à luz da Bíblia. O dom, aqui, implica numa facilidade sobrenatural de entender e de transmitir o que a Bíblia ensina, de forma que a Igreja possa compreender e praticar aquilo que é ensinado, não em um "download sobrenatural do hard disk divino".
A vocação do mestre envolve, obrigatoriamente, um ardor, uma paixão consumidora e quase insuportável em ensinar a Palavra. Todo verdadeiro mestre é um dom. Ele acessa a alma (inteligência) e o espírito (revelação bíblica) para compreender a ensinar a Bíblia. Todo verdadeiro mestre reconhece a importância de ler e estudar a Bíblia (e o que for útil para o ministério).
(F) PROFETAS: O profeta é aquele que aponta a direção para a Igreja, porém não a conduz. É aquele que fala aquilo que o Senhor mostrou como orientação espiritual para o Corpo. A Bíblia diz que na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e mestres, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo (At 13.1). A exemplo do apóstolo, este ministério é também mal compreendido. Frequentemente confunde-se o dom ministerial de profeta com o dom espiritual de profeta, principalmente no pentecostalismo. Todos podem profetizar, mas isso não faz da pessoa um profeta de ofício. Veja mais em: Entendendo a Natureza e o Papel dos Cinco Ministério de Efésios. A diferença entre o dom de profecia e o ofício de profeta é a abrangência: enquanto o dom de profecia tem como propósito a edificação, a exortação e o consolo (1Co 14:3) - isto é, encorajar a Igreja - aqueles que em si mesmos são o próprio dom (é assim que o assunto é tratado quando Paulo fala dos cinco ministérios), ou seja, profetas por ofício, são usados para advertir ou corrigir a Igreja como um todo, assim como os demais ofícios (p.ex.: Atos 11:27-29).
Outra característica do ofício de profeta é que ele fala do impulso de uma inspiração repentina, da luz de uma revelação repentina no momento. A ideia de falar a partir de uma revelação repentina parece aqui ser fundamental, tanto no que diz respeito a eventos futuros, quanto à mente do Espírito em geral. O profeta fala por inspiração divina direta, uma revelação imediata - não algo que ele pensou ou estudou, mas algo dado no calor do momento por inspiração repentina. Note que, portanto, não podemos confundir o dom de profeta com a atividade de pregação; pregação e profecia são coisas distintas, como facilmente pode ser entendido a partir das explicações anteriores.
É bíblico que outros julguem a profecia (1 Coríntios 14:29), seja ela do dom de profetizar ou do dom de profeta. Pessoas que não querem que suas revelações - ou profecias - sejam julgadas estão erradas. E eles podem ter orgulho espiritual. Alguém pode dizer: "Bem, o Senhor não comete erros." Certamente não. Mas esses dons espirituais estão sendo manifestados por meio de seres humanos que são imperfeitos. É semelhante à água que flui através de um cano. A água pode ter o mesmo gosto do cano por onde passa. Outras pessoas têm o Espírito de Deus, especialmente aquelas que são usadas nessa área, então é por isso que a Palavra diz: "...deixe que o outro julgue." A conclusão lógica é que há distinção entre o propósito do profeta no Antigo Testamento para o Novo Testamento: o ministério dos profetas do Antigo Testamento acabaram se tornando livros da Bíblia, já os do Novo Testamento compuseram passagens citadas na Biblia, tal como Ágabo.
Deus pode enviar uma profecia de condenação? O apóstolo João em Jo 3.17 ensina que “Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo”. Em Rm 8.1 Paulo declara: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.34). Portanto, a resposta é um categórico não. Outra pergunta importante: A palavra de profecia de uma só pessoa é suficiente para tomarmos decisões importantes? “Por boca de duas ou três testemunhas toda questão será decidida” (2 Co 13.1). A lei da confirmação é uma condição essencial para se julgar e provar uma palavra de profecia. Deus está sempre disposto a confirmar a Sua palavra, até mesmo com sinais e maravilhas (At 13.2). Numa ocasião um profeta predisse uma seca (At 11.28), mas não ofereceu nenhum conselho ou direção sobre o que deveria ser feito. Numa outra ocasião, um profeta predisse a prisão de Paulo em Jerusalém (At 21.10-14), e embora Paulo aparentemente não tivesse duvidado da verdade da predição, ele foi para Jerusalém assim mesmo, contrariando até os desejos expressos de outros discípulos (Ver: 1 Co 14.3,4; At 9.15). Portanto, uma direção pessoal precisa de uma testificação divina no seu próprio espírito (Rm 8.16), i. é., uma confirmação daquilo que Deus já lhe mostrou. Cuidado com profecias diretivas, não saia agindo precipitadamente com base em uma profecia, pois há muita meninice em relação a esse dom, com falsificação e manipulação (p.ex.: profecia do tipo "santo antonio casamenteiro").
(G) Variedade de Línguas: O dom de línguas – conhecido popularmente como glossolalia – é um dos dons mais controvertidos e mais mal compreendidos no meio evangélico. Há uma disputa ferrenha acerca da realidade e do propósito desse dom, com os mais variados entendimentos sobre o tema. As línguas estranhas seriam um produto da psiquê humana, invencionice de “crentes pentecostais que não conhecem a Bíblia em seu fanatismo religioso” (como é proposto por irmãos que seguem o tradicionalismo religioso-filosófico)? Ou seriam as línguas estranhas na verdade línguas estrangeiras, ou seja, estranhas para quem fala mas conhecidas para quem ouve? Ou a língua estranha é a língua dos anjos? No meio da imensa polêmica acerca do dom de línguas, há ainda aqueles irmãos que propõem que o dom de línguas (juntamente com o dom de profecia, o dom de apóstolo e outros) cessou com o fim da era apostólica. Esse grupo crê numa tese teológica chamada cessacionismo.
Outro ponto importante é a língua como dom (variedade de línguas) e a língua como sinal. Todos falam em línguas? Paulo pergunta (I Coríntios 12:30). É necessário distinguir entre a evidência de línguas registrada em Atos e os diversos tipos de línguas, um dos dons do Espírito Santo. Devemos inicialmente abordar a diferença entre a língua estranha dada como evidência ou sinal do batismo com o Espírito Santo (Mc 16.17; semêion) e o dom (do Gr. doma, domata) do dom de línguas. Este sinal do batismo com Espírito Santo é dado a todos os crentes (1 Co 12.30). Porém o dom de línguas tem por finalidade transmitir à igreja uma mensagem em línguas estranhas, e por isso precisa de interpretação para que a igreja seja edificada. O dom de línguas estranhas em conjunto com o de interpretação, transmite uma mensagem similar ao da profecia (1 Co 14.5). O falar em línguas não é emitir simplesmente sons incompreensíveis e incoerentes, mas um modo determinado por Deus, visando a edificação da igreja e do próprio crente (1 Co 14.2,4,5). O fenômeno de falar em línguas é também conhecido pelo vocábulo grego “glossolalia” (glossa = língua e lalia = fala). O que fala em línguas edifica a si mesmo (1 Co 14.4) e não fala a homem mas sim a Deus (1 Co 14.2). (veja mais em: DOM DE LÍNGUAS - ESPÍRITO SANTO E SEUS DONS NA IGREJA, HOJE! )
CONCLUSÃO
Paulo diz: "Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (I Co 12.1). O desejo do apóstolo era que os cristãos conhecessem e entendessem acerca desse importantíssimo ensino à Igreja, quer do primeiro século, como do nosso século atual. O ensino apostólico sobre os dons, aliado a prática, redundará em uma Igreja saudável e operosa, capaz de cumprir com mais veemência o Ide de Jesus. Que Deus possa usar essa simples postagem para trazer mais luz e despertamento à sua vida, querido(a) leitor(a), restaurando assim na Igreja a prática dos dons espirituais.
Graça, misericórdia e paz lhe sejam multiplicadas!
LEITURA ADICIONAL RECOMENDADA
- Os Generais de Deus, de Roberts Liardon.
- Descobrindo o Dom Profético, de Mike Bickle.
- O Ministério Profético, de Rick Joyner.
- O Dom de Profecia, de Wayne Grudem.
- A Igreja do Século 20: A História Que Não Foi Contada, por John Walker.
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