domingo, 24 de setembro de 2023

RESGATANDO O CONCEITO BÍBLICO SOBRE A SALVAÇÃO EM JESUS CRISTO: PARTE 5


⁴ E vendo o Senhor que se virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui.
⁵ E disse: Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.
⁶ Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus.


(Êxodo 3:4-6)

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Vimos, anteriormente, em RESGATANDO O CONCEITO BÍBLICO SOBRE A SALVAÇÃO EM JESUS CRISTO: PARTE 4 , como Deus preservou um dos filhos dos hebreus de ser morto pelo Faraó do Egito, quando criança. Vimos como esse menino acabou sendo adotado pela filha de Faraó e como ele, posteriormente, foi chamado por Deus para ser Seu servo, retornando ao Egito como instrumento de Deus para libertar os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó da escravidão. Vimos os sinais e maravilhas que Deus operou no Egito, os quais culminaram com a libertação do povo de Deus.

Esse povo, uma vez liberto, foi sobrenaturalmente guiado por Deus até o Mar Vermelho. A Bíblia nos diz que uma coluna de fogo guiava Seu povo durante a noite e uma coluna de nuvem o guiava durante o dia: "²¹ E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo para os iluminar, para que caminhassem de dia e de noite. ²² Nunca tirou de diante do povo a coluna de nuvem, de dia, nem a coluna de fogo, de noite" (Êxodo 13:21,22). Posteriormente, vemos Deus abrindo o Mar Vermelho para Israel passar por meio do mar a pé enxuto; fechando-o então sobre o exército de Faraó, que perseguia o povo, afogando-os nesse mar. 

Todas essas maravilhas que a Bíblia registra e que até aqui foram apresentadas, trazem para nós revelações sobre Deus, que fez tal coisas. A primeira coisa que vemos é que esse Deus, que criou todas as coisas visíveis e invisíveis, que tornou mulheres estéreis, como Sara mulher de Abraão, mãe de filhos, e que fez todos esses sinais, é Deus Todo-Poderoso. O termo teológico é que Deus é Onipotente (palavra composta pelos termos latinos  "ommis" e "potentia"), isto é, o poder de Deus é ilimitado. No anúncio do anjo Gabriel a Maria, que engravidaria sendo virgem de um filho que viria a ser chamado Jesus, dentre outras coisas, ele disse: "³⁷ Porque para Deus nada é impossível" (Lucas 1:37). Deus, portanto, pode facilmente fazer tudo aquilo que Ele desejar fazer; obviamente isso não quer dizer que Ele vá fazer algo que é incoerente consigo mesmo (incoerência é algo humano, nunca divino) ou fazer coisas absurdas ou mesmo pecar ou morrer. Por que? Porque isso contradiz outro elemento intrínseco da natureza de Deus, a Sua Perfeição. Aliás, isso é algo que precisamos ter sempre em mente: Deus possui infinito poder, mas também infinita perfeição e infinito caráter e, em Deus, nada que Ele é está ou estará em contradição consigo mesmo. Desse modo, o Deus que com Seu infinito poder criou todas as coisas é o mesmo Deus que as sustenta e orienta; assim é com todo o universo e assim é com o homem. 

Além de Seu infinito poder, podemos ver também algo ligado a personalidade de Deus. A personalidade de Deus é manifesta a nós quando Ele se relaciona conosco de algum modo. Por exemplo, quando Deus se revelou a Abraão como o Senhor que Provê (Jeová Jiré - providência pessoal, cuidando das necessidades dos Seus servos), quando Deus fala com Moisés (Eu Sou - autoconsciência), aos filhos de Israel como Jeová Nissi ("O Senhor é minha bandeira" - Êxodo 17.15 - liderança pessoal) e como Jeová Ropeca ("Porque eu sou o Senhor que te sara" - Êxodo 15:26 - preservação pessoal). Vemos adicionalmente, portanto, que Deus não é uma pessoa distante, inacessível; mas sim um Deus que quer se relacionar - e se relaciona - com o homem e, para tanto, que revela a Si mesmo a esse homem.

Parênteses 1: Jeová é o termo hebraico que foi composto a partir do tetragrama YHWH (termo composto pelas consoantes hebraicas yod, hê, waw, hê), que era conhecido como o nome de Deus, aparecendo cerca de 6.828 vezes na Bíblia hebraica. Esse nome foi registrado originalmente pelo escritor do texto bíblico no Antigo Testamento (compreende a coletânea de livros que vão desde o Livro de Gênesis até o Livro de Malaquias). A pronúncia correta desse termo foi perdida ao longo dos séculos; em português foi transliterado no termo Jeová, que significa "Senhor". 

Parênteses 2:  O homem só conhece a Deus, porque Ele se tornou conhecido. Este conhecimento que o homem tem acerca Deus se deve ao fato do que Ele faz, e não da própria conclusão dos homens. Consideremos que Deus é a fonte de toda vida, e que conhecimento dele é uma vida mais elevada, este conhecimento do tipo de vida mais elevada que Deus possui, não pode ser compreendida pelo esforço humano. Tudo que o homem tem de Deus, lhe foi Comunicado por Ele através do seu amor e graça. Deus fala; Ele aparece; o homem ouve e contempla. Deus se aproxima do homem; Ele faz aliança ou estabelece um relacionamento interpessoal com os homens; Ele está no controle e tem poder sobre eles. Eles o recebem quando se aproxima; eles aceitam a sua Vontade e obedecem às Suas ordens.

Há, contudo, algo que vemos sobre Deus que não podemos deixar de perceber. Quando Deus se revelou a Moisés como um fogo em uma sarça (um arbusto espinhoso), Deus ordenou que ele, Moisés, ficasse onde estava e que ficasse descalço naquele lugar e naquele momento. A razão é que ali, onde Deus estava se revelando a Moisés e com ele falando era "terra santa". Ora, é de uma notória obviedade que a terra ali só era santa naquele momento porque Deus estava naquele momento ali se manifestando; nada havia de especial naquele lugar até então. A conclusão direta é que se aquele lugar naquele momento era santo é porque estava sendo santificado por Deus, um Deus que é santo. Apenas um Deus que é santo pode santificar. 

A palavra "santo" em relação a Deus significa que Ele é essencialmente puro; perfeito em tudo. Significa que Deus não tem qualquer imperfeição, de nenhum tipo ou natureza. Mas a frente, vemos que Deus irá dizer ao Seu povo que Ele é Santo (Levítico 19:2) e, portanto, como o Deus que santifica ao Seu povo (Levítico 22:32). Deus, que é santo, santifica cada homem, mulher e criança que vem a ser parte do Seu povo. Ele santifica-os para que possam se relacionar com Ele, caso contrário nenhum homem poderia se relacionar com Deus nem por Ele seria aceito como sendo de propriedade particular Dele. Até os anjos que estão ao redor de Deus cobrem seus rostos com suas asas e clamam "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos" (Isaías 6:1-3), não descansando, nem de dia, nem de noite, dizendo: "Santo, Santo, Santo é o Senhor Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir" (Apocalipse 4:8).  

Como dissemos, Deus que é santo busca se relacionar do ponto de vista pessoal com o homem. No entanto, como o homem tornou-se pecador, não há como esse relacionamento acontecer sem que, primeiro, Deus santifique a esse homem. Aqui precisamos ter a consciência de que enquanto a santidade de Deus é algo absoluto, ou seja, Deus é santo porque essa é a Sua natureza, o homem, ao ser santificado por Deus, torna-se santo de modo relativo. O Deus Santo é incapaz de cometer o mal ou a injustiça ou mesmo pecar, no entanto o homem santificado pode vir a pecar, porque a santificação não muda a natureza humana. Como Deus quer se relacionar continuamente com o homem, esse homem precisará ser continuamente santificado por Deus ou esse relacionamento será forçosamente interrompido. Deus santifica inicialmente o homem que Dele se aproxima; esse homem, então, segue continuamente a sua própria santificação pessoal. A pergunta que surge aqui é: como pode o homem se santificar, sendo pecador? 

No Antigo Testamento, vemos que Deus dando ordem a Moisés que ele santificasse o povo para que eles tivessem um encontro com Deus: "¹⁰ Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo, e santifica-os hoje e amanhã, e lavem eles as suas roupas, ¹¹ E estejam prontos para o terceiro dia; porquanto no terceiro dia o Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o monte Sinai" (Êxodo 19:10,11). Deus mandou que Moisés construísse uma tenda, chamada de Tabernáculo ()também chamada "Tenda da Congregação"), que marcaria a habitação de Deus no meio do Seu povo (Êxodo caps. 25 a 27 dá detalhes minuciosos de como esse Tabernáculo deveria ser construído). Deus também instituiu sacerdotes para ministrarem diante Dele e, ao fazê-lo, ordenou que esses sacerdotes fossem santificados (Êxodo 28:41, 29:1,21) e que, para essa santificação, fossem morto carneiro sem defeito de qualquer tipo e que o sangue desse animal, juntamente com um óleo especialmente preparado para esse fim, fosse usado sobre os sacerdotes para os santificarem, como lemos em Êxodo 29:19-21:

¹⁹ Depois tomarás o outro carneiro, e Arão e seus filhos porão as suas mãos sobre a sua cabeça;
²⁰ E imolarás o carneiro e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de Arão, e sobre as pontas das orelhas direitas de seus filhos, como também sobre os dedos polegares das suas mãos direitas, e sobre os dedos polegares dos seus pés direitos; e o restante do sangue espalharás sobre o altar ao redor;
²¹ Então tomarás do sangue, que estará sobre o altar, e do azeite da unção, e o espargirás sobre Arão e sobre as suas vestes, e sobre seus filhos, e sobre as vestes de seus filhos com ele; para que ele seja santificado, e as suas vestes, também seus filhos, e as vestes de seus filhos com ele. 
 

Assim também Deus estabeleceu ordenanças e mandamentos ao Seu povo como parte do relacionamento com Ele. Conhecemos bem o que aconteceu, por ter sido amplamente explorado pela mídia televisiva: Deus deu a Moisés aquilo que convencionamos chamar de "Os Dez Mandamentos" (Êxodo 20:1-17). É importante aqui estarmos cientes de que esses mandamentos tinham como foco o relacionamento de Deus e com o homem e também do homem com o seu próximo. Dito de outro modo, o relacionamento com Deus envolve como eu me relaciono com Deus e também como eu me relacionamento com o meu semelhante, não sendo possível separar esses dois elementos. Se eu digo que tenho uma relação com Deus (por exemplo, por seguir algum tipo de religião) e desprezo, maltrato e faço o mal ao meu semelhante essa alegação não se sustenta. 

Além dos "Dez Mandamentos", vemos nos livros de Êxodo e Levítico Deus dar ao Seu povo outros mandamentos, estatutos, preceitos e juízos, os quais deveriam ser obedecidos por ele. Eram a base da aliança de Deus com o Seu povo. Coisas como "olho por olho", enfocando a retribuição justa na medida justa e proporcional ao mal causado pelo semelhante, são prescritas (Êxodo 21) (veja mais em: VENCER O MAL COM MAL OU COM O BEM? NÃO SE TRANSFORME NUM TIPO DE CORINGA! ). Note: o povo deveria cumprir essa Lei (composta por mandamentos, estatutos, preceitos e juízos) nessa nova realidade como povo de propriedade particular de Deus. Era ordenada a morte de quem não cumprisse, o que nos traz a memória a advertência que Deus fez a Adão e a Eva no Edén. Desde o Éden muita gente morre por não querer dar ouvidos a Deus e viver de modo "laissez faire"; assim também muita gente morreu naquele período por desobedecer o que Deus havia mandado.  A conclusão que chegamos é que o homem falhou mais uma vez em obedecer a Deus e, logo, não conseguiu manter o relacionamento com Ele. Assim, o homem está invariavelmente perdido: mesmo Deus abrindo a possibilidade de restaurar o relacionamento com Ele, que foi quebrado no Éden, mesmo Deus santificando inicialmente homem com quem se relaciona, esse relacionamento não irá durar muito, porque o homem sempre irá "pisar na bola". Sempre irá desobedecer, sempre irá pecar e afastar-se consequentemente de Deus novamente. E agora?

Esse dilema é parte central no plano de Deus para salvação do homem. O homem não pode fazer nada por si mesmo para ser salvo (salvo aqui implicando no restabelecimento definitivo da comunhão com Deus). Isso se manifesta de forma cabal quando vemos que mesmo diante de prescrições emanadas de um Deus santo (logo, prescrições que são santas, já que não é possível algo não santo ser produzido por um Deus que é santo) o homem não consegue obedecer, de forma total e contínua. Esse é o mesmo dilema que o apóstolo Paulo, lá no Novo Testamento, se depara (Romanos 7:12,14-24):

¹² E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom.
¹⁴ Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.
¹⁵ Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço.
¹⁶ E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
¹⁷ De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.
¹⁸ Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.
¹⁹ Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.
²⁰ Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.
²¹ Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
²² Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;
²³ Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.
²⁴ Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? 

Assim, querido(a) leitor(a), retornamos aquilo que já dissemos antes: por melhor que você seja; por mais boas obras que faça; por mais oeprador de caridade que se torne; por melhor marido, ou esposa, ou filho, ou amigo que seja; por mais religioso que se torne ou por qualquer ação que faça ou venha a fazer - o(a) sr.(a) perfeição -, sua realidade será inevitavelmente essa: continua sendo pecador. No seu interior, a batalha permanece e você continua sendo inclinado para o mal. Continua em desobediência em relação a Deus e, desse modo, continua separado Dele. Mesmo que você atribua a si mesmo o maior rigor ascético possível (do tipo não toques, não proves, não faça) ou se torne ermitão. Nada externo pode mudar o nosso interior. O nosso interior é que precisa ser mudado!

Ora, se a obediência a Deus não é possível, para quê Ele deu essa Lei santa? Para que, querido(a) leitor(a), eles, eu e você e as futuras gerações entendamos que nós somos invariavelmente pecadores - e pecadores inveterados. Essa é a nossa maneira de ser, é assim que somos. Logo, a conclusão é que precisamos de um Salvador, que venha nos salvar da nossa condição de morte ("¹⁵ o pecado, sendo consumado, gera a morte", Tiago 1:15) em todos os seus aspectos - morte física, espiritual e eterna - todos resultados do rompimento da comunhão com Deus. A ação desse Salvador precisará ter efeito eterno, ou seja, terá que ser algo que resolva o problema humano definitivamente, ou então retornaremos ao ponto inicial. Como o homem não consegue obedecer a Deus, esse Salvador terá que ele mesmo ser obediente - e em tudo - e, ao mesmo tempo, instituir uma base factível do ponto de vista humano para essa salvação possa seguir de forma contínua, uma nova aliança. Ele precisará mudar o interior humano, ou tudo será em vão. Ele precisará perdoar os pecados, ou esses permanecerão sendo impeditivos no relacionamento com Deus. Ele precisará ser o libertador do homem, assim como Moisés foi, guardando as devidas proporções, o liberador no seu tempo. Ele precisará ser homem com ações eternas, ou seja, terá quer ser tanto homem como Deus, algo impensável para qualquer homem que é mortal, mas possível ao Deus Todo-Poderoso! E esse Salvador deverá, ele mesmo, estar sempre com o homem resgatado, eternidade à fora.

Dando um "spoiler", querido(a) leitor(a), como você já pode deduzir, estamos falando do Senhor Jesus Cristo. É ele quem cumprirá todos os requisitos de Deus para ser o nosso Salvador fiel. Somente Ele pode resolver o dilema em que nos encontramos. Ele é o Único que pode fazê-lo. E, como não temos condições de obedecer, a proposta é a seguinte: CRER. Ele disse (João 3:16-18):

¹⁶ Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
¹⁷ Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
¹⁸ Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. 

Crer no Senhor Jesus é o que Deus propõe a cada homem, mulher e criança. Crer no que Ele fez por nós, faz e fará. Crer que Ele morreu pelos nossos pecados; morreu a nossa morte, carregando sobre si os nossos pecados, para que quem nele cresse pudesse viver a Sua vida. Pudesse ter os pecados perdoados e passar a viver como povo de Deus. Em Jesus, Deus nos reconcilia Consigo mesmo, de forma definitiva. Iremos ver como isso vai acontecer, de forma detalhada, mais a frente. Até lá, peço-lhe que medite em tudo que temos dito até aqui e que então você creia em Cristo. Ele é a boa notícia (as boas novas, ou evangelho) que nos foi trazida pelos anjos quando do seu nascimento, pelos apóstolos no periódo do Novo Testamento e que vem sendo proclamada desde então por bilhões de pessoas por gerações a fio. 

Até lá!

Deus te abençoe! Graça, Misericórdia, Paz e Fé em Cristo sejam contigo!

domingo, 17 de setembro de 2023

RESGATANDO O CONCEITO BÍBLICO SOBRE A SALVAÇÃO EM JESUS CRISTO: PARTE 4

 


⁶ Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus.
(Êxodo 3:6)

Eu sou. Assim Deus se apresentou a Moisés. O Deus de Abraão; do filho de Abraão, Isaque, e de Jacó, filho de Isaque, ancestrais de Moisés. Esses três homens já haviam morrido quando Deus falou com Moisés e, mesmo assim, Deus disse que era o Deus deles, porque para Deus eles continuavam existindo! Eles estavam mortos fisicamente, mas vivos diante do Deus Vivo! Deus é Deus de vivos, não de mortos (Lucas 20:38)!

A Bíblia nos mostra os acontecimentos que se deram. Mostra como os filhos de Jacó, neto de Abraão, foram parar na terra do Egito. Jacó teve duas esposas e destas teve 12 filhos (2 de uma e 10 de outra) e, como era de se esperar, havia inveja e disputa entre eles (assim como havia entre suas mães). A poligamia (um homem ter mais de uma esposa) era prática comum naquele tempo, só vindo a ser abolida séculos depois (hoje ainda em alguns povos ela é permitida); entretanto, precisamos compreender que esse ato nunca foi ordenado por Deus: o ideal de Deus para o homem é a monogamia (“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” - Gênesis 2:24). A poligamia é, portanto, um dos catastróficos resultados da queda do homem em relação a Deus, produto do pecado de Adão. Todas as relações poligâmicas que a Bíblia registra invariavelmente acabaram em problemas!

Parênteses: a história da salvação desenrola-se em um mundo caído. Diferentemente em produções românticas idealizadas por nós, ao registrar como os fatos vão se sucedendo, a Bíblia não esconde em momento algum a nossa terrível natureza pecaminosa. Nós somos pecadores, como estamos vendo ao longo dessa série de estudos; isso é fato cabal que se constitui em pano de fundo ao longo da Bíblia. Assim foi nos dias bíblicos, assim é hoje também. Quanto mais o tempo passa, mais e mais distantes ficamos de Deus e, assim, mais e mais a nossa natureza pecaminosa se revela por meio dos nossos atos de pecado, em todas as áreas da esfera humana; nenhuma área da nossa vida é imune ao pecado. Isso nos mostra de forma cabal que precisamos de um Salvador, que possa nos resgatar dessa condição tão maligna.     

A história de Moisés é bem conhecida a nós. Ao longo dos tempos, já foi por inúmeras vezes representada em filmes, como "Os Dez Mandamentos" (com o ator Charlton Heston no papel de Moisés), e na animação "O Príncipe do Egito" (onde o ator Val Kilmer faz a voz de Moisés e também a de Deus). Os filmes mostram, ainda que de forma incompleta, os acontecimentos que se deram por ocasião do nascimento de Moisés (alguma data em torno do séc. XV-XIV a.C.): a perseguição e morte promovida pelo líder máximo do Egito, Faraó, contra os filhos primogênitos das escravas hebréias (que eram mais férteis que as mulheres egípcias, tornando-se para Faraó uma ameaça ao seu país, conforme podemos ler em Êxodo cap. 1), quando então Faraó ordenou às parteiras hebréias que todos os meninos recém-nascidos fossem mortos. A Bíblia nos diz que as parteiras temeram a Deus e não agiram segundo a ordem de Faraó, que então deu ordem aos egípcios que matassem todas as crianças filhas dos hebreus (Êxodo 1:22). Mostra como um menino hebreu recém-nascido no Egito (com 3 meses de vida) foi colocado por sua mãe em um cesto no rio e, então, foi encontrado pela filha de Faraó, que teve compaixão dele e, posteriormente, quando já grande, passou a ser filho da filha de Faraó, tendo ela dado a ele o nome de Moisés ("porque das águas o tirei", Êxodo cap. 2), passando a ser educado na cultura e religião egípcia, por um período de 40 anos.

Posteriormente vemos Moisés matando um egípcio que feria a um escravo hebreu e, por medo de ser morto por Faraó, acaba fugindo para o deserto. Lá, ele acaba se tornando pastor de ovelhas, função que ele desempenha por 40 anos. Sim, isso mesmo: Moisés passa 40 anos aprendendo a ser um "filho do Egito", cercado de tudo que havia de bom naquela época; passa então mais 40 anos aprendendo a ser pastor de ovelhas no deserto, local de perigos e escassez. Foi uma descida muito acentuada do palácio do Faraó para o deserto, e quarenta anos de vida de pastor foram um estranho contraste com o futuro brilhante que antes parecia provável para Moisés. Moisés nasceu para ser o libertador de Israel, mas nenhuma palavra foi dita sobre ele até os oitenta anos de idade. Somente depois desse período é que Moisés será chamado por Deus para ser o libertador do povo hebreu, dos descendentes de Abraão, do Egito. 

Ao ser chamado por Deus de forma sobrenatural (por meio de um arbusto, uma sarça, que mesmo pegando fogo não se queimava), Moisés então retorna ao Egito e, juntamente com seu irmão Arão, inicia seu ministério como libertador do povo de Deus. A história mostra como se deu essa libertação: Deus, por meio de Moisés, operou no Egito sinais, prodígios e maravilhas, no que convencionamos chamar de "Dez Pragas". É interessante notar que Deus, ao enviar estas pragas, mostrava que Deus era realmente o grande Eu Sou, ou seja, o Deus único e verdadeiro: cada praga evidenciou não apenas o Poder e a Autoridade de Deus, mas também quebrou a soberba do Egito (tido como a maior nação de sua época) e da inutilidade dos muitos deuses que o Egito cultuava, pois todo o culto a esses deuses não foi capaz de impedir ou de reverter o que o Único Deus estava fazendo:

1. A praga do sangue (o Nilo se transforma em sangue) (Êxodo 7:14-25). Essa praga demonstrava a inutilidade do culto a Hapi, deus-Nilo (que era o principal objeto de adoração, intimamente ligado a Osíris, e até mesmo a Amon, celebrado em hinos com os títulos mais extravagantes de honra), impotente diante da transformação das águas do Nilo e da mortandade dos peixes que nesse rio viviam. O rio, que era também cultuado como um deus, passou a cheirar mal e os egípcios não podiam beber das águas desse rio, nem utilizar essas águas para abluções (purificações rituais), para lavar roupas e para fins culinários. Eles sofrem de sede, de impureza forçada, do horror do sangue ao seu redor, até mesmo em suas cisternas. Novamente, seus peixes são mortos. O peixe era um dos seus principais alimentos, talvez o principal alimento das pessoas comuns; e o rio era a principal fonte de onde o suprimento de peixes era obtido. Assim, por 7 dias, os egípcios experimentaram fome, sede, roupas sujas, falta de banho, nojo e "impureza religiosa". Vale dizer que outros deuses ligados ao Nilo, como Sobek, deus-crocodilo, também eram atingidos nessa praga.

Parênteses: Assim como os egípcios fizeram do Nilo o meio de destruir as crianças hebraicas (Êxodo 1:22), de modo que os pais hebreus odiavam beber dele, como se estivesse manchado com o sangue de seus filhos, o mesmo acontece agora.  

2. A praga das rãs (Êxodo 8:1-9): Os egípcios cultuavam a deusa conhecida como Heqet, que era associada a imagem dessas rãs, tendo corpo feminino e cabeça de rã. As próprias rãs eram animais sagrados para os egípcios, que as consideravam símbolos de poder procriador. Nessa praga, houve uma multidão incontável de rãs, tantas que a Bíblia declara que elas cobriram a terra do Egito. Elas surgiram do rio e infestaram as cidades, as casas, os dormitórios, as camas, os fornos e os amassadeiras. Não havia como escapar deles. Entraram tanto no palácio real como na cabana do camponês; eles penetraram nas câmaras internas; pularam nos sofás e nas camas; poluíram os utensílios de cozimento e contaminaram a água e a comida. As rãs eram horríveis à vista, irritantes aos ouvidos, repulsivas ao toque. Sua presença constante em todos os lugares tornava-os um tormento contínuo.

Parênteses: Os animais sagrados podem não ser mortos intencionalmente; e mesmo o seu massacre involuntário não era raramente punido com a morte. Ser atormentado por uma multidão de répteis que não poderiam ser mortos, mas nos quais dificilmente seria possível não pisar, e que, sempre que uma porta era aberta, eram esmagados, era uma severa prova para os sentimentos religiosos do povo, e tendia a desprezar a própria religião.

3. Praga dos Piolhos ou Mosquitos (Êxodo 8:16-19): Até aqui, os feiticeiros egípcios haviam produzido imitações das pragas de Deus. No entanto, a Bíblia declara que esta praga eles não puderam imitar. Acabaram reconhecendo que se tratava "do dedo de Deus". Esses piolhos (ou mosquitos, conforme permite interpretar a palavra hebraica usada) atacam não apenas as partes expostas da pele, mas especialmente as orelhas, as narinas e os olhos, onde causam grandes danos. Aqui estavam envolvidos os falsos deuses Vatchit e Baal-Zebube. 

4. A Praga das Moscas (Êxodo 8:20-24): Sugere-se que a praga era uma espécie de besouro (um kakerlaken, da família das baratas), que é prejudicial tanto para as pessoas dos homens, como para os móveis e acessórios das casas, e para as colheitas nos campos. Como todos os besouros, esse inseto era sagrado e não podia ser destruído, sendo emblemático do deus-sol, Rá, especialmente na sua forma de Khepra, ou “o criador”. Os egípcios foram obrigados a submeter-se a tal praga sem tentar diminuí-la, e naturalmente veriam a praga como um sinal de que o deus-sol estava zangado com eles. Vale dizer que esses insetos não invadiram a região do Egito em que habitava o povo de Deus, mostrando assim que Deus zela pelo Seu povo: "²² E naquele dia eu separarei a terra de Gósen, em que meu povo habita, que nela não haja enxames de moscas para que saibas que eu sou o Senhor no meio desta terra. ²³ E porei separação entre o meu povo e o teu povo; amanhã se fará este sinal". (Êxodo 8:22,23). Aqui estavam também sob juízo o culto aos falsos deuses Vatchit e Baal-Zebube.

5. Peste nos animais (Êxodo 9:1-7): Era uma peste bovina, ou morte no gado; que, no entanto, ao contrário da maioria dos distúrbios semelhantes, atacou o maior número de animais domesticados – cavalos, burros, camelos, bois e ovelhas. Portanto, foi “muito doloroso” (Êxodo 9:3). Os cavalos eram altamente valorizados pelos egípcios. Isso causou grande perda aos proprietários egípcios; eles empobreceram o povo de Deus, confiscando seus bens e tornando-os escravos; agora Deus os tornaria pobres. Note o que diz a Bíblia: "³ Eis que a mão do Senhor será sobre teu gado, que está no campo, sobre os cavalos, sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois, e sobre as ovelhas, com pestilência gravíssima. ⁴ E o Senhor fará separação entre o gado dos israelitas e o gado dos egípcios, para que nada morra de tudo o que for dos filhos de Israel. ⁶ E o Senhor fez isso no dia seguinte, e todo o gado dos egípcios morreu; porém do gado dos filhos de Israel não morreu nenhum" (Êxodo 9:3,4,6). Vale dizer que no Egito eram adorados diversos deuses que tinham a forma de animais, como Amom e Ápio e Hator. Assim, além de demonstrar que esses deuses não existiam mas que não passavam de produto da religiosidade egípcia, essa praga foi também um golpe sério na economia daquela poderosa e soberba nação, bem como sobre seu governante tão soberbo quanto ela.

6. Praga das Úlceras (Êxodo 9:8-11): Era um distúrbio cutâneo grave, acompanhado de pústulas ou úlceras. Sua severidade é marcada pela afirmação de que “¹¹os magos não podiam parar diante de Moisés, por causa da sarna; porque havia sarna nos magos, e em todos os egípcios” (Êxodo 9:11). Havia nele uma advertência muito solene; pois o mesmo poder que poderia afligir o corpo com "furúnculos e manchas", isto é, com uma doença cutânea grave acompanhada de úlceras pustulosas - poderia também (deve ter sido sentido) feri-lo com a morte. Mais uma vez, Deus mostrou que todo o suposto poder sobrenatural que o Faraó e os magos egípcios diziam ter não passava de mera enganação e altivez de coração: eles não passavam de seres humanos, limitados e impotentes diante do Deus Vivo, enquanto seus deuses não eram nada. Aqui, a fé egípcia nas falsas divindades Sekhmet, Imhotep e Serápis era revelado como inútil, pois não tinham poder algum para salvar os egípcios dessa praga. 

7. Praga da Chuva de pedras (Saraiva) (Êxodo 9:18-35): "¹⁸ Eis que amanhã por este tempo farei chover saraiva mui grave, qual nunca houve no Egito, desde o dia em que foi fundado até agora. ²³ E Moisés estendeu a sua vara para o céu, e 1o Senhor deu trovões e saraiva, e fogo corria pela terra; e o Senhor fez chover saraiva sobre a terra do Egito. ²⁴ E havia saraiva, e fogo misturado entre a saraiva, tão grave, qual nunca houve em toda a terra do Egito desde que veio a ser uma nação. ²⁵ E a saraiva feriu, em toda a terra do Egito, tudo quanto havia no campo, desde os homens até aos animais; também a saraiva feriu toda a erva do campo, e quebrou todas as árvores do campo" (Êxodo 9:18, 23-25). Essa chuva de pedras trouxe destruição terrível: matou homens e gado; o milho acima do solo foi destruído, e apenas foi preservado o que ainda não havia sido cultivado, além de estruturas físicas como casas e estábulos. Novamente a economia e a fé dos egípcios em deuses que não eram deuses fora abalada, mostrando que os "deuses" egípcios Geb, Nut, Amon e Osíris não eram reais.

8. A praga dos gafanhotos (Êxodo 10:3-15): Onde os gafanhotos pousavam, devoravam todas as coisas verdes, até mesmo arrancando as folhas das árvores. Gafanhotos, o “grande exército” de Deus, como são chamados em outros lugares (Joel 2:25), foram o instrumento escolhido, para que mais uma vez o julgamento viesse do céu, e que fosse exatamente adequado para completar a destruição que a chuva de saraiva havia produzido: "¹³ Então estendeu Moisés sua vara sobre a terra do Egito, e o Senhor trouxe sobre a terra um vento oriental todo aquele dia e toda aquela noite; e aconteceu que pela manhã o vento oriental trouxe os gafanhotos. ¹⁴ E vieram os gafanhotos sobre toda a terra do Egito, e assentaram-se sobre todos os termos do Egito; tão numerosos foram que, antes destes nunca houve tantos, nem depois deles haverá. ¹⁵ Porque cobriram a face de toda a terra, de modo que a terra se escureceu; e comeram toda a erva da terra, e todo o fruto das árvores, que deixara a saraiva; e não ficou verde algum nas árvores, nem na erva do campo, em toda a terra do Egito. " (Êxodo 10:13-15). O impacto sobre o Egito das pragas foi tão grande que diante do aviso de Moisés sobre esta praga os próprios servos de Faraó disseram a ele que o Egito estava destruído (vers. 7). No entanto, Faraó não quis ouvir. Os gafanhotos vieram e destruíram a folhagem - plantações, vegetais, arbustos, árvores - até a casca das árvores frutíferas sofreram - os caules foram feridos, os galhos menores foram completamente descascados e “embranquecidos” (Joel 1:7). A exemplo dos demais, além dos notórios impactos à infraestrutura da nação, tratava-se adicionalmente de um juízo sobre os falsos deuses egípcios Sobek, Rá, Shu, Geb e Osíris. 

9. Escuridão (trevas) (Êxodo 10:21-23): “Eles não se viram”, somos informados, “por três dias” (Êxodo 10:23). A escuridão era aquela que “poderia ser sentida” (Êxodo 10:21). Tal continuação sobrenatural da absolutamente impenetrável “escuridão das trevas” causaria a qualquer homem um sentimento de intenso alarme e horror. Para os egípcios, seria particularmente doloroso e terrível. Rá, o deus-sol, estava entre os principais objetos de seu culto. Segundo a tradição judaica, nesta escuridão eles ficaram aterrorizados com a aparição de espíritos malignos, ou melhor, com sons e murmúrios terríveis que eles faziam; no entanto, não há registro bíblico que demonstre a veracidade de tal tradição.

10. Morte dos primogênitos (Êxodo 11:1-7,12:29,30): Em todas as famílias em que o filho primogênito era do sexo masculino, essa criança foi atingida pela morte. O filho primogênito do Faraó, herdeiro de seu trono, foi levado; e assim em todas as outras famílias. Nobres, sacerdotes, comerciantes, artesãos, camponeses, pescadores – todos sofreram igualmente. Na linguagem bíblica, “não havia casa onde não houvesse um morto”. E as mortes ocorreram “à meia-noite”, na hora mais estranha, na hora mais silenciosa, na escuridão mais profunda. A morte atingiu os seus primogênitos, a alegria e a esperança das suas famílias. Eles haviam matado os filhos dos hebreus, agora Deus matava os deles. Imagine o grito que ecoou pela terra do Egito, o longo e alto grito de agonia que irrompeu de todas as habitações!

É interessante notar que em todas as pragas Deus enviou Moisés a Faraó, para avisá-lo sobre o que aconteceria caso Faraó se recusasse a permitir que o povo de Deus fosse liberto da escravidão. Até a nona praga, faraó se endureceu e não quis deixar o povo ir; somente com a décima praga que Faraó, humilhado, permitiu que o povo saísse livre. Deus sempre avisa antes de executar Seus juízos, dando oportunidade de que nós, pecadores, nos arrependamos; nesse caso, Deus nos perdoa e nos recebe de bom grado. No final das contas, o que Deus espera é que cada um de nós possamos, diante das advertências de Deus, nos arrependermos dos nossos pecados e então nos voltarmos para Deus, que é rico em perdoar.

Moisés tem um papel muito importante no desenrolar do plano de Deus para a nossa salvação. Moisés foi escolhido por Deus para ser o Seu agente que traria liberdade ao Seu povo, que era escravo no Egito. Assim, nós também somos escravos no mundo: somos escravos do nosso pecado, como disse o próprio Senhor Jesus (João 8:34). Como escravos, não podemos nos libertar sozinhos, mas precisamos desesperadamente de alguém que nos liberte do nosso algoz. 

As dez pragas mostram que Deus irá, invariavelmente, julgar todos os homens caso não se arrependam dos seus pecados. Independente de nome, de poder humano, econômico, político ou religioso; de ser assíduo na religião e nas boas obras ou não; de ser gente boa ou não; de ser membro de Igreja ou de qualquer religião ou de nenhuma religião; de crer na existência de Deus ou não; de considerar a Bíblia ou não. Todos, grandes e pequenos, hão de comparecer perante o Supremo Juiz de todos os homens (Apocalipse 20:12). 

No entanto, há um ponto importante em relação a décima praga, que traz importante revelação sobre a salvação que Deus preparou para nós. Na décima praga, Deus mandou que os filhos dele tomassem um cordeiro sem defeito algum, macho, por família, e que matassem esse animal para dele comerem. O sangue desse cordeiro deveria ser espalhado nas ombreiras e nas vergas das portas nas casas onde ele fosse comido. Segundo o que Deus disse a Moisés, "¹² E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor. ¹³ E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito" (Êxodo 12:12,13). O sangue, na porta, seria a marca que preservaria todos aqueles que estivessem naquela casa de serem acometidos pela décima praga. Foi assim instituída a Páscoa do Senhor: "²¹ Chamou pois Moisés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa. ²² Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. ²³ Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir" (Êxodo 12:21-23). 

Jesus, então, é o cordeiro de Deus (Jo 1.29) sem defeito nem mancha (I Pedro 1:18-20). Como cordeiro, macho, Ele foi imolado em favor do povo, na cruz do Calvário, levado até lá para morrer como "ovelha muda, perante seus tosquiadores": "Ele foi maltratado, humilhado, torturado; contudo, não abriu a sua boca; agiu como um cordeiro levado ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não expressou nenhuma palavra" (isaías 53:7 comparar com Mateus 26:63; 27:12; Marcos 15:5). Não teve em nenhum momento sequer qualquer de seus ossos quebrados, apesar das surras intensas que levou, tanto com o uso do chicote quanto das mãos violentas dos soldados romanos, quer com os cravos que foram usados para fixá-lo na cruz, quer por meio da lança do soldado que perfurou seu lado, quando já estava morto (Sl 34.20; João 19:31-37).

Note a evolução da revelação do plano de Deus: A intenção de Deus era que todos (cada uma das famílias) experimentassem a salvação. No início era um cordeiro por família (Êxodo 12:3,4). O conceito se expande e aqui vemos um cordeiro para toda a nação (João 11:49-52) e, finalmente, um cordeiro para o mundo inteiro (João 1:29). Ao cremos em Cristo, somos incorporados à família da fé (Gálatas 6:10; Efésios 2:19). 

Deus, no Antigo Testamento, passou por cima dos egípcios, matando todos os primogênitos daqueles que não tinham a marca do sangue do cordeiro. No Novo Testamento, o mesmo se repete e se repetirá, com uma exceção: não serão apenas os primogênitos, mas todos que não tiverem a marca do sangue de Cristo, oferecida de GRAÇA e pela GRAÇA a toda humanidade há mais de 2.000 anos! MAIS DE DOIS MIL ANOS DE OFERTA DE SALVAÇÃO! MAIS DE DOIS MIL ANOS DE CHAMADA AO ARREPENDIMENTO E A FÉ! Ninguém, jamais, poderá queixar-se de falta de oportunidade, recusando insistentemente os apelos de Deus. Deus avisa, Deus chama, Deus da chance, é paciente, é tolerante. Preservou as Escrituras, moveu homens para por ela morrerem; moveu novamente para que ela fosse traduzida do latim para a linguagem do povo, popularizando-a; moveu de novo, pela internet, onde há milhares de versões dela, blogs, estudos, comentários... tudo disponível, tudo acessível. Enviou Seu Espírito, para convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. Quem quiser conhecer a Verdade, portanto, poderá fazê-lo.  Mas tudo tem um fim. Tudo tem um limite. Foi assim desde o princípio e assim será também no fim. Essa é a mensagem da Páscoa: vida e morte, fé e incredulidade, salvação ou perdição. 

Veja: nada impediu Deus de agir no Antigo Testamento. O Egito viu as maravilhas de Deus, independente deles quererem ou não. Assim também será com o mundo atual: ele verá Deus agir, independente de Nele crer ou não, independente dos deuses que cultue, de sua cultura ou dos avanços científicos, militares e políticos que alcance. Isso é questão somente de tempo. Eu digo que tempo é um luxo que nós, pecadores, não temos; a qualquer hora podemos ser chamados a comparecer diante de Deus. Teremos o Sangue do Cordeiro, Jesus, sobre nossa vida, para apresentar a Deus ou não? Somos redimidos dos nossos pecados ou não? Cremos em Jesus como Senhor e Salvador de nossas vidas ou não?

Pense nisso! Deus te abençoe e te guarde!   

domingo, 10 de setembro de 2023

RESGATANDO O CONCEITO BÍBLICO SOBRE A SALVAÇÃO EM JESUS CRISTO: PARTE 3


¹ Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
² E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.
³ E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.

(Gênesis 12:1-3, grifo adicionado)

Vamos prosseguir em nossa série de estudos sobre o plano de Deus para reconciliar consigo o homem, em estado deplorável após a queda da humanidade, por meio de Adão no Éden. Vimos até agora o que aconteceu com a humanidade: por sua própria escolha, Adão, representante de toda a raça humana, condenou a todos os seus descendentes de todas as eras (incluindo eu e você) a viverem inevitavelmente divorciados de Deus, em contínuo litígio com o Criador. O homem não apenas pecou, mas tornou-se pecador; ou seja, sua natureza espiritual foi modificada após o catastrófico ato de desobedecer a Deus. Por isso, nós também pecamos. Pecamos desobedecendo a Deus dia-a-dia, expressando aquilo que há em nosso interior. Somos uma árvore que produz frutos do pecado, porque ser pecador é a nossa realidade, da qual não queremos e não podemos evitar. Passamos a ser assim. Isso é muito transparente em nós enquanto seres humanos.

Produzindo frutos inexoravelmente ligados a nossa nova natureza maligna, alastramos o mal sob a Terra. No passado, isso levou a Deus destruir toda uma geração de pessoas afogadas e destroçadas por meio das águas do dilúvio. Apenas Noé e sua família, e um par de animais de cada espécie, foi preservado por meio de uma Arca (um barco muito grande) construído pelo próprio Noé a mando de Deus (se quiser recapitular, veja RESGATANDO O CONCEITO BÍBLICO SOBRE A SALVAÇÃO EM JESUS CRISTO: PARTE 2). 

Esse homem, chamado Noé, gerou três filhos. Seus nomes eram Sem, Cam e Jafé. Esses três rapazes foram preservados do dilúvio por meio da Arca. Após o dilúvio, esses rapazes também irão gerar filhos e filhas. Quando você lê a Bíblia, aparecem muitas genealogias; a intenção dessas genealogias é mostrar a descendência pela qual Deus foi desenvolvendo Seu plano de resgatar o homem: sim, Deus usa pessoas para abençoar outras pessoas! Um dos descendentes de Sem é chamado Terá (Gênesis 11:10-26), que foi pai de um homem chamado Abrão (o nome significa "pai exaltado"). Abrão tinha uma esposa chamada Sarai, que era estéril (Gênesis 11:30)

Abrão era parte do plano de Deus para salvação do homem. Deus fala com ele, lhe dá uma ordem e uma promessa (Gênesis 12:1-3): "de ti farei uma grande nação... em ti serão benditas todas as famílias da Terra". Deus estava dizendo a Abrão que por meio dele todas as famílias, de todos os povos, tribos, línguas e nações seriam abençoadas por Deus! Uma grande nação abençoadora viria de Abrão! E Abrão prontamente obedeceu ao Senhor, saindo do país onde ele estava e indo para um local que ele não sabia sequer onde ficava! Perceba a sequência: Deus falou com Abrão e deu-lhe uma ordem seguida de uma promessa. É assim que Deus faz: Ele nos dá uma ordem, Ele nos faz uma promessa ou uma advertência pelo não-cumprimento (logicamente, o cumprimento do que Deus manda trará inevitavelmente bênção para nós; só em evitar o mal já estamos sendo abençoados!). 

Parênteses: Todos nós recebemos de Deus ordens (o que Deus espera de nós), advertências (em caso de desobediência) e promessas (em caso de obediência). Elas estão registradas na Bíblia. Faríamos bem para nós mesmos buscar conhecer o que Deus quer para nossas vidas, lendo diligentemente a Bíblia Sagrada. Por certo, nossa vida seria muito mais tranquila do que é hoje.

Abrão obedeceu e partiu. Ao chegar no local onde Deus queria que ele chegasse, Deus renova sua promessa com Abrão por mais duas vezes (Gênesis 12:7 e 13:14-17). Por que? Porque Deus estava dizendo a Abrão que Ele, Deus, havia prometido e que, por causa da obediência dele, iria cumprir! É como se Deus estivesse dizendo "Minhas promessas continuam de pé! Eu irei cumprir todas elas, porque Eu sou quem prometeu!". Abrão, contudo, não conseguia entender a grandiosidade dessa promessa, nem sequer vê-la materializada: como vir dele uma multidão se sua esposa Sarai era estéril? Abrão perguntou isso a Deus e Deus responde a Ele; agora, Deus foi ainda mais específico: "mas aquele que de tuas entranhas sair, este será o teu herdeiro" (Gênesis 15:1-5). E então surge uma explicação-chave que irá nortear todo o nosso entendimento ao longo desses estudos: "⁶ E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça" (Gênesis 15:6). 

Ele, Abrão, creu naquilo que o Senhor havia dito. Ora, por derivação ele creu no próprio Senhor. E esse ato de crer, diz a Bíblia, foi imputado (atribuído) a Abrão como justiça. Não foi imputado como justiça seus atos, mas sim sua fé! A justiça, como vemos aqui, veio do ato de crer, veio da fé! Assim, o justo para Deus não é o personagem da Hanna Barbera "Peter Perfeito" (aquele corredor boa-pinta e sempre pronto a ajudar os outros, que dirige o carro número 9 do desenho animado "A Corrida Maluca") cheio de boas obras, mas sim aquele que crê em Deus! Isso é bastante lógico, uma vez que todas as ações externas, por melhores que sejam, são incapazes de alterar o nosso estado interior de pecado. Crer em Deus, contudo, é uma ação que vem do interior. Segundo a Bíblia, esse ato de fé vem de ouvir a Palavra de Deus e então mover-se em direção a Deus conforme a Palavra ouvida (Romanos 10:17). 

Parênteses: Não estamos aqui dizendo que não se deve praticar boas obras. Isso é um absurdo. Todos nós devemos estender nossas mãos para o bem, sempre. O que estamos afirmando, com base na Bíblia, é que essas boas obras são incapazes de serem revertidas para nós como justiça para com Deus. Somos injustos invariavelmente e nossos melhores atos de justiça não passam de trapos de imundícia (Isaías 64:6). Toda a justiça para com Deus sempre virá, única e exclusivamente, da fé no próprio Deus. 

Nota: Trapos de imundícia nos tempos bíblicos poderiam ser os panos utilizados no período menstrual da mulher, ou ainda os panos usados por leprosos para limpar as feridas, que muitas vezes cheiravam mal e em alguns casos já em processo de putefração.

Seguindo adiante, mais uma vez Deus faz uma aliança com o homem. Anteriormente, Ele havia feito uma aliança com Noé, prometendo que não mais destruiria a Terra por meio do dilúvio (Gn 9:8-11) e que haveria sempre estações (primavera, verão, outono e inverno - Gn 8:22). Agora estava fazendo uma aliança com Abrão (Gênesis 15:8-12,17,18):

⁸ E disse ele: Senhor DEUS, como saberei que hei de herdá-la?
⁹ E disse-lhe: Toma-me uma bezerra de três anos, e uma cabra de três anos, e um carneiro de três anos, uma rola e um pombinho.
¹⁰ E trouxe-lhe todos estes, e partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas as aves não partiu.
¹¹ E as aves desciam sobre os cadáveres; Abrão, porém, as enxotava.
¹² E pondo-se o sol, um profundo sono caiu sobre Abrão; e eis que grande espanto e grande escuridão caiu sobre ele.
¹⁷ E sucedeu que, posto o sol, houve escuridão, e eis um forno de fumaça, e uma tocha de fogo, que passou por aquelas metades.
¹⁸ Naquele mesmo dia fez o Senhor uma aliança com Abrão, dizendo:  tua descendência tenho dado esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates.

No contexto da aliança nos tempos bíblicos, ambas as partes se comprometiam uma com a outra em honrar um compromisso. Para isso, elas matavam animais e os dispunham em fileiras, então ambos passavam entre as fileiras de cadáveres de animais mortos. Com isso, eles diziam "aconteça a mim o que aconteceu com  esses animais se eu não cumprir a minha parte no nosso acordo". Era um pacto. Aliança é um pacto. Deus estava se comprometendo a cumprir a promessa. Note que Abrão dormiu e assim não passou por meio dessas fileiras. Isso se deve ao fato de que Abrão não teria em si mesmo condições de honrar com sua parte no pacto. Esse sono pesado veio de Deus! Abrão foi representado nesse pacto com Deus: entre as fileiras passaram um forno de fumaça e uma tocha de fogo. Com isso, nesse pacto que Deus havia cortado com Abrão (e essa é a tradução da palavra aliança, "cortar"), Deus estava dizendo a Abrão que iria inevitavelmente cumprir com Sua promessa, independentemente de qual fosse a atitude dos descendentes de Abrão. 

Deus cumpriu a Sua promessa na vida de Abrão: sua mulher Sarai, estéril e com 90 anos, deu a luz a um filho, sendo Abrão já idoso (100 anos de idade!). Deus mudou então o nome de Abrão e de Sarai, que passaram a se chamar Abraão ("pai de multidões") e Sara ("princesa") (Gênesis 17:5,15). Isaque foi o nome que Deus escolheu para aquela criança. Aquela criança representava o cumprimento da promessa de Deus a Abraão. Ele trouxe felicidade e alegria àquele casal de idosos! No entanto, Deus poria a prova a Abraão de uma maneira sem paralelo na Bíblia, conforme lemos em Gênesis 22:1-10:

¹ E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
² E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.
³ Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.
⁴ Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe.
⁵ E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós.
⁶ E tomou Abraão a lenha do holocausto, e pô-la sobre Isaque seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos.
⁷ Então falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?
⁸ E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos.
⁹ E chegaram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali um altar e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha.
¹⁰ E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho;

Você, querido(a) leitor(a), consegue perceber o que Deus mandou Abraão fazer? Consegue aquilatar esse tão grave pedido? Deus mandou Abraão ir sacrificar seu próprio filho! Seu herdeiro! O cumprimento da promessa de Deus, a realização de um sonho! Até então, sua fé havia sido provada pela paciência e resistência, mas agora ele foi ordenado a destruir o fruto de tantos anos de espera paciente. A alma de Abraão foi dilacerada pelo conflito entre o amor paterno e a obediência a Deus. Por que Deus havia feito tal pedido a Abraão? Primeiro, porque Deus queria por a prova a fé de Abraão no Senhor! Abraão deveria crer no Senhor e não em seu filho, era Deus quem iria assegurar o cumprimento da promessa, custasse o que custasse! É muito interessante que Abraão creu que Deus poderia ressuscitar o menino ("Abraão creu que se Isaque morresse Deus o ressuscitaria; e, por assim dizer, Abraão recebeu da morte o seu filho Isaque!", Hebreus 11:19), numa época em que sequer houvera sequer um único caso de ressurreição! Como crer em algo que ele nunca vira antes?! Com base na fé em Deus, Abraão parte com o menino para a terra chamada de Moriá; prepara o altar, amarra o filho e o coloca em cima da lenha no altar. 

Abraão iria mesmo sacrificar o rapaz. Só que esse não era o plano de Deus! Deus não requer sacrifício humano de espécie alguma. Deus somente queria por Abraão à prova. Deus impediu Abraão de estender sua mão contra o menino! O desfecho é magnífico (Gênesis 22:11-18):

¹¹ Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
¹² Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho.
¹³ Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho.
¹⁴ E chamou Abraão o nome daquele lugar: o Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.
¹⁵ Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus,
¹⁶ E disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho,
¹⁷ Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos;
¹⁸ E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.   

Na hora H Deus impediu Abraão de sacrificar Isaque! Ele bradou (ou seja, em alta voz), para que Abraão ouvisse e nada fizesse de mal à criança: "Pare!!! Não faça nada contra o rapaz! Agora sei que você me considera ao ponto de não me negar seu filho, seu único filho! Por isso, eu jurei por mim mesmo que irei te abençoar como havia lhe prometido! Porque você obedeceu à minha voz!".  Deus provê então para o sacrifício um cordeiro a ser oferecido no lugar do rapaz e, desde aquele dia, Deus passou a ser conhecido como Jeová Jire, "o Senhor que Provê"

Querido(a) leitor(a), você consegue perceber o paralelo sem par que temos aqui diante de nós? Abraão, em aliança com Deus, não negou ao Senhor seu único filho. Logo, Deus também não negaria Seu único Filho! Deus proveu um cordeiro para o sacrifício no lugar de Isaque, o cordeiro foi sacrificado no lugar do menino. Assim também haveria de vir alguém, a quem o Senhor que Provê providenciaria, um Cordeiro que seria provisto por Deus, para ser sacrificado em lugar de mim e de você! Isso mesmo: estou falando sobre o Senhor Jesus Cristo! Ele, Filho de Deus, sendo Único (João 3:16) não foi negado por Deus exatamente como Abraão não negou o seu filho Isaque; Ele, o Cordeiro de Deus (João 1:29), foi morto em nosso lugar! É em Jesus que Deus irá cumprir a promessa feita a Abraão: "¹⁷[...] grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; ¹⁸ e em tua descendência serão benditas todas as nações da terra" (Gênesis 22:17,18). 

Com a queda, como vimos no estudo anterior, Adão entregou a Terra ao domínio do diabo. Ele passou a ser "o príncipe desse mundo" (II Coríntios 4:4-6). Agora, com Abraão, Deus estava começando a reverter isso, estabelecendo um ponto de partida para reconquistar a Terra para Si. Deus vai tornar a possuir a Terra por meio do homem, a quem Deus deu a Terra originalmente; por meio de Abraão Deus vai resgatar para Si a Terra e a humanidade perdida. Jesus, como descendente de Abraão, iria por um ponto final no caos que se instalou por conta do pecado de Adão. 

No próximo estudo, daremos continuidade ao assunto. Até lá aconselho que você revisite o que foi escrito até aqui. Leia as passagens bíblicas indicadas ao longo dos textos. Deixe que Deus fale ao seu coração. Peça a Ele que lhe traga discernimento para que você possa compreender espiritualmente tudo o que foi dito. E, acima de tudo, fale com Deus: Ele está sempre pronto a ouvir você! Como estamos vendo, Deus se interessa pelo homem! Deus nos criou e se interessa em nós; se O buscarmos, iremos achá-Lo! E se após a leitura houver alguma dúvida, por favor não hesite em perguntar-me! 

Deixo-lhe para seu enlevo espiritual a música abaixo. Clique e escute:

 

Que o Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

domingo, 3 de setembro de 2023

RESGATANDO O CONCEITO BÍBLICO SOBRE A SALVAÇÃO EM JESUS CRISTO: PARTE 2



"Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram."
(Romanos 5:12)

Como visto anteriormente em RESGATANDO O CONCEITO BÍBLICO SOBRE A SALVAÇÃO EM JESUS CRISTO: PARTE 1, Adão decidiu livremente abandonar a Deus mediante sua opção em comer do fruto da árvore do conhecimento. Ao desobedecer, ele escolheu ser seu próprio Deus, ainda que de forma inconsciente. Deus, que havia sido o seu Criador amoroso e Provedor fiel de todas as suas necessidades até então, passou a ser posto de lado, ignorado e tido como mal-intencionado. Nas palavras da serpente, Deus ocultava de Adão o conhecimento porque Deus sabia que se Adão tivesse esse conhecimento ele seria como Deus também (na prática, uma espécie de deus-homem) e o único Deus perderia seu seguidor. Dito de outra forma, Deus estaria sendo desonesto, invejoso e inseguro em relação a Adão e por isso havia negado ao homem tudo aquilo que tornaria o homem "mais evoluído"

Ao comer do fruto, Adão sela o seu destino. Ali no Éden, separou-se de Deus; perdeu aquilo que havia de mais precioso que o homem poderia obter: a comunhão com o Criador. E infelizmente acabou selando também o nosso destino, na condição de descendentes de Adão. Ele condenou a todos nós juntamente com ele. Seu pecado manifesta-se escandalosamente na vida de cada homem, mulher e criança, de cada tribo, língua, povo e nação que existe atualmente e que já existiu um dia. E, do mesmo modo, a consequência desse pecado: a morte.  A sequência é: primeiro o pecado, depois a morte. Ora, a morte que passou sobre a humanidade teve a sua origem no pecado de Adão.

Observe a seríssima encrenca que o ato de Adão trouxe: se Deus aniquilasse a raça humana ali, naquele ponto, Deus haveria falhado como Deus, criando seres para destruí-los em seguida sem lhes dar opção de redenção só porque esses seres se rebelaram (a exemplo de Satanás, ex-querubim, que ao rebelar-se levou consigo em sua sedução a terça parte dos anjos do céu) contra Deus. Se Deus não os elimina, teria que condenar 1 a 1 ao inferno, estando estes para sempre sob domínio de Satanás. Se Deus aniquilasse Satanás - e Ele poderia facilmente fazê-lo - teria na prática admitido Seu fracasso em ser um Deus de amor, bondade, paciência e misericórdia.   

Apesar da atitude perversa, Deus continuou amando o homem agora pecador. Deus tinha um plano para redimi-lo do seu pecado de forma definitiva. Esse plano havia já sido definido por Deus antes do mundo ser fundado, antes de cada criatura espiritual e terrena passar a existir. Um plano tão maravilhoso. Um plano que teria como base justamente a conciliação do amor e misericórdia de Deus com o terrível pecado e morte, que envolveria um ato de amor da parte de Deus sem precedentes e sem par em todo o Universo e história! Para entendermos esse plano, vamos ver como ele foi sendo executado ao longo da história humana.

Ainda que separado da comunhão com Deus e em estado de pecado e morte, Deus não impediu irremediável e definitivamente que o homem buscasse a Deus. Sim, houve pessoas que, mesmo tendo sobre si a condenação da separação de Deus pelo ato de Adão, tinham interesse no relacionamento com Deus, ainda que de forma oscilante e imperfeita. O homem era puro de consciência e de atos.

Qual é a diferença do antes e depois da queda (o pecado de Adão)? É que antes da queda, esse relacionamento entre Deus e o homem era algo simples, ocorrendo de forma cotidiana e sem barreiras. Não havia nada que impedisse o homem de se relacionar com Deus. Tudo era espontâneo e não havia espaço para dúvidas. Após a queda, o homem passa a estar sob a influência do pecado e esse pecado é, na prática, uma barreira levantada no relacionamento com Deus. Veja o que diz o próprio Adão: "E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me" (Gênesis 3:9,10) O homem sempre esteve nu sem se envergonhar por isso; no entanto, após a queda, Adão já sob influência do pecado tenta enganar a Deus. Isso mesmo! Ele fez uma tola tentativa de enganar a Deus; ao ser chamado, Adão diz que havia se escondido porque estava nu! Ele confessa sua nudez, que era evidente; mas não faz menção ao seu pecado de comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Ele preferia esconder isso, sentindo, de fato, os vergonhosos efeitos disso, mas ainda não estando verdadeiramente arrependido por isso. Adão preferiu mentir a Deus do que arrepender-se e confessar sua transgressão!

Parênteses: Não é exatamente assim que funciona hoje em dia? Nós preferimos mentir a Deus do que confessar o nosso pecado! Preferimos esconder nosso erro com "aventais feitos de folhas de figueira" (Gênesis 3:7) que nada conseguem esconder de fato (basta um ventinho ou um simples movimento que mude o ângulo de visão que tudo aparece) do que realmente chegarmos diante de Deus quebrantados admitindo nosso pecado. 

Mas veja o que Adão disse: Ouvi a tua voz e temi e, assim, me escondi. Antes, ouvir a voz de Deus não trazia medo; não havia razão para temer Aquele que havia sido até então o amoroso Criador e Provedor do homem. Agora, depois do pecado, havia uma razão! E essa razão era o próprio pecado cometido! Assim, no relacionamento entre o homem e Deus passou a existir esse elemento estranho chamado pecado, que traz impedimento a esse relacionamento. Esse impedimento que gera culpa, gerado medo, gera mentira e hipocrisia, que faz o homem diante de Deus olhar para dentro de si e saber que Deus o reprova. Sim, na presença de Deus, o Pai das luzes, enxergamos com clareza as nossas próprias trevas interiores! Reprovados diante de Deus! Malditos somos! 

E, nessa condição, tememos nos abrir, tememos nos entregar por completo a Deus! Duvidamos da bondade de Deus; duvidamos que Deus quer o nosso bem! Não cremos em Deus; se muito acreditamos que Ele existe. Muitos até acreditam que Ele não existe! Outros pensam Nele como alguém que só deve ser buscado quanto há necessidade. Outros usam Seu Nome para proveitos egoístas e malignos. Criamos milhares de religiões para se relacionar com Deus, cada uma com a sua regra estranha elaborada por homens que são invariavelmente tão pecadores como nós, quando Deus NUNCA propôs religião alguma para o homem! Confundimos Deus com a criação de Deus; chamamos deus o trovão, os mares e oceanos, a terra em que habitamos, etc., mas nos recusamos a reconhecer que Deus como Único Deus! O pecado acrescentou uma enormidade de deformações em nossas vidas enquanto seres humanos em relação a Deus e a todas as coisas. No afã de obter conhecimento do bem e do mal e sermos iguais a Deus abrimos a porta para todo tipo de engano e maldade! Adão e Eva fizeram ainda mais: ao escolherem livremente se rebelarem contra Deus, eles entregaram a soberania da Terra ao diabo (Lucas 4:6)!

Parênteses: "Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal" (Gn 3:4,5). O fato é que o diabo plantou a semente de dúvida sobre Deus no coração humano. Ao dizer a Eva que ela não morreria ao comer do fruto, o diabo estava dizendo que Deus havia mentido para ela; era um ataque contra a sinceridade de Deus. O diabo, sem meias palavras, chamou ali Deus de mentiroso. Nas palavras do diabo, a razão de Deus em não querer que eles comessem do fruto proibido não era por causa da morte, mas sim porque Deus não queria que eles tivessem acesso a coisas maravilhosas. O diabo fez uma acusação contra o caráter de Deus. Noutras palavras, é como se o diabo dissesse a Eva: "Eva, Deus não cuida realmente de você. Deus não tem os melhores interesses a seu respeito. Ele está tentando amar e proteger você, mas é só porque Ele está tentando manter você inferior a Ele. Ele está tentando manter você como peão para Ele, como escrava. Deus quer manter o melhor só para Ele; Ele não quer compartilhar Seu conhecimento e poder com você". Com a atitude de Eva, ao comer do fruto e dá-lo para Adão comer também, a humanidade passou a um estado de ruína: nos separamos da comunhão com Deus, sobre quem desconfiamos. Falhamos em confiar em Deus, falhamos em crer em Deus; em crer no caráter de Deus e em Suas boas intenções em relação a humanidade. Nos tornamos nosso próprio deus.

Veja como o ato de Adão trouxe uma tragédia sem precedentes sobre a raça humana. Caim mata Abel, seu irmão, por inveja. Surgiu então toda uma geração de pessoas que simplesmente viveram nessa Terra sem dar a mínima para Deus.  Somente a partir de Enos, neto de Adão, é que novamente o homem passou a invocar o nome do Senhor (Gênesis 4:26). No entanto, o pecado com suas consequências se espalhavam como fogo no mato seco: "E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra." (Gênesis 6:6,11,12). Uma geração de pessoas todas corrompidas, todas malignas! Apenas um homem havia sido encontrado por Deus com o coração reto: Noé (Gn 6:8), sobre quem é dito ter "achado graça aos olhos do Senhor". 

Deus diz a Noé que destruirá toda a humanidade pelas águas do dilúvio (Gn 6:13,17), com exceção de Noé e sua família, e dos animais que existiam naquela época: "Mas contigo estabelecerei a minha aliança; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo. E de tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás entrar na arca, para os conservar vivos contigo; macho e fêmea serão. Das aves conforme a sua espécie, e dos animais conforme a sua espécie, de todo o réptil da terra conforme a sua espécie, dois de cada espécie virão a ti, para os conservar em vida. E leva contigo de toda a comida que se come e ajunta-a para ti; e te será para mantimento, a ti e a eles" (Gênesis 6:18-21). 

A Bíblia destaca que Noé fez conforme a tudo o que Deus lhe mandou (Gn 6:22). Noé obedeceu; obedeceu porque ele creu nas palavras que Deus lhe havia dito e, por implicação, no próprio Deus. Isso é claramente dito no Novo Testamento: "Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé" (Hebreus 11:7). Note: toda uma geração de pessoas e apenas Noé creu no Senhor! Imagine: todas aquelas pessoas comendo, bebendo, casando e dando-se em casamento vendo aquele homem construir um barco imenso em terra firme! Podemos até imaginar o que eles diziam: "Noé, o que você está fazendo?! Ficou doido?? Fazendo esse barco aí, para quê?!" "É que Deus disse que vai destruir a Terra", diz Noé. "Destruir a Terra? Vai nada! Você tá vendo chuva aí no céu, velho doido?!? O sol queimou seus miolos! Venha aproveitar a vida conosco! Deus não existe não!" Sim, Noé é chamado na Bíblia pelo apóstolo Pedro de "pregador da justiça" (II Pedro 2:5); enquanto ele construía a arca, anunciava a sentença de Deus (com palavras e com o ato de construir propriamente dito).

Parênteses: Hoje é exatamente igual. Multidões estão caminhando para sua própria destruição, juntamente com um mundo condenado; estão vendo outros se prepararem para esse dia de juízo, estão ouvindo o que essas pessoas estão dizendo, mas não dão a mínima! "Coisa de gente bitolada, de religiosos fanáticos, analfabetos e manipulados por gente que só quer dinheiro", dizem. "Deus vai julgar a gente?? Para com isso, vai fazer algo de útil ao invés de ficar enchendo a paciência com essa conversinha furada!". No entanto, querido(a) leitor(a), eu digo: o fim vem! Espero que você possa fazer como Noé, ouvindo e crendo na Palavra de Deus, enquanto ainda pode. 

Quanto tempo durou a pregação de Noé? 120 anos!!! Percebe? Foram CENTO E VINTE ANOS pregando àquela geração má! Deus havia prometido o dilúvio, no entanto somente enviou esse dilúvio 120 anos após ter falado com Noé que o faria! Deus não executou logo a sentença. Sabe por que? Porque Deus estava dando tempo para as pessoas se arrependerem!!! A isso chamados longanimidade, palavra que significa "paciência longa, disposição longa em ser paciente". Deus não queria que ninguém dali se perdesse; se algum homem daquela geração se arrependesse de seus pecados, Deus o salvaria! No entanto, como diz novamente o apóstolo Pedro, eles haviam sido rebeldes: "Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água" (I Pedro 3:20). Somente Noé com mais sete pessoas foram preservados.

Parênteses: Vê o efeito do pecado manifesto mais uma vez: Deus deu àquelas pessoas tempo para se arrependerem. Deus deu Noé como pregador para elas. Noé pregou 120 anos sobre o juízo de Deus que viria sobre o mundo. Deus não queria que ninguém se perdesse, mas buscou avisar a todos de Sua decisão e do que faria. E o que eles fizeram? Foram rebeldes! Não creram! Não quiseram ouvir! Duvidaram do que Noé dizia e, por tabela, de Deus e do que Deus havia dito. Hoje acontece exatamente igual. Seriamos sábios se déssemos valor às palavras de Deus, àquilo que Deus disse. Só temos a ganhar se ouvirmos e só temos a perder se não dermos ouvidos. 

A Bíblia nos mostra o que aconteceu: Noé entrou na arca e então vieram sobre a terra as águas do dilúvio. As águas vieram tanto do céu quanto da Terra, tanto de cima da Terra quanto debaixo dela: "se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram, e houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites" (Gênesis 7:10-12). Esse dilúvio resultou na morte de todo o ser vivente que não estava na arca: "E expirou toda a carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de gado e de feras, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, e todo o homem. Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu. Assim foi destruído todo o ser vivente que havia sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca" (Gênesis 7:21-23). O que se vê nos próximos capítulos é as águas baixando, Noé e sua família e todos os animais que estavam na arca irem para terra firme. Deus então abençoa Noé e faz com ele uma aliança de não mais destruir a Terra com o dilúvio, colocando no céu o Seu arco como sinal dessa aliança (o arco-íris, Gn 9:7-17).

Concluindo essa segunda parte, estamos vendo o que aconteceu com a humanidade. Como nos tornamos pecadores e separados da comunhão com Deus. Como amaldiçoamos a nós mesmos, dando ouvidos ao diabo e assim desobedecendo a Deus. Vimos também como a história se desenrolou até aqui: as proporções desse estado de pecado (sim pecado não é apenas o que fazemos, mas sim a nossa condição enquanto raça humana; somos pecadores e por isso pecamos, não o inverso) sobre a humanidade, ao ponto de Deus destruir toda uma geração de pessoas, salvando no entanto Noé e sua família porque ele, Noé, havia crido em Deus. Noé teve fé e por isso foi salvo. Crer em Deus é a base da salvação. Isso ficará cada vez mais notório a medida que prosseguirmos no estudo desse tão importante tema bíblico. 

A ti, querido(a) leitor(a), eu suplico: creia em Deus. Veja o que Deus disse, que foi registrado por séculos e preservado na Bíblia Sagrada para a nossa fé. Deus quer salvar você, assim como Ele fez com Noé e com tantos outros que vieram depois de Noé. Ele quer salvar você da destruição que há de vir sobre o mundo e sobre todo aquele que insiste, a despeito dos avisos de Deus, em viver sua vida como se Deus não existisse. A filosofia não pode salvar você, a psicologia também não; as ciências também não. A religião, independente de qual seja, também não. As boas obras também não. O Único que pode salvar você é o próprio Deus! Se você se arrepender e crer, se buscar ao Senhor, você O encontrará pronto para recebê-lo(a) com os braços abertos!

Pense nisso! Graça, misericórdia, paz e salvação sejam contigo!