Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo. (2 Co 11.2)
O apóstolo Paulo, nesse texto, fala aos Coríntios sobre seu zelo por eles, zelo que era do próprio Deus na vida do apóstolo, cuja evidência era o árduo trabalho pastoral no sentido de preparar àquela Igreja de forma a apresentá-la como virgem pura para Seu marido, a saber Cristo Jesus. A ideia subjacente é, portanto, a comparação da Igreja em geral como a noiva de Cristo. A mesma comparação é vista noutras passagens das Escrituras, como Mateus 22:2, 25:1; João 3:29 e, de forma mais elaborada, em Efésios 5:25-32; Apocalipse 19:7-9; 21:2,9.
A frase "estou zeloso" significa corretamente, "eu ardentemente te amo". Grandes e veemente zelo, algo tão elevado quanto Deus o é. As Escrituras denominam Deus como El qanna, que significa “Deus zeloso”. O nome do Senhor é Zeloso, Deus zeloso Ele é (Êx 34.14), portanto nem Israel, nem a Igreja devem adorar outro deus, nem colocar outro deus no lugar de Deus. Se Deus olhasse com indiferença a idolatria, isso implicaria que Ele pouco se importa com suas criaturas humanas; no entanto, isso não é verdade. Deus ama com todo o Seu ser o homem, criado por Ele à Sua imagem e conforme a Sua semelhança; daí tudo que se interponha entre Deus e o homem é objeto abominação e ira por parte de Deus, como expressão do Seu amor exclusivo por nós, Ele não tolera em hipótese alguma qualquer concorrente ou rival do nosso amor por Ele. Sim, o amor de Deus pelo homem é exclusivista, ou seja, Deus não aceita nos dividir com coisa ou ser ou criatura nenhuma; ou somos totalmente Dele, ou não somos Dele! Ele é o marido que não aceita dividir sua esposa com ninguém; quando a esposa do Senhor volta-se para outro deus, o Deus verdadeiro considera isso prostituição e adultério!
Jamieson, Fausset e Brown, em seu renomado comentário, fazem a seguinte observação: "Sobre o emblema do noivo celestial e da noiva cf. Mateus 22: 2; 25: 6, 10; 2 Coríntios 11: 2, a perfeita união com Ele pessoalmente e a participação em Sua santidade, alegria, glória e reino estão incluídos no símbolo do "casamento". Essa realidade confere ao casamento terreno, heterossexual, monogâmico e indissolúvel, tal qual ordenado por Deus aos homens, uma grande importância: é este casamento que tipifica espiritualmente a união entre Cristo e Sua Igreja, entre o Noivo e a Noiva!
Parênteses: "Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido" (Ef 5.22-33). O significado mais importante do casamento encontra-se em duas palavras: "Como a Cristo" e "como a Igreja". O significado básico do casamento não é prazer dos cônjuges, mas o testemunho para o mundo de uma União final entre os homens (e mulheres) redimidos e salvos com Cristo. Casamento não é loteria, não é "vamos tentar para ver se dará certo"; ele é modelado na relação de Cristo e a Igreja e, portanto, quando os cônjuges se espelham nesse relacionamento eterno, trazem para dentro de seu próprio relacionamento as características da eternidade. Porque desconsideramos esta Verdade Bíblica, os casamentos humanos fracassam um após outro com extrema frequência. Fecha parênteses.
Outra versão do texto de 2 Co 11.2 é assim apresentada: "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; pois vos desposei com um só esposo, para que eu possa vos apresentar como uma virgem pura a Cristo". Esse era o papel do amigo do Noivo: tratar da noiva com todo zelo e cuidado, como se fosse a sua própria noiva, a fim de apresentá-la pronta ao Noivo para o dia do casamento. Deus deseja trabalhar na nossa identidade como Igreja, a fim de que cada vez mais nós, Igreja do Deus vivo, possa viver como uma Noiva que se prepara ansiosamente para o dia do casamento, que se guarda a si mesmo pura (virgem), para apresentar-se gloriosa ao Seu Noivo! Para isso, temos um Grande amigo conosco, o Amigo do Noivo está no meio da Igreja - o Espírito Santo, chamado na Bíblia de "Paracleto"! Ele quer mudar a identidade da Igreja, de instituição para Noiva, acompanhando o clamor do Espírito em harmonia com Ele (Ap 22.17), dando àquele que tem sede da água da vida (Jo 4.10-14)! Essa transformação de identidade passa por conhecermos quem é o Nosso Senhor Jesus Cristo, para então sabermos quem somos (Sua Igreja) e então passarmos a viver deste modo! Conhecimento aqui é conhecimento prático, experimental; é Cristo sendo formado em nós pelo Espírito Santo!
"Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos." (Ap 19.7,8). Existe uma Noiva preparada, pronta para as Bodas! Uma Noiva vestida de "linho finíssimo, puro e resplandecente", que são os atos de justiça da Igreja! Assim, o que o Espírito faz é cada vez mais revestir a Sua Igreja com justiça! Justiça que é conferida por Deus, não auto-imputada, justiça prática derivada da justiça imputada pelo Senhor!
No estado eterno, os crentes terão acesso à cidade celestial conhecido como Nova Jerusalém, também chamada "a cidade santa" em Apocalipse 21: 2 e 10. A Nova Jerusalém não é a igreja, mas traz algumas das características da igreja . Na sua visão do fim dos tempos, o apóstolo João vê a cidade descendo do céu adornada "como uma noiva", o que significa que a cidade será gloriosamente radiante e os habitantes da cidade, os remidos do Senhor, serão santos e puros, vestindo roupas brancas de santidade e justiça. Ela é chamada noiva, porque a Noiva morará nela, junto com o Noivo! Não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro (Ap 21.27).
Nesse livro estão registrados os nomes de todos os homens e mulheres que alcançaram a salvação eterna, os nomes de todos aqueles que foram lavados pelo sangue do Cordeiro, Jesus Cristo. O Cordeiro que foi "morto desde a criação do mundo" tem um livro no qual estão escritos todos aqueles que foram redimidos pelo Seu sacrifício. Eles são os que entrarão na Cidade Santa, a Nova Jerusalém (Apocalipse 21:10) e que viverão para sempre no céu com Deus. Por outro lado, Apocalipse 20:15 revela o destino daqueles cujos nomes não estão escritos no livro da vida - eternidade no lago de fogo. Você tem o nome inscrito no Livro da vida do Cordeiro? Para ter o nome escrito no Livro da vida, é preciso entregar Sua vida à Cristo Jesus!
Você já entregou Sua vida ao senhorio de Cristo? Já se arrependeu de seus pecados e da vida que você vive; já renunciou o mundo com seus prazeres? É preciso se arrepender, confessar e renunciar! Sem Jesus você jamais será a Noiva, nem jamais entrará na Cidade Santa! Sem Jesus, você jamais será salvo(a)! Suas boas obras de nada valem; a salvação dada por Deus não está baseada naquilo que você faz, mas naquilo que Deus e Cristo fizeram! Quem salva não é religião, não é sistema, é uma Pessoa, é Deus! Portanto, está baseada na fé, na sua fé posta em Cristo o Senhor, identificando-se com Ele na Sua morte e ressurreição! Querido(a), a cruz que Cristo foi crucificado era a minha cruz, a sua cruz; nós somos quem devíamos morrer ali, como pecadores e malditos que somos. Jesus nada fez para morrer na cruz, não cometeu pecado algum. No entanto, Deus enviou Seu filho amado para sofrer e morrer em nosso lugar, por nossos pecados!
O tempo de conversão, querido(a) leitor(a), é hoje! É agora! É já,
imediatamente! Deus hoje estende a você o convite à salvação: Ele
convida você a ser regenerado, convertido e, deste modo, salvo por
Cristo Jesus. "Salvo de quê, pastor?", talvez você pergunte. Salvo da
ira de Deus, do juízo de Deus que virá sobre o mundo, sobre os perdidos.
Somente em Cristo Jesus você pode ser salvo! O que fazer? Pare de se
justificar. Para de se considerar muito bom e justo aos seus próprios
olhos. Reconheça-se pecador e longe de Deus! Então, permita que Deus
gere no seu coração, pelo Seu Espírito, a profunda tristeza por seus
pecados. Você pode sentir todo o peso dos seus pecados sobre você?
Percebe como seus pecados são horríveis diante de Deus? Vê quanta
crueldade, quanta maldade, quanta malícia e erro há em sua vida?
Confesse cada um deles ao Senhor! Confesse-os pelo nome, cada um deles!
Agora, querido(a) leitor(a), convido você a olhar para Jesus. Sim, olhe
para Ele, inocente, santo, puro, sem pecado, carregando os seus pecados,
cada um deles na cruz, diante de Deus. Veja que Ele morreu por você,
por seus pecados. E assim, receba a Ele, ressurreto dentre os mortos,
como Senhor e Salvador de sua vida. Fale com Ele nessa hora.
Deixe-me propor uma singela oração: Amado Deus, sou pecador e necessito de
perdão. Arrependo-me dos meus pecados, pelos quais Cristo morreu e
derramou seu precioso sangue por mim. Agora te peço perdão e convido
Jesus para entrar em meu coração e minha vida, como meu Senhor e Salvador
pessoal.
Se você confiou em Jesus como seu Salvador, começará agora uma maravilhosa vida com Ele. Então:
1. Leia a Bíblia diariamente;
2. Fale com Deus em oração, todos os dias;
3. Seja batizado nas águas, participe do
culto e sirva numa igreja, junto com outros irmãos, onde Cristo seja
pregado e a Bíblia seja a autoridade final.
4. Fale de Cristo aos outros.
Se desejar, entre em contato por este canal, ou pelo
e-mail prricardoksf@yahoo.com.br! Deus abençoe sua vida e lembre-se:
Deus está te dando visão de águia!
terça-feira, 26 de julho de 2016
quarta-feira, 6 de julho de 2016
A EXTREMA MALIGNIDADE DO ESTUPRO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
E ACONTECEU depois disto que, tendo Absalão, filho de Davi, uma irmã formosa, cujo nome era Tamar, Amnom, filho de Davi, amou-a. E angustiou-se Amnom, até adoecer, por Tamar, sua irmã, porque era virgem; e parecia aos olhos de Amnom dificultoso fazer-lhe coisa alguma. [...] E foi Tamar à casa de Amnom, seu irmão (ele porém estava deitado), e tomou massa, e a amassou, e fez bolos diante dos seus olhos, e cozeu os bolos. E tomou a frigideira, e os tirou diante dele; porém ele recusou comer. E disse Amnom: Fazei retirar a todos da minha presença. E todos se retiraram dele. Então disse Amnom a Tamar: Traze a comida ao quarto, e comerei da tua mão. E tomou Tamar os bolos que fizera, e levou-os a Amnom, seu irmão, no quarto. E chegando-lhos, para que comesse, pegou dela, e disse-lhe: Vem, deita-te comigo, minha irmã. Porém ela lhe disse: Não, meu irmão, não me forces, porque não se faz assim em Israel; não faças tal loucura. Porque, aonde iria eu com a minha vergonha? E tu serias como um dos loucos de Israel. Agora, pois, peço-te que fales ao rei, porque não me negará a ti. Porém ele não quis dar ouvidos à sua voz; antes, sendo mais forte do que ela, a forçou, e se deitou com ela. Depois Amnom sentiu grande aversão por ela, pois maior era o ódio que sentiu por ela do que o amor com que a amara. E disse-lhe Amnom: Levanta-te, e vai-te. Então ela lhe disse: Não há razão de me despedires assim; maior seria este mal do que o outro que já me tens feito. Porém não lhe quis dar ouvidos. E chamou a seu moço que o servia, e disse: Ponha fora a esta, e fecha a porta após ela. E trazia ela uma roupa de muitas cores (porque assim se vestiam as filhas virgens dos reis); e seu servo a pôs para fora, e fechou a porta após ela. Então Tamar tomou cinza sobre a sua cabeça, e a roupa de muitas cores que trazia rasgou; e pôs as mãos sobre a cabeça, e foi andando e clamando. (II Samuel 13:1,2, 8-19)
O Deus da Bíblia é um Deus santo e justo. Em Sua santidade e justiça, Ele não esconde os pecados e a maldade de quem quer que seja, nem mesmo faz vista grossa ou inocenta o culpado. Ele é o primeiro a condenar toda a maldade, todo pecado, qualquer que seja ele, que brota do interior do coração humano. Sim, é do interior do coração, como disse o Senhor Jesus, que procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias (Mt 15.19). O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, afirma categoricamente que toda a humanidade está debaixo de pecado, ou seja, que todos são pecadores; que os homens estão "cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia" (Rm 1.29-31). A imaginação humana é má desde a sua meninice, é a constatação que Deus faz nas Escrituras (Gn 8.21); o que muda é somente como essa maldade se manifesta posteriormente, com o crescimento do homem.
Essa argumentação começa com um texto bíblico que ilustra bem toda essa maldade que há no coração humano, que relatei no parágrafo anterior. O texto bíblico de II Samuel 13 começa dizendo que Amnon, filho de Davi, teve um sentimento por sua meia-irmã, Tamar. É dito que ele amou-a; porém não de uma forma honrosa, para fazê-la sua esposa, mas de um modo lascivo, para usá-la no intuito de satisfazer seus impulsos sexuais malignos. Em sua tara sexual, Amnon chegou a adoecer de tanta angústia, de tanto desejo por aquela jovem formosa. Ele tinha consciência de que a sua paixão era criminosa, assim ele escondeu seus sentimentos por algum tempo, mas à custa de sua saúde, sendo atormentado pela violência de um desejo quase incontrolável.
Amnon tem um amigo, chamado Jonadabe, sobre quem é dito ser homem muito sagaz. Ao saber o porquê da situação de profunda angústia de Amnon, Jonadabe bola um plano para fazer com que seu amigo obtivesse o que ele desejava. Amnon se fingiria de doente e pediria que sua irmã Tamar fosse em sua casa cuidar dele. Amnon põe o plano em ação. Tamar vai a sua casa, ele manda todos saírem, com astúcia faz com que ela vá ao seu quarto e, sendo mais forte que ela, força-a e deita-se com ela, cometendo estupro e incesto. Depois do odioso ato, de ter saciado seu tesão maligno com sua irmã, o texto diz que Amnon sentiu grande aversão por ela; ela odiou-a e esse ódio foi maior do que o tesão que ele inicialmente sentia por ela. Sua mente, que a princípio tinha sido impelida pelo desejo, agora estava agitada por remorso, o que levou-o a um extremo diferente, como um pêndulo. O horror da sua culpa o golpeou com uma aversão repentina a quem ele passou a considerar a causa dela, e então odiou sua irmã. Amnon, tendo satisfeito seu desejo, agora experimentava em sua consciência uma clara e verdadeira perspectiva e um profundo sentimento da torpeza e baixeza de sua atitude, da vergonha e do desprezo, e da perda do amor de sua irmã e família; e, principalmente, pelo justo juízo de Deus que viria sobre si assim que o pecado tornasse público.
E assim expulsou-a de sua casa, violada, humilhada, confusa e possivelmente cheia de culpa. Ela então rasga a sua roupa de muitas cores, e sai andando, com as mãos na cabeça, chorando em voz alta. Não só sua virgindade estava perdida, mas sua fama, seu nome, sua alegria, sua paz..., sua vida estavam agora destruídas! Arruinadas! Perdidas! Ela era agora uma mulher sem esperança, sem o viçoso brilho de sua formosura que dantes possuía; sua face estava tomada de horror e vergonha, a dor tomava sua alma de uma maneira incomparável. Seu pranto se misturava com seus gritos de ira e de impotência, com uma profunda decepção. "Porque", com toda a certeza, era a pergunta que ecoava em sua alma; "porque meu irmão fez isso?", porque, porque e porque. Perguntas sem respostas, que só faziam agravar o seu estado.
Essa história não acaba aqui. Se você querido(a) leitor(a) prosseguir na leitura, verá que outras terríveis consequências surgiram. Absalão, irmão de Tamar (filhos do mesmo pai e da mesma mãe), ficou indignado com Amnon. Ele ficou quieto durante dois anos esperando momento oportuno para se vingar de Amnon pelo estupro de Tamar. Armou uma cilada e mandou que seus servos matassem Amnon. Davi, pai dos três, sofreu também: Absalão, ferido por seu pai não ter sabido lidar com a situação (não ter punido Amnon como deveria, nem ter recebido-o após seu retorno da casa do avô) manipulou as pessoas e conquistou o apoio de muitos para levantar uma revolta contra o rei. Ele transa com todas as concubinas do rei diante de toda a nação, ao ar livre. O resultado foi uma guerra civil em Israel que terminou com a morte de Absalão.
O episódio, registrado na Bíblia Sagrada por homens inspirados pelo Espírito Santo, de forma a escreverem o que realmente aconteceu, sem omitir nenhum detalhe por pior que seja, é paradigmático para os horrores que vivem muitas jovens e mulheres (até crianças) ao redor do mundo, verdadeiras Tamares, estupradas por irmãos, primos, padrastos, pais, avôs, tios, professores, desconhecidos... até por sacerdotes de religiões, como pastores, padres e pais de santo. Atualmente, quase todo dia a mídia registra um caso de estupro, repletos de crueldade. Crime hediondo, que deixa marcas profundas no corpo e na alma das vítimas - isto quando suas vidas são poupadas pelo monstro, porque em muitos casos após a barbárie essas pobres mulheres são assassinadas!
Conforme a Lei Nº 12.015, de 7 de Agosto de 2009, estupro é "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso". Essa conjunção carnal pode ser tanto a penetração completa quanto a incompleta; já o "ato libidinoso" pode ser qualquer um que vise prazer sexual. É bom que se diga que a Lei 12.015 de 2009 extinguiu o crime de atentado violento ao pudor e incluiu essa conduta em estupro. Portanto, qualquer ato com sentido sexual praticado com alguém sem seu consentimento, até mesmo um toque íntimo, hoje é considerado estupro pela lei. Por sua vez, o menor de 14 anos tem uma proteção especial da lei brasileira. Com essa idade, é proibida qualquer conduta sexual, com ou sem consentimento, isto é, qualquer ato libidinoso com menor de 14 anos, querendo ele ou não, é corretamente classificado como estupro.
O estupro, como um ato de violência e humilhação, provoca na vítima um medo enorme e uma sensação igualmente enorme de impotência e desamparo. A vítima sente culpa, considerando-se responsável direta ou indiretamente pela violência que sofreu; isso é um fenômeno psicológico resultante de anos a fio de imposição da cultura machista na qual, por exemplo, um sorriso é interpretado como "ela tá dando mole, ela está a fim" e onde a jovialidade por parte da mulher é interpretada como "liberalidade sexual - ela topa tudo". Diz o machismo: "não pode haver amizade real e verdadeira entre um homem e uma mulher; apenas desejo sexual". O cara fantasia com a menina, com a moça, com a mulher (como no filme "Beleza Americana", onde o sujeito tem fantasias sexuais com a amiga de sua filha de 16 anos), desenvolvendo e passando a nutrir por aquela pessoa um sentimento sexual maligno intenso, como fez Amnon.
Parênteses: Nada justificativa o estupro! N-A-D-A! Mas, há na sociedade uma supervalorização do sexo que acaba adoecendo e apodrecendo ainda mais aqueles que já são doentes e podres. Hollywood é o berço de muita podridão na área sexual que acaba povoando o imaginário de muita gente e, de certo modo, aumentando ainda mais a perversão nessa área. Exemplos: os filmes "Beleza Americana" (supracitado), "Instinto Selvagem" (precisa comentar?), "Spring Breakers - Garotas Perigosas" (adolescentes usando drogas, fazendo sexo a três, se envolvendo com o crime e usando armas de fogo), "Ninfomaníaca" (...), "Girl House" (um grupo de garotas que resolve ganhar dinheiro alugando uma casa e transmitindo suas aventuras e performances eróticas pela webcam), "Uma Babá Objeto de Desejo", "Paixão Fatal (The Crush)", dentre muitos e muitos outros. Em todos esses filmes há apelos e fantasias sexuais, taras, etc. Existem pessoas que são sensíveis e altamente influenciáveis às mensagens e imagens veiculadas por filmes de terror, outras por violência, outras por sexo e outras por pornografia. O fato é que vivemos numa sociedade cada vez mais hedonista e erotizada, com exacerbado incentivo ao libido, quer por filmes, TV, jornais, revistas, conversas, modo de vestir, etc. Negar a evidente correlação entre o imenso aumento da liberalização e propaganda sexual com o aumento dos casos de estupro é não querer enxergar o óbvio. Fecha parênteses.
Sim, o estupro causa marcas profundíssimas e seríssimas na alma humana, cuja dor é, talvez, maior do que a dor física que o ato impõe. Os incontáveis relatos das vítimas são extremamente dolorosos, a começar pelo auto-julgamento por parte da vítima, onde ela vê a si mesma como a grande culpada pelo ocorrido ("eu fui na casa dele", "eu dei mole", "bebi muito", "não gritei"). Há muito rancor e ódio, pessoal e contra o agressor. Sentimento de nojo de si mesma. Insistentes e dolorosas lembranças de imagens, sensações e até de odores ("cheiro") relativos ao momento do estupro. A vítima frequentemente tem episódios de profundo choro (especialmente quando está sozinha) e raramente consegue dormir. Pode ter sentimentos suicidas e até mesmo a tentar o suicídio. Mesmo quando ela vem a (re)construir sua vida e ter um (novo) relacionamento, as marcas aparecerão novamente, por exemplo na dificuldade de se relacionar sexualmente de forma prazerosa com seu cônjuge (dor na penetração, dificuldade de atingir orgasmos, etc), não alcançando uma vida sexual saudável. Uma ferida que nunca cicatriza.
E assim a moça, a mulher vítima de estupro se recolhe internamente, se fecha numa complexa interiorização de si mesma e de sua dor. Há muito sentimento de vergonha envolvido. Quando jovem, tem medo de que o agressor conte, à sua moda, para seus pais o ocorrido, e assim a vítima se sente acuada e oprimida, podendo até desenvolver um sentimento pelo agressor (conhecido na literatura como "síndrome de Estocolmo": nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor). Ela pode fugir de casa, como uma alternativa para evitar expor sua situação na família. Ou pode passar a ter medo de andar sozinha. A vítima pode passar a sentir desconfiança ou até aversão por pessoas de sexo masculino (dependendo da idade, por jovens ou homens já maduros). O sentimento de ódio pelo agressor pode ser transferido pela vítima para outros homens, impedindo relacionamentos heterossexuais; nesse caso, o relacionamento homossexual pode surgir como "opção segura e carinhosa".
Aliada à dor emocional da violência (que leva a somatizações pelo corpo), a vítima também pode contrair doenças sexualmente transmissíveis. Pode também engravidar (gravidez indesejada), o que só faz agravar o quadro. Algumas decidem manter a gravidez, outras decidem interrompê-la. No Brasil, o aborto é atualmente permitido em três casos: estupro, se houver risco à vida da gestante ou, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), se o feto for anencéfalo. O mesmo Brasil que acumula casos e mais casos de estupro, como a da jovem de 16 anos que foi estuprada por 33 bandidos, no RJ (estupro coletivo); da turista americana de 21 anos estuprada 8 vezes numa van (http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/turista-americana-foi-estuprada-oito-vezes-na-van-do-terror); da jovem de 30 anos estuprada durante 6 minutos num ônibus, na Avenida Brasil/RJ (http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/05/06/estupro-de-mulher-em-onibus-no-rio-durou-seis-minutos-diz-delegado.htm); de um bebê de 6 meses de vida estuprada pelo próprio pai, em Colatina/ES (http://www.gazetaonline.com.br/_conteudo/2015/09/noticias/norte/3908959-pai-confessa-que-estuprou-a-propria-filha-de-seis-meses-em-colatina.html); do pai que estuprou a filha de 6 anos, no estado de Mato Grosso, e menina acabou tendo que passar por cirurgia para ter útero reconstruído (http://www.mtnoticias.net/mt-pai-estupra-filha-de-6-anos-e-menina-passa-por-cirurgia-para-ter-utero-reconstruido/) e assim sucessivamente.
Vale dizer que não só as mulheres são vítimas de estupro. Conforme comenta o pastor Jesse Campos em seu artigo CULTURA DO ESTUPRO (disponível em: http://igbatista.com.br/cultura-do-estupro/), "nos EUA a Pesquisa Nacional sobre Violência Contra a Mulher de 1998 revelou que 1 em 6 homens e 1 em 33 mulheres foram estuprados ou sofreram atentados sexuais durante suas vidas. E em 2007 a pesquisa do Instituto Nacional de Justiça informou que 19% das universitárias e 6,1% dos universitários foram estuprados ou sofreram tentativas de estupro".
É preciso muito tato, muito cuidado, amor verdadeiro e capacidade de compaixão para ajudar uma vítima de estupro - não apenas ajudá-la a denunciar, mas também ajudá-la a superar a dor e o trauma emocional, a auto-rejeição, as barreiras emocionais que surgirão e reinserir esta pessoa na sua vida cotidiana novamente. Não julgar uma vítima como culpada já é um bom começo; a vítima não precisa de juízes moralistas mas sim de compaixão e ajuda.
Assim, aos pais, meu conselho é manter sempre a amizade e o diálogo aberto com seus filhos e filhas. Falem, pais, sobre estupro com as nossas meninas, por mais desconfortável que isso seja para vocês. Ninguém está livre de passar por esta situação (I Pe 2.21) - eu mesmo quase fui estuprado por um fotógrafo aos 6-7 anos de idade, enquanto esperava a consulta com meu pediatra. Ele pediu para que eu abaixasse meu short, queria todo custo ver e tocar no meu "piu-piu". Queria que sentasse no colo dele. Lembro como se fosse hoje. Acabei relatando a minha mãe muito tempo depois; me lembro do medo que fiquei em contar, porque temia apanhar por ser considerado culpado daquilo tudo. Dia seguinte voltamos com meu pai e um policial naquele lugar; acabou dando em nada porque naquela época só o meu relato, sem prova nenhuma, não adiantava para nada. Só entendi o que aconteceu comigo muitos anos depois.
Do mesmo modo, pais, estejam atentos às mudanças de comportamento de seus filhos. A criança que sofreu abuso tem comprometimento psicológico. Lembre-se do meu relato acima: a criança tem medo de contar; ela não entende o que aconteceu. No entanto, a dor emocional somatiza; é assim que nossa psiquê reage dizendo que algo está errado conosco. Problemas em controlar a urina ("xixi na cama" - incontinência urinária) ou na evacuação que surgem repentinamente podem significar que alguma coisa aconteceu. Alterações no sono. Do mesmo modo, se a criança que sempre foi alegre e cheia de vida tornou-se repentinamente arredia e triste, ou até agressiva. Há crianças que passam a ter brincadeiras sexuais persistentes, exageradas e inadequadas, e até a ter comportamento aparentemente sedutor com pessoas adultas do sexo oposto ao seu. Não condene, não recrimine. Tenha tato ao lidar com o problema; quanto mais alarde, quanto mais confusão, mais fechada fica a criança. A vergonha e a culpa são também sentimentos que massacram aquele(a) que foi abusado(a). Dificuldades de concentração na escola, queda repentina no desempenho escolar, medo de adultos do sexo oposto ao seu. Idéias suicidas (atenção!!!!!) (veja mais em: http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/11/17-sintomas-indicam-que-crianca-e-vitima-de-abuso-sexual).
Não deixe de procurar as autoridades competentes para denunciar o crime do qual você foi vítima. Por mais doloroso que seja, não tome banho, para que a coleta de evidências possa ser feita e mais rapidamente o criminoso possa ser preso e julgado competentemente pelos seus crimes. Adicionalmente, aconselho a você a buscar a Deus, o único que pode trazer cura real para suas emoções! Curar seu interior!
Saiba, querido(a), que Deus odeia o pecado e o estupro é um pecado, portanto objeto do ódio de Deus. Deus odeia o que aconteceu com você, mas Deus não odeia você. Ele te ama. Nosso Senhor Jesus levou sobre si as nossas dores: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido" (Isaías 53:4). Achamos que a dor era Dele, mas na verdade era a nossa dor sobre Ele! Na cruz do Calvário, ali, sozinho, o Senhor carregou sobre Ele o pecado da humanidade e sofreu a dor que esse pecado causa - tanto em Deus como em nós mesmos. Ali, na cruz, Ele sentiu no seu próprio corpo a sua dor física, emocional e espiritual que surgiram em você ao ser estuprada(o). Ele sentiu o que você sentiu e sente! Ele sentiu a dor, a vergonha, a confusão emocional, o ódio, a culpa, enfim toda a complexa mistura de emoções e sentimentos que você sentiu e sente derivado da agressão sexual. Sentiu a dor de um pai, de uma mãe, ao saber do que aconteceu com seu filho, com sua filha!
Deus é o mais interessado em restaurar sua vida. Independente do que tenha acontecido no seu passado, que não pode ser mudado, lembre-se de que o Senhor é maior que o passado e tem preparado para o seu presente e futuro amor, alegria e vida abundante. Desfrute da cura e do restabelecimento obtidos NEle. Ele, o Senhor, não está longe de você, distante, invariável, como se nada tivesse acontecido. NÃO! Ele está perto de você aí onde você está: "Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito" (Sl 34.18).
Talvez você tenha engravidado por conta do estupro e decidiu interromper a gravidez. Isso tem assolado a sua alma anos a fio. Talvez você se culpe por ter sido abusada(o) sexualmente, ou por não ser mais virgem. Talvez você se culpe por não conseguir ser pleno no seu relacionamento íntimo com seu cônjuge hoje. Você se sente rejeitado(a), humilhado(a), inseguro(a), amargurado/rancoroso(a), solitário(a). Jesus, Senhor e Salvador, tem poder para remover todo o sentimento de culpa que você carrega e curar suas emoções! Saiba que você pode sim ter uma vida sadia mesmo tendo sido vítima desta terrível violência! Jesus disse: "O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" (João 10:10). Somente o Espírito de Cristo pode consolar você, trabalhando no seu interior, na divisão da alma e do espírito, de forma a restaurar seu ser! E a Igreja que pastoreio está de portas abertas para receber você! Se você quiser, faça-nos uma visita. Teremos o prazer em receber-lhe em nossas reuniões! Deus tem um plano maravilhoso para sua vida!
A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja contigo. Amém!
Independentemente, se quiser publicar seu testemunho pessoal nesse blog como uma ajuda a outras pessoas, ou se quiser somente conversar, meu e-mail é prricardoksf@yahoo.com.br. Fique à vontade para escrever! Prometo ler com atenção e responder-lhe!
O Deus da Bíblia é um Deus santo e justo. Em Sua santidade e justiça, Ele não esconde os pecados e a maldade de quem quer que seja, nem mesmo faz vista grossa ou inocenta o culpado. Ele é o primeiro a condenar toda a maldade, todo pecado, qualquer que seja ele, que brota do interior do coração humano. Sim, é do interior do coração, como disse o Senhor Jesus, que procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias (Mt 15.19). O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, afirma categoricamente que toda a humanidade está debaixo de pecado, ou seja, que todos são pecadores; que os homens estão "cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia" (Rm 1.29-31). A imaginação humana é má desde a sua meninice, é a constatação que Deus faz nas Escrituras (Gn 8.21); o que muda é somente como essa maldade se manifesta posteriormente, com o crescimento do homem.
Essa argumentação começa com um texto bíblico que ilustra bem toda essa maldade que há no coração humano, que relatei no parágrafo anterior. O texto bíblico de II Samuel 13 começa dizendo que Amnon, filho de Davi, teve um sentimento por sua meia-irmã, Tamar. É dito que ele amou-a; porém não de uma forma honrosa, para fazê-la sua esposa, mas de um modo lascivo, para usá-la no intuito de satisfazer seus impulsos sexuais malignos. Em sua tara sexual, Amnon chegou a adoecer de tanta angústia, de tanto desejo por aquela jovem formosa. Ele tinha consciência de que a sua paixão era criminosa, assim ele escondeu seus sentimentos por algum tempo, mas à custa de sua saúde, sendo atormentado pela violência de um desejo quase incontrolável.
Amnon tem um amigo, chamado Jonadabe, sobre quem é dito ser homem muito sagaz. Ao saber o porquê da situação de profunda angústia de Amnon, Jonadabe bola um plano para fazer com que seu amigo obtivesse o que ele desejava. Amnon se fingiria de doente e pediria que sua irmã Tamar fosse em sua casa cuidar dele. Amnon põe o plano em ação. Tamar vai a sua casa, ele manda todos saírem, com astúcia faz com que ela vá ao seu quarto e, sendo mais forte que ela, força-a e deita-se com ela, cometendo estupro e incesto. Depois do odioso ato, de ter saciado seu tesão maligno com sua irmã, o texto diz que Amnon sentiu grande aversão por ela; ela odiou-a e esse ódio foi maior do que o tesão que ele inicialmente sentia por ela. Sua mente, que a princípio tinha sido impelida pelo desejo, agora estava agitada por remorso, o que levou-o a um extremo diferente, como um pêndulo. O horror da sua culpa o golpeou com uma aversão repentina a quem ele passou a considerar a causa dela, e então odiou sua irmã. Amnon, tendo satisfeito seu desejo, agora experimentava em sua consciência uma clara e verdadeira perspectiva e um profundo sentimento da torpeza e baixeza de sua atitude, da vergonha e do desprezo, e da perda do amor de sua irmã e família; e, principalmente, pelo justo juízo de Deus que viria sobre si assim que o pecado tornasse público.
E assim expulsou-a de sua casa, violada, humilhada, confusa e possivelmente cheia de culpa. Ela então rasga a sua roupa de muitas cores, e sai andando, com as mãos na cabeça, chorando em voz alta. Não só sua virgindade estava perdida, mas sua fama, seu nome, sua alegria, sua paz..., sua vida estavam agora destruídas! Arruinadas! Perdidas! Ela era agora uma mulher sem esperança, sem o viçoso brilho de sua formosura que dantes possuía; sua face estava tomada de horror e vergonha, a dor tomava sua alma de uma maneira incomparável. Seu pranto se misturava com seus gritos de ira e de impotência, com uma profunda decepção. "Porque", com toda a certeza, era a pergunta que ecoava em sua alma; "porque meu irmão fez isso?", porque, porque e porque. Perguntas sem respostas, que só faziam agravar o seu estado.
Essa história não acaba aqui. Se você querido(a) leitor(a) prosseguir na leitura, verá que outras terríveis consequências surgiram. Absalão, irmão de Tamar (filhos do mesmo pai e da mesma mãe), ficou indignado com Amnon. Ele ficou quieto durante dois anos esperando momento oportuno para se vingar de Amnon pelo estupro de Tamar. Armou uma cilada e mandou que seus servos matassem Amnon. Davi, pai dos três, sofreu também: Absalão, ferido por seu pai não ter sabido lidar com a situação (não ter punido Amnon como deveria, nem ter recebido-o após seu retorno da casa do avô) manipulou as pessoas e conquistou o apoio de muitos para levantar uma revolta contra o rei. Ele transa com todas as concubinas do rei diante de toda a nação, ao ar livre. O resultado foi uma guerra civil em Israel que terminou com a morte de Absalão.
O episódio, registrado na Bíblia Sagrada por homens inspirados pelo Espírito Santo, de forma a escreverem o que realmente aconteceu, sem omitir nenhum detalhe por pior que seja, é paradigmático para os horrores que vivem muitas jovens e mulheres (até crianças) ao redor do mundo, verdadeiras Tamares, estupradas por irmãos, primos, padrastos, pais, avôs, tios, professores, desconhecidos... até por sacerdotes de religiões, como pastores, padres e pais de santo. Atualmente, quase todo dia a mídia registra um caso de estupro, repletos de crueldade. Crime hediondo, que deixa marcas profundas no corpo e na alma das vítimas - isto quando suas vidas são poupadas pelo monstro, porque em muitos casos após a barbárie essas pobres mulheres são assassinadas!
Conforme a Lei Nº 12.015, de 7 de Agosto de 2009, estupro é "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso". Essa conjunção carnal pode ser tanto a penetração completa quanto a incompleta; já o "ato libidinoso" pode ser qualquer um que vise prazer sexual. É bom que se diga que a Lei 12.015 de 2009 extinguiu o crime de atentado violento ao pudor e incluiu essa conduta em estupro. Portanto, qualquer ato com sentido sexual praticado com alguém sem seu consentimento, até mesmo um toque íntimo, hoje é considerado estupro pela lei. Por sua vez, o menor de 14 anos tem uma proteção especial da lei brasileira. Com essa idade, é proibida qualquer conduta sexual, com ou sem consentimento, isto é, qualquer ato libidinoso com menor de 14 anos, querendo ele ou não, é corretamente classificado como estupro.
O estupro, como um ato de violência e humilhação, provoca na vítima um medo enorme e uma sensação igualmente enorme de impotência e desamparo. A vítima sente culpa, considerando-se responsável direta ou indiretamente pela violência que sofreu; isso é um fenômeno psicológico resultante de anos a fio de imposição da cultura machista na qual, por exemplo, um sorriso é interpretado como "ela tá dando mole, ela está a fim" e onde a jovialidade por parte da mulher é interpretada como "liberalidade sexual - ela topa tudo". Diz o machismo: "não pode haver amizade real e verdadeira entre um homem e uma mulher; apenas desejo sexual". O cara fantasia com a menina, com a moça, com a mulher (como no filme "Beleza Americana", onde o sujeito tem fantasias sexuais com a amiga de sua filha de 16 anos), desenvolvendo e passando a nutrir por aquela pessoa um sentimento sexual maligno intenso, como fez Amnon.
Parênteses: Nada justificativa o estupro! N-A-D-A! Mas, há na sociedade uma supervalorização do sexo que acaba adoecendo e apodrecendo ainda mais aqueles que já são doentes e podres. Hollywood é o berço de muita podridão na área sexual que acaba povoando o imaginário de muita gente e, de certo modo, aumentando ainda mais a perversão nessa área. Exemplos: os filmes "Beleza Americana" (supracitado), "Instinto Selvagem" (precisa comentar?), "Spring Breakers - Garotas Perigosas" (adolescentes usando drogas, fazendo sexo a três, se envolvendo com o crime e usando armas de fogo), "Ninfomaníaca" (...), "Girl House" (um grupo de garotas que resolve ganhar dinheiro alugando uma casa e transmitindo suas aventuras e performances eróticas pela webcam), "Uma Babá Objeto de Desejo", "Paixão Fatal (The Crush)", dentre muitos e muitos outros. Em todos esses filmes há apelos e fantasias sexuais, taras, etc. Existem pessoas que são sensíveis e altamente influenciáveis às mensagens e imagens veiculadas por filmes de terror, outras por violência, outras por sexo e outras por pornografia. O fato é que vivemos numa sociedade cada vez mais hedonista e erotizada, com exacerbado incentivo ao libido, quer por filmes, TV, jornais, revistas, conversas, modo de vestir, etc. Negar a evidente correlação entre o imenso aumento da liberalização e propaganda sexual com o aumento dos casos de estupro é não querer enxergar o óbvio. Fecha parênteses.
Sim, o estupro causa marcas profundíssimas e seríssimas na alma humana, cuja dor é, talvez, maior do que a dor física que o ato impõe. Os incontáveis relatos das vítimas são extremamente dolorosos, a começar pelo auto-julgamento por parte da vítima, onde ela vê a si mesma como a grande culpada pelo ocorrido ("eu fui na casa dele", "eu dei mole", "bebi muito", "não gritei"). Há muito rancor e ódio, pessoal e contra o agressor. Sentimento de nojo de si mesma. Insistentes e dolorosas lembranças de imagens, sensações e até de odores ("cheiro") relativos ao momento do estupro. A vítima frequentemente tem episódios de profundo choro (especialmente quando está sozinha) e raramente consegue dormir. Pode ter sentimentos suicidas e até mesmo a tentar o suicídio. Mesmo quando ela vem a (re)construir sua vida e ter um (novo) relacionamento, as marcas aparecerão novamente, por exemplo na dificuldade de se relacionar sexualmente de forma prazerosa com seu cônjuge (dor na penetração, dificuldade de atingir orgasmos, etc), não alcançando uma vida sexual saudável. Uma ferida que nunca cicatriza.
E assim a moça, a mulher vítima de estupro se recolhe internamente, se fecha numa complexa interiorização de si mesma e de sua dor. Há muito sentimento de vergonha envolvido. Quando jovem, tem medo de que o agressor conte, à sua moda, para seus pais o ocorrido, e assim a vítima se sente acuada e oprimida, podendo até desenvolver um sentimento pelo agressor (conhecido na literatura como "síndrome de Estocolmo": nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor). Ela pode fugir de casa, como uma alternativa para evitar expor sua situação na família. Ou pode passar a ter medo de andar sozinha. A vítima pode passar a sentir desconfiança ou até aversão por pessoas de sexo masculino (dependendo da idade, por jovens ou homens já maduros). O sentimento de ódio pelo agressor pode ser transferido pela vítima para outros homens, impedindo relacionamentos heterossexuais; nesse caso, o relacionamento homossexual pode surgir como "opção segura e carinhosa".
Aliada à dor emocional da violência (que leva a somatizações pelo corpo), a vítima também pode contrair doenças sexualmente transmissíveis. Pode também engravidar (gravidez indesejada), o que só faz agravar o quadro. Algumas decidem manter a gravidez, outras decidem interrompê-la. No Brasil, o aborto é atualmente permitido em três casos: estupro, se houver risco à vida da gestante ou, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), se o feto for anencéfalo. O mesmo Brasil que acumula casos e mais casos de estupro, como a da jovem de 16 anos que foi estuprada por 33 bandidos, no RJ (estupro coletivo); da turista americana de 21 anos estuprada 8 vezes numa van (http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/turista-americana-foi-estuprada-oito-vezes-na-van-do-terror); da jovem de 30 anos estuprada durante 6 minutos num ônibus, na Avenida Brasil/RJ (http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/05/06/estupro-de-mulher-em-onibus-no-rio-durou-seis-minutos-diz-delegado.htm); de um bebê de 6 meses de vida estuprada pelo próprio pai, em Colatina/ES (http://www.gazetaonline.com.br/_conteudo/2015/09/noticias/norte/3908959-pai-confessa-que-estuprou-a-propria-filha-de-seis-meses-em-colatina.html); do pai que estuprou a filha de 6 anos, no estado de Mato Grosso, e menina acabou tendo que passar por cirurgia para ter útero reconstruído (http://www.mtnoticias.net/mt-pai-estupra-filha-de-6-anos-e-menina-passa-por-cirurgia-para-ter-utero-reconstruido/) e assim sucessivamente.
Vale dizer que não só as mulheres são vítimas de estupro. Conforme comenta o pastor Jesse Campos em seu artigo CULTURA DO ESTUPRO (disponível em: http://igbatista.com.br/cultura-do-estupro/), "nos EUA a Pesquisa Nacional sobre Violência Contra a Mulher de 1998 revelou que 1 em 6 homens e 1 em 33 mulheres foram estuprados ou sofreram atentados sexuais durante suas vidas. E em 2007 a pesquisa do Instituto Nacional de Justiça informou que 19% das universitárias e 6,1% dos universitários foram estuprados ou sofreram tentativas de estupro".
É preciso muito tato, muito cuidado, amor verdadeiro e capacidade de compaixão para ajudar uma vítima de estupro - não apenas ajudá-la a denunciar, mas também ajudá-la a superar a dor e o trauma emocional, a auto-rejeição, as barreiras emocionais que surgirão e reinserir esta pessoa na sua vida cotidiana novamente. Não julgar uma vítima como culpada já é um bom começo; a vítima não precisa de juízes moralistas mas sim de compaixão e ajuda.
Assim, aos pais, meu conselho é manter sempre a amizade e o diálogo aberto com seus filhos e filhas. Falem, pais, sobre estupro com as nossas meninas, por mais desconfortável que isso seja para vocês. Ninguém está livre de passar por esta situação (I Pe 2.21) - eu mesmo quase fui estuprado por um fotógrafo aos 6-7 anos de idade, enquanto esperava a consulta com meu pediatra. Ele pediu para que eu abaixasse meu short, queria todo custo ver e tocar no meu "piu-piu". Queria que sentasse no colo dele. Lembro como se fosse hoje. Acabei relatando a minha mãe muito tempo depois; me lembro do medo que fiquei em contar, porque temia apanhar por ser considerado culpado daquilo tudo. Dia seguinte voltamos com meu pai e um policial naquele lugar; acabou dando em nada porque naquela época só o meu relato, sem prova nenhuma, não adiantava para nada. Só entendi o que aconteceu comigo muitos anos depois.
Do mesmo modo, pais, estejam atentos às mudanças de comportamento de seus filhos. A criança que sofreu abuso tem comprometimento psicológico. Lembre-se do meu relato acima: a criança tem medo de contar; ela não entende o que aconteceu. No entanto, a dor emocional somatiza; é assim que nossa psiquê reage dizendo que algo está errado conosco. Problemas em controlar a urina ("xixi na cama" - incontinência urinária) ou na evacuação que surgem repentinamente podem significar que alguma coisa aconteceu. Alterações no sono. Do mesmo modo, se a criança que sempre foi alegre e cheia de vida tornou-se repentinamente arredia e triste, ou até agressiva. Há crianças que passam a ter brincadeiras sexuais persistentes, exageradas e inadequadas, e até a ter comportamento aparentemente sedutor com pessoas adultas do sexo oposto ao seu. Não condene, não recrimine. Tenha tato ao lidar com o problema; quanto mais alarde, quanto mais confusão, mais fechada fica a criança. A vergonha e a culpa são também sentimentos que massacram aquele(a) que foi abusado(a). Dificuldades de concentração na escola, queda repentina no desempenho escolar, medo de adultos do sexo oposto ao seu. Idéias suicidas (atenção!!!!!) (veja mais em: http://www.ebc.com.br/infantil/para-pais/2015/11/17-sintomas-indicam-que-crianca-e-vitima-de-abuso-sexual).
Não deixe de procurar as autoridades competentes para denunciar o crime do qual você foi vítima. Por mais doloroso que seja, não tome banho, para que a coleta de evidências possa ser feita e mais rapidamente o criminoso possa ser preso e julgado competentemente pelos seus crimes. Adicionalmente, aconselho a você a buscar a Deus, o único que pode trazer cura real para suas emoções! Curar seu interior!
Saiba, querido(a), que Deus odeia o pecado e o estupro é um pecado, portanto objeto do ódio de Deus. Deus odeia o que aconteceu com você, mas Deus não odeia você. Ele te ama. Nosso Senhor Jesus levou sobre si as nossas dores: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido" (Isaías 53:4). Achamos que a dor era Dele, mas na verdade era a nossa dor sobre Ele! Na cruz do Calvário, ali, sozinho, o Senhor carregou sobre Ele o pecado da humanidade e sofreu a dor que esse pecado causa - tanto em Deus como em nós mesmos. Ali, na cruz, Ele sentiu no seu próprio corpo a sua dor física, emocional e espiritual que surgiram em você ao ser estuprada(o). Ele sentiu o que você sentiu e sente! Ele sentiu a dor, a vergonha, a confusão emocional, o ódio, a culpa, enfim toda a complexa mistura de emoções e sentimentos que você sentiu e sente derivado da agressão sexual. Sentiu a dor de um pai, de uma mãe, ao saber do que aconteceu com seu filho, com sua filha!
Deus é o mais interessado em restaurar sua vida. Independente do que tenha acontecido no seu passado, que não pode ser mudado, lembre-se de que o Senhor é maior que o passado e tem preparado para o seu presente e futuro amor, alegria e vida abundante. Desfrute da cura e do restabelecimento obtidos NEle. Ele, o Senhor, não está longe de você, distante, invariável, como se nada tivesse acontecido. NÃO! Ele está perto de você aí onde você está: "Perto está o SENHOR dos que têm o coração quebrantado, e salva os contritos de espírito" (Sl 34.18).
Talvez você tenha engravidado por conta do estupro e decidiu interromper a gravidez. Isso tem assolado a sua alma anos a fio. Talvez você se culpe por ter sido abusada(o) sexualmente, ou por não ser mais virgem. Talvez você se culpe por não conseguir ser pleno no seu relacionamento íntimo com seu cônjuge hoje. Você se sente rejeitado(a), humilhado(a), inseguro(a), amargurado/rancoroso(a), solitário(a). Jesus, Senhor e Salvador, tem poder para remover todo o sentimento de culpa que você carrega e curar suas emoções! Saiba que você pode sim ter uma vida sadia mesmo tendo sido vítima desta terrível violência! Jesus disse: "O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância" (João 10:10). Somente o Espírito de Cristo pode consolar você, trabalhando no seu interior, na divisão da alma e do espírito, de forma a restaurar seu ser! E a Igreja que pastoreio está de portas abertas para receber você! Se você quiser, faça-nos uma visita. Teremos o prazer em receber-lhe em nossas reuniões! Deus tem um plano maravilhoso para sua vida!
A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja contigo. Amém!
Independentemente, se quiser publicar seu testemunho pessoal nesse blog como uma ajuda a outras pessoas, ou se quiser somente conversar, meu e-mail é prricardoksf@yahoo.com.br. Fique à vontade para escrever! Prometo ler com atenção e responder-lhe!
segunda-feira, 27 de junho de 2016
DANÇAR NA IGREJA: ISSO PODE, PASTOR?
Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe o seu louvor com tamborim e harpa. Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos. (Sl 149.3; 150.4)
A dança, como ato de adoração a Deus, é um tema mencionado muitas vezes no Antigo Testamento. A primeira vez que ocorre é no episódio da travessia do Mar Vermelho, quando Miriã celebrou a liberdade da escravidão do Egito: "Então Miriã, a profetiza, a irmã de Arão, tomou o tamboril na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças. E Miriã lhes respondia: Cantai ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou; e lançou no mar o cavalo com o seu cavaleiro." (Êx 15.20,21) Noutra ocasião, vemos Davi, o mavioso salmista de Israel, dançando com toda a sua força diante da arca do Senhor, que era levada para Jerusalém, expressão de adoração e alegria ao próprio Deus e Senhor cuja presença era representada por Sua arca (II Sm 6; I Cr 15). Nota-se, portanto, de forma clara, que o ato da dança como expressão de adoração a Deus não é algo pecaminoso, nem sujo, nem errado do ponto de vista bíblico. Vale dizer, adicionalmente, que tampouco a manifestação corporal da alegria interior é rejeitada por Deus na Bíblia.
No Novo Testamento, contudo, não constam passagens bíblicas sobre a dança como forma de adoração. De fato, por incrível que pareça, há pouca instrução do que deve ser feito, em termos de formas e expressões de adoração a Deus, no Novo Testamento. Com relação ao serviço de adoração, há indicações em Atos dos Apóstolos (At 2.46 - alegria e singeleza de coração), em I Coríntios (I Co 14.26 - havia salmo, doutrina, revelação, língua e interpretação), onde, nesse caso, muito provavelmente o salmo era usado na adoração, como lemos em Efésios (Ef 5.19 - salmos, hinos e cânticos espirituais, envolvendo o cantar e salmodiar ao Senhor) e Colossenses (Cl 3.16, onde Paulo repete basicamente a exortação de Efésios com alguns acréscimos, com a exceção de nesse caso haver ligação com "ensino e admoestação").
Os "salmos" obviamente se referem aos Salmos do Antigo Testamento, cantados com o acompanhamento instrumental daquela época, o que mostra que eles eram usados na adoração a Deus também no Novo Testamento (como visto adicionalmente em At 4.24) (cf. Ellicott's Commentary for English Readers). O próprio Senhor Jesus e seus apóstolos salmodiavam, isto é, cantavam salmos a Deus (Mt 26.30). A distinção entre "salmos" e "hinos" muito provavelmente refere-se a autoria, isto é, enquanto os "salmos" eram os mesmos encontrados no Antigo Testamento, os "hinos" seriam de composição própria dos crentes, sob inspiração do Espírito Santo (concordando com o comentário de Barnes' Notes on the Bible, como vemos em outras passagens do Novo Testamento, como por exemplo o hino cristológico de Paulo em Filipenses cap. 2). Já a interpretação dos "cânticos espirituais" é incerta: estes podem se referir à qualidade dos cânticos cantados ("espirituais", ou seja, cânticos envolvendo temas sagrados, exortações, doutrina, profecias, etc).
Alguns argumentam que a dança é uma forma de adoração restrita ao Antigo Testamento, pois não é vista tacitamente, nem mencionada explicitamente como um método de adoração no Novo Testamento. Portanto, concluem, que os cristãos não devem adorar desta maneira. Esse argumento é conhecido como "argumento do silêncio". No entanto, como tal, este tipo de argumento não se baseia num ensinamento bíblico claro, restringindo-se ao campo hipotético, o qual sempre pode gerar mais de uma hipótese. Como maioria dos primeiros cristãos eram judeus, provavelmente teriam incorporado formas de culto judaico em seu louvor ao Messias ressuscitado. Segundo a professora Débora Cristina Vieira Aleixo explica em seu artigo "A DANÇA EM UMA COMUNIDADE EVANGÉLICA: A VISÃO DOS FIÉIS" (1), "a dança foi parte essencial do culto e da liturgia cristã. Apenas no fim do século II, e inicio do século III, com a preponderância de gentios nos papeis de liderança da Igreja, ocorreram as mudanças mais radicais". Além disso, como a Igreja aprovava os salmos na adoração ao Senhor, não há porque supor que as formas corpóreas de adoração também não fossem usadas. Com toda certeza, havia muito espaço no serviço cristão para a espontaneidade e a iniciativa pessoal. Com o tempo, tristemente deu-se o processo inevitável de organização, estruturação e padronização, o qual foi substituindo a espontaneidade e liberdade no Espírito.
Ainda segundo a prof. Débora Cristina Vieira Aleixo, os pais da Igreja apoiaram o uso da dança como
adoração, oração e culto sob formas variadas. Ela cita como exemplos João Crisóstomo e Agostinho, os quais "concordavam em declarar a dança um meio de elevação dos membros do corpo para que andassem em consonância com o amor de Deus". No entanto, os reformadores, como Lutero, mantinham uma atitude negativa com relação a dança, não vendo razão para seu uso no culto na Igreja. Alie-se a isso o racionalismo, que percebia a dança como altamente subjetiva, além de boa dose do dualismo grego mente e corpo, e a dança foi interrompida na Igreja até o início do séc. XVIII.
Vale dizer que o "argumento do silêncio" já foi usado para justificar muita coisa sem sentido dentro de igrejas, como a proibição do uso de instrumentos musicais. Já proibiram até bater palmas (aplausos).
Outro argumento muito comum é o da sensualidade. A ideia é que a dança envolveria a exposição excessiva de partes do corpo em roupas curtas, com movimentos sensuais. Citam como justificativa a dança da filha de Herodias no aniversário de Herodes (Mt 14.6). Porém a sensualidade não está necessariamente ligada à dança per se, mas sim a quem dança, ou seja à pessoa. É possível dançar de forma sensual? Sim, claro! Mas também é possível dançar de forma não sensual (o mesmo se aplica às roupas usadas; não precisam nem serem justas, nem marcantes, nem transparentes e muito menos curtas). Julgar toda e qualquer dança como sensual só porque há movimento do corpo soa como mente depravada. Nenhuma irmã ou irmão está dançando num "pole dance" na igreja, nem fazendo a "dança do ventre"; nenhum crente genuinamente convertido ao Senhor toleraria isso em qualquer lugar, especialmente na adoração a Deus! Obviamente, é preciso cuidado com as danças, coreografias e ministrações, pois dependendo dos passos usados, é possível causar uma má interpretação (mesmo que de forma não-intencional), no entanto um pastor maduro e sábio saberá equilibrar e doutrinar a igreja que pastoreia - o que inclui o pessoal da dança - de forma a evitar tais excessos. O problema não é a dança, mas seu uso desprovido de senso crítico. Assim, não devemos cometer o erro de jogar o bebê fora junto com a água suja do banho, ou seja, condenar uma prática só porque alguns cometem erros.
O bispo Hermes Fernandes, argumentando acerca da pertinência da dança no culto cristão, faz a seguinte pergunta: "Por que numa aliança caracterizada pela liberdade faltaria um elemento como a dança tão apreciada sob a primeira aliança? Seria, no mínimo, um contrassenso acreditar que os que vivem sob a égide da graça seriam privados de um bem tão comum aos que viveram sob o peso da lei". Ele então pondera: "penso que haja lugar tanto para danças ensaiadas (performáticas) como para danças espontâneas e congregacionais. Tudo dentro de um padrão decente e devidamente ordenado. Sem extravagâncias. Sem chocarrices. Sem histeria. Sem êxtases. Apenas corações tomados da alegria do Espírito, desejosos de expressar sua gratidão a Deus." (http://www.hermesfernandes.com/2013/01/e-legitimo-usar-danca-como-expressao-de.html).
De fato, há um padrão na dança dentro do culto cristão, ao contrário do que pensam alguns. Todos os passos são ensaiados previamente, junto com a música/louvor que será tocada no momento da dança. De forma geral, os passos a serem dados, propostos pelo líder do grupo de dança, são simples e fáceis de se acompanhar pelo grupo, não envolvendo a necessidade de conhecimento de técnicas ou estilos musicais (como jazz ou ballet). Nesse caso, os movimentos dos dançarinos tem a intenção de reproduzir as ações e gestos contidos na própria música. Há outra forma de dança onde o grupo busca captar o tema principal da música e então desenvolvem movimentações relacionadas com esse tema.
Os tipos de danças que são realizadas no culto cristão protestante variam conforme a intenção do que se quer comunicar (a dança é uma forma de comunicação). Assim, "se o momento pede uma oração de interseção, o movimento é de prostração e súplica. Se o momento pede celebração, a dança é cheia de saltos e rodopios. Se o momento pede uma oração de arrependimento, a dança é cheia de movimentos de contrações e prostração. Por meio deste tipo de movimentação é que a congregação é levada a meditar e a concentrar-se na adoração a Deus durante o momento de louvor de um culto." (1) Dessa forma, há uma variedade de danças que podem ser realizadas, conforme Isabel Coimbra ensina (2), como por exemplo:
a) Dança de Júbilo - aquela através da qual os dançarinos expressam a Deus sua extrema alegria através de giros, saltos e movimentos.
b) Dança de Adoração – Esta dança é caracterizada por movimentos de elevação e prostração corporal. Há também os giros variados, saltos, movimentos suaves e de contemplação dentre tantos outros.
c) Dança de Intercessão - Esta suplica normalmente é feita através de movimentos de prostração, reverência e de um trabalho corporal iniciado a partir do ventre, movimentos de contração abdominal projetando todo tórax para frente.
d) Dança de Guerra - Uma característica desta dança são os movimentos em marcha variados pela intensidade e vigor corporal, saltos, sapateados e giros.
e) Dança evangelística - a finalidade é anunciar o evangelho através dos movimentos.
f) Dança de ensino – As danças de ensino são danças que ilustram pregações, tendo o intuito de auxiliar no ensino da doutrina.
Portanto, não vejo porque a igreja deva proibir ou opor-se a criação de um grupo de dança litúrgica. Havendo ensino coerente e bíblico, além de acompanhamento pastoral, não há que se falar em coisas como "carnalidade", "sensualidade", etc. Um pastor temente e fiel ao Senhor jamais permitirá que a adoração e a liberdade cristã se transformem em libertinagem e que a graça de Cristo vire desgraça para os crentes. Quanto ao momento de apresentação do grupo de dança - se durante o louvor congregacional ou se por ocasião de uma exibição especial numa época festiva, isso é de foro íntimo da igreja, observando-se sempre o propósito envolvido e o momento em questão. Para os integrantes do grupo de dança, especialmente o(a) líder, conhecimento bíblico (o que inclui frequência à Escola Dominical e estudos bíblicos específicos acerca da música, louvor e adoração), oração, comunhão, humildade e singeleza de coração - sem mencionar a submissão à autoridade pastoral - são requisitos básicos; afinal, estão dançando para o Senhor, como expressão de adoração a Ele e para a Glória Dele, e não para si mesmos(as).
Adore ao Senhor! Adore-o com palmas! Adore-o com música! Adore-o com instrumentos e com vocal! Adore-o com danças! Que todo o seu ser - corpo, alma e espírito - louve e adore ao Senhor Jesus, ao Rei dos reis, pois Ele - e somente Ele - é digno de todo louvor e de toda a adoração!
O Rei da Glória numa cruz morreu,
nos levando a presença do eterno Deus!
Pois o véu da separação,
foi rasgado pelo amor de Deus!
Adoremos em Seus tabernáculos,
entremos nos átrios com louvor!
E na presença dos querubins,
te adoramos Senhor!
Pense nisso! Deus está te dando visão de águia!
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REFERÊNCIAS:
(1) http://www.cpgls.pucgoias.edu.br/7mostra/Artigos/SAUDE%20E%20BIOLOGICAS/A%20DAN%C3%87A%20EM%20UMA%20COMUNIDADE%20EVANG%C3%89LICA%20A%20VIS%C3%83O%20DOS%20FIEIS.pdf. Acesso: 27jun2016.
(2) CORREA, Andressa R. A criação em Dança: um olhar sobre o grupo evangélico de dança Estúdio do Corpo. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Dança). Universidade Federal de Pelotas, 2014. Disponível em http://wp.ufpel.edu.br/danca/files/2014/06/2.-TCC.pdf. Acesso: 27jun2016.
terça-feira, 17 de maio de 2016
UMA PALAVRA SOBRE A HONRA BÍBLICA
Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra. (Rm 13.7)
Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina; porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário. (I Tm 5.17,18)
Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei. (I Pe 2.17)
Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. (Ef 6.2,3)
Honra: (1) consideração devida a uma pessoa que se distingue por seus dotes intelectuais, artísticos, morais; privilégio; (2) atitude de consideração, sentimento ou marca de deferência; (3) marca de distinção; homenagem. Plural: honras, "manifestações que denotam respeito, consideração por alguém que se distinguiu por sua conduta". Do ponto de vista geral, Pedro nos ensina que todos os homens devem ser honrados por nós. Deus, portanto, do ponto de vista geral, nos chama para honrar todos os homens pelo simples fato de que Ele escolheu dar-lhes vida. Jesus viveu e morreu por homens tão pecaminosos para que eles pudessem ser salvos. As pessoas são preciosas para o Pai; elas são tão valiosas para ele como Seu filho. Quando honramos as pessoas, mostramos que elas são importantes para o Todo-Poderoso.
Porém, Paulo, o apóstolo, nos ensina que devemos honrar àqueles a quem devemos isso, ou seja, há no mundo um grupo de pessoas que são especialmente dignas da nossa honra. Indo mais além, no contexto da Igreja, dentre aqueles que merecem honra estão os presbíteros, os anciãos; e os anciãos que governam bem (governo do Corpo) devem ser duplamente honrados, especialmente os que trabalham na Palavra e na doutrina.
A palavra "honra", do grego "time", significa para fixar valor, estimar, por implicação reverenciar. Imagine uma casa onde as crianças reverenciam seus pais e o marido à esposa, onde uns aos outros se honram. Devemos estimar e fixar o valor do outro. Pela honra criamos um "tampão" espiritual contra os ataques do inimigo, que de outra forma iriam corroer a qualidade de nossas vidas.
A história bíblica de Noé e seus filhos nos revela a importância da honra. Quando Cão expôs seu pai, Noé amaldiçoou o filho de Cão, Canaã. Por que Noé não amaldiçoou Cão, em vez do filho de Cão? Noé sabia que assim como Cão tinha sido para com ele, assim seria Canaã para com seu pai, Cão. A maldição de Noé foi realmente profunda. Ele disse que Canaã seria "um servo dos servos" (cf. Gn 9:25). Por quê? Porque se você não pode honrar um líder imperfeito, você nunca vai avançar na vida. Você será sempre um escravo.
A Bíblia não diz: honre seu pai e sua mãe caso eles sejam perfeitos. A bíblia não diz, honre seu pastor apenas quando ele estiver certo. Na realidade, o grande teste de submissão é quando nosso líder falha conosco. E ele por certo falhará, pois é imperfeito, exatamente como você o é.
Seu chefe, seu pastor, professor, prefeito, pai ou a mãe são todos imperfeitos. A bem da verdade, não existem líderes perfeitos. Quando você os expõe à humilhação ou desonra, dizendo aos outros suas fraquezas, isso traz maldição sobre sua vida. Você nunca irá avançar na vida com essa atitude. Para ser bem sucedido, você precisa ser capaz de submeter-se aos líderes que são imperfeitos sem desonrá-los. Você diz: "Se eu fizer isso, vou me sentir como um hipócrita". Porém, se você não mostrar honra, você já é um hipócrita. Um verdadeiro cristão estima e respeita as pessoas. Você deve honrá-los e respeitá-los. Deus nos chama para honrarmos e respeitarmos as pessoas, até mesmo quando discordamos delas. Sabemos que há ocasiões em que os homens abusam de sua autoridade oficial e resistem à vontade de Deus. Nesses casos, devemos obedecer à autoridade superior do Senhor, que está acima da autoridade institucional. Mas isso é somente quando somos ordenados por um governante, empregador ou até autoridade na igreja a desobedecer diretamente à Palavra de Deus ou renunciar à verdade. Contudo, mesmo neste contexto, não devemos desonrar os que estão em autoridade a fim de obedecer a uma autoridade superior. Não precisamos ter uma atitude rebelde em relação às pessoas a fim de ter uma atitude obediente para com Deus.
Há algo dentro de nós que se rebela contra a idéia de honrar as pessoas. Dizemos, muitas vezes com ar de “espirituais”, que honraremos apenas Deus. Sentimos que é nosso dever manter os outros humildes a fim de que o orgulho não os domine. Na realidade, é o nosso orgulho que nos domina, alimentado pela inveja que sentimos do sucesso dos outros. Veja o que nos ordena a Palavra de Deus: no corpo de Cristo, devemos honrar a cada membro, dando aos que parecem mais fracos, aos menos dignos, aos que não são decorosos honra mais abundante (1 Co 12.23,24). Além de honrar a todos os homens, devemos honrar o rei, ou as autoridades seculares (1 Pe 2.17); devemos honrar os presbíteros ou aqueles que governam a igreja (1 Tm 5.17); no trabalho, devemos honrar e respeitar nossos empregadores (1 Tm 6.1). Também devemos honrar as viúvas (1 Tm 5.3), o cônjuge (1 Pe 3.7; Ef 5.33) e os idosos (Lv 19.32). Na verdade, quando o ancião entra na sala, deveríamos parar de conversar, ficar em pé e reconhecer com reverência a entrada do indivíduo mais velho (isso inclui o ancião, idoso, e o ancião, presbítero). Quando foi a última vez que você viu algo assim?
O próprio Senhor concede honra às pessoas. João 12.26 diz: “Se alguém me serve, siga-me (…), e o Pai o honrará” (veja também Sl 91.14,15). Assim, se o Senhor não tem dificuldade em honrar as pessoas, considerando sua grandiosa glória, por que somos tão aptos a desonrá-las? Além do mais, a honra libera o poder de Deus, ao passo que a desonra o impede grandemente. Jesus ensinou: “Não há profeta sem honra senão na sua terra e na sua casa. E não fez ali muitos milagres por causa da incredulidade deles” (Mt 13.57,58). As pessoas da terra natal de Jesus não o honraram, e Jesus chamou sua falta de honra de “incredulidade”. A forma crítica e desonrosa com que os conterrâneos de Jesus o viam desabilitou-lhes a capacidade de receber os dons que Deus queria que recebessem através dele. Em outras palavras, quando desonramos um homem ou uma mulher de Deus, impedimos que o poder de Deus aja por intermédio deles.
Lembre-se que pastores cansam e muitos tendem a desanimar e muitos já estão desanimados. Segue abaixo algumas dicas de como você pode honrar seu pastor, sendo canal de Deus para abençoar sua vida:
a) Ame a Família do Seu Pastor: quando a família do pastor é amada e cuidada, todo mundo ganha. A família do pastor é encorajada, os membros da igreja são abençoados, e o pastor é amado e apoiado. Tudo porque um membro da igreja mostrou amor à família do pastor. Lembre-se: "pastores fiéis derramam suas vidas por suas ovelhas e sua igreja." Esse sacrifício pode ser difícil para a família do pastor. Tenha em mente as dificuldades que o ministério podem trazer sobre a família do pastor e apoie-os em oração e encorajamento. Eles precisam dela e o pastor será grato. Lembre-se de amar e honrar também a esposa do pastor, pois é ela que fica nos bastidores. Ela é quem organiza tudo a fim de que seu esposo seja uma bênção de Deus para a Sua Igreja. Ela esta tão próxima dele, que tem condições de ajudá-lo de modo mais decisivo. Ela está a seu lado nos desalentos e aflições; e fica ao lado do esposo quando ele enfrenta as mais agudas tentações. Ela conhece a luta que se desenvolve no espírito e no coração do seu esposo pastor.
b) Respeite seu Pastor: Toda vez que seus passos se dirigem ao púlpito, o pastor carrega o peso, em sua alma, de que ele vai prestar contas um dia. O pastor está trabalhando na Palavra e na oração durante toda a semana e a Bíblia dá uma direção clara de que Ele deve ser honrado e estimado altamente por causa disso. Assim também não deve haver uma fila de ovelhas no final de cada culto esperando para dizer ao pastor uma coisa ou duas sobre o que ele disse ou fez ou deixou de fazer. Nem devem as ovelhas ligar tarde da noite para a casa do pastor para se queixarem, melindradas, das repreensões que receberam por parte dele. Existem problemas a serem tratados? Claro que sim, e temos de lidar com eles da forma adequada, na hora adequada e no fórum adequado. Mas isso não dá a ninguém o direito de ser desrespeitoso com o homem que Deus colocou acima deles.
c) Seja fiel ao Senhor e à Igreja: Um peso muito grande que há no coração de um pastor é o estado do rebanho. Se você respeita e ama seu pastor, esteja em seu lugar. Exerça seu dom para o qual Cristo lhe chamou. Evangelize. Convide pessoas. Não desapareça do culto cristão. Especialmente nos dias atuais, com vários meios de comunicação, não há razão para não comunicar qualquer necessidade de afastamento. E Seja solidário tanto verbalmente quanto ativamente: "pastor, estou com o senhor! Vamos em frente!"
d) Dispense e desencoraje feedback negativo, fofocas, rumores e críticas: Estas são coisas que trazem tribulação para pastores. Olha que descrição interessante da fofoca o Rick Warren fez: "Fofocar é transmitir informações quando você nem é parte do problema nem parte da solução". Se você não está envolvido na situação, não perca seu tempo escutando quando alguém te falar uma fofoca. Essa pessoa não é confiável, em breve ela estará falando de você. Os pastores tem um trabalho deveras desgastante, não dificulte as coisas ainda mais. Nada pode ser mais devastador para um pastor do que trabalhar numa igreja na qual os corredores e esquinas estão habitados por pessoas fofocando e murmurando. Proteja-o da maledicência, e dos ataques espirituais, através da sua amizade, apreço e intercessão. Tudo isso é muito importante para o sucesso de um ministério sadio. Tente fazer do trabalho do seu pastor um prazer e não um fardo, fazendo assim você não apenas estará ajudando ele, mas a você mesmo.
e) Ore pelo Seu Pastor: É mais valioso para seu pastor que as pessoas convertam o tempo de reclamação em período de intercessão pelo pastor, para ajudá-lo a perseverar diante da guerra espiritual e dos obstáculos ao ministério. Lembre-se daqueles que dedicaram tempo ouvindo seus problemas, o aconselhando. Tenha orgulho de chamá-lo de “Meu pastor” – mostre a pessoa que você se importa e é grato pela vida dele.
f) Honre seu pastor em datas especiais para ele: não esqueça de mandar uma mensagem no dia de seu aniversário, no aniversário do seu casamento, dê um simples telefonema, um cartão, por mais simples que seja, expressar nestes dias o quanto é importante o trabalho dele na sua vida gera um tremendo impacto nele e na família pastoral.
“Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne…” (2 Co 5.16). Embora sejamos novas criaturas em Cristo, nosso problema é que só reconhecemos um ao outro segundo a carne. Alguém precisa morrer antes que possamos reconhecê-lo segundo o espírito; temos familiaridade demais um com o outro no nível errado. Precisamos quebrar as limitações que a carnalidade e o ciúme colocaram nas nossas percepções: Cristo habita na pessoa que está ao nosso lado.
Precisamos aprender a não enterrar as pessoas nos seus erros e fracassos. Cristo permanece sempre presente, sempre disposto a restaurar e liberar seu poder, até nos seus vasos caídos e feridos. Para isso, precisamos cooperar, perdoando e aceitando a obra de Deus neles. No sentido mais verdadeiro, é o Espírito de Cristo e o seu potencial que merecem ser reconhecidos e honrados em cada um, até naqueles que ainda não o conhecem. Que aprendamos a não julgar as pessoas segundo a carne, mas a honrá-las de acordo com os olhos da nova criação!
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
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Adaptado de: "O Poder da Honra Bíblica", em https://www.revistaimpacto.com.br/biblioteca/o-poder-da-honra-biblica/.
quinta-feira, 5 de maio de 2016
BATISMO VICÁRIO OU BATISMO PELOS MORTOS: O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA
Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos? (I Co 15.29)
επει τι ποιησουσιν οι βαπτιζομενοι υπερ των νεκρων ει ολως νεκροι ουκ εγειρονται τι και βαπτιζονται υπερ των νεκρων (I Co 15.29 - Stephanus, Textus Receptus, 1550)
O que é o "batismo pelos mortos" (também chamado "batismo vicário")? Será que a Bíblia ensina que os cristãos devem ser batizados "substitutivamente", isto é, um crente vivo batiza-se em favor de alguém já falecido - este é um ensino das Escrituras? Esta pergunta me foi encaminhada, por e-mail; é uma pergunta pertinente.
Para começar, vamos estabelecer dois pontos primordiais, basilares, pétreos antes de analisarmos a questão. Estes pontos, que passo a estabelecer, nada mais são aquilo que a Bíblia já tem ensinado. Portanto, passemos a eles:
1) A inspiração bíblica é plenária - Ou seja, a inspiração (capacidade dada por Deus aos homens, através do Espírito Santo, de escrever a verdade divina de maneira exata e de simples entendimento) compreende toda a Bíblia. Todos os livros, todos os registros são inspirados por Deus. Esta inspiração, além de ser plenária (plena) também é verbal, ou seja, as próprias palavras da Escritura foram inspiradas por Deus. É, portanto, inspirada em seus ensinos e doutrinas, e também em suas palavras e detalhes.
2) A Bíblia se interpreta pela própria Bíblia (leia: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2012/01/total-suficiencia-da-biblia-sagrada.html) - Aqui, a Escritura é seu próprio intérprete (sui ipsius interpres), ela é clara em sua própria mensagem (claritas), ainda que determinadas passagens sejam obscuras e somente ela é juiz, norma e regra (iudex, norma et regula). Noutras palavras, toda a Escritura - Antigo e Novo Testamentos - é norma normativa (norma normans, regra que regula) por excelência. Na prática, aplica-se do seguinte modo: qualquer interpretação, de qualquer passagem ou conjunto de passagens, não deve contradizer o ensino geral ou específico da Bíblia expresso noutra passagem, conjunto de passagens, livro bíblico ou mesmo toda a Bíblia. "Texto com contexto", ensinam os mestres da Palavra, porque "texto sem contexto é pretexto e deve ser jogado no cesto". Caso contrário, tal interpretação - e o ensino dela derivado - não tem base bíblica, mas é antibíblico e deve ser descartado ("jogado no cesto").
Dito isto, para interpretar a passagem acima (I Co 15.29) primeiramente precisamos estabelecer o seu contexto imediato. O contexto imediato, neste caso, é aquele que Paulo aborda no início do capítulo 15 de I Coríntios: A realidade da ressurreição de mortos. O que estava acontecendo? Havia um grupo de irmãos, na Igreja de Corinto, que negavam a ressurreição dos mortos (I Co 15.12). Há muitos elementos que podem ter contribuído para esse falso ensino, como a conversão de saduceus (Mt 22.23), o "espírito ateniense" em alguns gentios convertidos (At 17.32) e a adesão às filosofias de Epicuro, que diziam "vamos comer e beber, e amanhã morreremos" (citado por Paulo no vers. 32). Paulo, então, passa a apresentar uma série de argumentos demonstrando a realidade da ressurreição corporal. O principal deles é a ressurreição corporal de Cristo Jesus, fato histórico inconteste (I Co 15.1-15).
Abre parênteses: A ressurreição do corpo é um dos grandes objetos de fé e esperança dos cristãos; o apóstolo neste capítulo põe esta realidade diante do Coríntios e de toda a humanidade. A maior de que o tão esperado evento é realidade inquestionável é, a saber, que trata-se de uma consequência necessária da ressurreição de Cristo. Porque Cristo ressuscitou corporalmente dentre os mortos, os crentes com haverão de ressuscitar também do mesmo modo. Nossa fé em vã, se não for a fé no Evangelho, o qual declara cabalmente que os crentes ressuscitarão no último dia (15:1,2). Fecha parênteses.
Além da ressurreição de Cristo, Paulo prossegue apresentando outros argumentos na defesa da verdade da ressurreição de mortos: os argumentos morais envolvidos na negação dessa realidade (vers. 16-28) e o testemunho de certas práticas que existiam naquela época (vers. 29-34). Dentre estas práticas, o texto afirma que alguns se batizavam pelos mortos (vers. 29). Note, contudo, que não há uma descrição dessa prática, apenas o relato da existência da mesma; sequer há um vaticínio, uma aprovação apostólica quanto ao batismo pelos mortos. Novamente, há somente um breve relato da existência, sendo usada como argumento em favor da ressurreição. É muito importante entender isso: Paulo não está defendendo a prática do batismo pelos mortos, nem descrevendo a mesma. Está dizendo que alguns tinham esta prática porque criam na ressurreição; o tema central é, portanto, a ressurreição.
Abre parênteses: Segundo alguns comentaristas, a prática do batismo pelos mortos era comum entre os marcionitas (discípulos de Marcião) no II século, contudo não há base histórica para afirmar que ela existiu na época de Paulo. A idéia por detrás da prática era que os benefícios do batismo poderiam, de algum modo, beneficiar aqueles que morreram sem ele. João Crisóstomo dá a seguinte descrição dessa prática: "Depois de um catecúmeno (isto é, alguém preparado para o batismo, mas não realmente batizado) morrer, eles escondiam um homem vivo sob a cama do falecido; em seguida, vindo eles à cama do homem morto falavam a ele, e perguntavam se ele receberia o batismo, e não havendo nenhuma resposta, o outro respondia em seu lugar, e assim eles batizavam o "vivo pelos mortos"" (Ellicott's Commentary for English Readers). Fecha parênteses.
Porém, cabe-nos uma análise mais acurada de I Co 15.29. Ainda que alguns comentaristas afirmem que a prática do batismo vicário tenha existido nos primórdios da Igreja Cristã, eu contra-argumento que a partir de uma simples leitura do contexto, torna-se fácil perceber que "os mortos", na argumentação paulina, refere-se ao pensamento de alguns de que Cristo não havia ressuscitado (I Co 15.12-14), isto é, a expressão "batismo pelos mortos" se referiria ao ato do cristão batizar-se pelo Cristo morto (veja a lógica: se não há ressurreição, Cristo não ressuscitou, portanto permanece morto. Assim, quem se batiza em Cristo é batizado em alguém que está morto, sendo vã a pregação, a fé e consequentemente este batismo). Essa interpretação encontra respaldo no ensino sobre o batismo bíblico, ou seja, naquele que é extraído das Escrituras, sendo radicalmente diferente do ensino do batismo pelos mortos. Ilustrando essa verdade, Lucas afirma que o batismo de João era o batismo de “arrependimento, para perdão dos pecados” (Lc 3.3). Note que Lucas relata que João exortava duramente à multidão que saía para ser batizada por ele (Lc 3.7-9). Ora, se ele pregava a necessidade urgente de batismo, porque ele repreendia àqueles que a ele vinham para sem batizados? Porque a multidão entendia que o batismo de João era mais um rito de purificação, algo meramente exterior, sem a necessidade de transformação interior (arrependimento). De nada adiantaria àquelas pessoas, espiritualmente falando, serem batizadas sem que houvesse real arrependimento primeiramente. O rito em si mesmo não tem efeito nenhum; é preciso de haja mudança de vida (Lc 3.10-14) para que haja eficácia no batismo. Por isso, o arrependimento e a fé devem ser primeiramente gerados pelo Espírito Santo no coração dos homens, para que só então esses homens sejam batizados nas águas (ver http://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2011/09/rudimentos-da-doutrina-de-cristo-iii-os.html). Não há, portanto, base bíblica para esta doutrina.
Vale dizer, aqui, que se o batismo pelos mortos é uma prática válida para estes, então somos necessariamente forçados a concluir que outras práticas, realizadas pelos vivos em favor dos mortos, são igualmente válidas. Assim, por exemplo, seria válida, espiritualmente falando, em termos de benefícios para os mortos, as práticas de realizar orações por eles, realizar missas por eles, a prática de indulgências, etc. Obviamente, todo este ensino aponta para a doutrina católica romana do Purgatório. Vale dizer que o próprio João Crisóstomo ensina que os cristãos devem orar pelos mortos - “Levemos-lhes socorro e celebremos a sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai (Jó 1,5), porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer aos que partiram e em oferecer as nossas orações por eles” (CIC, §1032; In I Cor 41,5 PG 61,361, cf. http://cleofas.com.br/as-oracoes-pelos-mortos/). Porque Crisóstomo ensinou, devemos aceitar tacitamente? Ou devemos comparar o ensino de Crisóstomo com o ensino bíblico? Seria Crisóstomo maior que Paulo e Silas, os quais tiveram seus ensinos submetidos ao crivo das Escrituras pelos crentes de Beréia (At 17.11)?
Abre parênteses: O purgatório, segundo a doutrina católico romana, é um local intermediário, após a morte física, onde aqueles que estão destinados para o céu estão sob purificação, para atingirem a santidade necessária para poderem alcançar o céu. Assim, para o Purgatório iriam aquelas almas que não são suficientemente livres dos efeitos temporais do pecado e suas conseqüências para entrar imediatamente no estado do céu , nem são tão pecaminosas e odiosas a Cristo para serem destinadas ao inferno. Tais almas, portanto, destinadas a se unirem com Deus, devem primeiro serem purificadas neste estado intermediário, a fim de alcançarem a santidade necessária para entrarem no céu (purificação pelo fogo). Aqui entraria a classificação de pecados, feita pelos teólogos católicos, em mortais e veniais, onde os primeiros levariam ao inferno e os segundos ao purgatório. Obviamente, tal doutrina anula a suficiência do sacrifício de Cristo na cruz do calvário pelos pecados, voltando ao antigo erro da "salvação pelas obras" (neste caso, ás dos vivos pelos mortos), além de introduzir uma classificação de pecados estranha à Bíblia Sagrada. A existência do purgatório foi definida no I Concílio de Lyon (1274) e no Concílio de Florença (1438-1445), reafirmada no Concílio de Trento (1545-1563), afirmando que "as almas que nele estão detidas são aliviadas pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo sacrifício do altar" (http://www.montfort.org.br/old/documentos/trento.html#sessao25). A doutrina do purgatório é o resultado de um malabarismo exegético-teológico-filosófico pelos seus proponentes (com base numa exegese forçada de I Co 3.10-15, juntamente com textos apócrifos de Macabeus), parte derivada do conceito teológico-judaico sobre o Sheol. Aliás a doutrina do purgatório é para a igreja católica romana uma questão de excomunhão para aqueles que nela não crerem; o mesmo Concílio estabelece que "se alguém disser que a todo pecador penitente, que recebeu a graça da justificação, é de tal modo perdoada a ofensa e desfeita e abolida a obrigação à pena eterna, que não lhe fica obrigação alguma de pena temporal a pagar, seja neste mundo ou no outro, no purgatório, antes que lhe possam ser abertas as portas para o reino dos céus - seja excomungado". Trata-se, obviamente, de um "combate" à doutrina bíblica da justificação pela fé, um combate direto à Reforma Protestante. Fecha parênteses.
Abre parênteses: A indulgência é o ensino católico romano da remissão diante de Deus, por meio da mediação da Igreja, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi perdoada. Segundo o dic. Houaiss é definida como sendo "a remissão total ou parcial das penas temporais cabíveis para pecados cometidos, que a Igreja concede depois de os mesmos terem sido perdoados". A indulgência pode ser obtida para si mesmo, ou para um falecido, onde a absolvição livraria a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório. Assim, como ensina o site católico "Cleofas" (http://cleofas.com.br/o-purgatorio-e-as-indulgencias-parte-1/), a doutrina das indulgências está intimamente ligada à realidade do Purgatório. Fecha parênteses.
Assim, vimos que a doutrina do batismo pelos mortos (ou batismo vicário ou batismo por procuração) não encontra respaldo bíblico. Além de tudo o que foi apresentado, cabe mais uma explicação: a palavra traduzida por "mortos" em I Co 15.29 vem do grego nekron: βαπτιζομενοι υπερ των νεκρων (transliterado: baptizomenoi uper tōn nekrōn). Ton nekron pode ser traduzido como "o morto". Assim, o batismo seria pelo morto, o que corresponde à argumentação que foi feita, ou seja, que esse batismo era por Cristo morto, não ressurreto. Já que o batismo é a identificação do crente com a morte e a ressurreição do Senhor, e realizava-se sob a sua autoridade e mandato, representando a morte, sepultamento e ressurreição do crente com Cristo (Rm 6.3-5), seria totalmente inútil se Jesus fosse simplesmente um a mais entre tantos mortos.
Por outro lado, a preposição hiper (uper) nesse texto rege o tempo genitivo (exprime a relação de posse). Neste caso a tradução seria "por", "em favor de", "por causa de". Deste modo, há a possibilidade de outra linha de interpretação: O batismo seria “por causa dos mortos”, isto é, como resultado do testemunho que deram enquanto vivos, ou ao morrerem. Assim, havia aqueles que se batizavam por causa do testemunho daqueles que já haviam morrido, sendo que eles próprios não acreditavam na ressurreição do corpo. O apóstolo estaria aqui condenando este inútil procedimento.
De qualquer modo, a invencionice mórmon do batismo pelos mortos não apresenta fundamento bíblico.
Por último vale a exortação: "A Bíblia não manda que os cristãos se batizem pelos mortos; de fato, nem sequer menciona esta prática em alguma outra parte. O ensino bíblico é que cada crente seja batizado ele próprio. Não há a mínima indicação de que um cristão possa ser batizado a favor de outro crente vivo; muito menos que possa batizar-se por algum defunto. Em contrapartida, a Escritura ensina claramente que o destino eterno de cada um fica determinado inexoravelmente com a morte (Hebreus 9:27). Não está em nós o poder de salvar outros por nossa própria vontade; somente podemos interceder em oração para que outros recebam a salvação, nunca aceitá-la em representação deles. Ademais, a Bíblia explicitamente proíbe todo trato com os mortos. Recordemos que embora o batismo seja uma ordenança cristã ou sacramento e cada crente deva ser batizado num ato de obediência para com o mandamento de nosso Senhor e como uma testemunha d`Ele, o batismo não é imprescindível nem suficiente para a salvação; só a fé em Cristo pode salvar (ver o caso do ladrão arrependido no Calvário, Lucas 23:42-43 e o que Paulo diz em 1 Coríntios 1:14-17)" (http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2013/01/sobre-o-batismo-pelos-mortos.html).
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
segunda-feira, 11 de abril de 2016
NINGUÉM VOS JULGUE PELAS EXTERIORIDADES, NEM VOS DOMINE PELAS INVENCIONICES
Ninguém vos julgue... ninguém vos domine... são as instruções do apóstolo Paulo aos crentes de Colossos. A palavra julgar aqui é usada no sentido de pronunciar uma sentença. Ninguém deveria pronunciar sentença contra aqueles irmãos por eles não observarem ritos externos judaicos como regra de fé. Aquelas ordenanças judaicas eram obsoletas; serviram profeticamente como sombra (do grego skia) de Cristo e com Ele perderam o sentido. Agora que Cristo havia se manifesto no mundo físico pela encarnação, morte, ressurreição e exaltação, não havia mais necessidade do uso daquelas práticas. Todos os ritos judaicos eram sombras das bênçãos do evangelho.
Assim, o "comer e beber", que Paulo menciona nesse texto, refere-se tanto às leis dietéticas estabelecidas no Livro de Levítico (caps. 11, 17, etc), da distinção entre animais puros e animais imundos, do uso de vinho, às leis dietéticas relativas ao nazireado, de bebida em vasos impuros, etc., além daquelas estabelecidas pelos fariseus (cf. explica Cambridge Bible for Schools and Colleges), as quais, em Cristo, "não possuem valor algum senão para a satisfação da carne" (ou seja, para auto-emulação, exaltação pessoal típica do "sou mais santo que você porque faço isso ou aquilo e você não"). Os apóstolos já haviam determinado essa questão após evidência incontestáveis que os crentes gentios deveriam tão somente absterem-se das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue (At 15.19,20) e o próprio Paulo, escrevendo aos Romanos, nos ensina que o Reino de Deus "não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo" (Rm 14.7). Vale dizer que a ordenança da abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis (os cristãos) é maligna, sendo claramente definida por Paulo como sendo "doutrina de demônios" e "conversa de espíritos enganadores" (I Tm 4.1-5).
Por sua vez, a menção aos "dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados" nos remete diretamente ao texto de Ezequiel 45:17 ("E estarão a cargo do príncipe os holocaustos, e as ofertas de alimentos, e as libações, nas festas, e nas luas novas, e nos sábados, em todas as solenidades da casa de Israel. Ele preparará a oferta pelo pecado, e a oferta de alimentos, e o holocausto, e os sacrifícios pacíficos, para fazer expiação pela casa de Israel") mostrando inequivocamente a relação entre as ordenanças constantes no Livro de Levítico nos dois textos; estes eram obrigatórios na velha dispensação, na Lei, não na atual dispensação, da graça. Acerca desse texto, o Ellicott's Commentary for English Readers comenta: "A "festa" parece ser um dos grandes festivais; a "lua nova", o mensal, e no sábado a solenidade semanal [...] Aqui são as festas judaicas, e somente elas, que são anotados". Por sua vez, Gill's Exposition of the Entire Bible explica "nas festas, e nas luas novas e nos sábados, e em todas as solenidades da casa de Israel; nas festas da Páscoa, tabernáculo e Pentecostes, que foram todas as figuras de Cristo". Portanto, definitivamente, os cristãos não estão e nem devem ser obrigados a observar tais coisas, pois temos o Senhor conosco em substância. O corpo - destas sombra; é de Cristo - A substância delas é exibida no evangelho de Cristo, em quem Ele de tudo é o Centro e a razão final, o antítipo de todas as sombras (tipos) prefiguradas do Antigo Testamento.
É interessante notar que os falsos mestres alegavam uma pretensa "espiritualidade superior", uma espécie de "revelação especial" para quererem obrigar os cristãos nessas práticas. Eles alegavam terem recebido tal ensino a partir de visões sobrenaturais, visões de anjos, conferindo uma aura de autoridade divina ao mesmo, como explica Tertuliano ("Contra Marcião", 5:19). Isso era usado como justificativa para aceitarem como verdade aquele engano, do grego katabrabeuo. Assim, com uma pretensa justificativa sobrenatural, aliado à uma aparência de humildade, buscavam enganar os crentes de Colossos.
Parênteses: O termo katabrabeuo, de kata (contra) + brabeuo (ser um juiz ou árbitro e, assim, atribuir o prêmio em um jogo público), literalmente, refere-se a um árbitro que decide contra alguém, declarando-o indigno do prêmio e assim defraudando-o do prêmio da vitória. O juiz em jogos de atletismo era o brabeus e o prêmio o brabeion. A palavra grega descreve um árbitro que exclui da competição qualquer atleta que não segue as regras. O competidor não deixa de ser um cidadão da terra, mas ele perde a honra de ganhar o prêmio. Figurativamente, como usado neste versículo, katabrabeuo refere-se ao ato de privar alguém de sua recompensa espiritual. Aqueles irmãos, assim enganados, não perdiam necessariamente a sua condição de salvos, mas perdiam a recompensa - as bênçãos espirituais (I Co 9.24; Fp 3.14); poderiam, não obstante, chegar a um grau de distanciamento de Cristo que os tornariam apóstatas, agora com implicações eternas. Porém, com relação aos falsos mestres, a conversa é outra: seus ensinos malignos denotavam mentes inconversas à Cristo, pessoas não regeneradas, não nascidas de novo, gente inchada na compreensão carnal. Sobre esses, as Escrituras são claras: são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva (II Pe 2.17). Fecha parênteses.
Os crentes, portanto, não devem estar carregados de ordenanças, pois estão mortos com Cristo quanto aos rudimentos (gr. stoicheion, "princípios elementares") do mundo. Pela Lei, morremos para a Lei, de forma que hoje vivemos por Cristo e para Cristo (Gl 2.19). Estas ordenanças são exatamente àquelas do Velho Pacto, as ordenanças exteriores. Lógico que como em Cristo estou livre das ordenanças da Lei, estou mais ainda livre das invencionices humanas, tenham elas quaisquer fundamentações filosóficas! Ora, estou livre; fui liberto por Cristo Jesus! Na Sua obediência, eu obedeci pela fé e na Sua morte, morri pela fé; posto que, portanto, na Sua ressurreição eu ressuscitei pela fé, para andar em novidade de vida! Não precisamos, portanto, como crentes em Cristo Jesus, de coisas exteriores, pois temos conosco Aquele para quem todas as coisas exteriores apontavam.
Aplicando hoje: Não precisamos ter, por exemplo, a Arca da Aliança na Igreja, pois a Arca apontava para a presença contínua de Deus no meio do Seu povo que é materializada, hoje, na prática, pela Bendita Pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A arca, hoje, não possui valor algum para a prática da fé dos crentes, isto é, ter ou não ter, tocar ou não tocar, trazer ou não trazer uma réplica da arca dentro do culto cristão nenhum valor possui para a fé ou espiritualidade pessoal. Aliás, é bom dizer que se houvesse algum tipo de poder sobrenatural na réplica da arca, ou se Deus a considerasse como considerou a original, nenhum gentio jamais a tocaria, nem chegaria perto dela (Lv 16.2; I Sm 5.3-11; 6.19; II Sm 6.6-9)! Somente os levitas podiam carregá-la, e ainda assim por meio de varais, sem tocar diretamente nela! A verdadeira arca da aliança perdeu-se, provavelmente por ocasião do cativeiro babilônico de Israel. Jeremias 3:16 se refere a ela, dizendo que, quando o Messias vier, ninguém mais mencionará a Arca da Aliança. Uma vez que o Verdadeiro chegou, o tipo passou a ser desnecessário. A passagem final que se refere à arca é Apocalipse 11:19, que menciona o Templo original dos céus, como tendo sua própria e original Arca do Testemunho. Não há, assim, nenhum poder espiritual nessa réplica que é chamada de arca! O mesmo se aplica aos demais utensílios, como o castiçal de ouro.
Por outro lado, a atual invencionice do meio neopentecostal na busca do "tudo por uma bênção" é sem fundamentação bíblica. Nada do que esses pretensos apóstolos, bispos, pastores, missionários, etc. faz, por criação própria, tem algum poder ou eficácia sobrenatural em si mesma, a despeito de insistentemente dizerem que é fruto da "visão espiritual" que receberam. Coisas como "objetos ungidos", como "atos proféticos" (mergulhar na lama, descer em poços, unção de sal, unção do esquecimento, dança ungida, dores de parto profética, etc), numa tola tentativa de usar antigos símbolos da fé judaica no Cristianismo, jamais terá qualquer eficácia real. Isso é, na verdade, uma mistura de judaização e teatralização gospel! Tudo no afã de tentar impressionar os incautos, por meio da representação de "bravatas espirituais"!
Tampouco não se impressione com a caracterização do "ungidão bazófio", do "farfante consagrado", com uma aparência de auto-humildade baseada em vestimentas ou origens humildes ou ausência de estudo formal! Humildade não é isso, é algo do coração, algo que esses sujeitos não possuem por tudo o que demonstram na prática - sim, porque o que alguém é, não pode ser escondido por muito tempo; o que uma pessoa realmente é, em seu interior, irá aparecer mais dia menos dia - esses "pseudo-apóstolos/pastores/bispos-humildões" são, via de regra, conhecidos por amaldiçoar quem discorda deles e os critica, algo nada santo, nem cristão, nem humilde. Homens que adquiriram verdadeiras fortunas com os "shows gospel" que promovem - carrões (porsche, aprox. R$ 800.000,00; afora cordões, anéis e relógios dourados, bonés e tênis de marcas como Nike e Hugo Boss), milhares de cabeças de gado, propriedades no Brasil e no Exterior, jatinhos, etc. Teatro gospel, nada bíblico, nada profético; poder/autoridade espiritual zero! Isso nunca foi, nem jamais será o Evangelho de Cristo (ainda que alguns insistam em chamar isso de evangélico). Isso é inútil em matéria de fé bíblica, além de ser algo perigoso para a verdadeira espiritualidade derivada das Escrituras Sagradas, pois pode levar pessoas a se afastarem da Graça de Cristo e a apostatarem da fé genuína "a qual uma vez por todas foi entregue aos santos" (Jd 1.3)!
Assim, querido(a) leitor(a): cuidado com o que você tem ouvido e recebido em matéria de fé. A Bíblia não é livro de práticas espirituais isoladas e desconectadas, como se fosse um livro mágico. Não! A Bíblia é um conjunto de 66 livros (39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento) que abordam, dentre outros, a relação de Deus com o homem (sua criação, queda, resultados da queda e a redenção do homem caído por Cristo Jesus) a qual, se estudada com zelo e de forma sistemática, nos conduz à comunhão do Espírito Santo e à Graça de Deus, a qual "se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo; o qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tt 2.11-14).
Quer um conselho: saia já desse tipo de coisa! Se você quer realmente seguir ao Senhor Jesus, procure uma Igreja evangélica verdadeira, que prega o Evangelho de verdade, que respeita a Bíblia Sagrada e que se esforça para viver segundo seus ensinos. Deus ama você e não quer, de modo algum, que você seja participante de algo de não honra o Seu Santo Nome! Lembre-se do que foi predito na Bíblia: "E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita." (II Pe 2.1-3)
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
TENHA CUIDADO CONTIGO MESMO E COM TEU ENSINO!
"Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem." (I Tm 4.16)
ἔπεχε σεαυτῷ καὶ τῇ διδασκαλίᾳ. ἐπίμενε αὐτοῖς· τοῦτο γὰρ ποιῶν καὶ σεαυτὸν σώσεις καὶ τοὺς ἀκούοντάς σου. (I Tm 4.16 - TR-1894)
epeche seautō kai tē didaskalia; epimene autois; touto gar poiōn kai seauton sōseis kai tous akouontas sou. (I Tm 4.16 - WH-1881 - Transliterado)
A palavra "doutrina" é a tradução do termo grego "didaskalia"; este é melhor traduzido por "ensino". Conforme a construção do texto no grego, καὶ τῇ διδασκαλίᾳ, significa "e teu ensino". Com isso, se fôssemos traduzir ao pé da letra o versículo, ficaria da seguinte maneira: "Preste atenção para reter/permanecer você mesmo e no ensino. Continue/persevere nestas coisas, fazendo isso você salvará a ti mesmo e teus ouvintes". Trata-se, portanto, de uma dupla recomendação, de Paulo para Timóteo e de Deus para nós, hoje.
Tome cuidado consigo mesmo. Isso pode ser entendido como referente a qualquer coisa, de natureza pessoal, que qualifique positivamente (ou negativamente) para a obra. Obviamente, aquilo que for positivo deve ser cultivado; aquilo que for negativo deve ser eliminado. Isto pode ser aplicado tanto com relação à piedade pessoal; à saúde; aos costumes; aos hábitos de vida; ao temperamento; aos propósitos; ao contato com os outros.O ministro de Cristo deve manter sua atenção fixa em seu próprio comportamento e conduta, porque pode, com seus atos, palavras e comportamento, contribuir para o destino eterno de seus ouvintes/leitores, quer positivamente ("salvará os que te ouvem") ou negativamente ("porá a perder/desviará aqueles que te ouvem", por contraposição lógica).
O comportamento pessoal é muito importante na vida de um servo de Cristo, especialmente se for um ministro (diáconos, presbíteros, evangelistas, pastores, bispos, apóstolos, professores, missionários, ministros de louvor, líderes de departamentos, etc). Este comportamento deve ser condizente com a realidade da fé em Deus, pois a fé em Deus é transformadora da natureza humana. Ou seja, a fé em Cristo produz inevitavelmente na vida humana o novo nascimento, com a geração da nova natureza, divina, no interior do homem. Esse novo nascimento precisa, obrigatoriamente, ser evidenciado pelos frutos - o que a Bíblia chama de "frutos dignos de arrependimento"; afinal de contas, segundo Tiago, a fé sem obras é morta, inativa, inoperante, incapaz de gerar vida. Se alguém crê em Cristo, tal fé obrigatoriamente gera a vida de Deus na vida humana e esta vida é manifesta de forma notória! Esta mudança de vida é fruto observável na vida de qualquer pessoa que verdadeiramente tenha crido em Cristo como Senhor e Salvador e é a evidência de genuína conversão (e salvação dos pecados); qualquer cristão verdadeiro experimenta tal mudança e, portanto, um líder cristão deve principalmente trazer esta evidência em sua vida.
Note: não estamos aqui, de modo algum, falando em perfeição absoluta, ou vida sem pecado. Não. Mas o que estamos dizendo é que se uma pessoa crê em Cristo verdadeiramente, ela recebe suporte divino para não viver mais continuamente no pecado e, por sua nova natureza, passa a odiar o pecado. Porém, de um ministro de Cristo, é exigido um pouco mais - é exigido que ele tenha cuidado consigo mesmo, isto é, que ele exerça vigilância contínua sobre sua própria vida (como apascentar alguém sem apascentar primeiro a si mesmo?) de forma a não causar escândalo, trazer blasfêmia ao nome de Deus (Rm 2.24) ou que o Caminho da Verdade venha, de alguma maneira, a ser blasfemado (II Pe 2.2). Há uma ética cristã, bíblica, a ser observada por qualquer cristão genuíno, especialmente por um ministro cristão genuíno. Este ethos cristão é a forma com que alguém que traz sobre si o nome de Cristo deve se comportar, de forma a claramente distingui-lo como povo de Deus; trata-se, portanto, da identidade, do modo de ser, do caráter cristão.
Assim, em relação à moral, o ministro de Cristo deve estar de pé. Em seu contato com os outros e em seus hábitos pessoais, ele deve ser correto, consistente e cavalheiro, de modo a não dar oportunidade a nenhuma ofensa desnecessária. A pessoa de um ministro deve ser pura e limpa; suas maneiras, como irá mostrar a influência justa da fé cristã sobre o seu temperamento e comportamento; seu estilo de conversa, como um exemplo para os velhos e os jovens, e, como não ofender as leis de cortesia e urbanidade. Não há verdadeira fé, nem vida espiritual, em uma pessoa imunda em seus pecados; em modos grosseiros; que se conduz de forma inconveniente; com hábitos desleixados - ser um verdadeiro cavalheiro deve ser tanto uma questão de consciência do ministro do evangelho como de um verdadeiro cristão. A fé salvadora refina as maneiras - ela não os corrompe; torna a pessoa cortês, educada, e gentil - nunca produz modos grosseiros, ou hábitos ofensivos (Barnes' Notes on the Bible).
Deve cuidar do estado de seu coração, de sua consciência, de seus afetos, seu espírito, seu caráter, sua linguagem, tudo deve manter-se embaixo do santo controle do Espírito e da Palavra de Deus. É necessário que esteja instruído com a verdade e vestido com a couraça da justiça. Sua condição moral e sua marcha prática devem concordar com a verdade que ministra; do contrário, o inimigo, com segurança, ganhará vantagem sobre ele. O mestre deveria ser a expressão vivente do que ensina; ao menos, tal deveria ser o objeto perseguido por ele com sinceridade, com veemência e com perseverança. É de desejar que esta santa medida esteja constantemente ante “os olhos de seu entendimento” (C. H. Mackintosh, in: http://camposdeboaz.com.br/tem-cuidado-de-ti-mesmo-e-da-doutrina-c-h-mackintosh).
Um ministro de Cristo não usa de palavras de baixo calão em seus diálogos e nem aprova tal coisa; não aprova nada que fira a moral que ele professa nem faz uso dessas coisas. Nos tempos modernos, atuais, não "compartilha" nem "curte" textos com palavrões, com xingamentos e ofensas ou que incentivem tal coisa; nem fotos de nudez ou que incentivem a nudez, a pornografia, o sexo livre e irresponsável. Ele(a) tem todo cuidado com "brincadeirinhas"/"piadinhas" que possam dar base a chocarrices e parvoíces com quem quer que seja, sempre evitando-as ao máximo.Nem troca de farpas, indiretas, etc. Em tudo o que faz, o ministro de Cristo busca a glória de Deus. No trato com quem quer que seja, o ministro respeita os sadios limites impostos pela Palavra de Deus. Ele(a) não fica com conversas inapropriadas, nem compartilha "selfies sedutoras" ou "nudes" via whatssap, facebook, e-mail ou por qualquer outro meio - nem mesmo fotos com roupas sensuais. Ele(a) não aparece seminu(a) em talk shows ou programas de auditório, nem em revistas masculinas/femininas.
Abre parênteses: não adianta ficar no "churicantaslabarai" no culto na Igreja, tendo "visagem e revelamento" no mistério Kodak, rodopiando e rolando no chão, se fora desse ambiente a vida é desregrada; se no dia-a-dia vive na fornicação, falando mal de pastor e de Igreja e espalhando contendas aonde vai. O mesmo Espírito Santo que dá dons é Aquele que dá Seu Fruto, o caráter de Cristo em nossa vida. Deus é um só, o Espírito é um só e a fé é uma só, onde quer que estejamos. Fecha parênteses.
O comportamento de um ministro de Cristo não pode ser usado por Satanás como instrumento da perdição, como ferramenta para fazer desviar da fé a vida do povo de Deus! Isso não pode acontecer em hipótese alguma! Se um ministro não tem cuidado de si mesmo, ele não salvará nem a si mesmo, nem aqueles que o ouvem - e isso é muito sério! "Cada vez mais e mais pessoas são pegas na armadilha dos escândalos. Cresce o número de perdidos ao passo que aumentam as barreiras para conversão de pecadores. Hoje, cada crente verdadeiro corre grande perigo de que, caso venha a se desviar, nunca mais encontre o caminho de retorno a fé cristã. O mundo está cada vez mais acelerado, o diabo cada vez mais diabólico e homem cada vez mais endiabrado. Temo a dizer que talvez nunca, em toda a história, o laço do passarinheiro revelou-se tão eficaz quanto nos nossos dias! O escândalo faz cada vez mais seus prisioneiros, trazendo censura ao genuíno ministério cristão na face da Terra (II Co 6.3) por aqueles que acabam julgando tudo e todos pela atitude de alguns." (ESCANDALOSOS E SEUS ESCÂNDALOS, http://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2013/05/escandalosos-e-seus-escandalos.html)
Facilmente é possível perceber que ela possui, no mínimo, dupla interpretação. A primeira delas, direta, traz o ensino de que é desejável, aprazível, correto que o pregador não seja cortês. Noutras palavras, um pregador "correto" deveria ser, portanto, descortês. Só que a palavra "descortês" (aquele que não é cortês) é sinônimo de grosseiro, rude, violento. Pergunto: o correto, por parte de um pregador, é ser rude? É ser grosseiro? É ser violento? Pois é isso que a fase "bem-dita" está dizendo, induzindo diretamente a um erro. Agora, por outro lado, assumindo que foi realmente o ev. Leonard Ravenhill que proferiu essa frase (porque não há citação da referência, de forma a podermos confirmar se é dele mesmo a autoria dessa frase), ela precisa ser interpretada dentro de um contexto. Como não o sabemos, vamos a segunda possibilidade de interpretação - a indireta: o problema do "pregador cortês" é com o quê ele é cortês! Nesse caso, com base na análise da linha teológica e de pensamento do ev. Leonard Ravenhill exarada em seus sermões, obras, etc., (e a Bíblia, sempre) eu diria que o problema é quando o pregador é cortês com o pecado de seus ouvintes, isto é, quando ele suaviza a mensagem que prega para não desagradar aqueles que a ouvem. Percebeu a diferença? Aqui tratei de um exemplo bem simplório, apenas para que o leitor possa entender; pouca repercussão ele gera (a não ser em mentes muito, mas muito confusas).
Na frase abaixo, faça o mesmo exercício anterior. Qual é interpretação direta? Para que ensino antibíblico moderno essa interpretação direta aponta, com a "chancela" de John Henry Jowett (já que é atribuída a ele)?
Observe que mesmo o ensino direto, bíblico, precisa vir dentro de um contexto. Já dizia a máxima da hermenêutica: "texto, sem contexto, é pretexto. Só serve para jogar no cesto". Contexto é tudo que vem antes e depois do texto; pode ser um versículo, dois, três; um capítulo, um livro ou toda a Bíblia. Vejamos um exemplo bem simplório: "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou." (Jo 6.27) Fora de qualquer contexto, o que o texto acima parece ensinar? Que o trabalho cotidiano - isto é, ter um emprego, de forma a ter um salário - para se alimentar é (1) perda de tempo e (2) errado; o homem deve trabalhar para o Senhor Jesus (como ou fazendo o quê não sei), de forma que com seu trabalho receba, como pagamento, uma comida que permanece para a vida eterna (ainda ensina salvação por obras!). Percebe quanta baboseira, quanta heresia mesmo, pode ser gerada a partir de um ensino sem contexto (e ainda com a chancela de um ministro de Cristo, o que confere peso de veracidade do ensino)?
Hoje há uma proliferação de falsos ensinos e falsos mestres contra os quais a Igreja de Cristo precisa ser alertada, à luz da Palavra de Deus, pelos genuínos ministros de Cristo. Mais do que nunca, faz eco ao nosso coração a solene e grave advertência do Espírito (I Tm 4.1) quanto à apostasia dos últimos tempos. Hoje, há muitas pessoas que seguem ensinos de homens; outros, que seguem ensino de demônios. O falso ensino tem se misturado com o verdadeiro, e somente a partir do exame sério e comprometido das Escrituras, do ensino bíblico responsável, será possível fazer a distinção entre ambos. Periodicamente, ventos de doutrina sopram contra a Igreja levando muita gente boa, muitos filhos e filhas de Deus, em roda. Portanto, o ministro de Cristo precisa ser sóbrio e ter cuidado com o seu ensino, direto ou indireto. É preciso estudar muito as Escrituras, comparando texto com contexto, além de ler bons comentários, dicionários, enciclopédias e livros de autores reconhecidamente cristãos, de forma a ter clareza bíblica sobre o que vai ensinar.
Moralmente, é extremamente perigoso que um homem ensine em público o que sua vida prática desmente – perigoso para si mesmo, desonroso para o testemunho e prejudicial para aqueles a quem ensina. Que deplorável e humilhante é para um homem, quando contradiz com sua conduta pessoal e sua vida doméstica a verdade que apresenta publicamente na Igreja. Isto é algo que há de se temer sobremaneira e que terminará indefectivelmente nos resultados mais trágicos. (C. H. Mackintosh, in: http://camposdeboaz.com.br/tem-cuidado-de-ti-mesmo-e-da-doutrina-c-h-mackintosh). Por outro lado, às vezes um falso ensino pode ser gerado pelo simples descuido com aquilo que é teoricamente bíblico e correto, mas mal interpretado ou aplicado; isto se dá às vezes por preguiça e desleixo, às vezes por desconhecimento. O problema está no impacto que isso causa ou possa vir a causar na vida espiritual de uma pessoa. Há erros que não afetam a eternidade e que são passíveis de conserto; há erros que podem fazer com que uma pessoa se perca de Cristo para sempre, apostatando da fé. A pergunta é se vale a pena correr o risco de não ter a salvação, para si ou para os ouvintes, por ensinar o erro (diretamente ou indiretamente, com o tal curte/compartilha/publica/divulga) pelo desmazelo com a própria vida com o ensino propriamente dito.
Lembre-se: A quem muito foi dado, muito será cobrado. Está escrito: "E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá." (Lc 12.48b)
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
ἔπεχε σεαυτῷ καὶ τῇ διδασκαλίᾳ. ἐπίμενε αὐτοῖς· τοῦτο γὰρ ποιῶν καὶ σεαυτὸν σώσεις καὶ τοὺς ἀκούοντάς σου. (I Tm 4.16 - TR-1894)
epeche seautō kai tē didaskalia; epimene autois; touto gar poiōn kai seauton sōseis kai tous akouontas sou. (I Tm 4.16 - WH-1881 - Transliterado)
A palavra "doutrina" é a tradução do termo grego "didaskalia"; este é melhor traduzido por "ensino". Conforme a construção do texto no grego, καὶ τῇ διδασκαλίᾳ, significa "e teu ensino". Com isso, se fôssemos traduzir ao pé da letra o versículo, ficaria da seguinte maneira: "Preste atenção para reter/permanecer você mesmo e no ensino. Continue/persevere nestas coisas, fazendo isso você salvará a ti mesmo e teus ouvintes". Trata-se, portanto, de uma dupla recomendação, de Paulo para Timóteo e de Deus para nós, hoje.
Tome cuidado consigo mesmo. Isso pode ser entendido como referente a qualquer coisa, de natureza pessoal, que qualifique positivamente (ou negativamente) para a obra. Obviamente, aquilo que for positivo deve ser cultivado; aquilo que for negativo deve ser eliminado. Isto pode ser aplicado tanto com relação à piedade pessoal; à saúde; aos costumes; aos hábitos de vida; ao temperamento; aos propósitos; ao contato com os outros.O ministro de Cristo deve manter sua atenção fixa em seu próprio comportamento e conduta, porque pode, com seus atos, palavras e comportamento, contribuir para o destino eterno de seus ouvintes/leitores, quer positivamente ("salvará os que te ouvem") ou negativamente ("porá a perder/desviará aqueles que te ouvem", por contraposição lógica).
O comportamento pessoal é muito importante na vida de um servo de Cristo, especialmente se for um ministro (diáconos, presbíteros, evangelistas, pastores, bispos, apóstolos, professores, missionários, ministros de louvor, líderes de departamentos, etc). Este comportamento deve ser condizente com a realidade da fé em Deus, pois a fé em Deus é transformadora da natureza humana. Ou seja, a fé em Cristo produz inevitavelmente na vida humana o novo nascimento, com a geração da nova natureza, divina, no interior do homem. Esse novo nascimento precisa, obrigatoriamente, ser evidenciado pelos frutos - o que a Bíblia chama de "frutos dignos de arrependimento"; afinal de contas, segundo Tiago, a fé sem obras é morta, inativa, inoperante, incapaz de gerar vida. Se alguém crê em Cristo, tal fé obrigatoriamente gera a vida de Deus na vida humana e esta vida é manifesta de forma notória! Esta mudança de vida é fruto observável na vida de qualquer pessoa que verdadeiramente tenha crido em Cristo como Senhor e Salvador e é a evidência de genuína conversão (e salvação dos pecados); qualquer cristão verdadeiro experimenta tal mudança e, portanto, um líder cristão deve principalmente trazer esta evidência em sua vida.
Note: não estamos aqui, de modo algum, falando em perfeição absoluta, ou vida sem pecado. Não. Mas o que estamos dizendo é que se uma pessoa crê em Cristo verdadeiramente, ela recebe suporte divino para não viver mais continuamente no pecado e, por sua nova natureza, passa a odiar o pecado. Porém, de um ministro de Cristo, é exigido um pouco mais - é exigido que ele tenha cuidado consigo mesmo, isto é, que ele exerça vigilância contínua sobre sua própria vida (como apascentar alguém sem apascentar primeiro a si mesmo?) de forma a não causar escândalo, trazer blasfêmia ao nome de Deus (Rm 2.24) ou que o Caminho da Verdade venha, de alguma maneira, a ser blasfemado (II Pe 2.2). Há uma ética cristã, bíblica, a ser observada por qualquer cristão genuíno, especialmente por um ministro cristão genuíno. Este ethos cristão é a forma com que alguém que traz sobre si o nome de Cristo deve se comportar, de forma a claramente distingui-lo como povo de Deus; trata-se, portanto, da identidade, do modo de ser, do caráter cristão.
Assim, em relação à moral, o ministro de Cristo deve estar de pé. Em seu contato com os outros e em seus hábitos pessoais, ele deve ser correto, consistente e cavalheiro, de modo a não dar oportunidade a nenhuma ofensa desnecessária. A pessoa de um ministro deve ser pura e limpa; suas maneiras, como irá mostrar a influência justa da fé cristã sobre o seu temperamento e comportamento; seu estilo de conversa, como um exemplo para os velhos e os jovens, e, como não ofender as leis de cortesia e urbanidade. Não há verdadeira fé, nem vida espiritual, em uma pessoa imunda em seus pecados; em modos grosseiros; que se conduz de forma inconveniente; com hábitos desleixados - ser um verdadeiro cavalheiro deve ser tanto uma questão de consciência do ministro do evangelho como de um verdadeiro cristão. A fé salvadora refina as maneiras - ela não os corrompe; torna a pessoa cortês, educada, e gentil - nunca produz modos grosseiros, ou hábitos ofensivos (Barnes' Notes on the Bible).
Deve cuidar do estado de seu coração, de sua consciência, de seus afetos, seu espírito, seu caráter, sua linguagem, tudo deve manter-se embaixo do santo controle do Espírito e da Palavra de Deus. É necessário que esteja instruído com a verdade e vestido com a couraça da justiça. Sua condição moral e sua marcha prática devem concordar com a verdade que ministra; do contrário, o inimigo, com segurança, ganhará vantagem sobre ele. O mestre deveria ser a expressão vivente do que ensina; ao menos, tal deveria ser o objeto perseguido por ele com sinceridade, com veemência e com perseverança. É de desejar que esta santa medida esteja constantemente ante “os olhos de seu entendimento” (C. H. Mackintosh, in: http://camposdeboaz.com.br/tem-cuidado-de-ti-mesmo-e-da-doutrina-c-h-mackintosh).
Um ministro de Cristo não usa de palavras de baixo calão em seus diálogos e nem aprova tal coisa; não aprova nada que fira a moral que ele professa nem faz uso dessas coisas. Nos tempos modernos, atuais, não "compartilha" nem "curte" textos com palavrões, com xingamentos e ofensas ou que incentivem tal coisa; nem fotos de nudez ou que incentivem a nudez, a pornografia, o sexo livre e irresponsável. Ele(a) tem todo cuidado com "brincadeirinhas"/"piadinhas" que possam dar base a chocarrices e parvoíces com quem quer que seja, sempre evitando-as ao máximo.Nem troca de farpas, indiretas, etc. Em tudo o que faz, o ministro de Cristo busca a glória de Deus. No trato com quem quer que seja, o ministro respeita os sadios limites impostos pela Palavra de Deus. Ele(a) não fica com conversas inapropriadas, nem compartilha "selfies sedutoras" ou "nudes" via whatssap, facebook, e-mail ou por qualquer outro meio - nem mesmo fotos com roupas sensuais. Ele(a) não aparece seminu(a) em talk shows ou programas de auditório, nem em revistas masculinas/femininas.
Abre parênteses: não adianta ficar no "churicantaslabarai" no culto na Igreja, tendo "visagem e revelamento" no mistério Kodak, rodopiando e rolando no chão, se fora desse ambiente a vida é desregrada; se no dia-a-dia vive na fornicação, falando mal de pastor e de Igreja e espalhando contendas aonde vai. O mesmo Espírito Santo que dá dons é Aquele que dá Seu Fruto, o caráter de Cristo em nossa vida. Deus é um só, o Espírito é um só e a fé é uma só, onde quer que estejamos. Fecha parênteses.
O comportamento de um ministro de Cristo não pode ser usado por Satanás como instrumento da perdição, como ferramenta para fazer desviar da fé a vida do povo de Deus! Isso não pode acontecer em hipótese alguma! Se um ministro não tem cuidado de si mesmo, ele não salvará nem a si mesmo, nem aqueles que o ouvem - e isso é muito sério! "Cada vez mais e mais pessoas são pegas na armadilha dos escândalos. Cresce o número de perdidos ao passo que aumentam as barreiras para conversão de pecadores. Hoje, cada crente verdadeiro corre grande perigo de que, caso venha a se desviar, nunca mais encontre o caminho de retorno a fé cristã. O mundo está cada vez mais acelerado, o diabo cada vez mais diabólico e homem cada vez mais endiabrado. Temo a dizer que talvez nunca, em toda a história, o laço do passarinheiro revelou-se tão eficaz quanto nos nossos dias! O escândalo faz cada vez mais seus prisioneiros, trazendo censura ao genuíno ministério cristão na face da Terra (II Co 6.3) por aqueles que acabam julgando tudo e todos pela atitude de alguns." (ESCANDALOSOS E SEUS ESCÂNDALOS, http://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2013/05/escandalosos-e-seus-escandalos.html)
Por outro lado, um verdadeiro ministro de Cristo também tem cuidado com o ensino. Ele ensina somente a Verdade Bíblica, tendo todo cuidado em se esmerar nesse afã. Ele busca "destilar o ensino" "como o orvalho sobre a relva" (Dt 32.2), num processo de purificação daquilo que ele tenciona ensinar, quer direta, quer indiretamente. Ensino direto é aquele que é ministrado ao povo de Deus; já ensino indireto é aquele que o ministro demonstra aprovar. Nesse ponto, é preciso compreender que quando um ministro cristão permite que um falso ensino (ou mesmo um ensino correto, só que de aplicação particular, com grande potencial de ser generalizado e, com isso, gerar erro) tenha o status de "concordância" por parte dele. Novamente, em tempos modernos, hoje há uma proliferação de "sabedoria" nas redes sociais, onde são circuladas, curtidas (e compartilhadas) frases de efeito, teoricamente atribuídas a líderes cristãos famosos - do passado ou do presente - que trazem lições ou que se referem a verdades particulares. Muitas, inclusive, só fazem sentido se estiverem dentro do contexto onde foram originalmente proferidas (se é que foram proferidas um dia). Como exemplo, veja a frase abaixo.
Facilmente é possível perceber que ela possui, no mínimo, dupla interpretação. A primeira delas, direta, traz o ensino de que é desejável, aprazível, correto que o pregador não seja cortês. Noutras palavras, um pregador "correto" deveria ser, portanto, descortês. Só que a palavra "descortês" (aquele que não é cortês) é sinônimo de grosseiro, rude, violento. Pergunto: o correto, por parte de um pregador, é ser rude? É ser grosseiro? É ser violento? Pois é isso que a fase "bem-dita" está dizendo, induzindo diretamente a um erro. Agora, por outro lado, assumindo que foi realmente o ev. Leonard Ravenhill que proferiu essa frase (porque não há citação da referência, de forma a podermos confirmar se é dele mesmo a autoria dessa frase), ela precisa ser interpretada dentro de um contexto. Como não o sabemos, vamos a segunda possibilidade de interpretação - a indireta: o problema do "pregador cortês" é com o quê ele é cortês! Nesse caso, com base na análise da linha teológica e de pensamento do ev. Leonard Ravenhill exarada em seus sermões, obras, etc., (e a Bíblia, sempre) eu diria que o problema é quando o pregador é cortês com o pecado de seus ouvintes, isto é, quando ele suaviza a mensagem que prega para não desagradar aqueles que a ouvem. Percebeu a diferença? Aqui tratei de um exemplo bem simplório, apenas para que o leitor possa entender; pouca repercussão ele gera (a não ser em mentes muito, mas muito confusas).
Na frase abaixo, faça o mesmo exercício anterior. Qual é interpretação direta? Para que ensino antibíblico moderno essa interpretação direta aponta, com a "chancela" de John Henry Jowett (já que é atribuída a ele)?
Observe que mesmo o ensino direto, bíblico, precisa vir dentro de um contexto. Já dizia a máxima da hermenêutica: "texto, sem contexto, é pretexto. Só serve para jogar no cesto". Contexto é tudo que vem antes e depois do texto; pode ser um versículo, dois, três; um capítulo, um livro ou toda a Bíblia. Vejamos um exemplo bem simplório: "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou." (Jo 6.27) Fora de qualquer contexto, o que o texto acima parece ensinar? Que o trabalho cotidiano - isto é, ter um emprego, de forma a ter um salário - para se alimentar é (1) perda de tempo e (2) errado; o homem deve trabalhar para o Senhor Jesus (como ou fazendo o quê não sei), de forma que com seu trabalho receba, como pagamento, uma comida que permanece para a vida eterna (ainda ensina salvação por obras!). Percebe quanta baboseira, quanta heresia mesmo, pode ser gerada a partir de um ensino sem contexto (e ainda com a chancela de um ministro de Cristo, o que confere peso de veracidade do ensino)?
Hoje há uma proliferação de falsos ensinos e falsos mestres contra os quais a Igreja de Cristo precisa ser alertada, à luz da Palavra de Deus, pelos genuínos ministros de Cristo. Mais do que nunca, faz eco ao nosso coração a solene e grave advertência do Espírito (I Tm 4.1) quanto à apostasia dos últimos tempos. Hoje, há muitas pessoas que seguem ensinos de homens; outros, que seguem ensino de demônios. O falso ensino tem se misturado com o verdadeiro, e somente a partir do exame sério e comprometido das Escrituras, do ensino bíblico responsável, será possível fazer a distinção entre ambos. Periodicamente, ventos de doutrina sopram contra a Igreja levando muita gente boa, muitos filhos e filhas de Deus, em roda. Portanto, o ministro de Cristo precisa ser sóbrio e ter cuidado com o seu ensino, direto ou indireto. É preciso estudar muito as Escrituras, comparando texto com contexto, além de ler bons comentários, dicionários, enciclopédias e livros de autores reconhecidamente cristãos, de forma a ter clareza bíblica sobre o que vai ensinar.
Moralmente, é extremamente perigoso que um homem ensine em público o que sua vida prática desmente – perigoso para si mesmo, desonroso para o testemunho e prejudicial para aqueles a quem ensina. Que deplorável e humilhante é para um homem, quando contradiz com sua conduta pessoal e sua vida doméstica a verdade que apresenta publicamente na Igreja. Isto é algo que há de se temer sobremaneira e que terminará indefectivelmente nos resultados mais trágicos. (C. H. Mackintosh, in: http://camposdeboaz.com.br/tem-cuidado-de-ti-mesmo-e-da-doutrina-c-h-mackintosh). Por outro lado, às vezes um falso ensino pode ser gerado pelo simples descuido com aquilo que é teoricamente bíblico e correto, mas mal interpretado ou aplicado; isto se dá às vezes por preguiça e desleixo, às vezes por desconhecimento. O problema está no impacto que isso causa ou possa vir a causar na vida espiritual de uma pessoa. Há erros que não afetam a eternidade e que são passíveis de conserto; há erros que podem fazer com que uma pessoa se perca de Cristo para sempre, apostatando da fé. A pergunta é se vale a pena correr o risco de não ter a salvação, para si ou para os ouvintes, por ensinar o erro (diretamente ou indiretamente, com o tal curte/compartilha/publica/divulga) pelo desmazelo com a própria vida com o ensino propriamente dito.
Lembre-se: A quem muito foi dado, muito será cobrado. Está escrito: "E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá." (Lc 12.48b)
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
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