COMBATENDO A DESINFORMAÇÃO E A MÁ-INFORMAÇÃO SOBRE A VACINAÇÃO CONTRA O COVID-19

 

Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. (II Timóteo 3:1)

Esses dias que temos vivido são realmente tempos trabalhosos, como disse Paulo, o genuíno apóstolo de Cristo. Tempo onde tudo acontece simultaneamente, gerando um turbilhão de consequências em todas as áreas. Há muita informação circulando porém pouca formação e pouco conhecimento; há muita ideologia e pouca verdade sobre os fatos. Os estragos disso são inegáveis, atingindo diretamente aqueles que são os mais vulneráveis nesse contexto. Esses ficam perdidos em meio a tanta coisa. Esses trabalhos advém, portanto, do combate a essa "pandemia de informações desencontradas e inverídicas", de forma a proteger aqueles que precisam de informações corretas e seguras sobre os assuntos que surgem, quer sejam eles na esfera da fé, quer sejam eles na esfera da ciência e dos assuntos ditos seculares.

Nesse contexto, o assunto do momento que vem gerando muito transtorno pelas inverdades que tem circulado é o relativo a vacina contra o vírus COVID-19 (coronavírus). Essa doença tem ceifado a vida de MILHÕES de pessoas no mundo todo, trazendo além disso transtornos políticos, econômicos e sociais. Muito desse transtorno foi, é e está sendo causado por pessoas das quais se esperaria mais cautela e zelo pelas vidas daqueles que sofrem com essa doença, como governantes e líderes religiosos. O que essas classes de pessoas precisam entender é que as coisas erradas que elas falam serão tomadas como verdade por muita gente que os vê como referências. 

Eu, como cristão e pastor, SEMPRE me policiei para não me tornar, ainda que inadvertidamente, um inventor de males e propagador de inverdades. Minha formação acadêmica, na área da ciência e tecnologia, me leva a pesquisar um tema em fontes confiáveis antes de emitir opinião sobre ele, tal como é ensinado pelos mestres de metodologia científica. Minha formação cristã e teológica me levam a ponderar o impacto e a  utilidade para o próximo sobre aquilo que falo e ensino, como ensina o apóstolo Paulo aos crentes de Éfeso: "Não saia da vossa boca nenhuma palavra que cause destruição, mas somente a que seja útil para a edificação, de acordo com a necessidade, a fim de que comunique graça aos que a ouvem" (Efésios 4:29). Tenho balizado minha vida e ministério cristão em tornar-me a cada dia o "exemplo para os fiéis, na palavra, no comportamento, no amor, na fé e na pureza" (I Timóteo 4:12). Quando a denominação que eu congregava desviou-se da transparência, do amor e da verdade, passando a adotar os mesmos valores e princípios que Satanás ensina (traição, mentira, vista grossa em prol de receitas, tráfico de influências, opressão por liderança, idolatria a homem, etc.), solicitei meu desligamento às expensas de quaisquer vantagens e cargos religiosos. Não tenho e nunca tive interesse em cargos e posições religiosas, nem em me locupletar às custas da fé dos outros, mas na Verdade. 

No âmbito dessa postagem, interessa-me trazer a verdade científica - não minha, não derivada de minha interpretação pessoal - sobre a vacinação e em especial sobre a vacinação contra o COVID-19. De saída, deixo claro: APÓIO TOTAL E IRREDUTIVELMENTE A VACINAÇÃO! As vacinas vem salvando BILHÕES de vidas desde sua descoberta, inclusive a minha! Todos conhecemos e, espero eu, que já tenhamos sido vacinados, por exemplo, contra o sarampo, contra a rubéola, contra a caxumba, contra a poliomielite, etc. São vacinas que fazem parte do calendário básico de vacinação. Além dessas, que eu tomei, há outras que também já fui vacinado, como a contra a febre amarela. Dou graças a Deus por minha mãe ter sempre me levado aos postos para vacinação nas épocas apropriadas! E assim que começar a vacinação contra o COVID-19, estarei na fila para tomar a minha dose!

Lembro-me das minhas aulas de Higiene e Programas de Saúde na época que cursei a 7a. e a 8a. série do antigo primeiro grau, nos idos de 1987/1988. Na matéria havia um conteúdo específico sobre as vacinas: doenças, produção, modo básico de ação e calendário de vacinação. É uma disciplina que a meu ver acrescentou muito em minha vida. Tristemente, nessas muitas reformas curriculares, acabou essa disciplina sendo excluída da formação básica. Se ela tivesse sido mantida, muito provavelmente muita dessas invencionices e inverdades sobre o tema não lograriam o alto grau de disseminação que se vê.

Vamos ao básico, go to basic: As vacinas evitam doenças. Elas não causam doenças. Elas atuam no nosso sistema imunológico (o termo em latim significa “isento” ou “livre”, referindo-se aos mecanismos utilizados pelo organismo como proteção contra agentes do ambiente estranho ao corpo), de forma a possibilitar a defesa deste contra agentes patogênicos (que causam doenças). As vacinas são produzidas a partir do germe que causa a doença. Ou é produzida com base nesse germe inativo, sem capacidade infecciosa, ou é com base num elemento (proteína, p.ex.) específica do germe. Quando você toma, por exemplo, a vacina contra a poliomielite (também conhecida como paralisia infantil), o que você está tomando são os vírus que causam a pólio, só que inativados, ou sejam, sem a capacidade de trazer qualquer mal ao nosso organismo. 

O princípio básico de toda vacina é estimular o nosso sistema imunológico a produzir anticorpos, exatamente como faria se você fosse exposto à doença. Depois de se vacinar, você desenvolve imunidade àquela doença, sem ter que pegar a doença primeiro. Ou seja, há um "efeito memória" do nosso sistema imunológico que faz com que o nosso corpo produza rapidamente o anticorpo específico para combater aquela doença (há uma complexa relação antígeno - o microorganismo - e o anticorpo; anticorpos são específicos para específicos tipos de antígenos). Quem quiser entender mais, pode acessar o site da CDC/EUA (Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos) (disponível em: https://www.cdc.gov/vaccines/vpd/vpd-vac-basics.html) que lá tem muito material importante sobre o tema das vacinas. 

Entendido isso, passemos ao ponto central: Estão espalhando nas redes sociais um monte de mentiras sobre a vacina contra o COVID-19. Políticos e líderes religiosos principalmente se prestando ao desserviço de espalhar bobagens baseadas em teorias da conspiração, como as seguintes: "a vacina contra a covid altera o DNA humano", "a vacina contamina a pessoa com o vírus da Aids (HIV)", "estão usando células fetais abortadas, conhecidas como HEK-293 nas vacinas", "Ivermectina aniquila Covid-19 se usada preventivamente", "Peru suspendeu testes com a Coronavac após vacina causar paralisia nas pernas de voluntários", "remessa de injeções para matar pessoas está vindo do exterior para o Brasil" e por aí vai. A lista é imensa! Teve até gente dizendo que a vacina contra a covid causaria câncer e traria o HIV! Triste! O Ministério Público já está tratando desse caso! (fonte: http://www.mpce.mp.br/2020/12/15/mpce-aciona-justica-e-sesa-contra-pastor-que-dissemina-fake-news-sobre-vacina-chinesa/)

Tudo isso não passa de uma coisa só: MENTIRA! Por exemplo, a mentira "a vacina contra a covid altera o DNA humano", segundo a qual causaria mutação em seres humanos por ser feita do RNA (Ácido Ribonucleico) do vírus, não passa de maluquice pura! Vou explicar para que você entenda: NÃO EXISTE nenhuma possibilidade de qualquer vacina induzir uma mutação no seu DNA. Isso é uma aberração do ponto de vista científico! Ninguém vai ter "um alien saindo do peito" ou se tornar num X-MEN por tomar vacina. O RNA viral é incapaz de gerar mutações. Se fosse assim, como eu disse, você e eu já teríamos nos tornado em mutantes há muito tempo: a todo momento, durante toda a nossa vida, temos uma infinidade de vírus entrando em nossos corpos. Haja vista a gripe comum, que com toda certeza você já contraiu em algum momento da sua vida! Novamente, leia o site do CDC sobre o assunto (disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/vaccines/different-vaccines/mrna.html). Se não souber inglês, usa um tradutor da internet, mas não deixe de ler! Nesse sentido, vale muito a pena ver a explicação do médico do Hospital Sirio e Libanês Dr. Luiz Fernando Reis sobre os tipos e modos de ação da vacina contra o COVID-19 (disponível em: https://youtu.be/_0azci3OlcE). 

Como os demais medicamentos, as vacinas são bênção de um Deus misericordioso para a humanidade decaída. Foi Deus quem deu conhecimento aos cientistas sobre como funciona o corpo humano e as doenças, de forma que nós mesmos possamos nos defender das muitas doenças que foram geradas na Terra pelo pecado de Adão (leia: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2018/06/crentes-imunes-as-doencas-devaneios-e.html). Foi Deus quem nos deu médicos e profissionais da saúde, como Lucas, o evangelista bíblico, discípulo do Senhor e médico. De forma complementar, convido você a ler o excelente texto no blog do Bp. Hermes Fernandes sobre esse tema: http://hermesfernandes.blogspot.com/2020/12/ser-contra-vacina-e-ser-contra-cristo.html.

Querido(a) leitor(a), não acredite em bobagens e teorias, só porque foram ditas pelo seu líder religioso ou pelo político do coração. Vá no cerne da verdade. Pesquise. Leia. Se informe. Estude. Compre bons livros. Pesquise em bons periódicos indexados na internet. Consulte seu médico. E, por favor, proteja-se! Tome a vacina! Nunca foi tão aplicável o que Nosso Senhor nos ordenou: "Ame o teu próximo como a ti mesmo" (Marcos 12:31). 

Graça, misericórdia e paz sejam contigo!

CRUCIFICANDO JESUS OUTRA VEZ - UMA APLICAÇÃO CONTEXTUALIZADA

CRUCIFICANDO JESUS OUTRA VEZ

E era a parasceve pascal, cerca da hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei. Eles, porém, clamavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César! Então, Pilatos o entregou para ser crucificado. Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico, onde o crucificaram e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. Pilatos escreveu também um título e o colocou no cimo da cruz; o que estava escrito era: JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos judeus leram este título, porque o lugar em que Jesus fora crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego. Os principais sacerdotes diziam a Pilatos: Não escrevas: Rei dos judeus, e sim que ele disse: Sou o rei dos judeus. (João 19:14-21)

Sabe quando nós crucificamos a Jesus? Quando dizemos “Não temos rei, senão César!” Na hora em que Cristo deixa de ser rei, e juramos fidelidade aos reis deste mundo, nesse instante matamos até o Filho de Deus. Eis o perigo da idolatria política e ideológica.

A multidão que pediu a cabeça de Jesus em Jerusalém acreditou em uma “teoria da conspiração” forjada pelos sacerdotes e fariseus pra matar a Jesus. Em João fica claro que eles estavam mais preocupados em serem fiéis a Roma do que a Deus. Temiam que os romanos tomassem seu país.

Cristo está sendo morto hoje, por idólatras políticos e ideológicos de direita, esquerda, centro...de todos os lados. Morto por teorias conspiratórias, pela manipulação das massas, pelo medo de líderes religiosos perderem seu “país” (suas igrejas e influência).

A culpa não é apenas dos líderes, mas do povo também. O povo pediu a morte de um inocente e a soltura de um criminoso conhecido. Hoje, o Brasil faz o mesmo: condena e mata inocentes e livra os maus das consequências de seus atos. Quando César reina, quem o ameaça é que morre.

E nós: quem é o nosso Rei? É Jesus ou algum poderoso “César”?   

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Texto originalmente escrito pelo Pr. Helder Nozima - Igreja Reforma e Carisma.

Publicado sob permissão do autor.

A BÍBLIA PRECISA SER ATUALIZADA? UMA ANÁLISE REVISTA E CORRIGIDA DO ANTIGO DISCURSO

"A Bíblia precisa ser atualizada". Esse discurso é frequente. Recentemente foi trazido novamente à baila após a exposição do pastor Ed Kiwitz, viralizando nas redes sociais. Eu assisti o vídeo. Antes de mais nada, é importante deixar claro que é preciso entender o que o pastor expôs. Ele não falou da atualização textual, mas sim da atualização exegética e hermenêutica, ou seja, da interpretação e aplicação do texto bíblico no cotidiano. Ele foi infeliz na escolha das palavras e em algumas interpretações que fez para exemplificar,  mas tem razão no cerne de sua tese: há muita barbárie sendo cometida "em nome de Deus", "com base na Bíblia", mas sem base bíblica alguma. Tudo por conta de uma interpretação que faz com que a Bíblia fale o que os autores originais nunca, em momento algum, tencionaram dizer. Os tristes exemplos de que o ensino dele é correto são notórios. Aqui, pretendo mostrar os pontos de concordância e acerto de sua parte.

Eu tenho aqui nesse blog procurado ensinar que a Bíblia se interpreta pela própria Bíblia, regra hermenêutica oriunda da Reforma Protestante. Ela é suficente em si mesma e inerrante. Além disso, a interpretação bíblica tem em Cristo Jesus a chave hermenêutica, isto é, toda a interpretação e aplicação das Escrituras deve ser com base em Cristo, a Palavra Eterna. Ele mesmo nos deixou esse exemplo: "ouviste o que foi dito aos antigos"..."eu, porém, vos digo".  

Note que não estamos aqui falando em mudar o texto, nem inserindo nada nele nem subtraindo nada. O próprio Jesus nos ensinou que suas palavras são eternas: "Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão" (Mt 24:35). Mas sim estamos falando sobre interpretar, que é tomar o texto e extrair dele lições e regramentos para a fé cristã. Por conta de erros de interpretação há uma série de males sendo causados às pessoas individualmente e à Igreja coletivamente "com base na Bíblia". Por exemplo, a distorção da função da liderança cristã - centrada em Moisés, para o povo judeu, num contexto do Antigo Testamento - e não em Jesus ou nos apóstolos, no contexto do Novo Testamento o qual é (ou deveria ser) o vigente para os cristãos (veja mais em: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2019/02/os-rudimentos-do-mundo-e-graca-de-deus.html. Veja também: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2017/04/dominando-ou-sendo-exemplo-apascentando.html). 

Enfatizo um ponto importantíssimo: JESUS É A CHAVE HERMENÊUTICA DA BÍBLIA. Note que, portanto, não faz sentido algum aplicar textualmente muito do Antigo Testamento para a vida dos cristãos hoje. Tem sentido mandar os cristãos fazerem os sacrifícios ordenados ao povo de Israel no deserto, por exemplo? Tem sentido exigirmos que os crentes façam a circuncisão de seus prepúcios para serem aceitos por Deus? Tem sentido aplicarmos textualmente as regras relativas à impureza de homens e mulheres, estabelecidas em Levítico 15, aos cristãos? A mulher cristã, por exemplo, em seu período menstrual, não pode participar da santa ceia do Senhor? Quem comer camarão ou arroz com polvo ou leitão a pururuca está excluído do culto?

Mas pastor Ricardo, a Bíblia não diz que "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra"? Sim, com certeza! Toda Escritura é inspirada e útil, não é esse o ponto. O Antigo Testamento e o Novo Testamento são Escrituras inspiradas e úteis. No entanto, é preciso saber usar! Um martelo, por exemplo, é uma ferramenta útil, porém não tem utilidade alguma para parafusar. O martelo não perdeu sua característica de ser útil, mas é preciso saber usá-lo de forma a aproveitar corretamente essa utilidade. 

Estamos falando sobre o Antigo Testamento, porque é via de regra uma porção das Escrituras que é muito, mas muito mal entendida e aplicada, sendo usado como justificativa para um sem número de sandices, radicalismos e farisaísmos tanto no passado como no presente. Creio particularmente que há multidões machucadas emocional e espiritualmente com denominações por conta, dentre outros, do mal uso do Antigo Testamento. Mas o próprio Novo Testamento pode ser mal usado também, ainda que em menor intensidade. Sem Jesus, a aplicação literal das Escrituras produzem distorções sem paralelo. Assim é por exemplo a questão da escravidão: há quem diga que ela é correta à luz da epístola a Filemon! Ou mesmo a questão das mulheres na Igreja (uso do véu, "estarem em silêncio", etc.).

Eu concordo com a necessidade de uma atualização hermenêutica e exegética das Escrituras, no sentido de balizarmos a aplicação da Bíblia na vida moderna baseado em Jesus. Daí precisamos ter cuidado com a interpretação do texto, que precisa ser feita à luz de um contexto social, cultural, político e religioso e NUNCA fora desse contexto. Não se trata de relativizar a Palavra de Deus; está é e sempre será absoluta. Mas sim como eu, cidadão do séc. XXI, tomo um texto produzido nos contextos de mais de 5.000 anos antes de Cristo, leio esse texto, entendo-o e aplico-o em minha vida e na vida de outras pessoas. 

Vale dizer que a maneira como a Bíblia foi interpretada variou ao longo da história do cristianismo. Os pais apostólicos e apologistas, dentre eles Clemente de Roma, Inácio e Policarpo, sustentavam que na interpretação das Escrituras, ambos os Testamentos, Antigo e Novo, uniam-se em torno de Cristo, o centro. Logo, a interpretação bíblica era essencialmente cristológica. Por sua vez, Orígenes seguia a escola alexandrina de interpretação, que era alegórica (o contexto histórico fica em segundo plano em relação ao "sentido espiritual"). Teófilo já era adepto da escola de Antioquia, centrado na interpretação histórica da Bíblia, de viés literal (método histórico-gramatical, muito usado na Reforma). Na Idade Média, o método de interpretação baseava-se em quatro vertentes - literal (ou histórico), alegórico (ou espiritual), tropológico (ou moral) e anagógico (ou futuro, aquilo que se deve esperar). 

O pastor Ed cita a questão da submissão das mulheres aos maridos para apoiar sua tese. Eu discordo da aplicação que ele fez. Esse texto bíblico é bem interessante e vale a pena explorar um pouco mais aqui, para exemplificar a necessidade de interpretação em e por Cristo.   

Perceba que ao afirmar a submissão da esposa em relação ao seu marido, em Efésios capítulo 5, Paulo interpretou o ensino do Antigo Testamento à luz... de Cristo! Ele diz: "As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido. Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama". 

Sejam submissas... como ao Senhor! Maridos, amai vossa mulher... como Cristo amou a Igreja! Essa submissão e esse amor, no relacionamento conjugal no âmbito do casamento, tem com base o Senhor Jesus, o exemplo para ambas as partes (e não no contexto socio-cultural do Antigo Testamento)! 

Observe que 4 vezes é repetida a frase “ame a sua mulher”. Este é o principal mandato de Deus aos maridos. Ser cabeça da esposa é uma grande responsabilidade. O propósito desta função não é para que o homem abuse de sua posição para ter alguma vantagem ou algum benefício pessoal, ou mesmo seja bruto ou violento ou opressor em relação à sua esposa. Deus fez do homem o cabeça para que este, usando bem sua responsabilidade, busque sempre o bem-estar integral de sua mulher!  “Se entregou a si mesmo por ela”. O verdadeiro amor se entrega, se nega a si mesmo e se sacrifica pelo bem da pessoa amada. O marido “machista” crê que ele está para ser servido. O marido cristão é o primeiro a servir, em se esforçar e dar sua vida para o bem de sua amada esposa; viver para ela, e não para ele mesmo, assim como Cristo não morreu por si mesmo, em seu próprio benefício, mas sim pela Igreja! Amor, na Bíblia, é um conceito mais profundo que esse conceito laissez-faire moderno. Conforme o texto de I Coríntios 13, o amor que o marido deve ter por sua esposa envolve:

1. Ser sofredor (do grego “makrothumeo”): “ter um ânimo longo, não desanimar… ser paciente em suportar as ofensas e insultos dos outros; ser lento e tardio em vingar-se… tardio para enfurecer-se”.
2.  Ser benigno (do grego “chresteuotai”): “tem boa vontade para com alguém”.
3.  Não ser invejoso (do grego “zeloi”): “arder em zelo, estar cheio ou ferver de ciúme, ódio, raiva; empenhar-se por alguém (para que não seja arrancado de mim); enciumar; arder em ciúmes.”
4.  Não se vangloriar (do grego “perpereuetai”): “contar vantagem”, “arrogante”, “desdenhoso”.
5.  Não se ensoberbecer (do grego “phusioutai”): “estar inflado por sua própria importância”, “encher-se”, “ficar inchado ou arrogante”, “estar inflado com orgulho e presunção”.
6.  Não se portar inconveniente (do grego “ouk aschemonei”): “indecoroso”, “vergonhoso”, “impróprio”, “rude”, “grosseiro”, “de modo sujo”. 
7.  Não buscar seus próprios interesses (gr. “ou zetei ta heautes”): literalmente “as coisas de si mesmo”.
8.  Não se irritar (do grego “paroxunetai”):  “azedo”, “áspero”, “carrancudo”, “amargurado”.
9.  Não suspeitar mal (do grego “logidzetai tou kakon”): “imputar erro”, “considerar equivalente (como tendo a mesma força e peso) ao mal”, “julgar mal”.
10.  Não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade. “Não regozijar com as faltas e falhas do outro, mas alegrar-se com os acertos”. 
11.  Tudo sofrer, tudo crer, tudo esperar, tudo suportar.     
    

Maridos violentos, grosseiros, mal educados, mandões, machistas, adúlteros, exploradores, dentre outros, estão completamente fora do que Paulo nos ensina sobre a relação do esposo relativamente à sua esposa. Nem mesmo o sexo conjugal é para ser feito de qualquer maneira: deve ser feito com carinho e respeito pela esposa, sem força-la a nada - de novo, de forma espontânea e voluntária. Usar esse texto paulino, bem como o texto de I Coríntios 7 como justificativa para por exemplo violentar sexualmente a esposa é blasfemar de Deus Todo-Poderoso, além do ato em si ser um crime hediondo! 

Já para as esposas, relativamente aos seus maridos, Paulo nos fala que elas devem ser submissas àqueles. Submissão vem do hipotasso, que significa “disposição para aceitar um estado de dependência; docilidade; ato ou efeito de submeter-se a uma autoridade”. Esse termo bíblico é composto por duas palavras, hipo (“debaixo”) e tasso (“acordo”), o termo significa literalmente "estar debaixo de um acordo", ou estar de acordo com, dando idéia de algo voluntário. A submissão da esposa implica uma atitude de humildade e de unidade com o marido. A mulher deve se sujeitar a seu marido, fazendo-se um com ele, sentindo o mesmo, tendo o mesmo propósito, o mesmo objetivo. Como a mulher deve submeter-se? Como ela faz para com o Senhor! Ou seja, submissão em amor! O amor que faz com que os maridos se sacrifiquem, se necessário for, por suas esposas é o mesmo amor que faz com que as esposas aceitem voluntariamente ser submissas aos seus esposos. Isso implica, dentre outros, em honrar o marido  não fazendo críticas abertas ou veladas, nem expor falhas ou defeitos dele para outrem (inclui filhos, parentes, irmãos da Igreja, etc.), não depreciando-o ou ridicularizando-o. Implica em não ser causadora de confusões (alvoroçadora – Pv 9.13), não fazendo chover dentro de casa à-toa – rixosa (Pv 19.13; 27.15; 21.9,19). Implica em não ser não ser dominadora – a mulher dominadora da família sujeita seu esposo e seus filhos a influência de espírito matriarcal, produzindo gerações de homens dominados/passivos e gerações de mulheres dominadoras. E assim por diante. 

Note: a submissão não implica, em momento nenhum, que a mulher deve se inferiorizar em relação ao seu esposo. Ela não é menos que ele, nem mais que ele. Juntos, esposa e esposo formam uma unidade que deve ser indissolúvel, a não ser pela morte. A mulher foi feita por Deus para ser a ajudadora idônea do marido (Gn 2.18).  Idoneidade significa que ela “tem condições para desempenhar certos cargos ou realizar certas obras”.

É interessantíssimo notar que conforme o relato de Gênesis, Adão, exausto pelo trabalho, sentiu falta de alguém que pudesse ajudá-lo, que pudesse dividir com ele as cargas diárias (Gn 2.19,20). Deus então cria a mulher... do homem! A mulher foi tirada do homem e é assim parte do homem! A mulher foi formada da mesma carne que Adão para que houvesse identificação mútua, amor/respeito (Ef 5.29) e complementariedade. Só se complementa o que é incompleto (Gn 2.21-24)! Assim, como ajudadora idônea, a mulher emprega toda a sua capacidade no casamento, para enriquecimento emocional, espiritual, cultural e material de toda a família! Essa idoneidade manifesta-se maravilhosamente no mundo: não há nenhuma barreira emocional ou intelectual que impeça que as mulheres exerçam na sociedade as mesmas funções que foram exclusivamente exercidas pelos homens no passado! Médicas, engenheiras, líderes, deputadas, CEO... até Presidente da República, nada é "inalcançável" para uma mulher por ser mulher! E isso foi assim planejado por Deus! Um relacionamento marital onde o marido ama sua esposa e a esposa se submete ao seu esposo, tal como a Bíblia ensina e como brevemente expus nessas poucas linhas, é uma verdadeira bênção para o casal e para a família! Perceba contudo que esse entendimento só é possível e a prática viável EM CRISTO! Fora do Senhor, sem Ele, nada podemos fazer, nem ao menos aplicarmos a Bíblia na nossa edificação e na de nossos ouvintes!

Concluindo, a Bíblia não precisa, num precisou e nunca precisará de atualização textual. Quando muito, uma atualização linguística do vernáculo utilizado na tradução (português, inglês, alemão, espanhol, etc.), uma vez que a língua moderna evolui com o tempo. A Bíblia não precisa ser editada, acrescentada ou substituída; no entanto, a leitura literal da Bíblia é insuficiente e errônea. A interpretação e aplicação da Bíblia, dentro das regras da Exegese, precisam urgentemente serem atualizadas! E a forma de fazer isso é "em Cristo", a chave de toda hermenêutica cristã!  

O Senhor te abençoe e te guarde, querido(a) leitor(a)!

Graça e paz!

O QUE FAZER QUANDO AS FONTES DO CORAÇÃO FICAM ENTULHADAS?

"E semeou Isaque naquela mesma terra, e colheu naquele mesmo ano cem medidas, porque o Senhor o abençoava. E engrandeceu-se o homem, e ia enriquecendo-se, até que se tornou mui poderoso. E tinha possessão de ovelhas, e possessão de vacas, e muita gente de serviço, de maneira que os filisteus o invejavam. E todos os poços, que os servos de seu pai tinham cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e encheram de terra. Disse também Abimeleque a Isaque: Aparta-te de nós; porque muito mais poderoso te tens feito do que nós. Então Isaque partiu dali e fez o seu acampamento no vale de Gerar, e habitou lá. E tornou Isaque e cavou os poços de água que cavaram nos dias de Abraão seu pai, e que os filisteus entulharam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai. Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um poço de águas vivas. E os pastores de Gerar porfiaram com os pastores de Isaque, dizendo: Esta água é nossa. Por isso chamou aquele poço Eseque, porque contenderam com ele. Então cavaram outro poço, e também porfiaram sobre ele; por isso chamou-o Sitna. E partiu dali, e cavou outro poço, e não porfiaram sobre ele; por isso chamou-o Reobote, e disse: Porque agora nos alargou o Senhor, e crescemos nesta terra." (Gênesis 26:12-22)

Um poço é um reservatório de água cavado na terra a fim de atingir um lençol aqüífero. Onde há um poço onde há água, há com toda certeza um depósito de água subterrâneo, um lençol freático, formado há centenas ou milhares de anos antes, resultado de uma série de processos hídricos e geológicos. Esses lençóis estão espalhados pelo globo; no Brasil, temos por exemplo o Aqüífero São Paulo, com espessura média de 100m, mas atingindo, em algumas áreas, até 250m (https://cetesb.sp.gov.br/aguas-subterraneas/programa-de-monitoramento/consulta-por-aquiferos-monitorados/sao-paulo/). Outro exemplo, em Itaipuaçu/Maricá, Rio de Janeiro, aponta para uma formação há 7.000-5.000 anos (https://www.scielo.br/pdf/rbg/v21n2/a05v21n2.pdf).

Aqui, nesse texto, vemos que os filisteus entulharam, por inveja do amor e das bênçãos de Deus, todos os poços que Isaque possuía. Com isso, Isaque não podia tirar água para si, para seus servos e para seu gado. A inveja tem alto poder destrutivo: quem sofre inveja é alvo de ódio contínuo por aquilo que possui, por aquilo que faz e até por aquilo que é. Um homem ou mulher abençoado por Deus é alvo de muita inveja. Citando meu próprio exemplo, fui inúmeras vezes alvo da inveja de pessoas. Até mesmo dentro da própria denominação dita "evangélica" da qual participei numa determinada época. Chegou ao ponto de ouvir claramente, a alto e bom som, do dito "pastor", que ele me invejava por aquilo que eu tinha e por aquilo que eu era, conforme a concessão e bênção de Deus ao longo da minha vida até então. Como não podia ser diferente, a história culminou em traição, difamação e saída minha da denominação. Eu não poderia me maravilhar disso, já que inúmeras vezes ele demonstrou inveja de pastores e denominações "bem sucedidas" (com mais pessoas e maior poder financeiro), segundo ele mesmo dizia, cheio de amargura até com o próprio Deus (afinal, ele se julgava muito melhor e muito mais digno da posição do que eles).

O que precisamos entender é que o inimigo nos odeia com ódio mortal, porquanto ele sabe que Deus nos ama. Assim, ele faz tudo o que está a seu alcance, segundo a permissão de Deus, para nos matar, roubar e destruir. Um dos ataques que ele costuma fazer é contra os nossos poços de água. Para isso, ele usa pessoas a quem ele encontra uma pré-disposição - pessoas orgulhosas e invejosas - contra nós. Há, infelizmente, aqueles que são incapazes de se alegrarem com aquilo que Deus faz na vida e pela vida dos outros, se sentindo menosprezados e injustiçados por Deus. No fundo, são pessoas que levam a vida de tristeza em tristeza e de decepção em decepção, sempre descontentes e inconformadas com Deus e com aquilo que Deus tem feito em suas vidas. Devemos ter pena de gente assim e orar para que o Senhor as transforme. 

Todos nós temos um poço de onde tiramos água. O nosso poço é o nosso coração, de onde saem as fontes da vida (Pv 4.23). Observe que o coração possui mais de uma “fonte de vida”, de onde tiramos fé, contentamento/satisfação, onde planejamos cada passo que vamos dar. Nosso coração carrega nossos desejos, motivações e propósitos mais íntimos. É a partir dele que planejamos cada alvo e meta de vida e cada passo em direção a esse alvo e meta; é o centro vital, de nossa força motivadora, que nos capacita a darmos os passos necessários para atingir o que buscamos e ansiamos. É, por exemplo, a partir dessa força que planejamos abrir um negócio (um empreendimento) e então damos os passos necessários, todos os dias, até a abertura do mesmo; ou para cursar uma faculdade; para crescer profissionalmente ou mesmo para construir uma família feliz. Cada meta traz inúmeras dificuldades que só são superadas mediante esforços pessoais, sob a bênção de Deus; essa força interior tem origem no coração. Observe o exemplo de Josué, servo de Moisés: Seu senhor havia morrido e agora ele, Josué, é quem deveria fazer o povo de Israel herdar a Terra da Promessa. No entanto, precisou ser motivado: 

E sucedeu depois da morte de Moisés, servo do SENHOR, que o SENHOR falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo: Moisés, meu servo, é morto; levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés. Desde o deserto e do Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar para o poente do sol, será o vosso termo. Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo; não te deixarei nem te desampararei.
Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria. Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas por onde quer que andares. Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido. Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares. (Josué 1:1-9)

Perceba o que Deus está fazendo: por três vezes Ele mandou que Josué tivesse bom ânimo. O Senhor estava motivando Josué para que ele desse continuidade a obra que Deus havia determinado para Moisés fazer. Ânimo é determinação, é coragem, é a disposição mental favorável em relação a alguma coisa ou a algo. É força de vontade. É motivação, estar motivado a fazer uma atividade. Josué havia perdido seu senhor, a quem amava; o líder a quem Deus havia escolhido, que havia feito muitos sinais e prodígios por meio dele. Era natural que ele se sentisse desmotivado, sem forças ou mesmo sem coragem para seguir em frente. Daí o próprio Deus falara com Josué, enchendo novamente seu coração com a energia vital necessária para que ele pudesse ser, agora, o instrumento de Deus no lugar de Moisés. 

Esse bom ânimo é fundamental, ainda mais quando é gerado pela Palavra do Senhor. No Evangelho de João, vemos os discípulos que haviam sofrido o duro golpe da perda de Jesus, morto e sepultado, fazendo aquilo que eles mais sabiam fazer: pescando. Jesus já havia aparecido aos seus discípulos, com exceção de Pedro (Mc 16.7).  O ato de Pedro, que até então não havia visto o Senhor ressuscitado, ir pescar nessas circunstâncias é sintomático: é como se houvesse uma voz no interior dele dizendo "Meu Senhor morreu e com Ele morreu toda a minha esperança. Eu o traí e o neguei e Ele me rejeitou, apareceu aos outros e a mim não. Vou retomar o meu trabalho antigo, que é o que sei e posso fazer por mim mesmo, porque não há mais nada para mim além disso". Note que eles já haviam visto o Senhor ressuscitado. Para Pedro, sua traição havia posto um ponto final em seu relacionamento com o seu Senhor, a quem Pedro amava. Ele teve medo e por isso negou o seu amado Senhor por três vezes, como Ele havia predito; em seu coração, isso trouxe a decepção e rejeição do Senhor sobre ele. Note, contudo, que o Senhor Jesus não pensava assim! Creio que o próprio Senhor os impediu de pescarem alguma coisa naquela noite, porque tencionava o Senhor em pescar Pedro de volta, em trazer o Seu querido e amado discípulo para junto de Si novamente! E o plano do Senhor tem bom êxito: "Amigos, pescaram alguma coisa?" "Não" "Lancem então a rede do outro lado do barco e vocês pegarão muitos!" Após a pesca maravilhosa, Pedro, vendo que era o Senhor, pulou no mar e foi até Ele! Quando chegaram, já havia comida preparada, pelo Senhor, para eles. Na sequência, o Senhor dirige-se a Pedro e o traz de volta para Si mesmo!

Tanto Josué quanto Pedro estavam com seus poços entulhados. Estavam com os seus corações cheio de entulho e, assim, incapazes de tirarem água para si mesmos e para outros ao seu redor.  Esses entulhos que o inimigo lança no nosso coração são todas aquelas coisas que impedem o fluir da vida em nós: falta de perdão, a cobiça desenfreada, o orgulho, o racionalismo e a incredulidade, o suspeitar mal, a justiça própria, o mundanismo, a inveja, os escândalos, as decepções e frustrações, as traições, as culpas... há muito tipo de entulho, que pode encher o nosso coração e impedir a continuidade da nossa história. 

Quando o inimigo consegue entulhar o nosso coração, perdemos aquilo que é vida. Há uma mudança de espírito. Tudo então em que estamos envolvidos, tudo o que fazemos, perde em qualidade. A ALMA FICA SECA e, com isso, relacionamentos perdem em amor, perdem em carinho, em compreensão. Ficamos mais intolerantes, mais impacientes, menos compreensivos. Surgem discussões, brigas, confusões. A ruptura do relacionamento passa a ser cogitada – e às vezes desejada! Estudo, trabalho, lazer... tudo fica prejudicado, tudo perde o brilho, quando a fonte está entulhada. Quando o poço está entulhado, até nossa relação com com o Senhor fica prejudicada: nos sentimos como Pedro, excluídos e rejeitados por Deus.

O QUE PODEMOS FAZER QUANDO AS FONTES FICAM ENTULHADAS? 

Quando as fontes ficam cheias de entulho, não adianta abandonar a situação ou mesmo negá-la. O problema é interior e não exterior; é sempre do interior que surgem todos os nossos problemas. O que precisa ser feito é desentulhar as fontes. 

Para desentulhar a fonte, primeiro você precisa reconhecer que ela está entulhada. Basta olhar para sua vida, para seus sentimentos em relação a alguém ou alguma coisa que você poderá dizer se há entulho ou não. Se a alma está seca, sem alegria ou motivação, então isso é um sinal de que há entulho que precisa ser removido. A SECURA DA ALMA É SINAL QUE ESTÁ FALTANDO ÁGUA.

Em segundo lugar, você deve identificar o entulho. Cada tipo de entulho é removido de uma maneira diferente. Para isso, pergunte-se a si mesmo: qual é  esse entulho que está me impedindo de ter vida? Se por exemplo seus hábitos de consumo estão trazendo sequidão a sua vida, o entulho é a cobiça desenfreada. Se por exemplo sua sequidão é devido à ressentimentos com alguém, seu entulho é a falta de perdão. Se, ao contrário, você se sente excluído pelo Senhor, o entulho pode ser a culpa. A decepção também é um entulho muito comum, de efeito paralisante nos relacionamentos. Peça ao Senhor que lhe ajude a discernir o tipo de entulho que está no seu coração.

Desentulhar a fonte é um trabalho árduo. Há muita areia, pedra, restos de plantas, madeira, etc. que precisam ser removidos, um a um. Muitas vezes o acesso é difícil porque o poço é estreito; assim, para remover entulhos que ficam muito no fundo do poço, onde é muito mais escuro, só dá para descer uma única pessoa. Quando começamos a remover o entulho do nosso coração, no princípio é fácil porque o entulho está superficial, em cima. Mas a medida que tiramos os entulhos, vai ficando cada vez mais difícil esse processo porque o entulho fica mais no fundo (é mais profundo) e quanto mais descemos no poço, mais escuro fica. HÁ ENTULHOS QUE PODEM ESTAR HÁ ANOS OBSTRUINDO A NOSSA VIDA! Há marcas que carregamos por toda a nossa história de vida. Para remover esse tipo de entulho, mais profundo, precisamos de ajuda. Precisamos que alguém que conheça bem o poço possa iluminá-lo o suficiente para que possamos tirar o entulho. PRECISAMOS DO ESPÍRITO DE DEUS, SONDANDO NOSSO INTERIOR. Só o Espírito Santo conhece as profundezas do coração humano (I Co 2.10). Só Ele pode iluminar as profundezas do nosso coração, revelando entulhos até então ocultos aos nossos olhos. 

Em terceiro lugar, você deve efetivamente remover o entulho que está obstruindo a fonte de vida específica. Isso pode significar se quebrantar diante de alguém com quem temos ressentimento e reconciliar-se com ela. Pode significar pedir perdão a quem de direito. Pode significar confessar para alguém (ou para a Igreja) seu pecado e se submeter a essa pessoa/igreja (ficando assim livre). Pode significar abrir mão de algo em sua vida. Cada caso é um caso, mas sempre você terá que ser totalmente sincero e transparente e tomar a atitude necessária. O Senhor o fortalecerá para agir, mas você é quem precisará tomar as ações que se fizerem necessárias.

Por fim, lembre-se que cada poço tem um nome que lhe foi atribuído. O coração é um só, mas as fontes dele são muitas. Isaque, após desentulhar os poços, lhes deu os mesmos nomes que já seu pai lhes havia posto. Cada poço tem uma história. Cada poço tem importância. É preciso que todos estejam limpos, para que as águas brotem no fundo e possam ser assim retiradas por você. A melhor maneira de manter os poços limpos é fazer de Deus a Fonte das fontes - a fonte suprema (Sl 87.7)! Jesus disse: “Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida” (Ap 21.6). 

Graça e paz!

Mensagem pregada dia 18/02/2018. Com atualizações. 

QUANDO O VENTO DO ESPÍRITO DE DEUS LEVANTA A SAIA NÃO ADIANTA SEGURAR

Tudo isso por causa da grande prostituição da bela e encantadora meretriz, da mestra de feitiçarias, que vendia os povos com a sua prostituição e as gentes, com as suas feitiçarias. Eis que eu estou contra ti, diz o SENHOR dos Exércitos; levantarei as abas de tua saia sobre o teu rosto, e mostrarei às nações a tua nudez, e aos reinos, as tuas vergonhas. Lançarei sobre ti imundícias, tratar-te-ei com desprezo e te porei por espetáculo. Há de ser que todos os que te virem fugirão de ti e dirão: Nínive está destruída; quem terá compaixão dela? De onde buscarei os que te consolem? (Naum 3:4-7)

Essa profecia, registrada no Livro de Naum, refere-se ao fracasso moral de Nínive e a justa sentença de Deus sobre esta cidade pecadora. Naum registra com palavras vivas o peso do coração de Deus, no sentido do juízo a ser derramado contra aquela que é comparada a uma prostituta. Aquela cidade que havia se arrependido nos dias do profeta Jonas estava agora pronta para o juízo, por sua crueldade e cupidez, por ter sido cruel na guerra e gananciosa em acumular riquezas desonestamente.  

Naum se refere a multidão dos pecados daquela cidade. Não foram poucos, portanto. Não foram alguns, isolados e esporádicos. Não, foram muitos! Na idolatria e superstição de Nínive, onde os falsos deuses eram cultuados por meio da prostituição sacerdotal, o profeta encontra a causa de sua destruição. A perversão do instinto religioso é freqüentemente denunciada sob a mesma figura nas Escrituras. De acordo com Herodes, i. 199, a adoração babilônica de Beltis ou Mylitta, cultuada em Nínive, estava ligada a um sistema de prostituição feminina, considerada “a mais vergonhosa” até mesmo pelo historiador pagão.

Nínive é chamada de meretriz favorecida, porque, por seu exemplo e influência, ela atraiu povos de outros lugares para praticar as mesmas idolatrias e vícios de que era culpada. O profeta aqui pinta suas irregularidades, sua idolatria e corrupção, sob a ideia de uma prostituta seduzindo os homens a cometerem obscenidades. Ela "vendia os povos com a sua prostituição", isto é, tornava-os fracos e indefesos diante dos seus inimigos.  

Todas as nações ou pessoas pecadoras estendem a outros a infecção de seus próprios pecados. Mas, principalmente, o "mundo ímpio", multifacetado com sua "beleza aos olhos daqueles que não pensam ou pesam quão mais belo é o Senhor e Criador de todos", espalha suas seduções por todos os lados, "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e o orgulho da vida", "suas pompas e vaidades", felicidade e glória e majestade mundanas, comodidade e abundância, enganando e vendendo humanidade ao poder de Satanás.

Nínive foi uma cidade que Deus amava. Deus havia enviado Jonas até ela, para pregar a fim de que se arrependessem. Jonas parou na barriga de um peixe porque não quis ir, sendo vomitado na praia da cidade. Ele pregou, a cidade toda se arrependeu. Mas agora, por alguma razão, a cidade havia esquecido-se de Deus; havia esquecido-se dos dias de Jonas e de sua mensagem, retornando ao mais profundo poço de pecado possível. Seu pecado era ainda maior, pois era utilizado para enredar outras nações, de forma que Nínive aumentava seu poderio político, econômico e religioso. Aquela que um dia foi exemplo de arrependimento e conversão, agora era um exemplo de malícia e crueldade. 

No juízo de Deus contra Nínive, o profeta anuncia que toda a verdadeira condição daquele povo seria exposta, de forma patente e clara, para as demais nações. Iria, assim, expor suas fraudes e opressões de forma muito visível. Deus, usando Naum, diz sobre Nínive: "levantarei as abas de tua saia sobre o teu rosto, e mostrarei às nações a tua nudez, e aos reinos, as tuas vergonhas".  Deus iria desnudar a impureza interior, expondo-a  a vergonha, aquilo que eles procuravam esconder. "Vou levantar tuas saias", i. e., as vestes esvoaçantes que faziam parte de sua pompa e dignidade, mas que eram apenas o véu de seus erros. A consciência de tua impureza seria exposta diante de sua face, teus olhos, sua memória continuamente. "Mostrarei às nações a tua nudez", para que todos possam desprezar, evitar, dar o exemplo de ti e louvar a Deus por Seus justos juízos sobre ti.   

Saia levantada, mostrando suas partes mais íntimas. Aquilo que não deveria ser visto publicamente. Nínive não ia "pagar calcinha", como diz o ditado moderno; ia mesmo ficar toda exposta, para que todos a vissem. Ela seria despojada de toda a sua glória pela vergonha de sua nudez. Eles seriam tratados com desprezo e postos como espetáculo público.

Assim, vemos um exemplo muito claro, no Antigo Testamento, de uma das formas que Deus usa para trazer juízo: exposição pública de toda a malignidade e sujidade do pecado, desprezo (de Deus e dos homens) e ser posto como espetaculoso, escandaloso, aos olhos humanos. Remoção de toda a máscara, de toda a falsidade, de toda a mentira e hipocrisia. 

Quando olhamos para hoje, ano de 2020, podemos reconhecer Deus fazendo o mesmo, exercendo seu juízo do mesmo modo. Hoje, as denominações religiosas ditas cristãs estão desnudas diante do mundo. Estão completamente nuas, mostrando todas as suas vergonhas, causando repulsa e asco a quem os vê. 

O que vemos? Vemos as denominações religiosas, ditas cristãs. Vemos aquelas que dizem ser de Deus, que dizem combater o diabo, que dizem pregar o Evangelho de Cristo e serem agentes de libertação e transformação de vidas. Que se autoproclamam agências do Reino de Deus, porta-vozes da palavra profética, herdeiras do Altíssimo. Que tem a Bíblia, a qual confessam ser a Palavra de Deus. Denominações que por anos a fio vem dominando a mídia, vem ajuntando em suas contas bancárias os tesouros deste mundo e arrebanhando fiéis para si mesma. Denominações de poderio econômico e religioso, que a fim de expandir ainda mais seu poder aproximaram-se da política. Denominações fortes e poderosas elas são, de nomes pomposos e altivos; quem olha para elas, dirá que são abençoadas e prósperas. Mas veja o que Deus está fazendo: Deus está levantando a saia delas! Nunca, em tantos anos, as denominações tiveram suas vergonhas tão expostas à opinião pública como nesses últimos anos! Basta abrir o jornal de notícias, ou entrar numa rede social, que as vergonhas estão ali para quem quiser ver: são casos e mais casos de estupro cometidos por líderes denominacionais, adultério, fornicação, desvio de dinheiro público, preconceito, politicagem, roubo, depredação de patrimônio particular, preconceito, perseguição, coronelismo, exploração, tráfico de influência, etc. Além de praticar, ainda há aqueles que justificam seus atos na Bíblia ou aqueles que dela fazem uso para atacar os inocentes, como no caso da menina de 10 anos que foi estuprada desde os 6 anos, no estado do Espírito Santo, perseguida por religiosos por conta da necessidade do aborto do feto concebido pelo estupro. Quem teve acesso ás redes sociais de religiosos como eu, com certeza viu (e se bobear ainda vê) muita gente atribuir malícia a essa pobre criança! 

A lista é imensa! Diante disso, multidões inconformadas com o status quo saem todos os dias - ou por vontade própria ou expulsas - desses centros religiosos. Há aqueles que tristemente resolvem até tirar a própria vida, tamanha a decepção e dor interior que experimentam. O fato é que Deus está aplicando sobre a nação e sobre as denominações religiosas o mesmo que aplicou em Nínive: levantando a saia até a cabeça, expondo assim toda a nudez e toda a vergonha! Particularmente às denominações religiosas, tratadas ainda com desprezo por Deus! Sim, Deus as despreza! Como Ele faz isso? Não permitindo nem uma micro-gota do Seu poder sobrenatural no meio delas! Mentira? Onde estão aqueles que foram curados de forma clara e inquestionável de coronavírus pelo toque sobrenatural de Deus? Onde está a influência sobrenatural de Deus na sociedade, transformando-a pelo arrependimento e convicção de pecado, como Ele fez sentir nos dias de John Wesley e Charles Finey? E os paralíticos, os cegos, os mudos e os deficientes mentais, são eles curados por Deus nos cultos e reuniões denominacionais? O fato é que Deus deixou as denominações à própria sorte! Clamam, mas Ele não ouve; pregam, mas Ele não corrobora a mensagem com o Seu poder, tal como era nos dias de Paulo. As denominações estão postas por espetáculo! Dá até para ouvir o chamado sobrenatural: "Venham todos os habitantes da terra! Venham ver as denominações, aquelas que eram e já não são, venham ver suas vergonhas! Olhem a sua nudez! Vejam-na, observem bem! Vejam toda a sua feiúra, toda a sua sujeira, todo o seu pecado! O fedor do seu pecado subiu diante de Mim, diz o Senhor! Agora vejam o Meu juízo sobre elas!"

As multidões que hoje saem desses lugares são bem-aventuradas, ainda que sejam chamadas de "desigrejados". Elas ouviram, em meio ao caos, a voz de Deus dizendo para saírem! Sim, saírem dessa Babilônia espiritual, que está debaixo de julgamento: "Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos" (Ap 18.4). Sim, toda essa exposição que Deus está fazendo culminará nisso, na queda da Babilônia, conforme predito no Livro de Apocalipse.  

Assim, gostaria de deixar claro que a chance de mudar de vida é agora. Agora é o tempo de pegar outro rumo, de seguir outro caminho. De seguir a Cristo, o Caminho. Não um cristo denominacional, subserviente e injusto, mas Aquele que É, que Era e que Há de vir! Aquele que é Alfa e Ômega, o Princípio e o Fim! Aquele que Judas chama de nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo. O tempo é chegado, querido(a) leitor(a), de romper com esse sistema maligno e entregar-se a Cristo, o Senhor! Esse mundo, com tudo o que nele está, ruirá; será destruído pelo fogo, sem nada dele restar para contar história. Todo esse sistema satânico será exposto, nada ficará oculto. Mais e mais podres aparecerão, porque assim é a Vontade de Deus, que tudo o que esteja oculto venha a ser revelado e tudo que está encoberto venha a ser manifesto. Deus está com Sua luz acesa, iluminando o mundo para que as trevas possam ser reconhecidas e vistas. Mas diante disso tudo, você precisa tomar uma decisão. De que lado você está? Do mundo ou de Deus? 

Arrependa-se e creia no Evangelho, disse Jesus. Ele, Jesus, é a Mensagem, o Evangelho de Deus, o Autor e Consumador da Fé, o Único Caminho para Deus, a Verdade e a Vida. 

Pense nisso!

Graça e Paz! 

 

PAZ SEJA CONVOSCO!

E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. (Lucas 24:36)

Paz! Com certeza aquilo que mais precisamos é a paz. Uma paz que seja duradoura, que seja protetora do nosso coração, servindo como escudo diante das lutas e problemas que enfrentamos todos os dias da nossa vida. Uma paz que permite superar a dúvida, a dor, a angústia, a aflição e a desesperança. Essa paz é tão importante, tão necessária para cada um de nós que a procuramos insistentemente em muitos lugares e de muitas formas.

Há aqueles que buscam essa paz na segurança financeira. Entendem que se tiverem uma boa quantidade de dinheiro e se estiverem cercados de muitas posses e de tudo aquilo que o dinheiro pode comprar terão, então, paz em suas vidas. Mas isso é ilusão, pois a causa da falta de paz não é a falta dinheiro. Ter recursos para viver é importante; sua ausência pode trazer tensões e preocupações, porém ter recursos por si só não trará paz: sempre haverá a necessidade de ter mais e mais recursos, tornando-se em uma obsessão. 

Outra forma de tentar buscar a paz é procurando-a nos prazeres que a vida oferece. Aqui, entende-se que haverá conforto e paz se a vida for de prazer contínuo. Há muitas formas de prazer: a bebida, as festas, as aventuras, as drogas, a comida, o sexo... que podem ser explorados das mais diversas maneiras e situações. O objetivo de vida da pessoa que explora o prazer é buscar estar em lugares e viver situações que lhe proporcionem mais e mais prazer. Para isso, via de regra aplicam seus recursos materiais e sua saúde física "vivendo a vida adoidado(a)". No entanto, isso também não traz paz duradoura; funciona apenas como um "anestésico" para os reais problemas d'alma que a pessoa enfrenta. Por isso, quem busca no prazer a paz para viver achará apenas a necessidade de "aumentar continuamente a dose" do prazer, até destruir a própria vida na busca. 

Paz a partir de posses e de prazer é, assim, ilusão. Veja, por exemplo, a entrevista que Nelson Ned concedeu no programa "Jô Soares Onze e Meia" (SBT) (ver: https://www.youtube.com/watch?v=4puWnb15gz4&t=216s): bebidas, sexo (mulheres belíssimas), drogas (cocaína vinda diretamente do Cartel de Medellín), posses, dinheiro... mas que procurava paz para si nos calmantes. Nada. Outras pessoas contam a mesma história, como a Andressa Urach (ver: https://www.youtube.com/watch?v=tRKURAvyI5w). 

Mas há também aqueles que buscam essa paz na religião. A religião tem muitas coisas que podem servir como esses anestésicos para a falta de paz. Por exemplo, o seguir regras que a religião estabelece pode gerar um falso sentimento de paz. Quem segue regras religiosas é admirado pelos outros seguidores; nas religiões, quem mais segue as regras mais projeção possui. Os cargos religiosos tornam-se, então, "o clímax" da vida religiosa; por isso, os religiosos empregam suas vidas em alcançar e manter esses cargos. Os cargos e o status que eles são entendidos como fontes de paz. No entanto, são vazios. Ao final, seguir regras e ter cargos religiosos não trará paz duradoura. Muitos religiosos vivem em depressão, vivem angustiados e cheios de temor. Todo religioso vive sua vida debaixo de opressão pelo medo de contrariar seus próprios dogmas religiosos e assim ser "menos merecedor". 

Assim é quem procura a paz nessas coisas. Pela parcialidade dos efeitos e exígua duração, muitos são os desistem da busca e tristemente acabam tirando a própria vida.

A verdadeira paz, duradoura, que blinda a nossa vida daquilo que tenta insistentemente em trazer angústia, ansiedade e depressão é a paz de Cristo! A paz que Ele possuía, que possibilitava um estado duradouro de segurança e certeza mesmo diante daqueles que queriam matá-Lo. Essa paz Ele deu aos Seus discípulos: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." (João 14:27) Jesus estava dizendo a eles que a paz, a Sua paz, que ele lhes dava era diferente da paz que o mundo a dá. Por isso, eles não deveriam ficar aflitos, nem com medo. 

No texto de Lucas 24, os discípulos estavam atônitos com o relato da aparição de Jesus ressuscitado aos dois discípulos no caminho de Emaús quando o Senhor aparece no meio deles também e introduz a Si mesmo dizendo “Paz seja convosco!”  Paz foi o bom desejo do Senhor para eles; mais ainda, foi a Sua oração fervorosa! Ele expressou a paz sobre eles expressando a Sua boa vontade, Seu amor, Seu desejo intenso por seu bem supremo. Disse ao apóstolo: "Graça, misericórdia e paz sejam com todos os que amam o Senhor Jesus Cristo". Ele lhes deu graça e misericórdia - Ele agora lhes dá a maior bênção, a paz!

Jesus havia concluído Sua obra terrena, na cruz. Ele disse: “Está consumado!” Desce às regiões inferiores da terra e sobe aos altos céus, levando cativo o cativeiro. Diante do Pai Eterno, no tabernáculo celestial, apresenta Seu próprio sangue no Santo dos Santos (Hb 9.11,12) e nos dá a redenção, a remissão dos pecados (Ef 1.7). Essa é a fonte da nossa paz: A paz com Deus, que vem quando a inimizade que há de nós para com Ele é desfeita e a comunhão é então restabelecida! A união com Deus é paz para nosso interior, trazendo toda a segurança e estabilidade que tanto precisamos!

Talvez você já ouviu alguém dizer "paz do Senhor" para outra pessoa, como um cumprimento. No entanto, a Paz do Senhor não é um mero cumprimento, é mais do que isso. É uma realidade para todos aqueles que são remidos pelo sangue de Cristo.  Paz seja contigo: É a declaração do que Jesus viu e ouviu o Pai falar como resultado de Sua morte. O BRADO DE CRISTO NA CRUZ ADENTROU OS UMBRAIS ETERNOS: ESTÁ CONSUMADO!

Mas qual era a situação em que Jesus disse isso aos seus discípulos? Qual a situação em que Ele lhes disse "paz seja convosco"? Não era uma situação de paz, por certo. Ele, o Senhor, veio quando eles eram indignos de Sua vinda. Covardemente eles o abandonaram! Ninguém esteve com Ele na Sua hora, ninguém lhe deu apoio, ninguém lhe ofereceu consolo ou amor. Aqueles que não O deixavam por sequer um minuto durante mais de 3 anos, aos quais Ele amava, que prometeram até morrer por Ele se fosse preciso, fugiram quando Ele mais precisava, quando esteve sob o poder de Pôncio Pilatos. Com Sua morte na cruz, Seus discípulos estavam trancados, escondidos, com medo de serem os próximos a morrer. Estavam confusos, tristes, sem esperança, sentindo-se culpados pelo que fizeram e estavam fazendo; porém, impotentes.

Olhando para trás sobre o passado, também não merecemos quaisquer visitas de amor do Salvador. Nós somos muito indignos. Na verdade, não temos dignidade alguma, não merecemos nada do Senhor. Eles eram indignos, mas Ele veio meio deles e disse: "Paz". A realidade é que nada que façamos pode fazer com que mereçamos a Presença do Senhor. Orações, jejuns, ofertas, trabalho, regras, cargos, títulos, obras... nada disso traz mérito! A Presença do Senhor, bênção maior, e outras bênçãos, só são concedidas por GRAÇA E MISERICÓRDIA! NÃO HÁ MERITOCRACIA PARA COM DEUS: ELE É DIGNO DE TUDO, NÓS DE COISA NENHUMA; ELE É DONO DE TUDO, NÓS DEVEDORES! 

Se temos alguma coisa, vem Dele. Portanto, cuidado com o orgulho: Somos facilmente enganados pelo nosso coração, achando que somos dignos pelo que fazemos e que temos algo de nós mesmos! Isso é o prenúncio da queda da fé em direção ao reino das trevas! “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda” (Pv 16.18). UM SER MAIOR QUE NÓS TORNOU-SE 100% TREVAS POR CAUSA DESSE PECADO. 

O fato é que Jesus veio quando eles necessitavam muito da sua vinda. Eles entraram num estado desorganizado e desmoralizado como grupo. Eles estavam cada um deles quase prontos para desistir de sua fé. Eles eram néscios e lentos de coração, e eu não sei o que eles poderiam ter feito no dia seguinte, pois aquele que é lento de coração e incrédulo hoje pode virar para algo pior amanhã! ELES PRECISAVAM DELE - ELES O PRECISAVAM E LÁ ESTAVA ELE NO MEIO DELES! 

Nunca ficamos tanto sem a presença de Jesus na nossa vida como na geração atual. Hoje muitos estão empolgados com as coisas desse mundo, mas estão se esquecendo da Pessoa de Cristo. O mundo convulsiona, a Igreja está inerte! Pandemia, crises financeiras, fome, desemprego, violência, insegurança generalizada... O mundo procura um salvador! O mundo elegeu para si salvadores na política, homens que não são Deus e que fazem e nada podem fazer para trazer paz que todos anseiam, mesmo se quisessem! Enquanto isso, a Igreja está como os discípulos, escondida, acanhada, com medo. Apontando para si mesma e seus "remédios paliativos" baseados na psicologia e auto-ajuda, baseado em promessas vazias de paz e prosperidade. Sabe por quê tudo está assim? Porque Alguém está ausente, Alguém está faltando! 

Quando Jesus virá? Quando sentirem que Ele está fazendo falta! Sentir que Nada está completo sem Ele! AS COISAS COMO ESTÃO NÃO ESTÃO BEM, POIS ALGUÉM ESTÁ AUSENTE, ALGUÉM ESTÁ FALTANDO!

Eles estavam todos lamentando a ausência do Mestre. Havia tristeza pela ausência do Mestre! Eles perderam tudo, porque haviam perdido o Senhor! Todos se lembravam Dele, de Suas Palavras, de Seu Amor, de Sua doce companhia. Então Jesus veio e Se pôs no meio Deles!  Quando o Senhor apareceu aos seus discípulos, Ele removeu todas as dúvidas que eles tinham sobre Ele. Ele disse a eles: “Por que estais perturbados? E por que sobem dúvidas ao vosso coração?” Com Jesus, tudo que não fazia sentido passa a fazê-lo. Ele é a Razão Suprema de todas as coisas! Nele, “tudo coopera juntamente para o nosso bem”. Com Ele, “passamos pelas águas e não nos afogamos, pelo fogo, não nos queimamos”.  Na vida, às vezes somos tentados a pensar que Ele se esqueceu de nós! Pensamos que Ele não nos ama. Pensamos que Ele falhou conosco. Pensamentos doentios - e se Ele se fizer presente, o rubor irá envolver as suas bochechas enquanto você dirá: "Eu nunca mais terei tais pensamentos, mas de agora em diante vou dizer, "Embora Ele me mate, ainda acredito nEle". Há uma cura para pensamentos malignos como este – a contemplação do Cristo ressurreto!

O Senhor trará imensa alegria com a Sua presença: Eles ainda não haviam crido que era o Senhor por causa da intensa alegria que sentiam com a presença DEle! Se você os tivesse visto entrar naquela casa, e viu-os sair, você não saberia que eles eram os mesmos homens! No entanto, eles não eram mais ricos, nem mais saudáveis, nem mais favorecidos, mas tinham visto o Senhor, e eles estavam felizes! A partir daquele dia, eles nunca mais foram os mesmos! Viveram suas vidas anunciando às pessoas o Senhor Jesus ressuscitado! Com exceção de João, que morreu de velho, todos os demais morreram martirizados por pregarem e viverem esta verdade; porém, viveram e morreram em paz!
 
Pense Nisso! 
Que o Senhor da Paz te dê a Paz que é Dele!

(BASEADO NO SERMÃO DE CHARLES H. SPURGEON, 02/10/1878. MINISTRADO EM 02/07/2017, COM ADAPTAÇÕES)

UMA PALAVRA SOBRE AS OBRAS DA CARNE EM TEMPOS DO FIM

Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia,
Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.

Gálatas 5:19-21

Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. (Gálatas 5:19-21)

Obras da carne. Assim Paulo chama um conjunto de atitudes que os cristãos devem se absterem de praticar. Por causa de sua origem -  a carne, isto é, a natureza carnal que é oposta à natureza espiritual (I Coríntios 2 e ss) - essas "obras", resultado do trabalho executado, são o oposto do resultado da ação do Espírito, que é gerado no indivíduo por Deus e, por isso, chamado "Fruto". Note que enquanto o termo "obras" é plural, "fruto" é singular, ou seja, as obras da carne são variadas em tipo e quantidade enquanto o "fruto" é único, possuindo múltiplas facetas ou manifestações. 

As obras da carne podem ser classificadas em três tipos de pecados: 

a) pecados ligados ao amor sexual: adultério, fornicação, impureza e lascívia;
b) pecados ligados ao amor espiritual (adoração): idolatria e feitiçaria; 
c) pecados ligados ao amor fraternal: inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas e homicídios;
d) pecados ligados ao amor pessoal (self): bebedices e glutonarias. 

Observe que os pecados (obras) ligados ao amor fraternal aparecem em maior quantidade que os demais. Isso aponta para algo importante: há uma maior preocupação bíblica com a forma que os cristãos tratam o semelhante do que com as demais coisas! Não quer dizer que os demais pecados - como aqueles ligados ao amor espiritual, por exemplo - sejam menos importantes, não é isso que estou afirmando; mas sim que os pecados ligados ao amor fraternal são mais variados e, portanto, foram mais destacados pelo autor apostólico do que os demais. Além da maior predominância, esses pecados que se manifestam no relacionamento interpessoal são mais difíceis de combater e tem maior potencial destrutivo à comunhão espiritual: é muito mais fácil você encontrar num ambiente dito cristão um maior número de pessoas que incorrem em inimizades e invejas do que em feitiçarias, por exemplo!  

Com o esfriamento do amor, previsto por Jesus em Mateus 24, esses pecados se manifestarão cada vez com mais frequência e intensidade. Do ponto de vista humano, cada vez mais difícil será a reconciliação da pessoa consigo mesma e com o próximo. A escalada do egoísmo, manifesto em soberba e orgulho, aliado à necessidade de se manter as aparências, constituir-se-á cada vez mais numa poderosa muralha que impede que o remédio para esses pecados seja ministrado: o arrependimento e o perdão. Como diz Paulo a Timóteo, nos últimos dias os homens seriam "amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus" (2 Timóteo 3:2-4). 

Não pense, caro(a) leitor(a), que esses pecados são somente "coisas de mundanos", "não convertidos". Não! Paulo escreveu aos cristãos que estavam na Galácia, à Igreja Gálata! A exortação aplica-se, portanto, a todos os que se dizem cristãos, que se dizem Igreja de Cristo. Refere-se o apóstolo àquelas atitudes malignas, que existem em abundância no mundo e que são próprias do mundo, sendo praticadas (e algumas vezes até defendidas como "louváveis") por ditos cristãos! Dependendo da situação atual envolvida, podem inclusive referirem-se à mundanização de uma denominação dita cristã, quando a prática vira hábito e modo de viver, quando se torna justificável ocorrer nesses pecados! Vale dizer que isso - a mundanização de grupos ditos cristãos - já é uma realidade muito difundida no meio religioso autoproclamado "evangélico"! Essas abominações (e outras mais) serão cada vez mais frequentes nesse meio, culminando num futuro próximo na manifestação da "mãe de todas as abominações" no lugar santo, a abominação desoladora! 

Toda vez que o grupo autoproclamado "igreja" cede espaço para a prática desses pecados, duas coisas se tornam realidade: esse grupo perde relevância espiritual e torna-se cada mais suscetível à incorporação de outros pecados no seu seio. Ambas as consequências citadas estão aí, como epígrafe na lápide da sepultura de muitos grupos ditos cristãos: são cada vez mais irrelevantes espiritualmente, tendo perdido toda realidade espiritual que um dia tiveram; suas mensagens são sem poder algum, incapazes de transformação de vida e suas orações são sem resposta - veja, por exemplo, quantos aleijados e cancerosos foram curados fisicamente por Deus por meio da oração de alguém! Falam de vitória, que aliás é a temática do momento (só se ouve isso dentro de denominação) quando vivem uma vida de derrota do ponto de vista de Deus, numa realidade semelhante àquela da Igreja de Laodicéia: "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu" (Apocalipse 3:17). Assim, seus cultos de vitória são um deboche diante dos homens e uma afronta diante de Deus, puro marketing ("terra disso, igreja daquilo, povo disso outro, ministério céu de brigadeiro", e assim vai)! Sobre as suscetibilidade ao pecado, basta olhar rapidamente e verá a quantidade de escândalos que estão sendo postados nas redes sociais, na mídia e na boca do povo a todo momento! Como dito, tudo se constitui numa preparação para a aceitação da abominação desoladora, feita pelo "sumo sacerdote ungido dos filhos de deus" que há de se manifestar!  

É muito triste ver a nudez, a cegueira e a pobreza espiritual da Igreja do séc. XXI. Muito discurso sobre Deus, nenhuma evidência da presença real de Deus. Os cristãos se engalfinhando em redes sociais por causa de escórias mundanas, por causa de política, ao invés de se unirem e buscarem ao Senhor. As redes sociais, aliás, estão se tornando a maior evidência das obras da carne pela Igreja! Quando eu era jovem, lembro de um folheto evangelístico cujo título era "assim foi a sua vida", mostrando o julgamento de uma pessoa que morreu sem Cristo. Nesse julgamento, quando o sujeito tentava argumentar sua inocência, Deus lhe mostrava numa tela o que realmente ele estava fazendo na situação. Hoje, tal como estão as coisas, bastaria Deus mostrar a página do Facebook e/ou do Twitter... Vergonhoso! Chegamos ao ponto de vermos cristãos, até pastores, julgarem de forma acusatória a fé de outro cristão/pastor por simples diferença político-partidária! Pastor que só fala de política em seu perfil social na internet, que briga ferozmente na internet por causa de política, sob a desculpa esfarrapada de "orientar as pessoas"! Showroom das obras da carne! Depois vão querer pregar a Bíblia para os outros... Como? Com que autoridade espiritual? Daí, o que falam em suas mensagens, por mais correto bíblica e teologicamente, não passa de discurso de fariseu proferido a partir da cadeira de Moisés: "faça o que eles mandam, mas não faça o que eles fazem", conforme ensinou Jesus!   

É interessante notar que todos os avivamentos que surgiram na história da fé bíblica e cristã foram marcados por forte senso de pecado e da necessidade de arrependimento! Existe um livro intitulado "A Igreja do Séc. XX: A História que não foi Contada", de autoria de John Walker, que mostra justamente isso. Características muito acentuadas e visíveis na Igreja do séc. XXI são descritas nesse livro como sendo marca da Igreja no final do séc. XIX: "[...] seu estado espiritual era de decadência. Imperavam o liberalismo, a formalidade, o materialismo, o profissionalismo ministerial, a diferença de classes e a ausência de uma experiência com Deus". Quase 2 séculos se passaram e estamos nós na mesma condição de antes! Por quê? Porque cedemos espaço para as obras da carne, deixando cada vez mais a comunhão (e consequentemente o Fruto) do Espírito! Será que Deus irá "soprar" novamente Seu Espírito sobre o vale de ossos secos que a Igreja se tornou? Poderão, acaso, mais uma vez (sic) reviver esses ossos secos e esfarelentos? 

Segundo John Walker, a igreja não convertida irá perecer. Ele explica que aqueles que estiverem na igreja sem uma verdadeira experiência com Deus podem vir a cair pelo caminho. Na fase que vivemos, para esse autor, precisamos ouvir com alegria a sentença de morte que vem do Pai, aplicando-a num contexto de renúncia. Vale dizer que a sentença de morte é parte integrante da mensagem genuinamente evangélica!


Hoje, quem ousa pregar contra essa apostasia, está fadado ao ostracismo. Não raro, farão de um tudo para impedi-lo de continuar a combater o mal. Pastores que repreendem e disciplinam por pecados sexuais serão duramente repreendidos e desautorizados pelos donos denominacionais e em alguns casos também pela própria grei; mensagens que falam de arrependimento serão duramente criticadas e haverá a formação de grupinhos queixosos paralelos para fermentação do leite recebido do púlpito! Pastores que procuram cultivar a espiritualidade cristã bíblica, mantendo o respeito e a concórdia entre os ditos cristãos terá inevitavelmente em seu ministério um "Absalão roubando o coração do povo para si na porta da cidade".  Ao final, ver-se-ão na seguinte situação: terão forçosamente que renunciar à posição, por terem se tornado um estorvo para as pessoas e para o crescimento denominacional tão almejado pelos donos da denominação! E isso sob toda sorte de mentiras contra eles!

Quando isso acontece, a dita Igreja já está mundanizada; é a desviada que acha-se ufanisticamente no caminho da fé. A Igreja mundanizada, que se acha viva e que tem até nome de vida, mas que está morta; que prega vitória e prosperidade mas que não sabe a situação de derrotada que se encontra; que faz culto de libertação, mas que é presa pelos grilhões do pecado. Seus cultos são nulos espiritualmente; todo efeito sentido no culto é somente emocional e psicológico, de duração momentânea e ineficaz para manter um mínimo de vida cristã sadia. Seus louvores não passam de musiquinhas, cantadas como num show. Seu evangelismo é proselitismo barato, conquistando membros de outras denominações para encher a sua própria. Seus milagres são fruto da psiquê, do poder latente da alma. Cura? Nem de enxaqueca! Sua comunhão é fabricada, comunhão-refrigerante, baseada somente em xarope açucarado e pressão e extensível apenas para os que estão "dentro da garrafa" (e olhe lá, porque na maioria das vezes estão se engalfinhando). Seu Deus é puramente ideológico, bíblico na mensagem mas antibíblico na vida cotidiana, incapaz de transformar a vida de qualquer pessoa que seja. Comem pão e suco de uva uma vez ao mês, mas não tomam a Ceia do Senhor.   

Por isso, Paulo diz: "As obras da carne [...] acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus". Obras da carne devem, portanto, serem combatidas e exterminadas na vida de quem quer realmente servir ao Senhor. Na vida do cristão é o Fruto do Espírito que deve prevalecer! Esse Fruto surge apenas em bom solo, que recebeu a semente da Palavra; solo macio, quebrantado e arrependido, humilhado e contrito, que treme e teme diante da Palavra do Senhor. O fim vem e nenhum operoso nas obras da carne entrará no reino de Deus, por mais cheio de vento que se apresente!

Como Paulo indicou em Rm 8.13, é pelo Espírito que nós podemos mortificar as obras da carne: “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne” (5.16). O que é andar em Espírito? Andar em Espírito é viver conforme o Evangelho da Graça de Deus, mortificando a cada dia as obras da carne, que são conhecidas ( Gl 5.19 ), pela dependência do Espírito que nos capacita a santificarmos nossa vida. Consequência imediata na vida daqueles que andam no Espírito é a produção o Fruto do Espírito. Observe que Paulo usa a expressão “andai no Espírito” (gr. pneumati peripateite, tempo verbal: presente ativo imperativo) como uma prática contínua e uma ordem direta. Isto quer dizer que devemos andar em Espírito todos os dias da nossa vida, e não temos outra escolha se quisermos herdar o Reino de Deus. Além disso, haverá sérias consequências espirituais, físicas, emocionais e sociais para aqueles que vivem na prática das obras da carne (cf. Gl 6.7,8). 

A verdadeira comunhão da Igreja deve ser aquela que é gerada pelo Espírito e vivida no Espírito e isso com toda certeza envolve o Fruto do Espírito!

Pense nisso!
Graça e Paz!