¹ E esta é a lei da expiação da culpa; coisa santíssima é. ² No lugar onde degolam o holocausto, degolarão a oferta pela expiação da culpa, e o seu sangue se espargirá sobre o altar em redor. ⁷ Como a expiação pelo pecado, assim será a expiação da culpa; uma mesma lei haverá para elas; será do sacerdote que houver feito propiciação com ela.
² Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.
(Levítico 7:1,2,7; 19:2)
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Expiação. Um termo que traz em seu bojo um conceito muito importante, que lemos no Livro de Levítico em várias passagens. Uma das definições mais básicas desta palavra pode ser encontrada no Cambridge Dictionary: expiação é “algo que você faz para mostrar que está arrependido por algo que fez”. De acordo com a Enciclopédia Britânica, expiação é “o processo pelo qual uma pessoa remove obstáculos à sua reconciliação com Deus”. Finalmente, o Dictionary.com coloca desta forma a respeito da expiação: “é a satisfação ou reparação por um erro ou lesão”. Esse termo deriva-se do hebraico kaphar, kopher ou kippur (transliterado), possuindo como significados "cobrir", "cobertura", "pacificar", "fazer propiciação".
A necessidade de expiação surge justamente da separação que havia entre um Deus que é Santo do homem que é pecador. Santidade e pecado, com seus derivados e manifestações, são coisas totalmente opostas e irreconciliáveis. Não pode haver comunhão em hipótese alguma entre o Sacrossanto Deus, que é Santo, Santo e Santo, e o homem pecador sem que esse homem tenha seus pecados expiados por Deus. O apóstolo Paulo nos ensina que o justo pagamento (salário) pelo pecado é a morte (Romanos 6:23); logo, todo homem em seu estado de pecado está invariavelmente destinado a morrer um dia, estando desde já na condição de morto espiritual em relação a Deus. Todos nós somos, por assim dizer, mortos-vivos: vivos biologicamente enquanto a vida do corpo durar, mas mortos espiritualmente para com Deus, Dele separados por termos uma condição espiritual totalmente diferente da Dele - a santidade. E, como temos visto até aqui, não há nada que possamos fazer para consertar isso.
Ora, como pode esse Deus se relacionar então com o homem? Conforme estamos vendo,
Deus ordenou a Israel, Seu povo, que para que houvesse paz entre Deus e
eles, os pecados deveriam ser cobertos; e o elemento que faria
essa cobertura era o sangue de um cordeiro, o qual deveria ser morto em
favor do transgressor. Esse carneiro deveria ser sem defeito (ou seja, não
poderia ser coxo, ou com má-formação, ou com qualquer tipo de doença). Já que estamos em estado de morte, Deus determinou que por meio da morte de um animal, sacrificado em favor da pessoa, esse relacionamento poderia provisoriamente acontecer com Ele. Sim, provisoriamente: todas as vezes que havia a transgressão da Lei de Deus por alguém, o sacrifício de um cordeiro deveria ser feito. Esse sacrifício era, então, substitutivo, ou seja, o cordeiro sem defeito substituía o transgressor, morrendo em seu lugar; no entanto, tinha seu efeito temporário, devendo ser repetido com frequência. Esse cordeiro levava sobre si os pecados da pessoa e, ao morrer, a pessoa tinha o seu pecado coberto. Na prática, a pessoa que estava oferecendo o animal se identificava com ele. Ao matar o animal, era como se a mesma estivesse ali, sendo morta, pelo pecado cometido. Com o sacrifício, o pecador era perdoado, restabelecendo a comunhão na presença de Deus.
O sacrifício se relaciona intimamente com a santidade de Deus. Deus é Santo e não pode tolerar a presença do pecado e da impureza; assim, Ele exige santidade de todos os Seus servos e filhos ("²⁶ E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos, para serdes meus", Levítico 20:26)! Deste modo, Levítico ensina que Deus está separado do mundo existente, e que somente aqueles que também são separados da mácula do pecado são permitidos na Sua presença.
Nos chama atenção a amplitude, em termos de variação temática, da lista de ordenanças, mandamentos, estatutos e juízos que Deus ordenou a Israel ("Eu sou o Senhor, vosso Deus"), refletindo os Dez Mandamentos (muito mal comparando, seria a regulamentação de regras gerais que Deus deu ao Seu povo por meio de Moisés). Veja, por exemplo, Levítico capítulos 18, 19, 20 e 21. Essa amplitude nos revela que Deus leva muito a sério o assunto santidade; não é um assunto trivial, mas sim de imensa importância diante do Senhor. Dizendo de outro modo, para termos um relacionamento com Deus só se for nas bases que Ele estabeleceu, não nas nossas bases. Nossas bases são muito opostas às de Deus! E a base de Deus sempre será a santidade, a qual, aliás, é a doutrina central do Livro de Levítico!
Veja como isso é atual: todos nós queremos dizer para Deus o que achamos que é certo em matéria da nossa vida. Dizemos para Deus que podemos viver como bem quisermos e que Ele tem que aceitar isso sem nada dizer, sem termos nenhuma responsabilidade para com Ele ou com para o nosso próximo. Assim é, por exemplo, em relação ao sexo, com o crescimento estratosférico daquilo que Deus classifica como porneia, termo grego para imoralidade sexual em todas as suas formas; assim é, também, com a cruel exploração do pobre, com a violência (aqui, do "8 ao 80", desde a crueldade com animais e o bullying até estupros, infanticídios, feminicídios e homicídios), corrupção desenfreada, divórcios por razões banais, e por aí vai. Assim o é também com nossas religiões, que por nós foram criadas, com seus mais diferentes códigos, ritos e práticas; deuses que criamos, à nossa imagem e semelhança, tal como os deuses grego-romanos (Zeus, Poseidon, Hefesto e outros tantos). Em tudo, ignoramos Deus. Em tudo, dizemos para Deus que é a nossa vontade que deve prevalecer, doa a quem doer. E depois dizemos que temos fé em Deus, que cremos em Deus e que está tudo bem entre nós e Ele. Tudo isso se resume a um ponto só: estamos afastados de Deus, do Deus que nos criou e que tem nos dado o ar que respiramos, a água que bebemos, o pão nosso de cada dia, a vida e tudo mais. Como diz o Livro de Eclesiastes: "E descobri também que embora Deus tenha criado o homem justo, cada um preferiu cuidar da vida a seu modo, e todos acabaram se desviando" (Ec 7:29).
Parênteses: Aqui, vale mencionar o que a literatura registra como "ato divino" dos deuses gregos. Segundo consta, Poseidon simplesmente estuprou Medusa, uma das mais fiéis devotas de Atenas, para se vingar da "deusa da beleza". Medusa, além de estuprada por Poseidon, teve ainda transformado seus cabelos em cobra por Atenas que a culpava pela situação, lançando sobre ela ainda uma maldição de que qualquer pessoa que olhasse para ela seria transformada em pedra (ref.: Medusa: violência, injustiça e a cultura do estupro). Na mitologia nórdica, a deusa Freya teve experiências sexuais com todos os deuses e elfos reunidos no banquete (ref.: Sexualidade e divindade na Mitologia Nórdica).
Parênteses: Nada - muito menos a religião, qualquer que seja - pode servir de suporte para a violência qualquer que seja (psicológica, moral ou sexual ou qualquer outra). É o cúmulo do absurdo uma pessoa que diz crer em um Deus que é Santo, Justo e Bom e ser praticante da violência e da maldade, desgraçando vidas preciosas pelas quais Cristo morreu! No dia do Juízo, creia, todos esses ditos "servos de Deus", do presente e do passado, como Jim Jones, David Koresh e Marshall Applewhite, só para citar alguns, vão responder ainda mais, eternamente, com as próprias almas, por esses (e outros) crimes! Já estão em um lugar de sofrimento hoje, aguardando esse dia, quando então ressuscitarão para responderem ao próprio Deus, o Juiz de vivos e de mortos!
Se pararmos um momento para refletir, chegamos num impasse: Para Deus se relacionar com o homem, este precisa ser santo, o que está muito, mais muito longe de o ser. Deus, que deseja que o homem criado por Ele possa ser restaurado e desfrutar do relacionamento com Deus, determina que o pecado seja expiado e, para isso, deve ser morto um cordeiro sem defeito e o sangue desse animal aspergido sobre o altar, que era o lugar de comunhão e de adoração a Deus, e sobre os utensílios do Tabernáculo que Deus mandou que Moisés fizesse, símbolo máximo da presença de Deus naquele período, no Antigo Testamento. O problema é que esse ato não resolvia o problema, precisando ser repetido continuamente. Por que? Porque esse ato não resolvia o problema do interior do homem, da sua natureza decaída. Era um paliativo até que viesse a solução definitiva.
Como você, querido(a) leitor(a) já concluiu, a solução definitiva é uma pessoa, cujo nome é Jesus. Ele foi reconhecido como sendo "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29,36). Ele foi o cordeiro sem defeito (imaculado) e incontaminado (1 Pedro 1:19). O próprio Senhor, em sua última refeição com seus apóstolos, afirmou que eles estavam comendo da sua carne e bebendo do seu sangue, tipificados ali no pão e no vinho (Mateus 26:26-28). Esse era o sangue do pacto, da Nova Aliança, que Deus estava fazendo com o homem, sendo derramado por muitos (Marcos 14:24; Lucas 22:24). Veja o que Jesus mesmo disse sobre sua carne e sobre seu sangue:
⁵³ Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
⁵⁴ Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia.
⁵⁵ Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
⁵⁶ Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
⁵⁷ Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. (João 6:53-57)
É com base no sangue que Jesus derramou na cruz que somos justificados (declarados justos, independentemente da continuidade da natureza pecaminosa em nós - isso é assunto que veremos na continuidade desse estudo) por Deus e salvos de Sua ira que paira sobre aqueles que Paulo chama de filhos da desobediência ou filhos da ira (Romanos 5:9; Efésios 2:1-3). Por esse sangue temos a redenção dos nossos pecados (nosso resgate por Deus) (Efésios 1:7). Esse precioso Sangue de Jesus foi derramado de uma vez por todas, acabando de uma vez por todas com a necessidade da repetição contínua de sacrifícios pelo pecado:
¹¹ Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,
¹² Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.
¹³ Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne,
¹⁴ Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?
¹⁵ E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.
(Hebreus 9:11-15)
¹ Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam.
² Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado.
³ Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados,
⁴ Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados.
¹⁰ Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.
¹¹ E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados;
¹² Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,
¹⁴ Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.
¹⁵ E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito:
¹⁶ Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor:Porei as minhas leis em seus corações,E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta:
¹⁷ E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades.
¹⁸ Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado.(Hebreus 10:1-4, 10-12, 14-18)
Percebeu? Pelo sacrifício que Cristo fez na cruz, derramando seu sangue por nós, temos a redenção definitiva dos nossos pecados. Com base nesse sacrifício, temos a segurança de que somos aceitos por Deus para termos comunhão com Ele; esse sacrifício restaura a nossa comunhão, que foi perdida no Éden, com o nosso Supremo Criador! E essa restauração tem eficácia eterna, ou seja, a nossa reconciliação tem efeito eterno!
Observe que há um ponto aqui subjacente de grande importância que devemos compreender: assim como os cordeiros que eram sacrificados pelos homens no Antigo Testamento, Jesus levou sobre si os nosso pecados: "²⁴ Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados" (1 Pedro 2:24). Por isso, querido(a) leitor(a), é que afirmamos de forma veemente: se você quiser ter o perdão dos seus pecados e a vida eterna, é preciso se identificar com Cristo. É preciso que você veja que aquela cruz era para ser, na verdade, a sua cruz! Era para você estar ali, sendo crucificado e morto, não o Senhor! Ele não tinha pecado e nem cometeu pecado algum, ao contrário de você e de mim! O pecado, querido(a) leitor(a), demanda que o pecador seja morto! Somos culpados diante de Deus e a justiça eterna demanda que paguemos com a própria vida por isso! Daí, quando eu me identifico com Cristo (o que chamamos de "aceitar Jesus"), o que só é possível por meio da fé, é que somos salvos dos nossos pecados!
Sim, Jesus levou sobre si as nossas transgressões, sendo moído por nossas iniquidades, como disse o profeta Isaías:
⁴ Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
⁵ Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.
(Isaías 53:4,5)
Há, ainda, um aspecto muito importante que veremos mais a diante, que é revelado no versículo 16 acima, que assim como todo o que vimos tem grande importância na obra que Cristo fez na cruz! No entanto, pergunto nesse momento: como vai ser? Como você, querido(a) leitor(a), agirá tendo agora este conhecimento, daquilo que Cristo fez por você? Crês tu em Deus, que enviou Seu filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna? Crês que Ele morreu por você, em seu lugar, que era você quem deveria ser morto ali, na cruz, por ser você - e não Ele - pecador? O que você fará em relação a esse tão grande amor, que de forma resoluta decidiu ir ao extremo máximo para salvar a nossa vida, sendo nós 100% não-merecedores disso?
Deixo para seu enlevo e meditação a música Pão da Vida, baseada em Isaías capítulo 53. Clique, ouça e medite. Que Deus possa iluminar seu coração e abençoar a sua vida!
Graça, fé, misericórdia e paz lhe sejam multiplicadas!
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