segunda-feira, 25 de julho de 2011

MÁSCARAS E FANTASIAS

PORTANTO, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus? Ou desprezas tu as riquezas da sua benignidade, e paciência e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento? Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; o qual recompensará cada um segundo as suas obras; a saber: A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade. (Rm 2.1-8)

Na Europa dos séculos XIV ao XIX eram muito comuns as festas conhecidas como "bailes de máscaras", promovidos pela realeza e aristocracia daquela época. As mais famosas máscaras eram as confeccionadas em Veneza e Florença, muito utilizadas pelas damas da nobreza no século XVIII, que representavam o símbolo máximo da sedução. Em geral, além das mácaras, as pessoas vestiam-se com roupas coloridas e caras, as chamadas fantasias. Posteriormente, o costume foi trazido para o Brasil e acabou dando origem ao Carnaval.

Por detrás das máscaras, as pessoas se libertavam, assumindo diferentes comportamentos, e como anônimos, caindo na folia. Uma das vantagens do mascarado é o anonimato. Em muitos casos, ficava difícil dizer se era homem ou mulher. As fantasias eram cuidadosamente elaboradas, não faltando o brilho de lantejoulas e paetês. Os motivos das fantasias quase sempre obedeciam os padrões e costumes europeus: pierrôs, colombinas, arlequins, palhaços, etc.

Destacam-se os personagens ("commedia dell’arte"):

1) Pierrô: Personagem originário da comédia italiana, ingênuo e sentimental. O seu caráter é aquele de um palhaço triste, apaixonado pela Colombina, que inevitavelmente lhe parte o coração e o deixa pelo Arlequim. Pierrot também é representado como sendo lunático, distante e inconsciente da realidade.

2) Colombina: Principal personagem feminina, companheira do Arlequim e do Pierrô. Namoradeira e fútil. Sempre envolvida em intrigas e fofocas.

3) Arlequim: Personagem apresentado em traje multicolor, feito geralmente de losangos, e cuja função era divertir o público, nos intervalos, com piadas e palhaçadas.

Esta antiga festa foi, de fato, introduzida no Brasil. Mas não estou me referindo ao carnaval. Estou me referindo ao cotidiano de cada um nós, em todo e qualquer ambiente que exista na sociedade moderna. Por exemplo, a política há muito tornou-se um baile de máscaras e fantasias, no qual o político - independente de partido - concede entrevistas falando dos caminhos do país e de sua contribuição como ele fosse realmente a pessoa séria cuja imagem ele fabrica e quer passar como verdadeira para os leitores e espectadores.

Do mesmo modo, a vida em muitas "famílias" (inclusive ditas evangélicas) - se é que podem ser chamadas de famílias - não passam de um teatro improvisado, uma "commedia dell’arte". Passam o ano todo devorando-se mutuamente, repletos de intrigas e confusões: é mulher que vive brigando com o marido, xingando-o (e/ou sendo xingada) com todo o tipo de ofensas; são filhos que não se entendem com seus pais; são tios e primos "quebrando o pau" entre si quase todos os 365 dias do ano. Porém, o que mais assusta é que de uma hora para outra resolvem "hastear a bandeira branca" por uma razão em comum (como o jogo do time preferido da maioria, o casamento de um filho, o nascimento de uma criança, uma festa de aniversário, etc) e passam a trocar "juras de amor", "votos de sucesso, paz e alegria" entre si.

Tem de tudo nestes eventos. Tem alguns que fazem o papel de pierrôs, sentimentais. Choram de alegria porque estão vendo "a família reunida". Lembram até a música de Altemar Dutra, "sentimental eu sou". Choram suas mágoas e as emoções do momento uns nos ombros dos outros; a mão que segura a faca é a mesma que afaga. São capazes até mesmo de posar para fotografias juntos. Outros, fantasiam-se de Colombinas: basta você se sentar à mesa com ele/ela (sim, tem homem que se presta a esse papel!) que a fofoca acontece. Falam de todos e de tudo, criticam todo mundo. Isso quando não aproveitam a festa para flertar, não importando se e com casado(a) ou solteiro(a). Por sua vez, há também os arlequins, aqueles que gostam de ser o "centro das atenções". São especialistas em piadas, não importando o objeto delas - Bíblia, Deus, pastor, Igreja, etc - ou o vocabulário utilizado.

Passado o acontecimento, tudo volta a ser como dantes. As confusões retornam, os dardos inflamados voam velozmente até o seu alvo. "Pastor, não suporto fulano!" "Beltrano é complicado!" "Eu não quero saber da Siclaninha" e por aí vai. "Xiii, ele/ela é balaio de gato, pastor!" Querido(a), você é quem é o(a) verdadeiro(a) balaio de gato! Hipócrita! Seu sim e seu não não valem nada, não são dignos de confiança pois são de procedência maligna! Você, que passa o ano todo criticando fulano, beltrano e siclano, rapidamente "muda de opinião" ao sabor da circunstância! Se já é muito errado de sua parte criticar, mais ainda em tornar-se hipócrita, colocando máscara e fantasia para apresentar-se como alguém que você não é, só por causa de interesses.

Assim também na Igreja: representam um papel. Papel de arrependido, de crente fiel, de servo de Deus, de obreiro aprovado, de amigo, de fiel. Há uma centenas de papéis que são representados - e muito bem, diga-se de passagem - pelos freqüentadores de templo. Quando você os vê em seus papéis, eles são convincentes! Se o "papel" exige choro e confissão, eles são mestres em fazê-los. Se pedem um conselho, até parece que desejam realmente segui-lo. Se dizem que "agora vai ser tudo diferente, o senhor vai ver", você até acredita. Se mostram indignação, como parecem reais em suas falas e expressões faciais! Condenam a hipocrisia na vida dos outros, mas são os primeiros a praticá-la. Mas, lá no fundo de suas almas, aquilo não passa de um papel. Não há sinceridade alguma, nenhum compromisso com a verdade. São, na prática, "enganadores enganados": enganam a todos e a si mesmos. Tudo fantasia!

Estas pessoas fazem lembrar o filme "O Máscara", lançado 1994, onde o ator Jim Carrey faz o papel do personagem Stanley Ipkiss. Quando ele coloca a máscara, de origem Viking, na qual o deus nórdico Loki reside, ele consegue superar as suas inibições psicológicas e passa a realizar os seus objetivos mais desejados sem ter medo das consequências. Interessante é que na mitologia nórdica, Loki é o deus da mentira, frequentemente considerado um símbolo da maldade, traiçoeiro, de pouca confiança. Este deus possui um grande senso de estratégia e usa suas habilidades para seus interesses, envolvendo intriga e mentiras complexas. Discípulos de Loki!

A quem você acha que está enganando? A Deus? Ele jamais se engana com coisa alguma ou com  ninguém. Ao homem? Sim, esse é passível de ser enganado. Porém, a quem você dará contas por suas obras de engano: ao homem ou a Deus? Paulo assim nos exorta: "No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho." (Rm 2.16) Haverá um dia em que Deus - e não o homem - julgará os seus segredinhos escusos, sua falsidade de vida. Deus é imparcial; justos e verdadeiros são os Juízos e os Caminhos do Senhor. Sabe o que você tem conseguido com todo o seu engano? Você está entesourando ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus! Sabe o que você conseguirá naquele tão terrível dia? Indignação e ira!

Hipócrita, tire a máscara e a fantasia e mostre-se como você verdadeiramente é. Pare de fingir, para de representar um papel diante de Deus e dos homens; a sua peça perdeu a graça faz tempo e ninguém está rindo com ela. Sua fantasia é um farrapo, um trapo de imundícia assim como o é a sua justiça. Sua máscara só esconde o seu verdadeiro eu para os homens e mulheres sem Deus como você. Quem é seu Pai, afinal de contas: Deus ou o diabo? Se você se diz ser filho de Deus e vive na mentira, lamento informar-lhe mas você possui outra filiação. Com todas as letras, sem meios-termos: Seu pai é o Diabo, a quem você quer satisfazer os desejos! "Ele [o Diabo]  foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira." (Jo 8.44)

Por favor, pare de dizer que a Bíblia é sua regra de fé e de conduta. Isso não passa de mero jargão para você, porque as suas obras não estão de acordo com o que a Palavra de Deus ensina. Por favor, pare de brincar com a Igreja e com Deus, dizendo falar a verdade sem sequer viver a verdade. Por que mentir? Não quer Deus, acha que a sua vida é boa segundo suas próprias regras? Vá viver a vida à sua moda! Vá gozar da hipocrisia com os seus amigos hipócritas! Vá desfrutar do pecado o qual você tão intensamente deseja! 

A decisão é inteiramente sua, assim como as consequências da decisão. Você escolhe: ou se arrepende de verdade dos seus pecados, da sua hipocrisia e muda de vida (arrependimento na prática = mudança de vida), de forma a permitir que o Espírito da Verdade lhe conduza a toda a Verdade e assim você possa realmente ser Filho(a) de Deus e um dia morar com Ele no céu. Lá, Ele prometeu que não haverá mais tristeza, nem fome, nem dor; lá Ele limpará dos olhos todas as lágrimas, vertidas com sinceridade nesta vida!

Outra alternativa é permancer na mentira, representando o seu papel, com direito a máscara e a fantasia escolhida. Vivendo a fantasia de ser crente, de ser obreiro(a), de ser irmão(ã), de ser justo(a), de ter nascido de novo, de ser filho(a) de Deus e, naquele grande dia quando Deus te chamar para comparecer diante Dele, sofra a pena do inferno sem dó nem piedade. Ah sim: uma vez nele, aproveite e abrace seu "pai". A sua alma arderá por toda eternidade junto da dele. Ele já está lá, ansiosamente esperando que você vá se encontrar com ele! Naquele lugar, segundo Jesus, haverá choro e ranger de dentes (Lc 13.28). Pelo menos ali você chorará lágrimas verdadeiras e demonstrará suas emoções sem hipocrisia!

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

2 comentários:

  1. É lamentável toda essa situação.Que tristeza deve provocar no coração de Jesus!Sabemos que embora Ele tenha sido traído,não é de bom alvitre que provoquemos Nele essa dor.Principalmente que ao fazermos,estaremos causando um maior prejuízo a nós mesmos.

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  2. Fico imaginando Jesus diante de determinado grupos de pessoas nos dias atuais. Acredito que o Capítulo 23 de Mateus seria bem mais incisivo e enérgico do que já é. Na verdade, a hipocrisia generalizada reside, principalmente, na amenização/banalização do pecado. É nítido como alguns tentam viver como se estivessem acima do bem e do mal. Naquela época, custaria a cabeça chamar os hipócritas de raças de víbora, mas mesmo assim o machado estava posto a raiz. Hoje, há inúmeras justificativas e falácias para utilizar meias palavras no intuito de não 'esvaziar' a Igreja. Hipocrisia!!!

    Achei muito pertinente o post. E o que mais me chama atenção é que todo hipócrita não deixa de ser um verdadeiro PALHAÇO. Essa é a verdade nua e crua!

    Um forte abraço

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