segunda-feira, 24 de junho de 2019

“MEU POVO NÃO ENTENDE”: FAZENDO TUDO ERRADO AINDA QUE FAZENDO TUDO CERTO

Visão de Isaías, filho de Amós, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá.
Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o Senhor tem falado: Criei filhos, e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim.
O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.
Ai, nação pecadora, povo carregado de iniqüidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores; deixaram ao Senhor, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás.
Por que seríeis ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco.
Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo.
A vossa terra está assolada, as vossas cidades estão abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a devoram em vossa presença; e está como devastada, numa subversão de estranhos.
E a filha de Sião é deixada como a cabana na vinha, como a choupana no pepinal, como uma cidade sitiada.
Se o Senhor dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra.
Ouvi a palavra do Senhor, vós poderosos de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra.
De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes.
Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios?
Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene.
As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer.
Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue.
Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal.
Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.
Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.
Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra.
Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do Senhor o disse.
(Isaías 1:1-20)


INTRODUÇÃO:

 "Deixaram o Senhor". Há uma série de acusações de Deus contra Seu povo nos primeiros versos do capítulo 1 de Isaías; para Deus eles são "povo de Gomorra". Seus líderes igualmente são chamados de "príncipes de Sodoma". Sodoma e Gomorra foram cidades destruídas por Deus com fogo, no Antigo Testamento, pelos pecados que eram cometidos naqueles lugares, de gente que não queria saber do Senhor. Deus, portanto, está dizendo que todo o Seu Israel, líderes e povo, estavam desviados Dele ao ponto de já não darem a mínima para Sua Vontade e Direção. Os animais do campo, o boi e o jumento, sendo irracionais, se comportavam melhor, de forma mais coerente que o povo de Deus, como protesta Isaías. 

Deus, por meio de Isaías, diz "Meu povo não entende": Deus falava - e isso é o conceito básico de Palavra de Deus - mas não havia reflexão com relação àquilo que Deus dizia e nem a devida mudança de vida. Isso é assustador: a Palavra de Deus havia se tornado ineficaz diante das atitudes rebeldes de Seu povo. Quanto mais Deus falava, menos o povo dava ouvidos àquilo que Deus dizia. Hoje estamos vivendo dias assim: há muitos lugares que se intitulam "casa de Deus" onde as pessoas já não estão nem aí para a Palavra de Deus. A pregação da Palavra, que deveria impactar as vidas dos homens e levá-los a uma ação diante de Deus já não está mais surtindo efeito nos corações de muitos ditos crentes em Cristo. O momento da pregação, que devia ser o clímax do culto cristão e o direcionador desse culto tornou-se mais um "programa dentro do culto", inferior em importância e atenção à apresentação de números especiais ou mesmo ao "momento do louvor".

A pregação tem papel de preponderância, de destaque, no culto cristão, não os louvores, apresentações de grupos, etc. "Relativo a pregação, Lutero a entendia como um meio da graça. Ele via Deus falando através da Palavra. Ele disse: “Sim, eu ouço o sermão; mas quem está falando? O ministro? Absolutamente não. Você não ouve o ministro. Na verdade, a voz é dele, mas meu Deus está falando a palavra que ele prega”. Para Lutero isto significava que o poder da Palavra e a graça de Deus vêm através da pregação, apesar das limitações humanas do pregador. Lutero declarou em um dos seus sermões: “Mesmo que fosse uma jumenta falando, como no caso de Balaão (Nm 22:28), ainda assim seria a Palavra de Deus”. Para Lutero a pregação era a “palavra falada” de Deus. Pela pregação Jesus apresenta salvação à raça humana. Pois “a pregação do evangelho nada mais é do que Cristo chegando a nós, ou nós sendo levados a Ele”, disse o Reformador. Cristo vem pelo Espírito Santo. O Espírito Santo não opera independentemente da Palavra, antes a confirma." (disponível em: http://www.ruach.com.br/livretos/a.pregacao.e.cristo.chegando.a.nos.pdf. Acesso: 24/06/19)

Por que eles rejeitavam a Palavra? Porque eles estavam revoltados contra Deus. "Filhos rebeldes", assim Deus chama todo aquele povo: "Criei filhos e os engrandeci, mas eles estão revoltados contra mim". Revoltados contra Deus. Deus havia estabelecido o que era bom para a vida de Israel (e Judá), mas eles não queriam se sujeitar à Vontade de Deus. Por isso mesmo rejeitavam a Palavra, porque não davam a mínima para a Vontade de Deus para suas vidas e queriam, cada um deles, seguirem seus próprios caminhos: "eu não aceito o que Deus me diz, vou fazer o que eu quero!"   

Como a Palavra de Deus é desprezada - exatamente como no livro de Isaías, cap. 1 - toda a atividade de culto está contaminada pelo pecado, sendo elas mesmas ações pecaminosas, mesmo que sendo feitas rigorosamente conforme as regras. É interessante perceber que para Israel a vida seguia como se nada estivesse acontecendo. Eles continuavam sua vida religiosa normalmente, com suas ofertas e cultos, oficiados pelos levitas e sacerdotes. Estavam fazendo tudo certo, do ponto de vista religioso. Mas Deus justamente se recusava a ouvir suas orações e aceitar seus cultos, seus sacrifícios e holocaustos, a gordura e sangue deles (Is 1:11), suas oblações, seu incenso e sua assembléias solenes (Isa 1:13) e suas novas luas e suas festas designadas (Isa 1:14). Tudo rejeitado - o culto e o povo que oferecia o culto, apesar do culto estar sendo feito "conforme a regra". Eles rejeitaram a Deus e Deus estava rejeitando o culto que eles estavam fazendo! O culto dos revoltados contra Deus!    




I. FAZENDO TUDO CERTO E AINDA ASSIM FAZENDO TUDO ERRADO PARA DEUS.

Isaías descreve o culto a Deus que Judá e Jerusalém praticavam. No culto que ele descreve, havia vários elementos que Deus havia ordenado que Israel fizesse, por meio de Moisés. Porém, Deus estava rejeitando aquele culto e aquelas pessoas que ali estavam prestando o culto a Deus, porque elas haviam rejeitado Deus como Senhor delas. MEU POVO ESTÁ REVOLTADO CONTRA MIM, É COMO DEUS VIA TUDO AQUILO. 

Aqui, aprendemos que podemos fazer tudo certo, tudo conforme a Bíblia manda, mas apenas de maneira exterior. Podemos seguir o que está escrito na Bíblia e mesmo assim estarmos revoltados contra Deus. Podemos ter a Bíblia e não ter a Palavra de Deus. Podemos falar de Jesus, podemos fazer culto para Jesus e não termos a aprovação de Jesus, manifesta por Sua presença, em nosso culto.

É possível orarmos e a nossa oração não ser agradável a Deus (Pv 28.9). É possível ofertarmos e a nossa oferta não ser aceita por Deus (Mt 6.2). É possível nos esfolarmos como obreiros, dando nossas vidas e bens para a Obra, e isso não ser de nenhum proveito para a fé e para nós mesmos (I Co 13.1,3). É possível fazer tudo mecanicamente, sem amor. E sem amor - para com Deus e para com o próximo, ambos - nada aproveita; tudo não passa de barulho de lata velha. O CULTO CRISTÃO É MAIS QUE UM MOMENTO NUMA REUNIÃO, É UM ESTADO DE VIDA. Cada dia da nossa vida, em cada ato que praticamos, rendermos ações de graças a Deus. Isso é no trabalho, na escola, no lar, na casa, no lazer, na alimentação, no sexo... em tudo! Culto não é ritual, melodia, formas, estética, beleza, palavras, cânticos, dogmas, símbolos, ofertas ou qualquer outro detalhe que lhe possamos atribuir. Essas coisas podem ter o seu lugar, porém o culto a Deus é mais do que elas. Culto, antes de tudo, é vida em ação. Assim, o culto coletivo deve ser o produto do culto individual que nada mais é que o louvor e ações de graças ao Senhor em cada momento da nossa vida, vivida em conformidade com Sua Vontade manifesta e revelada a nós por Sua Palavra. Deus é o Senhor não apenas dentro do Templo, mas fora dele!

A lição que Deus deseja nos ensinar, aqui, é que Ele se relaciona conosco não por meio de ritos, trabalhos ("fazer a Obra"), cargos/posições/títulos e disciplinas exteriores. No meio dito "cristão", há aqueles que acham que Deus se relaciona conosco por meio de ritos; o pastor, para esses, seria aquele que tem o segredo de como ativar esses ritos, uma espécie de "especialista dos ritos santos". No entanto, Isaías diz que ritos são vazios em si mesmos! Deus só se relaciona conosco na base de princípios que Ele mesmo estabeleceu, não na base de ritos. E o princípio que salta aos olhos em Isaías cap.1 é a justiça! QUEM QUER TER O FAVOR DE DEUS, TENHA VIDA JUSTA COMO JUSTO ELE É. Essa justiça é alcançada somente pela fé - isso é ponto pacífico na Bíblia; no entanto, essa fé PRECISA SE MANIFESTAR EM FRUTOS VISÍVEIS NA VIDA DO CRENTE. A fé sem obras é morta (Tg 2.26). E como se manifesta a justiça pela fé de forma prática? Na forma como tratamos com Deus e como tratamos com o próximo: nesse caso, com justiça! 

Veja como Deus condena a injustiça: “Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas” (v.17). Havia injustiça na vida dos adoradores! Reconhecer e condenar TODA A FORMA DE INJUSTIÇA é o primeiro passo da justiça de Deus na prática. Porém não é o único passo, nem um passo isolado. É preciso avançar em direção a APLICAÇÃO DA JUSTIÇA na vida dos nossos semelhantes:
  • Aprendei a fazer o bem: Aprendam a viver de forma virtuosa e honesta: (a) Fazer o bem ao nosso próximo. Você sabe quem é o seu próximo? Jesus diz que o nosso próximo não é apenas aquele grupo que chamamos de "os irmãos". O próximo é todo aquele que precisa de ajuda e que está em nosso alcance ajudar. E nos foi dito a fazer a eles tudo que gostaríamos que eles nos fizessem! (Mt 7.12) (b) "Fazer o bem" implica também em "não fazer o mal": um cristão não pode viver sua vida cotidiana na prática da injustiça, em todas as áreas. Imagine um cristão que contrata um serviço e não paga, ou que vive a pedir gratuidade tendo condições de pagar pelos produtos/serviços adquiridos/prestados? Ou que não dá o direito de seu cônjuge (I Co 7.1-5)? Ou que fortalece as mãos do culpado, justificando seus maus atos, para que não se arrependa? Ou que apóia causas e ideologias declaradamente anticristãs?  Note: Não é apenas lamentar pelo pecado cometido, mas romper com a prática e mortificar todas aquelas afeições e disposições viciosas que o inclinou a viver desse modo. O pecado tem o poder de contaminar a alma e tornar-nos brutos. Portanto, devemos fazer o bem, de maneira correta e com um objetivo correto; devemos aprender a fazer bem; devemos nos esforçar para obter o conhecimento de nosso dever, nos preocuparmos com isso e nos acostumarmos a isso, para nos tornarmos mestres dessa arte sagrada de fazer o bem.
  • Atendei à justiça: Tenham propósito firme e consistente de aplicar os princípios de Deus no dia-a-dia. A justiça demandou algo de você? Atenda a ela! A nossa justiça tem que ultrapassar as 4 paredes do templo onde dizemos que cultuamos a Deus! Nossa justiça tem que ser maior que a justiça do mundo, do que a justiça dos religiosos! Lembremos do que disse o Senhor sobre isso: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus." (Mt 5.20)
  • Repreendei ao opressor: Condenem a opressão e corrijam o opressor. O opressor pode estar no mundo e pode estar também na denominação religiosa! Quantos pastores, líderes, bispos, apóstolos, etc. não passam de "donos de denominação", opressores de gente, dos "Moisés do Novo Testamento", "fundadores de ministérios com base numa visão". Há muitas denominações onde a relação entre pastor e denominação é exatamente igual a relação de senhores de engenho com seus escravos. Ambientes onde o medo fala mais alto que o amor, que a subserviência dita as relações internas entre os escalões do clero e com o laicato. Assim, quem está na base da "pirâmide hierárquica" faz de tudo para subir ao ponto mais alto, a fim oprimir mais amplamente e ser menos oprimido: o diácono faz de tudo para ser presbítero e este faz de tudo para se tornar pastor. Só que o dono da denominação manterá todos, sempre, debaixo do seu chicote - até os pastores: "escreveu, não leu como lê o dono da denominação, o pau comeu", é o lema!  Esses Nabucodonosores modernos precisam ser repreendidos, em nome e Jesus, com coragem e fé, não importando suas maldições e perdas de cargo/expulsão da denominação!
  • Defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas: De forma bem prática, não tire vantagem da condição fraca e impotente - da ignorância e falta de experiência daqueles que estão ao seu redor. Se você é mais forte, mais inteligente, mais experiente use isso para ajudar quem precisa, quem não possui estas mesmas virtudes e poderes. Aqui, especialmente aos líderes: muitos procuram a liderança de uma denominação buscando ajuda para suas mazelas da vida. Gente portadora de diversas misérias, protagonistas de tragédias dos mais variados tipos. São pessoas fragilizadas, quebradas em seu espírito, com apenas um fio de esperança. Você, líder - pastor, bispo, apóstolo, etc. (como preferir ser chamado) não use a condição das pessoas em prol dos seus próprios interesses; não abuse das pessoas, de sua condição frágil. Não as explore. Por exemplo, não venha pedir dízimo/trízimo/quadrízimo ou qualquer coisa do tipo em troca de ajuda - sua ou de Deus - porque isso é falta grave diante do Senhor. Não venha com papo de "semente para Deus", "maldição de malaquias" e outras sandices, para tirar dinheiro daqueles que nada tem. Nem mesmo venha explorar a força de trabalho dessas pessoas sob desculpa de "obra de Deus". Isso não é coisa de líder genuinamente cristão; é coisa de explorador que não quer trabalhar para ganhar o pão com seu próprio suor, de come-e-dorme que não quer enfrentar trem/ônibus lotado nem quer ter chefe; coisa de "dono de igreja", "feitor de escravos", "dominador de gente" que justifica sua grosseria, dominação e malemolência em textos do Antigo Testamento mal interpretados e mal aplicadosOlhe para o Novo Testamento: as viúvas - classe de pessoas sempre mais fraca e impotente nos tempos bíblicos - eram CUIDADAS PELA IGREJA. Havia coleta para elas e PARA OS MAIS POBRES (ouviram isso, donos de igreja? Não era para o jatinho, ou para sua glória pessoal e de seu "ministério"/"plaquinha de igreja" não...). Havia CUIDADO, ZELO, AMOR NA PRÁTICA! Vou registrar com todas as letras garrafais: PARA DEUS NÃO INTERESSA O NOME DA SUA PLAQUINHA, OU A PROJEÇÃO DO SEU "MEU-NISTÉRIO", ESPECIALMENTE QUANDO ÀS CUSTAS DA EXPLORAÇÃO DE PESSOAS E DO NOME SANTO DO SENHOR! Se não quer trabalhar, a ordem bíblica é muito clara: NÃO COMA!
Aqui vale a citação do livro "Feridos em Nome de Deus", de autoria da jornalista Marília de Camargo: "Quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso. A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas. Carentes de acolhimento são habilmente capturados pela manipulação emocional de líderes medíocres de plantão e ambos seguem de braços dados experimentando religiosidade fútil e meritória, barganhando a todo momento com Deus. Por ser uma religiosidade descaracterizada da adoração sincera, mais cedo ou mais tarde o castelo de cartas desmorona deixando feridas abertas pelo caminho".

Note, estamos verdadeiramente honrando a Deus quando estamos fazendo o bem no mundo; e atos de justiça e bondade são mais agradáveis ​​a Ele do que todos os holocaustos e sacrifícios que possamos oferecer! A Justiça que vem da fé, na qual os crentes foram justificados, não é uma teoria teológica. Deus não faz nada teórico. É prática, e como tal, precisa ser manifesta na prática. Não dá para dizer que o sujeito é feito justo pela fé e vive ainda na prática da injustiça. FÉ SEM OBRAS É MORTA! Os verdadeiros adoradores adoram o Senhor não por meio do rito A ou B, mas em espírito e em verdade! Deus, por meio de Isaías, está nos conclamando a vivermos de maneira honesta, para que haja honestidade em nossos atos de culto a Ele!



II. APLICAÇÃO: ONDE ESTÁ A JUSTIÇA DO MEU POVO, HOJE?

Estamos hoje vivendo numa época onde o direito (a justiça) está sendo torcido, tanto no mundo quanto na Igreja. Vivemos numa época onde o errado está se tornando aceitável, onde os relacionamentos são construídos na base do egoísmo (naquilo que se pode obter para si mesmo), onde o dinheiro, com o poder exercido por quem tem dinheiro, conquista cada vez mais os corações dos homens. TEM COISAS QUE ESTÃO ACONTECENDO QUE AFRONTAM DEUS. 

Hoje temos muitas coisas acontecendo no mundo e na Igreja. Vamos nos ater a Igreja: há muitos movimentos. Há muitas coisas, muitas “orações fortes”, muita propaganda, muita coisa material. A Igreja Evangélica nunca foi tão abarrotada de coisas materiais como nessa época. A mídia fez a Igreja prosperar, junto com a psicologia barata de auto-ajuda, confissão positiva, manipulação, etc. O FOCO ESTÁ CADA VEZ MAIS CENTRADO NO HOMEM E EM SUAS NECESSIDADES. Por conta disso, cada vez mais o homem pode viver o Cristianismo de modo exterior, como religião e não como Caminho, Verdade e Vida dos regenerados. É possível ir aos cultos, contribuir com ofertas, cantar, pregar, dançar, tocar instrumentos, chorar, rir, pular, ler a Bíblia, ser obreiro, ser líder, ser e fazer isso e aquilo... de maneira puramente exterior. É possível ao homem ser consagrado obreiro e nessa condição se esfolar na Obra de Deus, lidando com "serpentes e escorpiões"; é possível dar nossos bens aos pobres; é possível falar a língua dos homens e até a dos anjos (e isso não é o famoso decantanabacia, viu?) e nada disso ser proveitoso para nós mesmos. Lembre-se que Jesus disse que naquele dia muitos irão apresentar seu "currículo espritual", como "prova de fé", ouvindo do próprio Senhor, diante de toda a humanidade, um reverberante "nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade" (Mt 7.23). NOVAMENTE, É POSSÍVEL FAZER TUDO CERTO - orar, contribuir, socorrer os pobres, pregar, etc. - E AINDA ASSIM ESTAR FAZENDO TUDO ERRADO, SEM NENHUMA CORROBORAÇÃO DA PARTE DE DEUS! 


Nesse cenário atual, precisamos estar sempre nos perguntando: Senhor, será que estou realmente fazendo a tua vontade? Será que o Senhor está realmente se agradando do meu culto, da minha vida, da obra que estou fazendo? Porque podemos estar fazendo tudo certo e ainda assim estarmos errando o alvo! Note: Podemos agir biblicamente e ainda assim completamente contrário a Bíblia! Dizemos que cultuamos a Deus. Mas será que o nosso culto está agradando a Deus? É feito com e pela fé? Ele traz a bênção de Deus para nós? Nos traz paz para nosso interior? Traz convicção aos participantes de que é algo sobrenatural? Todos profetizamos – Se entrar algum incrédulo ou indouto, é ele por todos convencido e por todos julgado? (I Co 14.24) Se entrar um indouto ou incrédulo nos cultos cristãos hoje, ele é por todos convencido? Lembrando que profecia, querido(a) leitor(a), não é o famoso "decantanabaciaripalaprafora"; é essencialmente uma palavra que edifica, consola e exorta, independente da "pirotecnia gospel". Eu sinto meu coração compungido diante das necessidades de quem está do meu lado, ou meu culto é egocêntrico? Quero usar a palavra para edificar alguém, num gesto de amor genuíno por essa pessoa, ou para aparecer diante das pessoas, como sendo "espiritual"? Esse culto é um culto racional, de mentes transformadas e que se transformam continuamente, ou é um culto de bitolados de mente fechada e coração trancado, de fanáticos religiosos? As pessoas que dizem cultuar a Jesus estão avançando na graça ou escorregando na graxa? Estão mais livres e alegres, ou mais oprimidos, mais legalistas e cheios de costumes e regras, mais presos que antes de terem entrado para cultuar? Paulo nos ensina que o culto racional a Deus é agente ativo de transformação da vida daquele que cultua: "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:1,2)

Se estamos cultuando a Jesus, o Príncipe da Paz, então a conclusão óbvia ululante é que esse culto tem que gerar paz para o meu viver! Eu digo que cultuo a Jesus, que é Conselheiro; no entanto, minha vida está mais enrolada que rolo de barbante! Eu digo que cultuo a Jesus, que é Maravilhoso; no entanto, vivo oprimido, no buraco, no funil, na peneira, na moenda, no multimixer, sem esperança! Eu digo que cultuo a Jesus, que é Deus Forte; mas vivo vendo fantasmas onde não tem, com medo até da própria sombra! Eu digo que cultuo a Jesus, Pai da Eternidade, mas vivo a vida somente buscando as coisas dessa terra, preocupado com bens materiais, nos prazeres e vícios da carne! O CULTO A CRISTO TEM QUE TRANSFORMAR A NOSSA VIDA, CASO CONTRÁRIO, NÃO É AO SENHOR QUE ESTAMOS CULTUANDO!!

Note algo importante: se o culto ao Senhor é o culto de "transformados em transformação", com a aprovação do próprio Senhor pela sua presença sobrenatural, então forçosamente precisamos concluir que há algo muito errado conosco. Podemos até aumentar em número a quantidade de pessoas que frequentam um culto, mas não afetamos a moralidade de ninguém. E isso precisa ser seriamente considerado por nós, cristãos! Não estamos afetando ninguém, de forma positiva. Sabe por que? Porque nossos cultos tem barulho, tem língua, tem frenesi, tem gritaria, tem pregação, tem música, tem grana, tem apresentações e números especiais, tem dirigente, tem pastor, em obreiros, tem quem assiste... mas não tem a aprovação de Deus! Já parou para pensar nisso? 
  • Veja o avivamento no país de Gales, em 1904: Os efeitos do avivamento estenderam-se muito além dos cultos e reuniões de oração. Os bares e cinemas fecharam, as livrarias evangélicas venderam todos os seus estoques de Bíblias. O avivamento tornou-se manchete nos principais jornais do país. A presença de Deus "parecia ser universal e inevitável", invadindo não somente as igrejas e reuniões de oração, mas se manifestando também "nas ruas, nos trens, nos lares e nas tavernas". Em muitos casos, os fregueses entravam nas tavernas, pediam bebidas e depois davam meia-volta e saíam, deixando-as intocadas no balcão. O sentimento da presença de Deus era tal que praticamente paralisava o braço que ia levar o copo à boca. (disponível em: http://www.avivamentoja.com/avivamentos-do-passado/seculo-20/o-avivamento-no-pais-de-gales. Acesso: 24/06/19) 
  • No avivamento nas Hébridas, a presença majestosa de Deus era tão profunda que os não-salvos começaram a gemer aflitos e a orar arrependidos. Até os cristãos sentiram o peso do seu pecado. [...] Homens fortes clamavam por misericórdia e, à medida que cada um recebia a segurança da salvação, outros louvavam a Deus e até davam gritos de alegria. Uma mãe colocou os braços ao redor do filho, agradecendo a Deus, enquanto lágrimas de alegria corriam pelas suas faces. As orações de anos foram respondidas.
    (disponível em: http://www.avivamentoja.com/avivamentos-do-passado/seculo-20/duncan-campbell-e-as-ilhas-hebridas. Acesso: 24/06/19)
  • "Pecadores nas Mãos de um Deus Irado" foi um sermão pregado por Jonathan Edwards em 8 de julho de 1741, em Enfield, Connecticut. Edwards não era bom orador, mas, enquanto ele pregava, houve pessoas que choravam e clamavam por arrependimento, enquanto que outros se agarravam às colunas da igrejas, como se estivessem sentindo sendo engolidos pelo inferno. Edwards nunca terminou o sermão em Enfield. O tumulto se tornou muito grande quando a audiência foi tomada por gritos, lamentos e clamores: “O que farei para ser salvo? Oh! estou indo para o inferno! Oh! o que farei por Cristo?” Um dos ministros registrou que “os gritos agudos e clamores eram comoventes e admiráveis”. Várias “pessoas foram esperançosamente mudadas naquela noite. Oh! que prazer e alegria havia em seus semblantes!” Edwards e outros oraram com muitos dos consternados e levaram alguns a “diferentes graus de paz e alegria, alguns a enlevo, tudo exaltando o Senhor Jesus Cristo”, e exortaram outros a se achegarem ao Redentor. (veja mais em: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2017/03/pecadores-nas-maos-de-um-deus-irado.html?m=0)

Mas para isso acontecer, precisa haver uma mudança radical em nosso modo de viver e de cultuar ao Senhor. Por exemplo, se é culto é o culto das “estrelas gospel” (famosas ou não), esse culto já não agrada a Deus. Se há desunião e falta de perdão, esse culto já não agrada a Deus. Se tem opressão, se tem licenciosidade, se a regrinha de denominação só serve para excluir gente da nossa conviviência (roupas e usos e costumes), se há perseguição, se há traição, se há falsidade, se há mentira, se há tolerância com o pecado, se há um ambiente de desonra/desprezo entre os participantes, se há interesses escusos, se Deus e Cristo não são o centro do culto, então esse culto não agrada a Deus. Se não há arrependimento e desejo sincero de mudança, esse culto já não agrada a Deus. Se não há reconciliação, perdão, graça e misericórdia; se não há justiça e verdade, então esse culto já não agrada a Deus. Se há politicagem, esse culto já não agrada a Deus! SE NÃO HÁ, EM SUMA, AMOR (A MAIOR MANIFESTAÇÃO DA JUSTIÇA PRÁTICA) - PARA COM DEUS E PARA COM O PRÓXIMO, ESSE CULTO JÁ NÃO AGRADA A DEUS!

Dizemos que fazemos a Obra de Deus. Mas será que estamos fazendo a Obra de Deus segundo a Vontade de Deus? Somos contratados por Deus para trabalharmos em Sua Seara, mas estamos fazendo esse trabalho conforme o critério de Deus, ou conforme o nosso? EDIFICAMOS A CASA DE DEUS DA FORMA QUE DEUS ESCOLHEU OU QUE NÓS PREFERIMOS? NÓS PERGUNTAMOS A ELE SE ESTÁ CERTO, SE É ASSIM MESMO QUE ELE QUER, OU PRESUMIMOS SABER TODAS AS RESPOSTAS? Nadabe e Abiú trouxeram fogo estranho (Lv 10.1,2). Moisés bateu na rocha ao invés de falar com ela (Nm 20.10-12). Jeroboão, filho de Nebate, criou uma religião alternativa, consagrando sacerdotes quem ele queria e instituiu culto onde ele escolheu (I Rs 12.31, 13.33). Ananias e Safira tiveram suas ofertas rejeitadas por Deus. Diótrefes não acolhia os irmãos e ainda impedia aquele que queriam recebê-los e os expulsava da igreja (3 Jo 1.10). Todos estavam fazendo a Obra. Mas não conforme a vontade de Deus. 

Vale dizer que adoração e serviço que não agradam a Deus, mesmo sendo bíblicos, são abomináveis diante de Deus e, portanto, iguais em essência a um culto idólatra, a falsos deuses. E Deus não aceita essa mistura! Precisamos estar muito atentos a isso: onde está a assinatura de Deus, hoje, endossando o que é dito e o culto que é feito?

Deus chama Seu povo ao arrependimento de todas as injustiças e iniqüidades, especialmente manifestas na nossa independência religiosa de Deus. Arrependimento de vivermos sem buscar o conhecimento e o entendimento da Vontade de Deus para tudo o que fazemos. É tempo de arrependimento, de lágrimas no altar, dias de Joel. 

Pense nisso!
Graça e paz!
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SERMÃO MINISTRADO EM 17/09/2017.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

VIOLÊNCIA: MAGNITUDE, CAUSAS E SOLUÇÃO

Eis que clamo: violência! Mas não sou ouvido; grito: socorro! Porém não há justiça (Jó 19:7). 


Violência! Violência desmedida, despropositada. Atos de profunda crueldade, que demonstram uma natureza não-humana. É isso que temos visto nos dias de hoje. A vida humana, hoje, não vale nada; o homem não vê valor algum no próprio homem. 

Todos os dias assistimos pasmados e assombrados a mais cruel manifestação da violência "humana". Estupros de mulheres e de crianças, até de bebês, os seres mais indefesos e inocentes que há na raça humana. O valor da mulher foi reduzido por estes doentes ao valor da sua vagina (e, pasmem, há "maridos" que pensam assim mesmo: só estão casados por que "precisam" da mulher para fazer sexo, mesmo entre líderes religiosos!): uma vez usada para satisfazer as taras dos homens malignos, para nada mais presta; o seu único destino é ser morta. Não se enxerga uma pessoa, se enxerga algo a ser usado para o prazer pessoal e então lançado fora, como lixo inservível. Assim, maridos são tornados viúvos, netos enterram suas avós, mães e pais enterram suas filhas e filhas às suas mães. Nem um lugar da Terra é seguro: nas ruas, avenidas, becos, vielas, praias, clubes, casas, hotéis, hospitais, escolas, casas religiosas... mesmo até em igrejas. Pais, padrastros, primos, irmãos, amigos, chefes, colegas de trabalho, professores, enfermeiros, médicos, pais de santo, monges, padres, pastores evangélicos... qualquer um pode ser um pedófilo ou estuprador.

Mas a violência não se restringe a área sexual. Todas as áreas da vida humana estão mergulhadas na mais profunda treva da crueldade. Veja por exemplo os assaltos: o número de latrocínios (roubo seguido de morte ou de graves lesões corporais da vítima) é assustador: Só na última década, 553 mil brasileiros perderam a vida por morte violenta. Ou seja, um total de 153 mortes por dia (veja em: https://oglobo.globo.com/brasil/atlas-da-violencia-2018-brasil-tem-taxa-de-homicidio-30-vezes-maior-do-que-europa-22747176). Isso só no Brasil. E ninguém escapa, seja homem, mulher ou criança. Quem não se lembra do caso do menino João Helio, em 07/02/2007, na ocasião com apenas 6 anos de idade, assassinado após um assalto, ao ser arrastado pelo carro em que estava, levado pelos assaltantes, preso ao cinto de segurança pelo lado de fora do veículo, no RJ. Ou da menina Emily Sofia, de 3 anos, baleada e morta em Anchieta/RJ. Ou da adolescente Soraia, de 17 anos, morta com um tiro na cabeça em um assalto na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Segundo a ong Rio de Paz, 29 crianças e adolescentes são mortos diariamente no Brasil. São mais de 10.500 mortes por ano! (veja: http://www.riodepaz.org.br/sobre-nos/artigos/90/brasil-pais-que-mata-seu-futuro). Isso sem mencionar mulheres - até grávidas, como a Verônica, de 27 anos, que morreu na após ser baleada durante uma tentativa de assalto em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, - e idosos! O que dizer diante do caso da jovem Mara,  amarrada em um tronco, enforcada e, posteriormente, teve o bebê retirado da barriga e roubado, em Minas Gerais? Ou da idosa de 83 anos morta em assalto em Goiás? E muitos e muitos outros casos poderiam ser citados. Basta procurar na internet. 

Nessa contabilidade maligna figuram ainda os ataques em escolas, por pessoas que entram armadas e matam vários colegas e professores. Suzano, Realengo, Creche Fabeltjesland (Bélgica), Escola Ikeda (Japão), École Polytechnique (Canadá), Columbine, etc... Razões? Nenhuma que justifique o ato, se é que um ato desse tem justificativa. Pura violência desmedida e despropositada. Há quem diga que foram motivados por videogames. Análise fútil diante de um caso seríssimo. Aqueles que falaram essa sandice deveriam seguir o conselho do rei Juan Carlos e se calarem. Seriam verdadeiros sábios e eruditos se assim o fizessem. O mesmo conselho vale para aqueles que defendem que professores portem armas em escolas, diga-se de passagem, cuja visão é que violência se combate com mais violência. 

Um caso recente que choca pela imensa crueldade envolvida é o do menino Rhuan Maycon, uma criança de apenas 9 anos de idade! A criança foi esquartejada, castrada e decepada pela própria progenitora (me recuso a chamar essa pessoa de "mãe"!) junto com a "companheira". A cabeça do menino foi arrancada enquanto os sinais vitais ainda estavam presentes! Afora outros atos monstruosos dessas duas contra a pobre criança! O registro é chocante! (veja mais, se conseguir, em: https://www.metropoles.com/distrito-federal/laudo-revela-que-rhuan-levou-12-facadas-e-foi-degolado-vivo)

E diante desses casos que a pergunta surge: por que? Por que essas pessoas agem assim, com essa malignidade tão terrível, que faz os filmes de terror parecerem desenhos animados? Por que chegamos a esse ponto, como raça humana? Outra pergunta: isso tem solução?

O porque, para mim, é muito evidente. Chegamos a esse ponto porque há muito tempo estamos, como raça humana, eliminando os limites éticos e morais que foram criados conosco pelo próprio Deus. Estamos eliminando Deus da sociedade. Estamos eliminando Deus das nossas vidas. Preste atenção: a cada limite moral, criado por Deus, que nós, humanidade, dizemos que não queremos mais viver, é mais um passo que damos em direção a violência tal como está. Cada vez que dizemos para nós mesmos que Deus não é importante, que Jesus não nos interessa, que a Bíblia é um livro ultrapassado que não deveria ser seguido, irrelevante, e o eliminamos da nossa vida, estamos dando passos largos para a violência. Vou escrever em letras garrafais: O ÚNICO LIMITE E LIMITADOR PARA A EXPANSÃO DA VIOLÊNCIA É DEUS! É JESUS! É SEGUIR AQUILO QUE DEUS MANDOU SEGUIR!

A bem da verdade, precisamos reconhecer: a humanidade está matando Deus... no seu próprio seio! A Bíblia Sagrada, Palavra de Deus para a humanidade sem Deus, é um livro desprezado - em leitura, em conhecimento e principalmente em prática! Ela foi abandonada - e até proibida - em repartições públicas, em escolas, no meio científico... Ela, que deveria basear a fé em Deus - e essa fé é SEMPRE prática -, um Deus moralmente Santo, um Deus que preza pela Justiça em todas as áreas - inclusive a social, que vela pelos mais incapazes - na Bíblia, os órfãos, as viúvas, os pobres e os estrangeiros -, que diz com todas as letras que odeia a corrupção nela.  a peita em todas as suas manifestações (até a governamental), que odeia a opressão, que aborrece a cobiça desenfreada (seja ela de grana, de bens e até de pessoas), o adultério, o assassinato, etc.; que deu Seu Filho, Seu Único Filho, para morrer pelos pecadores e lhes dar o novo nascimento, esse Deus foi deixado de lado. Em seu lugar entronizaram o sexo livre, o dinheiro, o poder, a ganância, o eu. A moral cristã, com seus valores e princípios, vem sendo profusamente abolida! Nunca a sociedade foi tão liberal e permissiva como dantes, e nunca a violência foi tão intensa!  Mesmo muitas das ditas "igrejas" - denominações religiosas - abandonaram Deus e a Palavra. Fazem como querem, seguem doutrinas de homens e adoram homens. Poder, poder, poder... grana, grana, grana... mentem por isso, traem por isso, matam por isso... e o resultado está aí mesmo, para quem quiser - e quem não quiser - ver. 

Os cientistas eliminaram Deus. A Bíblia nunca foi um livro científico, é verdade. Nem foi a intenção de Deus que ela o fosse; caso contrário, nenhum cientista em toda a sua vida conseguiria entender a ciência nela. Mas ela foi deixada por Deus como guia até Ele. Nele, o Criador de todas as coisas, as descobertas científicas ganham seu maior valor: para o bem do próprio homem e para a glória desse Deus Criador! O salmista há muito tempo já disse: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Salmos 19:1). Paulo, em Colossenses, declara sobre Nosso Senhor e a Sua criação: "Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele" (Colossenses 1:16,17). O que nós estudamos foi e é obra da criação de Deus; toda a física clássica e moderna, toda química, toda biologia, toda matemática... são ferramentas e expressões humanas do entendimento da complexa e bela criação de Deus. É Deus, portanto, quem deve guiar-nos a compreensão da profundidade e beleza de Sua criação e, assim, o adorarmos por Sua grandeza, poder, sabedoria e conhecimento! Ao agirmos assim, a soberba - uma das causas da violência - desaparece: quem consegue se gabar diante desse Deus?? Mas o que fazemos nós? "Não me venha com Deus! Não me venha com a Bíblia! Isso não serve para nós"! Nós dizemos "o Estado é laico!", a beira do ateu, e nos orgulhamos disso! 

Eu entendo a preocupação de muitos. De fato, com as loucuras que vejo por aí sendo cometidas em nome de Deus, eu também não gostaria de viver num estado teocrático. Não é correto em hipótese alguma que entes de governo privilegiem um grupo em detrimento de toda a sociedade. Deus nos livre disso! Mas vamos raciocinar por um momento. E se Deus estivesse mais envolvido com a nossa sociedade? Se o trouxéssemos para dentro das repartições públicas, dos tribunais, das escolas, das igrejas... das  famílias... se a nossa educação, por exemplo, obedecesse os princípios (não regras) da Bíblia? Deixe-me explicar: E se fosse ensinado o amor ao próximo e o valor da vida humana e isso porque existe um Deus Supremo que nos ordenou tais coisas e que um dia nos julgará as ações? Se fosse ensinado que o amor é o dom supremo, e esse amor consiste em fazer tudo que puder para aliviar o sofrimento alheio, mesmo daqueles que não gostamos ou simpatizamos, porque Deus gosta dessa ação? E se fosse ensinado que a Terra foi Criada por Deus - seja esse processo de criação o big bang - e, por isso, devemos preservá-la e a toda criatura sobre ela, porque afinal ela pertence a Deus? E a repartir - o pão, a atenção, os brinquedos, o dinheiro, etc., porque Deus bondosamente nos reparte o Seu ar, o Seu sol e a Sua chuva? E se a honestidade em tudo, a mansidão, o domínio próprio, a paz, a alegria e o contentamento, a bondade, a longanimidade, a benignidade, a fidelidade e a humildade fossem ensinados como sendo marcas de caráter que Deus ama? Veja: DEUS SEMPRE, EM CADA MARCA DESEJÁVEL NO CARÁTER.  Por que? Porque só faz sentido viver assim, cultivando essas virtudes, pois DEUS EXISTE E AMA ESSAS VIRTUDES!

Note: sem Deus, nada faz sentido na nossa existência. Nada importa. Sem Deus, qual a diferença entre praticar a maldade e não praticá-la? Por que preciso me refrear? Por que amar o próximo - e amá-lo como a mim mesmo? Ora, sem Deus, o homem desce ladeira abaixo, sem freio algum, em direção a pura e simples satisfação pessoal e egoísta, atendendo aos seus instintos! Afinal, se Deus não existe, prestar contas ao homem é nada; se morrer, aproveitou-se bastante fazendo o que queria. Se não há um Deus que julgue, que puna, que condene ao sofrimento eterno pelas atitudes ou que salve mediante a fé em Seu Filho (e consequente transformação de vida), por que não fazer? Por causa de leis humanas? É o TEMOR DO SENHOR, querido(a) leitor(a), que temos a nossa vida centralizada e equilibrada. Veja alguns versículos:

1) O temor do Senhor e os atos de justiça e juízo humanos: "Agora, pois, seja o temor do SENHOR convosco; tomai cuidado e fazei-o, porque não há no SENHOR, nosso Deus, injustiça, nem parcialidade, nem aceita ele suborno.". (2 Crônicas 19:7)

2) O temor do Senhor e a vida longe do mal: "Com amor e fidelidade se faz expiação pelo pecado; com o temor do Senhor o homem evita o mal". (Provérbios 16:6)

3) O temor do Senhor e o cuidado com os deficientes físicos: "Não amaldiçoem o surdo nem ponham pedra de tropeço à frente do cego, mas temam o seu Deus. Eu sou o Senhor." (Levítico 19:14)

4) O temor do Senhor e a exploração ao próximo: "Não explorem um ao outro, mas temam o Deus de vocês. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês." (Levítico 25:17)

5) O temor do Senhor e o destino eterno (segundo o próprio Jesus): "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo." (Mateus 10:28)

6) No que consiste o temor do Senhor? "O temor do SENHOR consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu os aborreço." (Provérbios 8:13) 

7) O temor do Senhor e a direção de Deus nas decisões da vida: "Ao homem que teme ao SENHOR, ele o instruirá no caminho que deve escolher." (Sl 25.12)

Precisamos agora responder a segunda pergunta: tem solução essa violência crescente? Sim, tem. Mas não está na iniciativa humana. Leis não conterão essa violência. Armas não conterão essa violência. Pena de morte não conterá essa violência. Políticas públicas também não. Ciência também não. Filosofias também não. O único que pode conter essa violência é Deus, o Deus revelado na Bíblia Sagrada e que é desprezado pelos homens. Por que então Ele não faz nada? Mas Ele já fez: Deu Jesus para nos salvar. Salvação, querido(a) leitor(a), não é só morar no céu. Salvação, segundo a Bíblia, é isto: salvação dos nossos próprios pecados - da nossa condenação eterna por nossos pecados - e consequentemente a vida eterna. Pecadores que somos - este é, sem Deus, nosso estilo de vida, só podendo ser salvos da ira de um Deus Justo por meio da fé no Seu Filho e em Sua obra na cruz, com a qual nos devemos identificar. Uma fé íntima (não meramente racional ou histórica, um frio e morto assentimento, um elenco de idéias na cabeça), uma disposição do coração, pois a Escritura declara: “Com o coração se crê para a justiça” e “se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos será salvo”.


Temos um grande problema aqui. Só Deus pode resolver o problema da violência na humanidade. Para isso, a humanidade precisa voltar-se para Deus em Cristo. Porém, o triste fato é que isso não ocorrerá. O Brasil como um todo não se voltará para Deus. Nem o Brasil, nem qualquer país do mundo. Não nesta dispensação. Digo isso porque é assim que Deus mostra na Bíblia. Nós, seres humanos, via de regra, amamos o pecado. Amamos a vida de pecado, os prazeres que o pecado nos concede; por isso, teremos que lidar com as consequências da nossa escolha pelo estilo de vida pecaminoso e divorciado de Deus. E o pecado é como um fermento: uma vez juntado na massa de farinha, ele fermenta e faz a massa crescer. Ou seja, a escalada da violência só vai piorar, no Brasil e no mundo. Isso acontecerá até chegar a um ponto quase insuportável; daí virá um grande líder mundial que proporá a solução para este e muitos outros males humanos. Muitos o seguirão e o adorarão como se fosse Deus. Serão por ele marcados, na fronte e/ou palma da mão, com sua marca distintiva - 666, só comprando e vendendo se tiverem essa marca.  E o juízo de Deus virá. Serão condenados ao fogo eterno do inferno, distantes para sempre de Deus, num local de sofrimento e agonia. O inferno é real e muitíssimo pior do que qualquer sofrimento nessa vida!

O que fazer então? Não há esperança? Para o país e para o mundo, lamento dizer que não. Muitos serão condenados ao inferno - estão sendo e ainda serão, perdidos para sempre. Mas há para você, que lê esse texto. Sim. Você pode ser salvo por Deus, por meio da fé em Cristo Jesus, pela Graça. Salvo dos seus pecados e de seus efeitos. Uma vez salvo, isso significa que ainda que você venha a morrer, quer de causa natural, quer por qualquer outro meio, imediatamente à sua morte você será recebido pelo próprio Senhor no céu e uma ressuscitará, tornando a entrar em seu próprio corpo, que será glorificado e livre de todo pecado, e viverá para sempre com o Senhor, num lugar onde não haverá mais morte, nem violência, nem fome, nem injustiças sociais, nem doenças, nem dor alguma. Onde o próprio Deus enxugará de seus olhos todas as lágrimas. Este mundo vai passar; vai ser destruído pelo fogo. Mas Deus prometeu fazer novos céus e nova terra, onde os salvos em e por Cristo viverão eternamente, em seus corpos ressurretos glorificados pelo poder de Deus!  

O que você precisa fazer? Crer em Jesus. Em Jesus somente. Não na religião - o mundo está cheio de religiões e religiosos, cheios de boas intenções (???), e isso não muda coisa alguma no mundo. Jesus não fundou religião, nem ordenou que fosse fundada uma em Seu nome. Crer em Jesus, portanto, sem o auxílio ou confiança em religião, é o que se requer. No Jesus da Bíblia. Fé que Ele se entregou na cruz para morrer pelos meus pecados, passados e presentes; fé que Ele morreu e em Sua morte estou morto com Ele para esses pecados e fé que Ele ressuscitou e em sua ressurreição fui ressurreto espiritualmente para andar em novidade de vida e serei fisicamente ressuscitado naquele grande dia! Fé que em Cristo meus pecados são perdoados, por Seu sangue derramado na cruz e que agora fui reconciliado com Deus. Fé que age, fé que possibilita a transformação de vida do meu eu interior, pelo novo nascimento - regeneração espiritual, de forma que agora o pecado não tem mais domínio sobre a minha vida (ainda que eu continue a ser pecador e venha a pecar, só que arrependido e salvo, em transformação até o estado final de incorruptibilidade), que agora "já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim" (Gl 2.20). Fé que religa, fé que conecta, fé que aproxima. Fé em Jesus como meu salvador pessoal - hoje e sempre. 

Acerca disso, assim fala o pr. Hernandes Dias Lopes: "A graça é a base da salvação (Ef 2.8). “Pela graça sois salvos…”. O fundamento da salvação é a obra sacrificial e substitutiva de Cristo na cruz por nós. Ele morreu pelos nossos pecados. Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre ele. Jesus substituiu-nos. Ele se fez pecado por nós. Foi feito maldição por nós. Ele bebeu o cálice amargo da ira de Deus destinado a nós e cumpriu a lei por nós, satisfazendo, assim, completamente as demandas da justiça divina. Cristo pagou a nossa dívida e morreu a nossa morte. Agora não existe mais nenhuma condenação contra nós. Fomos declarados justos diante do tribunal de Deus. A obra de Cristo por nós e não nossa obra para ele é a base da nossa salvação. É isso que significa: “Pela graça sois salvos”. A salvação não é uma questão de merecimento. Não alcançamos a salvação como um troféu que recebemos de honra ao mérito. A salvação é um presente imerecido. Recebemo-la gratuitamente. É dádiva de Deus e não conquista humana". (disponível em: http://hernandesdiaslopes.com.br/salvacao-merito-ou-graca/)

Você consegue crer em Jesus? Consegue enxergar-se a si mesmo diante de Deus, pela fé, em seu verdadeiro estado espiritual sem Deus; consegue ver como você está longe Dele? O Pai nem olha para você! Vê como você é pecador? Consegue pela fé sentir todo o seu pecado, todo o fedor de pecado que você exala, toda a sua vida sem Deus? Se sim, quero que você, por esta fé, olhe agora para cruz. Veja-a como ela realmente é - um lugar de maldição, de morte, de condenação. Um lugar terrível, de crueldade e de violência. Olhe: veja quem está sendo pendurado nela - é Jesus. Ele não tem porquê estar ali, não fez nada para merecer! Mas Ele está ali, sendo crucificado, por causa dos seus pecados. Isso mesmo: dos seus pecados! Pecados que Ele está carregando, pecados muito pesados. Ele vai ali, na cruz, receber a condenação de Deus em seu lugar: condenado a morte. Vai morrer, na cruz, sozinho, sem Deus, por sua causa. Ele dá um brado e diz - está consumado! - e morre na cruz. Sua alma vai para o inferno, lugar que era para você ir. Mas Ele vai ao inferno não como pecador, não como condenado; Ele vai como vencedor! Como Rei! Como Conquistador! E Ele vai para o Pai, apresentando Sua vitória, e retorna ao Seu corpo! Um milagre acontece: Ele ressuscitou! Seu Corpo está vivo de novo! Glorificado! Seus pecados, querido(a) leitor(a), estão agora perdoados pelo Seu Sangue; sua culpa foi removida. A dívida com o Pai foi paga: Ele olha para você, sorrindo, e diz: "Está Consumado! O seu perdão está consumado! A nossa união está consumada! Tudo está consumado! Eu te recebo em Minha Santa Presença, como filho(a) amado(a)!"  

Se você consegue crer nisso que acabei de escrever, crer que Jesus fez isso por você, então você está salvo. Seu próximo passo, agora, é ser batizado nas águas e crescer em seu relacionamento com Jesus. Me escreva, se desejar mais informações a respeito. 

Graça e paz!

quarta-feira, 12 de junho de 2019

VOCÊ TEM A MARCA DA SALVAÇÃO?

E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.
E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais.
Matai velhos, jovens, virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa.
E disse-lhes: Contaminai a casa e enchei os átrios de mortos; saí. E saíram, e feriram na cidade.
Sucedeu, pois, que, havendo-os ferido, e ficando eu sozinho, caí sobre a minha face, e clamei, e disse: Ah! Senhor DEUS! dar-se-á caso que destruas todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalém?
Então me disse: A maldade da casa de Israel e de Judá é grandíssima, e a terra se encheu de sangue e a cidade se encheu de perversidade; porque dizem: O Senhor abandonou a terra, e o Senhor não vê.
Pois, também, quanto a mim, não poupará o meu olho, nem me compadecerei; sobre a cabeça deles farei recair o seu caminho.
Eis que o homem que estava vestido de linho, a cuja cintura estava o tinteiro, tornou com a resposta, dizendo: Fiz como me mandaste.

(Ezequiel 9:4-11)


INTRODUÇÃO

Marca: desenho, inscrição, nome, número, selo, símbolo, carimbo etc. que se coloca sobre um artigo para distingui-lo de outros, ou como indicação de propriedade, qualidade, categoria, origem. 

Sempre houve duas marcas na Palavra de Deus - uma marca sobre os justos e uma marca sobre os desobedientes. O conceito de duas marcas remonta a Caim e Abel. Quando Caim ficou com raiva e matou Abel, o Senhor colocou uma marca sobre ele. Esta marca não era uma marca desejável, mas ainda assim era uma marca que colocada sobre o rebelde Caim (Gn 4.15). Esta não era a marca de Deus marcando um dos seus filhos fiéis e verdadeiros, mas era a marca de um assassino. Foi uma marca de transgressão contra a lei de Deus. A ideia de uma marca não é algo novo na Bíblia; começa em Gênesis e continua por toda a Escritura, até o livro do Apocalipse.

Uma marca sobre os justos e os maus e o destino de cada um deles é claramente retratado na história do êxodo do Egito. Existem os dois grupos de pessoas - aqueles que estavam seguindo e obedecendo a Deus e aqueles que seguiam os costumes e tradições dos homens. Os filhos de Israel tinham um sinal ou marca de libertação sobre suas casas, para que o anjo da morte passasse: “Porque o Senhor passará para ferir os egípcios; e quando Ele ver o sangue no lintel e nos dois batentes da porta, o Senhor passará a porta e não permitirá que o destruidor entre em suas casas para ferir vocês” (Êxodo 12:23). Assim foi para o povo de Deus. Para aqueles que seguiram e obedeceram às instruções do Senhor, eles foram preservados do anjo destruidor. Mas foram apenas aqueles que tinham a marca de libertação de Deus que foram salvos. Se houvesse algum dos filhos de Israel que não possuísse a marca de Deus, eles não estariam protegidos e o primogênito deles pereceria com o desobediente. Os egípcios também tinham uma marca, mas esta marca não os salvou, marcou sua destruição. E aconteceu que à meia-noite o Senhor feriu a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que estava sentado em seu trono até o primogênito dos cativos que estavam nas masmorras, e todos os primogênitos dos animais domésticos (Êxodo 12:29). Foi uma marca da morte. 

Por que eles tinham essa marca de morte? Foi porque eles não receberam a marca da libertação de Deus. Todos os que recusarem ou negligenciarem a marca de proteção de Deus receberão a marca da morte como os egípcios fizeram. Não era que os egípcios não soubessem. Eles sabiam. Moisés e Arão haviam advertido fielmente o faraó e as notícias haviam chegado ao ouvido do servo mais humilde. Havia mesmo aqueles que se juntaram aos israelitas e foram preservados, e esses indivíduos tornaram-se parte da “multidão mista” (Êxodo 12:38). Havia duas marcas então, e há duas marcas agora.

Esta marca de Deus com a qual Ele marca aqueles que são Seus não é uma marca literal a ser recebida, mas uma marca de caráter. As marcas geralmente são simbólicas, e isso é certamente verdade com relação a marca de Deus. É uma marca de caráter, uma marca do coração. O Senhor vê mais profundo do que o homem. O homem está sempre olhando para os externos, mas Deus não olha para as aparências externas, os olhos de Deus penetram nas profundezas e intenções do coração e da alma.

I. A BÍBLIA NOS ENSINA QUE DEUS MARCA DISTINTIVAMENTE AQUELES QUE A ELE PERTENCEM.

Deus mandou que os anjos saíssem pela cidade a marcar algumas pessoas, em suas testas, dentre todos os moradores da cidade (v.4). Aquela marca (heb. lit. “tau”) seria um sinal para os seres angelicais que executariam o juízo de Deus. Quem tivesse a marca, seria poupado; quem não tivesse, seria exterminado. Havia, assim, dois grupos de pessoas que pertenciam a um grupo maior. Em toda a história bíblica, há sempre um grupo menor dentro de um grupo maior, onde só o Senhor sabe quem faz parte desse grupo, aos quais Deus reconhece e trata de forma distinta. Pessoas que são marcadas de uma forma especial e sobrenatural.

Dentre aquele grupo maior - os moradores da cidade - havia um grupo que era marcado na testa pelos anjos. O que havia de especial naquelas pessoas para receberem a marca, enquanto outras não? Essas pessoas estavam perturbadas e aflitas, tristes e com os pecados cometidos em Israel: Ser marcado na testa remete-nos ao pensamento, isto é, a maneira de pensar e, portanto, de viver daquelas pessoas. Essas pessoas eram aquelas que suspiravam e que gemiam por causa de todas as abominações que se cometiam no meio da cidade. Ou seja, aquelas pessoas realmente se importavam com os valores de e com a opinião de Deus sobre elas e sobre tudo o que estava acontecendo!  O pensamento deles era cativo a Deus. Eles pensavam e suspiravam pelo próprio Deus. Aquela marca era o reconhecimento de Deus da transformação de vida daquelas pessoas: “Eu conheço aqueles que são meus” (II Tm 2.19).  ELES ERAM JUSTOS PARA COM DEUS!


II. SOMENTE OS JUSTOS PARA COM DEUS RECEBEM A MARCA DISTINTIVA DA PARTE DE DEUS. 

A justiça de Deus, em nós crentes em Cristo, hoje, é imputada pela fé. Diz a Palavra de Deus que "o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (Romanos 3:28). Quando cremos em Jesus como Nosso Senhor e Salvador, nossa justiça passa a ser a justiça da fé, sendo nós gratuitamente justificados: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3.24). Essa jutificação nos traz paz com Deus, com quem antes estávamos em situação de inimizade: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5.1). Isso é ponto pacífico.

No entanto, é preciso considerar o seguinte: aquele que é justificado por Deus é também aquele que foi santificado; é aquele que foi reaproximado de Deus. Houve uma transformação em sua vida, de forma que sua maneira de viver agora é outra - é nova criatura, as coisas velhas são passadas. Ele experimentou o novo nascimento e isso evidencia-se de forma prática. Tudo aquilo que Deus faz em nossa vida - incluindo a salvação - tem evidência prática, no modo de agir, de falar e de viver. Se não há essa evidência, não houve a operação de Deus. Sendo direto, se não houve transformação de vida, não houve novo nascimento; consequentemente não houve salvação e tal pessoa continua escrava do pecado e em inimizade com Deus. 

Temos justiça para com Deus quando cremos Nele. Isso envolve viver como Ele espera que vivamos, pois “o meu justo viverá pela fé” (Hb 10.38). SE EU CREIO EM DEUS, SE SOU SALVO EM CRISTO, DEVO VIVER CONFORME ESSA FÉ. A vontade de Deus é que sejamos santos em toda a nossa maneira de viver (I Pe 1.15,16). A santificação só é possível porque há uma mudança da nossa natureza (II Co 5.17), gerada no novo nascimento pelo Espírito Santo, por ocasião da fé em Cristo. 

O que é santificação? Santificação é o abandono do pecado e da rebeldia para com Deus e cultivo de uma vida piedosa, das virtudes cristãs (II Tm 3.5). Não é se isolar do mundo, não é ser xiita radical no trato com as demais pessoas ou ser legalista. Mas sim é viver diariamente sob a Graça Justificadora, em plena certeza de fé, e descansando completamente na obra da Cruz. Aqui vale citar a explicação do pr. Caio Fábio sobre a santificação: "Para Ele (Jesus) santificação era o caminho do amor e da misericórdia; e não uma lista de coisas a se fazer ou deixar de fazer. Santo, para Jesus, é aquele que não julga o próximo; que anda mais de uma milha com o inimigo; que dá a capa para cobrir o frio do adversário; que não passa ao largo quando vê um homem caído na estrada; que dá água com amor aos irmãos... como se fossem profetas ou o próprio Jesus quem bebesse; que trata o diferente, o estranho, como se fosse Jesus; que veste o nu, abriga o órfão, acolhe o desamparado, abre a alma ao faminto, e não se esconde seu semelhante. Para Jesus, o santo não fala de santidade, mas de vida. Sim, para ele, o santo é quem crê; é quem busca a verdade, a justiça e a humildade. Santidade, para Jesus, é simplicidade; é se satisfazer com "uma só coisa"; é gratidão e contentamento. E, conforme Jesus, o santo é alguém livre para ir onde quer, para amar a quem ninguém ama, para transgredir a Lei a fim de tirar...mesmo que seja um boi... do buraco no qual caiu, ainda que o dia seja sábado. Nossa visão de santificação é pagã, é farisaica, e cheia de justiça própria. Sim, o que chamamos de santificação é exatamente aquilo que os fariseus ensinavam: ser zeloso da lei" (disponível em: https://caiofabio.net/caio-por-que-voce-nao-fala-em-santidade). Ele afirma com muita clareza: "O modo como a “santidade” foi compreendida pela maioria da cristandade é algo que, se praticado, enlouquece qualquer pessoa. Temos dois mil anos de “histórias de santidade cristã” que são atestados de enfermidade e conturbação mental". O caminho da verdadeira santidade, no Novo Testamento, é um caminho de esvaziamento da justiça própria. 

Note, portanto, que nenhuma pessoa verdadeiramente salva ira viver de forma desobediente, uma vez que a justiça, ou retidão, de Cristo, lhe é imputada pela fé; assim, certamente irá viver de acordo com a retidão transferida a ela. HÁ UMA NOVA NATUREZA NELA, DIFERENTE DA CAÍDA. Ela vence o mundo, com suas concupisciências, pela fé. Ela creu e crê em Cristo e em Sua obra na cruz: são todo suficientes para ela e, assim, ela vive a vida como dom de Deus. Ela olha o pecado e não tem prazer nele; mesmo que cometa pecado, ela não terá prazer duradouro nele, pois sua alma pertence a Deus. O arrependimento brotará em seu coração e ela invariavelmente voltará novamente para Deus. E, por meio da fé, paulatinamente a vitória de Cristo se manifestará na sua vida. 

Aqui reside a fé na Obra da Cruz, conforme ensina o pr. Caio Fábio: O verdadeiro santo se sabe não-santo. E não se angustia com o fato de sua imperfeição histórica, visto que ele sabe que a vida na Terra é um processo, e que ele ainda não alcançou, em si mesmo, tudo aquilo que ele já sabe que em Cristo é seu. Assim, esquecendo das coisas que para trás ficam... ele prossegue para o alvo. A Cruz removeu todas as conseqüências do pecado, diante de Deus, para todo aquele que crê que Jesus é Suficiente! Significa que não peco mais? Ora, nem de longe. Eu sou o principal dos pecadores; justamente por isso, também sou o mais certo do benefício da Cruz em meu favor. (disponível em: https://caiofabio.net/neurose-de-santidade)

A natureza caída não consegue submeter-se a Deus, a nova natureza em Cristo não consegue submeter ao pecado (ainda que existe uma possibilidade de cometer pecados). Se alguém está debaixo do pecado nunca conseguirá obedecer a Deus. Se alguém É VERDADEIRAMENTE SALVO não conseguirá viver na prática do pecado nem amar o pecado, mas seu prazer estará em fazer a vontade de Deus. Assim como é impossível para o não-salvo obedecer a Deus, assim é impossível para alguém salvo obedecer ao pecado (I Jo 3.4-9). Quem não se entregou a Cristo, não está "nem aí" para o modo que vive, salvo sua moral pessoal decaída na qual ele mesmo determina o que é certo/errado e o que pode/não pode. 

Tristemente, essa moral decaída é quem governa o modo de viver de não-convertidos e de até alguns "ditos convertidos", nesse caso transformada em legalismo.  E essa moral está cada vez mais "amoral", posto que os homens estão excluindo cada vez mais a Cristo e Sua cruz de suas vidas... agindo como se Deus não existisse ou como se Ele não ligasse a mínima para suas atitudes. Basta uma rápida olhada no mundo e no meio "gospel" e facilmente se constatará o que eu digo. O que se vê é somente aquilo que Paulo declara sobre o estado espiritual, manifesto na vã maneira de viver, do mundo caído: "Como está escrito:Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos" (Romanos 3:10-18). A triste constatação é que muitos dos ditos onvertidos - mesmo ditos pastores e donos de igreja - nunca se converteu de verdade. 


III. A MARCA DA SALVAÇÃO TRAZ LIVRAMENTO DO JUÍZO DE DEUS.

Todos os de Israel que não receberam a marca de Deus foram mortos – velhos, moços, virgens, crianças, mulheres – a começar pelo santuário (vv.5,6; I Pe 4.17). Ninguém sem a marca foi poupado, nem mediante a intercessão de Ezequiel (v.8). O ser angelical que estava com o estojo de escrevedor disse ao Senhor: fiz como me mandaste! (v.11) Ou seja, está cumprido!

Assim como nos dias de Ezequiel, vem dias sobre a Terra que farão com que os homens, sem a marca de Deus em sua testa, peçam a morte para si por causa da intensidade do sofrimento sobrenatural que passarão (Ap 9.1-6). Estas pessoas, sem a marca de Deus, são aquelas que receberão a marca do Anticristo (Ap 13.16-17; 14.9-10). OU RECEBEMOS A MARCA DE DEUS PARA SALVAÇÃO OU A MARCA DO DIABO PARA CONDENAÇÃO. A ESCOLHA É NOSSA.   

CONCLUSÃO:

Assim como na libertação dos filhos de Israel do Egito havia duas marcas, então na libertação final do povo de Deus deste mundo iníquo haverá duas marcas distintas. Haverá a marca da desobediência que os egípcios tiveram, e haverá a marca de libertação que as pessoas verdadeiras de Deus terão (Apocalipse 14: 9,10).  VOCÊ JÁ RECEBEU A MARCA DE DEUS?

SERMÃO MINISTRADO EM 19/03/2017.