terça-feira, 9 de agosto de 2011
MUITA CANSEIRA EM DIAS TRABALHOSOS...
Dias trabalhosos... assim o apóstolo Paulo qualifica os "últimos dias". Dias de muito trabalho, que geram muita canseira e muito mal-estar, aborrecimento. Não pelo trabalho per se, que é de grande importância, mas pelo tipo do trabalho e a intensidade de energias espirituais e emocionais que ele demanda. Esse trabalho ao qual me refiro é o lidar com as "pessoas dos últimos dias". Sim, o trabalho nos últimos dias, mais intenso do que o trabalho nos primeiros dias, consiste em ter que lidar com os homens e mulheres que vivem neste tempo. Todos os que vivem neste tempo são "pessoas dos últimos dias"? Não, graças a Deus! Mas seu número é crescente; encontram-se em todos os lugares, especialmente na religião.
Ah, a religião... o entorpecente do homem dos últimos dias! O grande gueto, cada vez mais popular, cada vez mais frequentado e cada vez mais violento, onde a violência é intensa, explosiva:
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No beco escuro onde explode a violência
Eu tava acordado
Ruinas de igrejas, seitas sem nome
Paixão, insônia, crença, liberdade vigiada
(Música "O Beco", Paralamas do Sucesso)
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Infelizmente, de forma cada vez mais ampla, a igreja está se tornando como diz a música, "em ruínas"; não passam de seitas sem nome, ou seja, sem identidade definida - meio gospel, meio espírita, meio barro, meio tijolo. A igreja que me refiro é aquela que há muito tempo deixou de ser ekklesia, deixou de ser "coluna e baluarte da verdade" de Deus. Não são todas, novamente afirmo e novamente glorifico a Deus por isso. Porém, infelizmente não são poucas.
Esta abordagem não refere-se à instituição, associação ou organização, que é ampla e variada. Se a origem do problema fosse a organização, resolvê-lo seria o mais simples dos trabalhos. Um bom gestor de O&M, um especialista em gestão organizacional seria mais do que suficiente. Há uma ampla quantidade de modelos organizacionais de igrejas à disposição, desde a forma de governo (episcopal, presbiteriano, congregacional, 12, etc) até a forma de funcionamento (células de crescimento, de edificação, cultos, ministérios, departamentos, grupos, com propósitos, etc). Particularmente, creio que cada um desses modelos é valido; não existe um modelo melhor ou pior, mas sim aquele que cada um utiliza. Cada modelo tem seus pontos fortes e pontos fracos, bem como suas oportunidades e ameaças, facilmente detectáveis a partir de uma simples análise SWOT.
Mas o problema é mais profundo. Ele deriva-se da dupla natureza da igreja, que é tanto uma instituição, quanto um organismo vivo. Todo organismo vivo é, de uma maneira bem simples, um conjunto de sistemas interligados e mutuamente dependentes, que funcionam sinergisticamente visando a manutenção da vida e do bem-estar do organismo. Quando os sistemas que compõem o organismo não funcionam como deveriam, os demais sistemas ou compensam esta disfunção - trabalhando muito mais do que deveriam - ou também passam ao estado de mau funcionamento. Isso é facilmente exemplificado observando-se o corpo humano. Se, por exemplo, há algum problema no funcionamento dos rins na regulação do nível de líquido no corpo, o volume de líquido aumenta e deste modo aumenta a pressão arterial, que nada mais é do que o coração fazendo mais força para bombear uma quantidade maior de líquido. A persistência no quadro pode gerar muitos danos, tanto para o coração quanto para os demais órgãos e tecidos.
Mas o que é um sistema? Da biologia, aprendemos que um sistema é um "conjunto de órgãos compostos dos mesmos tecidos e que desempenham funções similares". Cada membro da igreja se constitui, na verdade, no órgão que a mantém funcionando. Assim, o cerne do problema está na constituição fundamental da igreja, ou seja, em seus membros e lideranças. Novamente, são todos os membros? São todas e quaisquer lideranças? São todas as denominações? Não, não e não! Ainda há, por certo, pessoas sérias e comprometidas com o organismo e com o Senhor deste organismo.
Contudo, o apóstolo Paulo diz que há um grupo de pessoas cuja característica é ser radicalmente o oposto do que deveriam ser; um grupo que é encontrado no lugar onde jamais deveriam sê-lo. Nas palavras de Paulo, são pessoas que têm aparência de piedade, ou seja, aparentam santidade, temor de Deus, conversão, mas na verdade são pessoas desprovidas de todos os valores e características que identificam e qualificam os verdadeiramente piedosos. Paulo enumera as características dessas impiedosas pessoas, homens dos últimos dias, num total de 18 "adjetivos", que fariam o cruel e tirano Imperador Ming, de Flash Gordon, parecer o mais santo dos homens.
É justamente esse grupo de ímpios transvestidos de crentes, nos bancos e nas lideranças, que fazem com que estes últimos dias sejam dias trabalhosos. Gente que vive de acordo com os padrões e princípios deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito [maligno, do inferno] que neles opera, enquanto na condição de filhos da desobediência (Ef 2.2), e que torna-se religioso, igrejeiro, sem no entanto experimentar a transformação do caráter, sem experimentar o novo nascimento. Como não houve mudança de vida, estas pessoas passam a reproduzir na igreja aquilo que elas são e aquilo que elas vivem no mundo, do qual ainda não saíram. Eles não foram "ek-kaleo", chamados para fora do mundo e, portanto, não são igreja no conceito bíblico; não são parte do organismo vivo. Porém, são igreja no conceito secular: membros da organização, com direito a voz e voto, com direito a serem batizados e tomarem Santa Ceia.
Lidar com este tipo de gente produz uma canseira sem precedentes! Dá muito trabalho lidar com homens "amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus". São essas pessoas que contribuem com seu mal comportamento, fruto de um caráter deformado pelo pecado, para que o nome de Deus seja blasfemado no mundo (Rm 2.24) - isso quando eles mesmos não são os primeiros a blasfemarem desse Nome. São esses que fazem com que a Bíblia e a igreja tornem-se piada, que o Santo Nome do Senhor Jesus vire jargão cômico na boca de infiéis (como, por exemplo, "só... na causa!"). São esses que não entram no Reino de Deus e ainda por cima impedem aqueles que entravam de continuar a fazê-lo, produzindo uma enormidade de escândalos para a igreja (o mundo percebe cada igreja como uma coisa só). São esses que resistem sempre a todo ensino e correção; que aprendem, aprendem e aprendem mas nunca chegam ao conhecimento da verdade (II Tm 3.7).
Por isso, como canta o Paralamas, "igrejas [estão] em ruínas". Perderam seu propósito original, de ser igreja. Estão na igreja, mas não são igreja. Estão mas não são. Estão de corpo presente, como também pdoeriam não estar. Estão porque têm interesse naquilo que a instituição e seus mentores podem oferecer: bênçãos fáceis a preços módicos, status social, carreira e profissão, palco e atenção. Como é fácil fazer sucesso "naquela que é e não é", como é fácil lucrar milhares e milhões com CDs de música, que enfatizam o estar e não o ser (ou como vir a ser); como é fácil ter programas e canais de TV e rádio, para ajudar a manter o "status quo". Igrejas em ruínas, arruinadas e arruinadoras. Instituições vazias, ocas, sem nenhum valor espiritual. Igreja que é estudo de caso, em dissertações e teses acadêmicas, do que não é igreja. Aquela que é e não é, que diz "o culto desta noite foi maravilhoso, ô glóooriiiaaaa", porque a música que cantaram tem um ritmo eletrizante, ou tem uma melodia de fossa. porque a mensagem que ouviram, dita de Deus, foi cuidadosamente preparada para gerar sentimentos positivos de alegria, ou porque o dito "pastor/apóstolo" aplicou técnicas de manipulação de massas.
Como é extenuante lidar com essa situação. Que canseira! Mostrar a verdade sobre a "inverdade" que é essa "igreja". Nestes dias de muito e intenso trabalho, corre-se o risco da estafa e do desânimo. Para que isso não ocorra, só tem um jeito: esperar no Senhor. Assim diz a Palavra de Deus: "Mas os que esperam no SENHOR renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão" (Is 40.31). Como canta o Pr. Feliciano Amaral, "Óh Senhor, dá que eu possa esperar! De joelhos imploro, até que Tu mesmo direto respondas; dá que eu possa realizar, o que outros fazem, esperam orando em Ti óh Senhor!". Não desistir, apesar de toda conspiração satânica para que isso aconteça; não abandonar a congregação, ainda que esta seja a vontade pululante.
É preciso tirar os olhos dessa que não é igreja verdadeira, mas é filha da prostituta embriagada de Apocalipse 17. João se maravilhou com grande admiração da mãe dela e foi repreendido pelo anjo do Senhor. Nas palavras do anjo, a mãe prostituta é aquela que "foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá" e assim como é a mãe, são as filhas. Do mesmo modo, aceite a carinhosa repreensão e não fique olhando com admiração para ela, para que você não venha a ser seduzido por essa meretriz espiritual, que ostenta poder e riqueza ("vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas", v.4), ou desanimado pela contemplação do sangue dos santos e das testemunhas de Jesus em sua boca. Não permita que sua vida se desvie, nem para direita, nem para a esquerda, mas siga sempre em frente, olhando firmemente para Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé!
Pense nisso. Deus está lhe dando visão (e asas) de águia!
3 comentários:
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Essa igreja hodierna é a Igreja de Laodicéia,Crê estar ricamente vestida,mas não é do Senhor Jesus,nem por Ele.Ela esá nua,e suas vergonhas estão descobertas.Ela é miserável,embora jactancie-se de possuir muito.Ela tem o dinheiro roubado pelo engano de muitos,conseguido com suas mentiras,com suas falsas promessas.Só que não possui o ouro da Glória de Deus.Ela não vê,é cega.Seus olhos estão totalmente em trevas.Só vê o que lhe interessa,o que lhe agrada,o que alimente seu ego,sua vaidade.Ela está embriagada,e está prestes a cair de tão tonta.E já escorrega no seu vômito...
ResponderExcluirComo são verdadeiras suas palavras caro pastor Ricardo. Como é cansativo lidar com pessoas que nunca entenderam a essência, missão e significado da Igreja de Cristo (talvez nunca foram participantes dela). Como cansa ensinar, pregar, aconselhar e não ver resultados satisfatórios. Como dá trabalho manter a fidelidade às Escrituras e rogar a outros que também sejam fiéis.
ResponderExcluirOutro dia minha esposa lembrou de um filme que vimos quando éramos ainda adolescentes. Era um filme que misturava terror e comédia chamado: "A Volta dos mortos-vivos". Eram cenas onde vários mortos começavam a andar pela cidade como se estivessem vivos, porém estavam mutilados e apodrecidos. E o pior é que aqueles que feriam passavam a ficar como eles.(Michael Jackson até fez uma música imitando o filme).
Qualquer semelhança com muitos que se dizem "crentes" NÃO é mera coincidência. Estão mortos em seus delitos e pecados como bem afirma o apóstolo Paulo. Parecem estar vivos, mas basta olhar com um pouco mais de sensibilidade e discernimento para perceber que não vivem (cheiram mal e por vezes nos assustam assim como os tais mortos-vivos do filme). E tentam contaminar a Igreja com suas feridas e podridão.
E como cansa lidar com eles !!!
Prossigamos em alertar os "vivos" da existência desses "mortos-vivos" entre nós e continuemos a trabalhar, mesmo muitas vezes cansados.
Perdão por me alongar.
Forte abraço.
Pr. Magdiel.
Obrigado pelo comentário, pr. Magdiel. Infelizmente, assim como no filme "A Volta dos Mortos-Vivos", os mortos persistem em pertubar aqueles que estão vivos! Esses, insistem em transformar a igreja numa necrópole. Ao final dos tempos, os "mortos-vivos" serão definitivamente lançados no inferno. Até lá, que Deus nos dê tempos de refrigério, porque muita, mas muita cansaeira ainda há de vir.
ResponderExcluirPode se alongar à vontade, querido pastor!
Graça e Paz!