terça-feira, 29 de setembro de 2015
A PROFECIA DE JOEL E AS LUAS DE SANGUE
TODAS as profecias bíblicas têm seu cumprimento garantido por Deus. Se o Senhor prometeu algo, Ele é fiel e justo para cumprir cada promessa. Nenhuma das profecias bíblicas jamais caiu por terra, elas jamais deixaram de se cumprir. Algumas delas, ainda mais, são cumpridas em mais de uma ocasião na história humana; nesses casos, devemos sempre esperar ainda um cumprimento derradeiro e definitivo. Assim, por exemplo, é o caso do cumprimento das profecias de Daniel, como no caso da interpretação do sonho de Nabucodonosor da estátua feita de muitos materiais (Dn 2), da visão dos 4 animais (Dn 7), do carneiro e do bode (Dn 8) e das 70 semanas; de muitas das profecias de Ezequiel (como por exemplo Ez 37 comp. com Rm 11); de muitas das profecias de Isaías e de outros profetas, além de, é claro, das profecias registradas no Novo Testamento.
As profecias bíblicas, quando mal-interpretadas, isto é, interpretadas fora de seu contexto (porque a Bíblia é um livro de texto com contexto, sempre), geram no coração de muitas pessoas temor e assombro. Por exemplo, com relação a Segunda Vinda de Cristo, inúmeras pessoas e grupos religiosos já tentaram (e alguns ainda tentam) predizer a data deste grandioso evento profético (em desobediência clara a Marcos 13:32): em 1533 o pregador anabatista Melchior Hoffmann anunciou o retorno do Senhor para o 15º aniversário da sua morte; em 1843 o pregador metodista William Miller anunciou o apocalipse para 3 de abril, depois 7 de julho, depois 21/03/1844 e por fim para o dia 22 de outubro de 1844, levando 50.000 pessoas a aguardarem a vinda do Senhor - a não-vinda ficou conhecida como "Grande Decepção" (Jean-Yves Leloup; O Apocalipse de João. Ed. Vozes, 2014). Ressalte-se que muitos venderam suas propriedades, deixaram seus empregos e casas e muitos abandonaram suas denominações; multidões ficaram na rua esperando o cumprimento da profecia para aquela data marcada e nada aconteceu.
Desse desapontamento de 1844, surgiram as Testemunhas de Jeová, que vez por outra vem tentando inutilmente descobrir a data do fim. Mais modernamente, em janeiro de 1992, mais uma tentativa vazia de agenda o fim do mundo - "Jesus voltará no ano de 2007 num dia de sábado" - é o que foi dito pela pastora, hoje apóstola Valnice Milhomens. Harold Camping, líder da seita americana Family Radio, "agendou o fim" para 21/05/2011, quando então 200 milhões de pessoas seriam arrebatadas; minutos após o Arrebatamento, começaria um juízo final de cinco meses, de acordo com o versículo bíblico Apocalipse 9:5, e após esses cinco meses (21 de outubro de 2011), esse mundo seria destruído com fogo (Camping na verdade reagendou o fim do mundo em várias ocasiões, como por exemplo para 06/09/1994; nada acontecendo também neste dia, Camping marcou nova data para 3 de abril de 1996 mas, como das outras vezes, Jesus também não voltou). Como a profecia do Harold Camping para esse dia não se concretizou, ele remarcou o fim do mundo para 21 de outubro de 2011. Nada aconteceu, novamente.
Esses "secretários de Deus", que tentam em vão marcarem datas para o fim do mundo, estão baseados em interpretações errôneas das Escrituras; alguns, contudo, tem como base eventos catastróficos na natureza ou na sociedade. Assim, por exemplo, o evento natural conhecido como "Luas de Sangue" (como lhe chamam os leigos) fez com que alguns pastores, sacerdotes e fiéis cristãos "indubitavelmente" ensinem que o quarto e último eclipse da tétrade lunar cumprirá as profecias bíblicas do Apocalipse. O fenômeno, registrado pela primeira vez a 15 de abril de 2014, repetiu-se no dia 8 de outubro, voltou a ocorrer a 4 de abril de 2015 e 28 de setembro de 2015, completando o que se chama uma tétrade lunar, o que deveria marcar o início do fim do mundo para esses cristãos. Assim, para o pastor norte-americano John C. Hagee, o fenômeno tem relação com as profecias registradas no Livro de Joel 2:30,31 e de Apocalipse 6:12.O que aconteceu? Novamente, o mundo não acabou.
Qual é o problemas desses agendamentos? Será que as profecias envolvidas não são verdadeiras? A resposta é não; todas as profecias bíblicas são verdadeiras, como dito no início desse texto. O problema está, então, na interpretação dessas profecias. Vale a pena, então, reexaminarmos a profecia de Joel cap. 2, e buscar primeiro compreender como se deu e como se dará o seu cumprimento, à luz da história bíblica e da própria Bíblia. Assim, portanto, na História Bíblica, julgamentos particulares sobre reis e nações são freqüentemente descritos em termos tais como corretamente pertencem ao juízo geral e conflagração dos céus e da terra. As expressões utilizadas em Joel cap. 2, em seu sentido literal, falam do impedimento da luz vinda do sol e da lua conjuntamente, o que pode dar-se tanto por eclipses como por qualquer outra causa, como talvez, no momento aqui referido, pela prodigiosa quantidade de fumaça proveniente da queima das cidades, vilas e aldeias em redor, e também da própria Jerusalém, que, sem dúvida, foi suficiente para obscurecer os luminares celestes por algum tempo.
Por outro lado, é bom constatar que essa profecia está ligada indubitavelmente ao derramamento do Espírito Santo sobre toda carne - "E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões, e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito." (Jl 2.28,29) Conforme o apóstolo Pedro, o cumprimento dessa profecia de Joel deu-se no dia de Pentecostes em Atos cap. 2. Porém, não houve o cumprimento de toda ela, pois ainda resta cumprir a outra porção da profecia - "E farei aparecer prodígios em cima, no céu; E sinais em baixo na terra, Sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se converterá em trevas, E a lua em sangue, Antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor" (At 2.19,20). Segundo o Jamieson-Fausset-Brown Bible Commentary relata, essa porção se cumpriu antes da destruição de Jerusalém segundo Flávio Josefo [Josephus, Wars of the Jews - http://www.gutenberg.org/files/2850/2850-h/2850-h.htm]. É interessante destacar que essa porção tampouco aconteceu nos dias do derramamento do Espírito na Rua Asuza, no séc. XX, onde mais uma vez esta seção específica da profecia de Joel teve seu cumprimento, do derramar do Espírito. Isso nos leva a crer que a seção da profecia de Joel 2:30,31 que fala sobre os prodígios no céu e sinais na terra - sol se convertendo em trevas e lua em sangue - ainda se cumprirá na história humana, "antes de chegar o grande e terrível dia do Senhor".
Conforme o Matthew Poole's Commentary registra sobre esse texto de Joel, "o sol se converterá em trevas", ele será grandemente obscurecido; enquanto isso, "a lua se converterá em sangue", quer por eclipse, ou pela intervenção de vapores gerados nos locais onde há grande matança e efusão de sangue. Esta profecia foi cumprida em parte na devastação de Jerusalém, mas deve ser cumprida integralmente e, finalmente, no dia do juízo, e na consumação do mundo. Já para o Gill's Exposition of the Entire Bible, a frase "o sol se converterá em trevas e a lua em sangue" seria uma figura de linguagem, representando a imensa quantidade de nuvens de fumaça decorrentes da queima de vilas e cidades quando da destruição de Jerusalém pelos Romanos. Para esses dois comentários bíblicos, a mudança de coloração nos dois grandes luminares é resultado de nuvens de poeira e outros detritos, resultantes de terríveis batalhas na Terra; a mudança na coloração seria, portanto, segundo a ótica de quem olha da terra para o céu, que vê os luminares à luz das condições da terra. É possível que a profecia aponte para eventos físicos reais, como eclipses não-usuais; essa é a posição defendida no comentário Cambridge Bible for Schools and Colleges. Nesse caso, a mudança dos luminares seria resultado de eventos cosmológicos, sendo a visão de quem olha sem nenhum tipo de obstáculo. Esse comentário, contudo, afirma ser possível também tratar-se, mesmo que parcialmente, de obscurecimentos não-usuais do sol ou lua por distúrbios atmosféricos.
Como explicar o fenômeno que ocorreu em 2014 e 2015? Do ponto de vista físico é bem simples: uma lua de sangue é um eclipse lunar total, quando a Terra fica entre a Lua e o Sol. Como a Terra bloqueia a luz do Sol, a única coloração que emerge através da atmosfera terrestre é vermelha, lançando uma cor vermelho-sangue sobre a Lua. O astronômo italiano Giovanni Schiaparelli calculou que a ocorrência das tétrades varia ao longo dos séculos. Num intervalo de 300 anos há diversas tétrades lunares, enquanto noutros 300 anos não há nenhum. Por exemplo, os anos entre 1852 e 1908 não houve nenhuma tétrade, enquanto nos próximos 3 séculos teremos 17 tétrades (contando entre os anos de 1909 a 2156). (http://www.centrometeoitaliano.it/astronomia-spazio/eclissi-totale-di-luna-della-tetrade-in-arrivo-8-ottobre-20191/) A cor vermelha deve-se à luz que atravessa as camadas da atmosfera da Terra e se desviam para dentro da sombra. A principal luz que se desvia nessa direção é a luz vermelha que, no momento do eclipse, atinge a superfície lunar. Esse efeito ondulatório é chamado de dispersão de Rayleigh.
E espiritualmente, há alguma explicação? Sim, sem sombra de dúvida. A primeira explicação encontramos no Livro de Salmos: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos." (Sl 19.1) Ou seja, as tétrades anunciam a existência, beleza, magnificência, poder, grandiosidade, inteligência e amor do Supremo Criador do Universo, de Deus, o Soberano do Universo! Elas mostram que a criação não é fruto do acaso ou do caos, mas sim é obra de Um Ser Pessoal e Inteligente - e muito acima da criação que Ele fez. Elas mostram a criatividade e, porque não, o bom humor de Deus! E não só as tétrades apontam para Ele; mas toda a criação evidencia de forma gritante a existência do Supremo Criador, Aquele por quem são todas as coisas, Jesus: "Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele." (Cl 1.16,17)
Há mais alguma explicação espiritual, que possamos reconhecer para este fenômeno, segundo as Escrituras? Sim, há. Ela se encontra em Lucas 21:11: "E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu". Ou seja, são "sinais no céu". Sinais que antecedem a Vinda do Senhor. Vale lembrar o que o Senhor nos exortou: "E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas." (Mt 24.29) Ainda não chegamos naqueles dias preditos por Nosso Senhor. Mas estamos caminhando para eles, sem dúvida alguma.
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
2 comentários:
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Estou alegre por encontrar blogs como o seu, ao ler algumas coisas,
ResponderExcluirreparei que tem aqui um bom blog, feito com carinho,
Posso dizer que gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
decerto que virei aqui mais vezes.
Sou António Batalha.
Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se o desejar
siga, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.
http://peregrinoeservoantoniobatalha.blogspot.pt/
O ser humano gosta de espiritualizar tudo! Também cheira tragédias onde não há! Enquanto isso, muitas coisas que acontecem debaixo dos seus narizes ,essas sim verdadeiras catástrofes, passam despercebidas. Quando muito só impactam no momento. Quantos fatos diariamente, estão ocorrendo numa incrível velocidade e nada é feito! Muitos deles apontando para o fim de todas as coisas e a necessidade mais que urgente do homem se consertar e se voltar para Deus. Seria muito bom, se a fome, a seca, a violência, as injustiças,as guerras, as epidemias que assolam a humanidade chamassem mais atenção para a volta de Jesus, e a extrema necessidade de providenciar o socorro .
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