quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

O VERDADEIRO CRISTÃO E A VERDADEIRA CIÊNCIA

Ciência, corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos, e formulados metódica e racionalmente. Conhecimentos obtidos por meio da aplicação do método científico, consistindo basicamente na formulação e teste de hipóteses por meio de experimentos. A verdade, para a ciência, é experimental, ou dito de outro modo, só a experimentação é capaz de produzir verdades sobre um fenômeno. Assim, para a ciência, a partir da observação de um fenômeno o pesquisador conjectura possíveis respostas (hipóteses) e realiza experimentos no sentido de obter dados que comprovem ou neguem essas hipóteses. Analisando os dados, por meio da indução, chega-se a hipótese mais provável, tida então como a verdadeira explicação para aquele fenômeno. Fazem parte das análises alguns princípios, como o princípio da parcimônia, segundo o qual a hipótese mais simples é preferível pois a chance de se mostrar errada no futuro é menor, um princípio reducionista.


Esse princípio é também conhecido como "Navalha de Ockham", um princípio atribuído ao frade franciscano Guilherme de Ockham no séc. XIV. O princípio afirma que "as entidades não devem ser multiplicadas desnecessariamente", ou em latim "pluralitas non est ponenda sine neccesitate". Interessante é que William usou o princípio para justificar muitas conclusões, incluindo a afirmação de que "a existência de Deus não pode ser deduzida apenas pela razão". Omite-se, propositalmente, a formulação original de Ockham: "Porque nada deve ser postulado sem uma razão apresentada, a menos que seja evidente ou conhecido pela experiência ou provado pela autoridade da Sagrada Escritura". Para o frade, a filosofia, as ciências naturais e outros estudos foram bem servidos pela razão, mas Deus não é definido nem confinado pela razão. Ockham e seus seguidores acreditavam na Teoria do Comando Divino, que afirma que uma regra é boa se Deus der a regra. A “bondade” e a “moralidade” são determinadas pelo que Deus ordena, não por qualquer qualidade intrínseca que a regra possua ou pelo resultado de segui-la. É um resultado feliz da natureza de Deus que as regras que Ele dá sejam para nosso benefício.

Deve ser dito que a Navalha de Ockham é uma diretriz filosófica, não uma regra real da lógica. Ele se encaixa na mesma categoria de regras práticas, provérbios e outras generalidades. É importante dizer que a explicação mais simples não é necessariamente a correta. Ou seja, é preciso avaliar quando é possível aplicar a navalha de Ockham e quando não é possível fazê-lo. Esse ponto é muito importante e frequentemente gera muita confusão, por sua má compreensão e uso. Dizer que Deus é a causa última da Criação não exclui a forma pela qual Deus criou todas as coisas. Ou seja, confunde-se a criação com o Criador, reduzindo o Criador a condição de "coisa a ser investigada". Simploriamente, é como se fosse possível levar Deus para um laboratório e submetê-lo a uma série de experimentos a fim de determinar Sua natureza e comprovar-Lhe a existência. Isso é impossível, pois o Criador de todas as coisas não é parte de Sua criação e não está sujeito, portanto, às mesmas regras que Ele criou para reger cada coisa criada. As coisas criadas estas sim são regidas por regras também criadas por Deus. 

A Bíblia Sagrada não é um livro científico. É um livro de Revelação, isto é, um livro que nos revela quem é Deus. O conhecimento de Deus é, portanto, obtido por meio de Revelação; Deus revela-nos quem Ele é e qual a Sua vontade para nossas vidas. Tal conhecimento é impossível de ser obtido de outro modo. Esse "conhecimento de Deus" chega até nós de duas maneiras distintas: revelação geral e especial. Através da revelação geral, podemos aprender muito sobre Deus e sua verdade observando o mundo ao nosso redor. A revelação especial das Escrituras nos dá uma imagem muito mais clara da criação e do mundo em que vivemos. A revelação das Escrituras serve como filtro através do qual tudo o mais deve ser interpretado. Assim, a criação de Deus nos diz que toda a realidade é a realidade de Deus; toda verdade é a verdade de Deus... se crermos em Deus como Criador, não poderemos dividir o mundo em espiritual e secular. O fato de que toda a realidade depende da palavra criativa de Deus significa que a palavra de Deus deve julgar as idéias dos homens sobre a verdade e o erro, e não o contrário.

Assim, Deus é e sempre será a explicação última de todas as coisas criadas. Por que existe luz? Porque no princípio Deus disse "haja luz" e então "houve luz". Agora, identificar a natureza da luz é outro assunto. O que é a luz? São partículas, denominadas fótons? São ondas, segundo a teoria ondulatória proposta pelo físico holandês Christian Huygens, em 1678? Que regra a luz segue? O cientista Maxwell já respondeu essa pergunta, postulando suas famosas equações, concluindo que a luz é uma vibração transversal que se propaga no mesmo meio que os fenômenos elétricos e magnéticos. É bom que se registre a lacuna: Maxwell era cristão, tornando-se ancião (presbítero) da Igreja da Escócia (leia mais sobre Maxwell em: https://www.evangelical-times.org/18573/james-clerk-maxwell-1831-1879/).

Outro exemplo: a Bíblia registra que Deus formou o homem do pó da Terra, à Sua imagem e conforme a Sua semlhança. Ou seja, Deus deu ao homem uma natureza humana no corpo físico feito a partir do pó e uma natureza espiritual, gerada pelo sopro do Seu Espírito nas narinas do homem. Os complexos bioquímicos inerentes ao metabolismo humano não foram registrados na Bíblia (imagine Deus explicando o Ciclo de Krebs para Moisés há mais de 1000 anos antes de Cristo!), mas estão presentes no homem, sendo criados por Deus quando o homem foi criado. O papel do cientista cristão não é discutir essa criação, mas investigá-la: como funciona o corpo humano? Como é constituído? Como as diversas partes que o compõe interagem entre si? 

Assim como Maxwell, Deus honrou a muitos outros cristãos que por sua fé em Cristo investigaram a criação de Deus para glória do Criador. Dentre eles, podemos citar:
  • Francis Bacon, pai do método científico; 
  • John Bartram, primeiro botânico norte-americano, que era Quaker; 
  • Robert Boyle, fundador da química moderna (quem nunca ouviu falar na Lei de Boyle?), estudioso das Escrituras (aprendeu grego, hebraico e aramaico para estudar a Bíblia em suas linguas originais); 
  • John Dalton, pai da teoria atômica moderna, também Quaker; 
  • Michael Faraday, que por sua convicçção de que toda criação é o trabalho manual do mesmo Grande Designer procurou a unidade fundamental entre as forças (ele demonstrou isso com a eletricidade e o magnetismo); 
  • John Ambrose Fleming, inventor do díodo, filho de pastor congregacional, formador do "Movimento de Protesto a Evolução", tendo escrito um livro em favor do relato bíblico da criação;
  • Joseph Henry, descobridor do princípio da autoindução, cristão comprometido conhecido por sua dependência de Deus em todo o seu trabalho: procedimentos de operação padrão em todos os seus experimentos incluíam orações por orientação em cada decisão importante;
  • Sir William Thomson, Lord Kelvin, afirmou a Segunda Lei da Termodinâmica: por sua fé bíblica, apoiou veementemente o ensino da Bíblia nas escolas britânicas. Ele também se opôs às doutrinas da evolução darwiniana; evolução, como ele a via, demandava uma infinidade de tempo, ao passo que as considerações termodinâmicas o conduziam a acreditar que o universo e a Terra tinham uma história limitada;
  • Johannes Kepler, descobridor do movimento planetário: instruído para o ministério cristão, ele percebeu que alguém que acredita em uma criação verdadeiramente ordenada deveria procurar uma explicação mais simples do que a explicação dos epiciclios de Copérnico sobre movimentos e velocidades irregulares de planetas; 
  • Gottfried Wilhelm Leibnitz, coinventor do cálculo;
  • Carolus Linnaeus, pai da Taxonomia: Ele acreditava que, desde que Deus criou o mundo, era possível entender a sabedoria de Deus estudando Sua criação: "A criação da Terra é a glória de Deus, como pode ser visto naobras da Natureza apenas pelo homem. O estudo da natureza revela a Ordem Divina da criação de Deus, e é tarefa do naturalista construir uma 'classificação natural' que revele esta ordem no universo". Ele também era um criacionista e, portanto, um inimigo da evolução. Ele era um homem de grande piedade e respeito pelas Escrituras. Um de seus principais objetivos na sistematização das tremendas variedades de seres vivos era tentar delinear os “tipos” originais do Gênesis. Ele acreditava que variações podiam ocorrer dentro do tipo, mas não de um tipo para outro tipo. Assim,  Linnaeus acreditava que o processo de geração de novas espécies não era aberto e ilimitado, mas que as plantas originais no Jardim do Éden forneciam o que era necessário para o desenvolvimento de novas espécies e que esse desenvolvimento fazia parte do plano de Deus. (leia mais sobre Linnaeus em: https://www.icr.org/article/carolus-linnaeus-founder-modern-taxonomy e em https://creation.com/carl-linnaeus).

  • Gregor Mendel, pai da Genética; 
  • Isaac Newton;
  • Blaise Pascal;
  • Louis Pasteur;
  • Ambroise Paré, primeiro cirurgião moderno;
  • Bernhard Riemann, formulador das geometrias não-euclidianas;
  • Sir James Simpson, criador da anestesiologia: descobridor do clorofórmio, ele argumentava com os céticos de sua época com base em Gênesis 2:30, que registra que Deus colocou Adão em um sono profundo para criar Eva. O clorofórmio é considerado sua maior descoberta e ajudou a lançar as bases para os anestésicos modernos. Mas, de acordo com seu próprio testemunho, sua maior descoberta foi "Que eu tenho um Salvador!" Ele escreveu um folheto do evangelho, perto do fim de sua vida: "Mas, novamente, olhei e vi Jesus, meu substituto, açoitado em meu lugar e morrendo na cruz por mim. Olhei, chorei e fui perdoado. E parece ser meu dever dizer a você sobre esse Salvador, para ver se você também não olhará e viverá. 'Ele foi ferido por nossas transgressões ... e com Seus açoites somos curados' (Isaías 53: 5,6)."
A lista é infindável. Mostra que a fé em Cristo, conforme as Escrituras Sagradas, não se incompatibilizam com o progresso ou o desenvolvimento científico. Muito pelo contrário: saber que Deus criou todas as coisas por meio de Cristo e para Cristo nos leva a querer estudar ainda mais a criação, por amor e devoção ao Criador. Leva a uma investigação meticulosa, detalhada, sistemática, de todo o espectro que abrange a matéria. Em última análise, cada verdadeiro cientista que professa sua fé em Cristo realiza sua pesquisa por Amor ao Criador, para a Glória de Deus e para o bem-estar da humanidade. 

Olhando para a fé e para as obras que esses homens - e muitos outros, diga-se - realizaram e o progresso que trouxeram, afirmo que nenhum cristão genuíno deveria ter aversão pelo conhecimento ou pela ciência. O obscurantismo científico e a aversão a ciência não são condizentes com a fé bíblica em Cristo. Por exemplo, as estultas discussões sobre as vacinas, sobre a esfericidade da Terra e outros assuntos não deveriam jamais serem produzidas por cristãos ou mesmo por eles fomentadas: isso é uma vergonha para a fé e uma razão de ofensa para o Criador. Tais assuntos já há muito foram comprovados pela ciência; questioná-los à luz de mera teoria conspiratória, sem evidência científica sólida que suporte tais questionamentos, constitui-se em escárnio do mais torpe tipo. Questionar esses assuntos somente a partir de interpretações muito mal feitas de texto isolados da Bíblia também não é válido cientificamente; todos os cientistas cristãos que questionaram em sua época o status quo o fizeram por meio do uso do método científico - hipóteses, experimentos e indução. Enfim, todo esse revisionismo pseudocientífico não passa de obra de quimeristas.  

O verdadeiro cristão está para a verdadeira ciência, pois a verdadeira ciência aponta para o Verdadeiro e Único Deus em quem o cristão crê de maneira absoluta. Enquanto dogmático em relação a sua fé, o verdadeiro cristão tem o espírito inquiridor com relação a criação de Deus; ele quer entendê-la, maravilhado e assombrado com o fato daquilo que existe - o mundo material - ter sido trazido a existência pela Palavra de Deus: "Pela fé compreendemos que o Universo foi criado por intermédio da Palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi produzido a partir daquilo que não se vê" (Hebreus 1:13). O verdadeiro cristão deseja entender a Criação, pois sabe que a criação manifesta a glória de Deus: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos" (Sl 19.1). 

Ser criacionista não significa ser bitolado, lunático ou avesso ao saber:
significa ser um estudioso, tanto da Bíblia quanto das ciências, amigo do conhecimento! Todo criacionista sabe que há muito a ser investigado, muito a ser descoberto; porém, ele faz isso respeitando não somente os princípios científicos, mas também os princípios bíblicos e, em especial, a Deus.

Pense nisso!
Graça e paz! 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

ENTENDENDO O NATAL SOB UMA PERSPECTIVA BÍBLICA



Natal, Navidad, Christmas, Natale, Natalítia... a época é celebrada em muitas nações de muitas línguas diferentes. O alcance da celebração da data - escolhida 25 de dezembro - é imenso! Do mesmo modo, a celebração envolve vários tipos de festejos e de tradições, como montar uma "árvore de natal", decorada com bolas coloridas, pisca-piscas, etc., a troca de presentes e uma ceia, em geral com a família. Cartões com votos de "feliz natal" são enviados, corais e grupos cantam suas músicas, reuniões religiosas são feitas em templos do cristianismo ao redor do mundo. A celebração do Natal é realmente muito bonita de se ver e de participar.  

Mas o que é o Natal? O Natal é a data em que a cristandade celebra o nascimento do Senhor Jesus Cristo. Sim, Ele, sendo Deus, se fez carne e nasceu nesse mundo, gerado no útero de uma mulher, virgem, chamada Maria, uma hebréia. Foi gerado ali sem a participação masculina, sem a participação do esposo de Maria, José, sendo o óvulo de Maria fecundado diretamente pelo Espírito Santo, que é Deus. Para Deus não há impossíveis, esse é o ensino bíblico; nenhuma coisa é difícil ou complicada para Aquele que no princípio criou os céus e terra e que do pó da terra fez o homem, para Aquele que disse "haja luz" e então imediatamente após à Sua ordem "houve luz". Vale dizer que mais ou menos 500 anos antes da geração de Jesus no ventre de Maria, Deus havia dado Sua promessa a um homem, profeta, chamado Isaías, dizendo "portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel." (Isaías 7:14) Deus sempre cumpre o que promete!

O relato do nascimento de Jesus está registrado nos Evangelhos, na Bíblia Sagrada. O mais detalhado registro encontra-se no Evangelho de Lucas, mas há também registros nos Evangelhos de Mateus e Marcos. Mateus começa seu relato explicando a condição de Maria em relação a José, seu esposo: "Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo" (Mateus 1:18). Lucas confirma a virgindade de Maria com o próprio testemunho da mesma, após o anjo Gabriel anunciar que ela conceberia Jesus: "E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço homem algum?" (Lucas 1:34).  Isso foi tão magnifico, um acontecimento tão inaudito, tão inédito, que foi preciso um anjo da parte de Deus explicar para José o que estava acontecendo com sua esposa, pois este raciocinara pelo lado natural, humano:

"Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus." (Mateus 1:19-25)

 
Maria, grávida, e José, maravilhado, saíram de sua cidade da Galiléia chamada Nazaré, para comparecerem ao recenseamento promovido pelo imperador César Augusto (63 a.C.-14 d.C.) para todo o império romano naqueles dias. Eles, portanto, não eram refugiados ou coisa do tipo, eram cidadãos do império e como tal deveriam obedecer às leis imperiais. No recenseamento, todos os que habitassem fora de sua cidade de origem, de sua família, deveria a ela retornar para recensearem-se. José era da cidade de Belém, da Judéia, a cidade de Davi, rei de israel (José era descendente da família real; assim, por parte de José, Jesus é filho de Davi e, portanto, herdeiro do trono de Israel pelo lado humano). Maria, como sua esposa, obviamente o seguiu. 

Como a cidade estava lotada, por conta do recenseamento, não havia nenhum lugar disponível que pudesse servir para estada de José e Maria. Por isso, é que ela acabou dando à luz a Jesus numa manjedoura (um local onde se coloca comida para animais - vacas, bois e cavalos, por exemplo), numa estrebaria (ou presépio). Um local simples, humilde, identificando-se assim com todos os homens desde seu nascimento. Sobre isso, comenta o pr. Hernandes Dias Lopes: "Diante do trono de Deus, não há espaço para o homem se exaltar. Todos estão no mesmo nível da estrebaria. Para alcançar o homem caído Cristo desceu. Desceu da glória para a terra, da divindade para a nossa humanidade. E não só para a nossa humanidade, mas para a nossa humildade. De Senhor se fez servo. Sendo rico se fez pobre. Sendo Deus eterno, se fez homem. Sendo santo se fez pecado. Sendo bendito se fez maldição. Como disse o apóstolo Paulo: “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Filipenses 2:6-8)". A manjedoura é muito mais do que uma simples peça do presépio. Ela é um símbolo; mais do que um mero símbolo, é uma eloqüente mensagem de Deus aos homens. Ela é um golpe mortal na soberba humana. Ela fala que o Senhor soberano do universo, renunciou as glórias indescritíveis da Glória, para descer até nós, nascer num berço de palha, crescer numa carpintaria, morrer numa rude cruz para resgatarnos dos nossos pecados. (fonte: http://hernandesdiaslopes.com.br/e-natal-o-rei-nasceu-numa-estrebaria/. Acesso: 24/12/2019)

Importante ressaltar que Jesus nasceu de parto normal, ou seja, pelo meio natural de uma criança nascer, tal como criado por Deus. Maria sentiu contrações de parto (dores de parto) comum a toda mulher prestes a dar à luz a uma criança. Jesus nasceu pela vagina de Maria. Obviamente, com isso, houve a ruptura de seu hímen, até então existente. Após o nascimento de Jesus, vale dizer que Maria - que era até então casada com José mas sem ter consumado sexualmente seu casamento - seguiu a vida normal de toda mulher casada. Maria, após o nascimento de Jesus, "conheceu" (coabitou, transou, fez sexo) seu esposo José. O texto de Mateus nos mostra claramente isso: "E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus" (Mateus 1:25). A palavra "até" é uma preposição e significa "até que o tempo, antes de um período de tempo especificado, na medida em que”. Todos os relatos do Novo Testamento nos levam a concluir que Maria teve outros filhos, estes gerados por via natural: Veja Mateus 13:55-56 - A linguagem aqui evidentemente implica que ela viveu como esposa de José após o nascimento de Jesus. 

A teologia católica romana afirma a virgindade perpétua de Maria a despeito de uma necessidade ou mesmo registro nas Escrituras sobre isso. A profecia de Isaías, como vimos, citando a encarnação, diz sobre o estado da mulher (virgem) antes da concepção, ressaltando assim que a geração da criança é obra totalmente divina. No entanto, nada fala acerca de uma virgindade perpétua após o parto, tendo em vista que a mulher é somente o meio pelo qual Deus se faria carne - o foco profético está sobre a geração sobrenatural da criança, não na mulher; se a perpetuidade da virgindade da mãe de Jesus pelo lado humano fosse importante para fins salvíficos e redentivos, os profetas teriam com toda certeza registrado isso. Além disso, Maria e José eram casados; logo, era natural que consumassem seu casamento após o nascimento de Jesus, afinal era necessário cumprir as Escrituras: "Por isso, o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gênesis 2:24).

Mais fatos extraordinários marcaram essa data. Anjos aparecem a pastores que estavam no campo cuidando dos seus rebanhos e uma estrela muito brilhante marcava o lugar onde o Cristo eterno, 100% Deus, havia também se tornado carne, 100% homem. Um grupo de magos, estudiosos das Escrituras e dos sinais cosmológicos (possivelmente eram sábios), concluíram que um novo Rei de Israel havia nascido e então foram vê-lo, levando presentes especiais. Vale dizer que nada é dito nas Escrituras se estes magos eram reis ou mesmo os nomes deles; esses conceitos são advindos do ensino da tradição católica romana. Heródoto fala dos "magoi" (magos) como uma casta sacerdotal dos medos, conhecida como intérprete de sonhos. Os magos eram vistos como observadores dos céus, estudiosos dos segredos da natureza. Conforme explica o comentário bíblico de Barne, as pessoas aqui indicadas eram filósofos, sacerdotes ou astrônomos. Eles moravam principalmente na Pérsia e na Arábia. Eles eram os homens instruídos das nações orientais, dedicados à astronomia, à religião e à medicina. Eles foram tidos em alta estima pela corte persa, sendo admitidos como conselheiros. Esses "magos", ao verem o sinal no céu (uma estrela luminosa, especial, posta no Oriente) saíram do oriente, onde estavam, e foram a Jerusalém para adorá-lo, levando consigo presentes - ouro, incenso e mirra. A eles, após a mui alegre visita ao Rei que havia nascido, foram avisados por Deus em sonho para não voltarem à presença de Herodes, seguindo por outro caminho para a sua terra.

Herodes, cheio de inveja e de ciúmes, tencionava matar o menino.  Na verdade, é bom dizer que Cristo nasceu para morrer. Antes da encarnação, antes do nascimento, Deus já havia planejado a morte de Seu Filho na cruz do Calvário. Deus deu Seu Filho Unigênito ao mundo para que Ele fosse morto pelo mundo; o plano da redenção, para redimir o homem dos seus pecados e reconciliá-lo com Deus. A Bíblia é tão enfática nisso que diz que Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, foi morto antes da fundação do mundo! Antes do mundo ser fundado em Gênesis, antes da queda do humanidade, Deus já havia imolado Seu Filho na cruz em Seu Plano Eterno para redenção! No entanto, aquela não era a sua hora. Não era desse modo que Deus havia planejado. Portanto, Deus deu um escape a Seu Filho: "Depois que os magos foram embora, um anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: — Levante-se, tome o menino e a sua mãe e fuja para o Egito. Fique por lá até que eu avise você; porque Herodes há de procurar o menino para matá-lo" (Mateus 2:13). Deus já sabia quais eram as ímpias intenções de Herodes: matar o menino! E, de fato, Herodes havia mandado matar todos os meninos de 2 anos para baixo, de Belém e de todos os seus arredores! 

Deus conhece todas as coisas, Ele conhece os pensamentos e intenções humanas antes mesmo que elas venham a existir! Dele ninguém se esconde; diante Dele ninguém dissimula! Ele enxerga onde ninguém vê, nada é capaz de permanecer oculto diante dos Seus olhos! Conhece cada palavra, cada blasfêmia, cada pensamento mau, cada maquinação ímpia de cada homem, mulher e criança! Conhece também cada boa atitude, cada pensamento bom, cada louvor, cada bondade, cada semente de fé por mais íntima que seja, cada fagulha de amor que cada pessoa tem ou venha a ter. 

Jesus nasceu conforme fora prometido! Jesus cresceu em Seu corpo humano, em Sua casa humana, em Jerusalém. Pregou o Evangelho, as boas novas da salvação de Deus, aos pobres de espírito. Curou enfermos e libertou oprimidos do diabo. Gerou ódio dos religiosos da época, que passaram a querer matá-Lo. Finalmente, quando o ministério de Jesus na terra estava concluído, deixou-se ser preso. Isaías, escrevendo sobre isso 500 anos antes, disse: "Ele foi maltratado, humilhado, torturado; contudo, não abriu a sua boca; agiu como um cordeiro levado ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não expressou nenhuma palavra" (Isaías 53:7). Foi maltratado, humilhado e torturado. Foi zombado e blasfemado. Hoje, as blasfêmias que aí estão, como a recentemente feita pelo grupo Porta dos Fundos, nada mais são do que a repetição, no coração dos produtores e atores e daqueles que aplaudiram o "espetáculo", do mesmo sentimento dos algozes de Jesus. Para eles, quem é Jesus? Para eles, como demonstraram com suas atitudes, Ele não é ninguém; é no máximo alguém para se fazer piada. Alguém para tirar sarro. Lucas descreve esse momento: "Os homens que haviam detido a Jesus começaram a zombar dele e a espancá-lo. Vendaram seus olhos e escarneciam: “Profetiza-nos: quem é que te esbofeteou?” E lhe dirigiam muitas outras palavras infames, blasfemando." (Lucas 22:63-65) Seus algozes escarneciam, debochavam, faziam chacota, piada, com Jesus, enquanto davam uma surra homérica Nele! Assim é com todo aquele que blasfema e que consente com a blasfêmia: ímpios, irregenerados, servos do diabo vivendo debaixo da perspectiva da condenação eterna após a morte. 

Mas Cristo passou por tudo isso que passou por um único motivo. Deixemos que Ele mesmo o diga: "E assim como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é condenado; mas o que não crê já está condenado, porque não crê no nome do unigênito Filho de Deus" (João 3:14-18).

O que mais tem a dizer o Senhor? Veja: "É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas, seja morto e, no terceiro dia, ressuscite" (Lucas 9:22). Era necessário que Ele sofresse e fosse rejeitado e crucificado. Que Ele então ressuscitasse ao terceiro dia, garantindo a salvação, da qual fa parte a ressurreição corpórea dentre os mortos, de todos aqueles que crêem em Cristo. Jesus pagou o alto preço exigido pelo nosso resgate, pela nossa redenção. Hoje, podemos ter a redenção pelo Seu sangue e o perdão dos pecados e a vida eterna. Sim, é possível, até para os piores pecadores! Sim, é possível, até para produtores, atores e apoiadores do blasfemo "especial" natalino feito pelo Porta dos Fundos. Sim, é possível até para aqueles que se julgam muito bons, muito certinhos, muito justos aos seus próprios olhos, mas cuja justiça, diante de Deus, não passa de trapo de imundícia. Só tem um pequeno detalhe: precisa crer em Jesus! Precisa se arrepender dos seus pecados e receber a Cristo na vida, confessando-o como Senhor e Salvador pessoal! E isso precisa ser feito em vida, nessa vida. Lamento dizer, mas não há reencarnação. Não há purgatório. Não há uma "repescagem" para a humanidade. O sacrifício de Cristo foi muito sério, muito grave e mais, foi o Plano de Deus. Ou seja, ou você aceita o Plano de Deus para sua salvação, ou vive sua vida baseado em mentiras religiosas e filosóficas, confiando em si mesmo e, ao final, tem como prêmio sua condenação eterna. Jesus, a luz do mundo, veio ao mundo; mas há quem insista em amar mais as trevas do que a luz - não vir à Cristo mostra isso claramente para Deus.  Deixemos que Jesus fale novamente: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus." (João 3:17-21)

Querido(a) leitor(a), essa é a sua decisão. Ninguém pode tomá-la por você, só você mesmo pode decidir. Só você pode escolher. Essa é a grande mensagem do Natal, o Verdadeiro Espírito Natalino: Jesus se fez carne para salvar todos os homens que Nele creiam e isso é prova de que Deus se importa com você! Deus deu o Maior e Mais Excelente Presente a toda a humanidade - Seu Filho. Nós, seres humanos, damos coisas uns aos outros; Deus deu o Seu Amado Filho a nós, pecadores, inimigos de Deus! Nós penduramos bolas coloridas numa árvore de plástico; Deus pendurou Seu próprio Filho na cruz, a qual ficou manchada com Seu sangue derramado em nosso favor. Nós, após o Natal, vamos tocar a vida para frente, vamos esquecer de tudo até o próximo Natal. Deus jamais esqueceu ou esquecerá o que precisou ser feito para nos redimir de nossos pecados! Ele jamais esquecerá aquele dia em que o Espírito Santo gerou Jesus no ventre da então virgem, e jamais esquecerá quando e como Seu Filho foi morto por nós! 

Deus espera uma resposta. Sua. De toda a humanidade. Por ser Jesus o Único que pode salvar os pecadores, Deus por Sua bondade e misericórdia dá-nos tempo para nos arrependermos e crermos. Hoje é esse tempo. Mas o mesmo Jesus que foi feito carne, que morreu, ressuscitou e que ascendeu aos céus um dia voltará. Ele prometeu voltar com poder e grande glória, não mais para sofrer, mas para reinar sobre a Terra! Acrescente-se a isso que nós, que estamos vivos, não sabemos o nosso dia; podemos ser chamados a comparecer diante de Deus de uma hora para a outra. Se isso acontecer e nós não tivermos a redenção dos nossos pecados, mui triste será o nosso destino eterno! Portanto, querido(a) leitor(a), nesse Natal pare e reflita um pouco sobre tudo o que foi escrito até aqui. Pondere e tome a sua decisão, sem mais postergações, sem mais incredulidades.

Graça, Misericórdia e Paz lhe sejam multiplicadas!
Feliz Natal em Cristo Jesus!

domingo, 10 de novembro de 2019

OS DOIS GRANDES MANDAMENTOS


E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo:
Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.

(Mateus 22:35-40)

Mandamentos de Deus, Ordenanças de Deus, Lei (Torá) e Profetas (Nevi'im): tudo refere-se a mesma coisa, tudo é somente a repetição e variação de um mesmo tema - o amor. Deus enviou vários profetas e o resumo central de tudo aquilo que eles disseram é o amor genuíno amor, tanto de Deus por nós e de nós por Deus, quanto de nós para com os nossos próximos. Daí que toda quebra da Lei é, em sua essência, a quebra do princípio do amor. Não é à toa, portanto, que toda quebra da Lei resulta em maldição; afinal, viver a vida de forma egoísta e egocêntrica, sem se importar com Deus e com o próximo, é em si mesma uma grande maldição. Quem vive assim é maldito e não sabe, vivendo privado por suas próprias escolhas do amor. 

Desses dois grandes mandamentos, é fácil concluir que homem foi criado para amar. Não fomos criados para o desamor, manifesto nas suas variadas formas. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus e isso precisa obrigatoriamente incluir o amor, pois Deus é amor (I Jo 4.8). Daí a conclusão: quem não ama não conhece a Deus, a despeito da religião que possua, seja ela espírita, evangélica, católica, budista, ou qualquer outra, ou que se dedique, ou até das boas obras que faça. É bom ressaltar nesse ponto que a religião e o amor andam sempre na contramão um do outro: quem é muito religioso geralmente ama a si mesmo e a ninguém mais.

Jesus deixou de forma muito clara que há somente dois mandamentos, um equivalente ao outro. Isso mesmo! Na ótica de Deus, amar a Deus É EQUIVALENTE a amar ao próximo. Conclui-se que o desprezo a um em detrimento do outro significa QUEBRA DO MANDAMENTO, pecado. Pecado não é algo que só existe na nossa relação com Deus, quando blasfemamos, ou quando duvidamos de Deus. Aliás, no que se refere a Deus, a INCREDULIDADE é, talvez, o maior pecado, derivando a IDOLATRIA e sua irmã gêmea, a FEITIÇARIA. Porém, o pecado é também na nossa relação com o próximo. Aí a lista de ações que Deus chama de pecado é IMENSA: adultério, fornicação, lascívia, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e por aí vai. Só para ilustra, veja as seguintes passagens bíblicas:


  • O que despreza ao seu próximo peca, mas o que se compadece dos humildes é bem-aventurado. (Provérbios 14:21)
  • O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado o honra. (Provérbios 14:31)
  • O que tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, ele mesmo também clamará e não será ouvido. (Provérbios 21:13)
  • Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com trajes preciosos, e entrar também algum pobre com sórdido traje, E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te abaixo do meu estrado, Porventura não fizestes distinção entre vós mesmos, e não vos fizestes juízes de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais?Porventura não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado? Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redargüidos pela lei como transgressores. Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. Porque aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu pois não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei.Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade.Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo. Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano,E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e nào lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (Tiago 2:1-17)
Não é possível, portanto, ser um cristão, um crente em Cristo, dizer-se a si mesmo que é salvo, e viver ainda uma vida de desamor com Deus e com o próximo. Como dito, é muito fácil saber se vivemos em desamor: quando ignoramos, quando "ligamos o dane-se" para aqueles que estão ao nosso redor precisando de amor, precisando de graça e de misericórdia, de forma prática. Quando damos escorpiões àqueles que nos pedem um ovo, ou damos uma pedra àqueles que nos pedem pão ou até mesmo uma serpente àqueles que nos pedem um peixe; noutras palavras, quando prejudicamos direta ou indiretamente quem precisa de nós. Escorpiões, pedras, serpentes e coisas semelhantes a estas é que são fartamente distribuídas àqueles que precisam de amor na prática. Amor na prática é amor que age, que faz acontecer, que não fica com respostas religiosas etéreas para problemas reais e imediatos, cheia de filosofia na boca mas com o coração vazio de verdade e amor. 

Hoje, tristemente o amor nos corações está cada vez mais difícil. Você, querido(a) leitor(a), já deve ter provado o desamor em sua vida. Ele dói ainda mais quando vem de gente que é cara para nós, de gente que consideramos em alta estima, que temos como íntimos e queridos pessoais. Talvez tenha vindo de gente que teoricamente não deveria jamais ser a fonte do desamor, que se manifesta em traição, inveja, abandono, desprezo e marginalização eclesiástica, por parte de grupos e de lideranças religiosas. Desamor que julga e condena, que exclui e excomunga, que corta e arranca sem dó nem piedade. Gente que cobiça para si mesma maior visibilidade e admiração pessoal e que entende que posições, cargos e títulos são instrumentos para alcançar status e preeminência; que faz tudo que estiver a seu alcance - mesmo derrubar e destruir vidas - para alcançar esses cargos e posições. Gente maligna, sem afeto, sem misericórdia..., sem amor. Que diz amar a Deus e que odeia o seu irmão - ódio não é só sentimento, é ação. Gente que levanta mãos diante de Deus mas as encolhe, ou pior, as estende com punhos cerrados em direção ao próximo. 

Será que Deus receberá a adoração, ou o serviço, ou os atos de fé, ou mesmo escutará as orações destes que egoístas e egocêntricos? A resposta de Deus é um sonoro NÃO! A fé em Cristo - foco nesta a partir desse ponto - é impossível de ser exercida desprezando-se o próximo. Pastores que desprezam o próximo são PASTORES DE SI MESMOS. Crentes que preocupam-se apenas com seu bem-estar, com "aparecerem bem na fita" diante dos outros, mas que não estão nem aí para quem está ao seu redor são CRENTES EM SI MESMOS. Crer em Cristo obrigatoriamente deve significar algo prático, e esse algo prático não é só ir a um templo no domingo, trazer dinheiro, cantar músicas, escutar alguém falando, orar e voltar para casa para recomeçar a mesma vidinha egoísta na segunda-feira. É AMAR A DEUS E AO PRÓXIMO. 

Quem é esse próximo? É todo aquele que precisa de nós e que está ao nosso alcance ajudá-lo. O próximo pode ser até aquele que não simpatizamos muito - e geralmente são esses que Deus usa para provar para nós mesmos o nível do nosso amor por Ele. Pode ser o chato, o mala-sem-alça, o implicante, o enjoado, o turrão cabeça-dura. O do partido político adversário. O torcedor do outro time de futebol. Daquele que tem uma ideologia diferente, ou até uma religião diferente, ou mesmo aquele que não tem nenhuma religião ou até que não acredita em Deus. Pode ser o LGBT. Pode ser o vizinho, o parente, o amigo, o irmão, o cara do boteco, a prostituta com saia curta, o colega do trabalho, o passageiro do ônibus/trem, o ambulante, o médico, o advogado, o andrajoso, o tio sem camisa e de bermuda, a vizinha. Todos, sem exceção.

O que Deus espera de todos os homens, em especial daqueles que dizem crer em Jesus, é que ajam como o bom samaritano. Os samaritanos eram odiados pelos judeus na época de Jesus. Como já anteriormente expliquei na argumentação intitulada "UMA PALAVRA ACERCA DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA" (http://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2015/06/uma-palavra-acerca-da-intolerancia.html),

Os samaritanos eram descendentes dos Babilônicos, dos Cuteus, dos de Avá, dos de Hamate e de Sefarvaim (II Rs 17.24), enviados para a cidade de Samaria que estava devastada e despovoada, com uma leve mistura de sangue judaico (II Cr 30.6; 34.9). Por conseguinte, eram uma espécie de raça aparentada dos judeus, e os habitantes da Judéia referiam-se a eles pelo nome de cuteanos.  Por sua natureza mista, foram rejeitados nos serviços do templo, quando do retorno do cativeiro babilônico e em 409 a.C., orientados pelo sacerdote Manassés (excluído de Jerusalém por Neemias por ter casado ilegalmente com a filha de Sambalate, horonita), obtiveram a permissão do rei persa Dario Noto de erigir um templo no monte Gerizim. Uma vez iniciada essa adoração, imediatamente ficam em posição de rivalidade, como seita cismática, e sua história posterior apresenta as características usuais desse antagonismo. Recusavam toda e qualquer hospitalidade aos peregrinos a caminho de Jerusalém, assaltando-os e maltratando-os no decurso da jornada. No tempo da revolta dos macabeus, os samaritanos se inclinaram perante a tempestade, e seu templo, no monte Gerizim, era dedicado ao Zeus Xênio (que posteriormente foi destruído por João Hircano, em 128 a.C.). Muita inimizade havia entre os samaritanos e os judeus. Entre os anos 6 a 9 d.C., os samaritanos espalharam ossos no Templo de Jerusalém, por ocasião da Páscoa. Em 52 d.C., samaritanos massacraram um grupo de peregrinos galileus em En-ganim. Os judeus consideravam os samaritanos como cismáticos, sendo o ponto principal de discórdia o templo no monte Gerizim como local de adoração.
 
Perguntado por um certo doutor da Lei (um judeu quem explicava a Lei e Deus para as pessoas) sobre quem seria o nosso próximo, Jesus respondeu, dizendo: "Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; e, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar. Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira." (Lucas 10:30-37) O preconceito era tamanho que esse doutor da Lei não respondeu à pergunta de Jesus identificando o próximo de maneira direta. Ele não disse "o samaritano", mas disse "o que usou de misericórdia para com ele". A despeito disso, Jesus foi muito claro: "vai, e faze da mesma maneira", ou seja, use de misericórdia com todo aquele que precisar e que estiver à tua mão. 

Se servir de inspiração adicional, assista: 



Muitas vezes, com nossos preconceitos, nos comportamos como o sacerdote e o levita, os religiosos da época. Somos muito religiosos, muito cheios de piedade exterior, de aparência de santidade, de regrinhas de pureza, cheios de "não me toque", mas SEM AMOR. Não amamos sequer nossos ditos irmãos crentes, quanto mais aqueles que não comungam a mesma fé que a nossa! Comunhão que dizemos ter é piada de mal gosto, não passa de ideologia! Olhamos e julgamos, ao invés de olharmos e amarmos. Cobiçamos o que é do outro - "dane-se ele, farinha pouca meu pirão primeiro!", somos incapazes de nos condoermos de quem sofre e de valorizamos vidas e não coisas. Somos imunes ao sofrimento alheio! Quão malditos são estes, quão miseráveis, pobres e cegos e nus são, porque tem olhos e não vêem, tem ouvidos e não ouvem, que vivem suas vidas como se mais ninguém existisse! Enchem a terra de violência com o seu "desamor em nome de Deus", fazendo da vida um caldeirão do inferno onde lançam os necessitados só porque não se enquadram em sua religiãozinha de meia pataca! Não sabem eles mesmos que o inferno será sua morada eterna, se não se arrependerem e não mudarem sua maldita forma de viver! 

Jesus certa vez disse: "Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento." (Mateus 9:13) Aprendei o que significa, Ele disse. Aprendei o significado. Aprendei a razão de ser e de viver! Deus não quer sacrifício, ouviram religiosos?? Ouviram "srs. e sras. justiças-próprias"?? Deus quer MISERICÓRDIA! "Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia" (Tg 2.13a) É PARA FAZER MISERICÓRDIA, ENTENDEU? Ou quer que desenhe? Larga esse maldito juízo temerário, julgando tudo e todos menos a si mesmo! Larga a toga da hipocrisia! Julgando outros por bobagens e absolvendo a si mesmo de coisa muito pior! Tudo tens que julgar na vida do outro? Que inferno!! Estende a mão para o necessitado, estende o coração para o seu próximo! Alegre-se com quem se alegra, chore com quem chora! Não é para ficar com JARGÃOZINHO CRENTÊS - "o Senhor vai te abençoar, irmão!" Se você tem a benção em si mesmo que o outro precisa, é para VOCÊ abençoar! Se não pode abençoar, pelo menos não fica enchendo o saco com legalismo e religião - ainda que é muito difícil, quiçá impossível, alguém não poder abençoar outro com nada! Afinal, és tão miserável, tão necessitado, que nem um pedaço de pão possas dar a quem tem fome? Nem mesmo podes fazer companhia ao que está sofrendo, solitário, nem por um minuto sequer? Nem um simples telefonema? Não podes se oferecer para voluntariamente ajudar ninguém?  Se é assim, estás debaixo de maldição mesmo; tua fé é quimera, é ilusão, é conto de fadas, pois tem ZERO de valor prático! Tua conversão a Cristo nunca existiu e você ainda está morto em delitos e pecados; virou apenas um religioso! Vive socado num ambiente religioso, fazendo coisas religiosas, sem expressão nenhuma de verdadeira transformação de vida! Ao final dos teus dias, quando fores recolhido à sepultura, verás que tudo na tua vida - e a própria vida - foi em vão: cantava, pregava, orava, dizimava, evangelizava, não saía do templo... tudo sem proveito algum! Nunca conheceu a Jesus e nunca foi por Jesus conhecido! Muito triste será o teu fim! 

Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. (Mateus 8:11,12)

Pense nisso!
Graça e paz!

domingo, 27 de outubro de 2019

O PAPEL DAS ADVERSIDADES NO CRESCIMENTO ESPIRITUAL DO FIEL



 ("Jó" 1957. Por Gerhard Marcks, na igreja de Santa Clara em Nuremberg, Alemanha. Fonte: Wikipedia)

Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal.
E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente.
E iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.
Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente.
(Jó 1:1-5)


Então respondeu Jó ao SENHOR, dizendo:
Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.
Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia.
Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.
Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos.
Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.
(Jó 42:1-6)



Jó era um servo de Deus próspero materialmente. Ele tinha muitas posses e havia com frequência banquete na casa dele, promovido pelos seus filhos. Além da prosperidade material, Jó era reconhecido pelo próprio Deus (!) por seu alto padrão de vida moral e espiritual: Jó era um crente temente ao Senhor, um crente fiel, ele era “homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal” (1.1). Essas características na vida deste servo fiel não passavam desapercebidas por Deus. Se olharmos mais a fente, estudando em detalhes a vida de cada um dos servos de Deus, tanto no Velho quanto no Novo Testamento, veremos que Deus conhece o coração, a fé e as obras de cada um deles. Assim foi por exemplo com Davi - "homem segundo o coração de Deus" - e foi também com os "irmãos boanerges" - Tiago, filho de Zebedeu, e a João, irmão de Tiago, que traduzido significa "filhos do trovão" (Mc 3.17). Portanto, diante dessa realidade, podemos crer que nada em nosso ser, nem um detalhe sequer, escapa dos olhos Daquele que nos valoriza mais do que muitos passarinhos! Ele nos conhece e nos ama, ainda que tenhamos bons e maus momentos, boas e más caractéristicas em nosso caráter e fé. O Senhor não ignora a sua vida nessa terra. Ele conhece tanto as suas obras quanto a sua fé. Ele conhece o estado e o progresso de ambas (Ap 2.19). O SENHOR CONHECE QUEM CONFIA NELE! "O Senhor é bom, ele serve de fortaleza no dia da angústia, e conhece os que confiam nele" (Na 1.7)!

O Senhor reconhece Jó como sendo “seu servo” e reconhece a integridade espiritual de Jó diante DEle (1.8). QUEM NÃO ANSEIA POR ISTO? Quem não anseia em ser reconhecido por Deus e Dele receber o louvor? Ora, nós muitas vezes ficamos esperando o louvor de homens, do chefe, do pastor, do pai, da mãe, do marido, da esposa, do professor... quanto mais não deveríamos desejar com todas as nossas forças obter de Deus o louvor a nosso respeito? Digo que esse reconhecimento público da parte de Deus deve ser o nosso alvo (I Co 4.5)! Esse louvor que vem da parte do Senhor tem repercussão eterna, nos trazendo profunda edificação!

Sim, é o Senhor quem sonda a nossa vida (Sl 139.1). Sua sondagem demonstra o interesse DEle em nós. Ele faz a sondagem por nos amar, porque Ele conhece o que está por detrás daquilo que é aparente aos olhos humanos. Podemos parecer aos demais ser um fracasso, mas Deus no céu pode enxergar diferente. Do mesmo modo, podemos nos considerar um sucesso, "a última bolacha do pacote", mas Deus não nos ver assim. Na engenharia, o proósito da sondagem é fornecer informações do subsolo como espessura e dimensão de cada camada do solo até a profundidade desejada; existência de água com a posição do nível de água encontrado durante a investigação do solo; profundidade da camada rochosa ou do material impenetrável e as propriedades do solo ou da rocha como permeabilidade, compressibilidade e resistência ao cisalhamento (cf. PEREIRA, Caio. Tipos de Sondagem de Solo. Escola Engenharia, 2015. Disponível em: https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-sondagem/. Acesso em: 27 de outubro de 2019). Assim, a sondagem de Deus tem como propósito nos despertar para o nosso real estado diante de Seus olhos, fazendo-nos conhecer e reconhecer quem realmente somos e como realmente estamos, espiritualmente falando. Por exemplo, a Igreja de Esmirna vivia debaixo de tribulação, blasfêmia e pobreza. Mas o Senhor Jesus viu nela uma Igreja rica e com ela se identificou (Ap 2.9). Porém, a Igreja de Laodicéia era rica. Mas o Senhor Jesus viu nela uma Igreja desgraçada, miserável, pobre, cega e nua. Para ela, Ele se apresenta como Testemunha fiel e verdadeira (Ap 3.17).

Não devemos nunca desanimar com a sondagem do Espírito Santo. Ao contrário, devemos pedir-Lhe que faça essa sondagem constantemente em nossa vida, de forma que Ele aponte em nós aquilo que precisamos vencer (Sl 139.24). O SENHOR QUER NOS CONHECER HOJE! (Mt 7.23). Agora, note isto: Deus é sempre onisciente. Ele sempre conhece tudo e todos, passado, presente e futuro estão diante Dele como uma coisa só. Mas Deus quer se relacionar conosco não nessa base, mas na base familiar. Assim, Deus quer nos conhecer e ser por nós conhecido, amar e ser amado, como qualquer relacionamento sadio. DEUS PODIA IMPOR QUALQUER COISA PELO SEU PODER, MAS PREFERE PERSUADIR-NOS A AMÁ-LO E CONHECÊ-LO POR SEU AMOR POR NÓS. 

O OBJETIVO DE DEUS É NOS LEVAR A CONHECÊ-LO NUM NÍVEL MAIS PROFUNDO E A CONHECERMOS A NÓS MESMOS. O Senhor conhecia a Jó. Ao conhecer a Jó, o Senhor sabia aquilo que Satanás ignorava: que Jó não blasfemaria contra o Senhor, ainda que perdesse todos os seus bens e saúde. Considere isto: Jó tinha um relacionamento com o Senhor. Sua fé era uma fé real, genuína. Deus conhecia as intenções do coração de Jó por detrás de seu temor a Ele, por detrás de sua integridade e de sua retidão. O SENHOR CONHECIA O AMOR DE JÓ POR ELE. Assim, o Senhor conhece o nosso amor por Ele (Ap 2.19). Conhece a realidade desse amor, a base desse amor e a profundidade desse amor. 

Deus permitiu que Satanás tocasse na vida e nos bens de Jó e Jó manteve-se fiel. Aí Satanás sai de cena: não há mais nenhuma menção deste no livro de Jó a partir desse ponto. O RELACIONAMENTO É E SEMPRE SERÁ SOMENTE ENTRE NÓS E DEUS. Querido(a) leitor(a), eu gostaria que isso ficasse firme no seu coração: se você é um(a) cristão(ã) verdadeiro(a), se você entregou verdadeiramente sua vida à Cristo e assim nasceu de novo, seu relacionamento é única e exclusivamente com o Senhor Jesus! Ele é o dono da Sua vida e mais ninguém! Portanto, é ao Senhor e somente a Ele que você deve temer e considerar a opinião a seu respeito. Satanás não tem nenhum direito sobre você! Você não deve temer de maneira nenhuma a Satanás, com medo de suas ameaças e impropérios. Jesus, que ama você e te salvou com o Seu sangue, venceu o diabo e todas as hostes do inferno na cruz e é infinitamente mais poderoso que ele - Jesus é Deus; satanás é um anjo caído, uma criatura rebelde. Esse ponto é fundamental! Hoje, muitos crentes vivem com medo do diabo - medo de feitiçarias, de mau olhado, de presságios, de encostos (!?!?!), de vultos, de encruzilhadas... quando nada disso tem qualquer poder sobre a vida de quem pertence a Cristo! As pessoas correm atrás de amuletos de poder, de objetos ungidos, de rituais libertadores (como os famosos "cultos de descarrego", "cultos de libertação", etc.) numa escravidão sem fim, quando, na verdade, não precisam disso! Nenhum cristão verdadeiro precisa de "oração forte", "quebra de maldições", "libertação espiritual", óleo ungido, rosa ungida, alho/crucifixo/bala de prata; ele já possui o que realmente tem poder contra o diabo: está coberto com o Sangue de Jesus! Seu nome está escrito no Livro da Vida! Veja o que a Bíblia declara:
  • E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. (Hebreus 2:14,15)
  • E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. (Colossenses 2:13-15)
Jesus venceu! Jesus triunfou sobre principados e potestades! Portanto, não é preciso ter medo do diabo, de principados e potestades! Não é preciso ter medo de nenhum demônio que existe no inferno, seja ele que nome ostente ou do que se vanglorie. Satanás e todos esses demônios foram expostos publicamente, execrados! Paulo usando uma metáfora de um triunfo romano, representa o Senhor como passando em majestade triunfal pelo caminho sagrado até os portões eternos, com todos os poderes do mal presos como cativos por trás de Sua carruagem diante dos olhos dos homens e dos anjos! Jesus fez dos poderes do mal um espetáculo em Seu triunfo! Jesus fez isso abertamente - Como conquistador, retornando de uma vitória, exibe em procissão triunfal os reis e príncipes que ele tomou, e os despojos da vitória. Isso era comumente feito quando um "triunfo" era decretado para um conquistador. Em tais ocasiões, às vezes acontecia que um número considerável de prisioneiros era levado ao longo das cenas de triunfo. Paulo diz que isso foi feito agora "abertamente" - isto é, foi em face de todo o universo - uma grande vitória; um triunfo glorioso sobre todos os poderes do inferno. Não se refere a nenhuma procissão pública ou exibição na terra; mas à grande vitória alcançada em vista do universo, pelo qual Cristo, como conquistador, arrastou Satanás e suas legiões em seu carro triunfal!

Talvez você pergunte: mas o que aconteceu na vida de Jó não foi por causa de Satanás? A resposta é NÃO! DEUS, e não Satanás, foi quem permitiu a este agir na vida de Jó. Depois que a resposta de Deus a acusação de Satanás é dada por meio da fidelidade de Jó, Satanás sai de cena, como disse anteriormente. No fim das contas, Jó sempre esteve debaixo da soberana vontade de Deus, mesmo em seu sofrimento. Em argumentação anterior, expliquei em detalhes o eterno triunfo de Deus sobre Satanás: Jó tornou-se a eterna resposta de Deus e o exemplo, para toda criação, de que é possível ao homem amar a Deus a despeito de suas circunstâncias (ver: https://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2019/08/o-patriarca-jo-e-o-eterno-triunfo-de.html) e Cristo consumou essa vitória na cruz!

Jó, sem entender nada do que aconteceu, passa a conjecturar as causas do seu infortúnio. “Porquê”, é a pergunta na mente de Jó. “Se sou justo e fiel, porque experimentei esse grande mal?” Seus amigos tentam responder sem sucesso. Ao final, Deus aparece e faz uma série de perguntas a Jó, mas não responde suas perguntas. Sabe por que Deus não respondeu as perguntas de Jó? Pela mesma razão que muitas vezes não nos responde às nossas perguntas: Porque não é o NOSSO CONHECIMENTO SOBRE O BEM E O MAL QUE NOS EDIFICA, mas sim a VIDA que vem do Senhor! Não são respostas que fazem com que creiamos mais em Deus, ou Nele confiemos mais. As respostas não são essenciais para nossa fé. “Porque aconteceu isso comigo ou com fulano?” é a pergunta que pode nos perturbar anos a fio. PRECISAMOS NOS RELACIONAR COM DEUS NA BASE DO AMOR E DA CONFIANÇA, MESMO QUANDO NÃO TEMOS RESPOSTAS - E ISSO É VIDA, PURA E PRÁTICA VIDA!

Somente no final, entendemos o propósito de Deus na vida de Jó. Jó conhecia ao Senhor de ouvir sobre Ele, e com isso passou a amá-Lo e Nele crer. Só conhecia por meio de pregações e sermões ungidos. Mas o Senhor queria se fazer conhecer num nível mais profundo – vendo-O (42.5; Jr 31.34). A pregação da Palavra de Deus é fundamental! Mas ela é apenas mais um estágio no nosso relacionamento com o Senhor. Os estudos bíblicos são importantíssimos, mas eles são apenas a base para que nos relacionemos com Deus de forma correta. Noutras palavras, o relacionamento com Deus vai além de meramente escutar bons sermãos e participar de bons estudos bíblicos. Tudo isso tem o seu lugar e mportância na nossa fé e deles não devemos prescindir, mas há algo mais, algo além, que só teremos com o dia-a-dia do relacionamento com o Senhor! Como se vive? Como se aprende a viver? Obviamente, vivendo um dia após o outro! Como se relacionar com outra pessoa? Se relacionando: desabafando com ela, chorando nos seus ombros, buscando aconchego e proteção no seu colo, compartilhando impressões e pensamentos, rindo juntos, brincando juntos, aprendendo que há coisas que mesmo boas para nós desagradam a outra pessoa, brigando com ela (quem nunca brigou com Deus tal como Jó, ou como Jacó? rsrsrs), sendo surpreendido por alguma ação inesperada da parte dela, admirando suas qualidades, etc. 

A religião formata Deus - é o famoso "Deus só é bom se for fixo", como diz o pr. Caio Fábio (ver: https://caiofabio.net/deus-so-e-bom-se-for-fixo). Nas palavras desse pastor, "Deus de pedra a gente topa, mas vivo e humano-divino, andando e nos chamando a andar, a gente não quer. Sim, porque se prefere qualquer coisa fixa, seja um ídolo de barro, pau, pedra, ouro, gesso, bronze, etc; ou seja um “Deus” feito de pacotes de salvação; de unções especiais feitas por homens especiais; ou algo coberto pela aura de uma espiritualidade ativada pela via de um rito, de um culto, de uma oferta, ou de qualquer outra forma de controle e gestão do sagrado — do que simplesmente crer que quem vê Jesus, vê o Pai; e tem tudo [...] Os mercenários, os lobos, ou os doutores de Deus, tentam convencer o povo de que se não forem obedecidos, ou seguidos em suas sabedorias, no primeiro caso haverá maldição; e, no segundo caso, uma viagem sem volta para fora da “sã doutrina”; a qual, só é sã porque é a deles; e eles são os “sãos” que não precisam de médico". Por isso, como já ponderei na argumentação de minha autoria "FARISAÍSMO, ONTEM E HOJE... QUE AMANHÃ, NUNCA MAIS!" (ver: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2014/03/farisaismo-ontem-e-hoje-que-amanha.html) eu repudio toda e qualquer religião: ela é farisaica em sua essência e exercício! Qualquer conceituação sobre Deus que não gere vida zoe na vida bios e que não tenha relação com a vida não é verdadeira! E os amigos de Jó bem que tentaram "empurrar" na vida de Jó seus conceitos religiosos sobre Deus...

A verdade, querido(a) leitor(a), é uma só: Conhecer ao Senhor num nível mais profundo requer um desvencilhar maior desse mundo, mesmo as coisas lícitas. Conhecer ao Senhor nesse nível significa não ter socorro nenhum, louvor nenhum, glória nenhuma; significa ser injustiçado e ferido. Significa virar pó. O SENHOR COLOCA O CONTROLE DE SUA VIDA LONGE DE SEU ALCANCE, PARA QUE VOCÊ DEPENDA SOMENTE DELE, E ISSO FAZ COM QUE VOCÊ SE APROXIME MAIS DO SENHOR. Logicamente, quanto mais próximo, mas íntimo! Você quer intimidade com o Senhor? Bem, Ele deseja tê-la contigo! Mas é do modo Dele, não do seu! Temos tanto de Deus quanto, na verdade, gostaríamos de ter. O contentamento religioso sempre é o inimigo da vida espiritual. As biografias dos santos que viveram antes de nós nos ensinam que o caminho para a grandeza espiritual sempre foi por meio de muito sofrimento e dor no íntimo. As adversidades que experimentamos nos servem como disciplina positiva, ou seja, para nos aproximar do Senhor que nos ama! Por tudo isso, Ele irá envolvê-lo em um amor tão imenso, tão poderoso, tão abrangente, tão maravilhoso que suas perdas parecerão ganhos e suas pequenas dores, alegrias. ESSE É O CAMINHO PARA SER CHEIO DO ESPÍRITO – O CAMINHO DA MORTE, E MORTE DE CRUZ,CAMINHO DE REJEIÇÃO E PERDA. 

Crescer espiritualmente significa crescer na Graça e no Conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!


Pense nisso!
Graça e paz!

(SERMÃO MINISTRADO EM 10/07/2016)

sábado, 5 de outubro de 2019

DESPERTADOS PARA O TEMPO DO FIM (AWAKENED)!


Veio ainda a mim a palavra do Senhor, dizendo:
Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, se rebelando gravemente, então estenderei a minha mão contra ela, e lhe quebrarei o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e cortarei dela homens e animais.
Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS.
Se eu fizer passar pela terra as feras selvagens, e elas a desfilharem de modo que fique desolada, e ninguém possa passar por ela por causa das feras;
E estes três homens estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem a filhos nem a filhas livrariam; eles só ficariam livres, e a terra seria assolada.
Ou, se eu trouxer a espada sobre aquela terra, e disser: Espada, passa pela terra; e eu cortar dela homens e animais;
Ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem filhos nem filhas livrariam, mas somente eles ficariam livres.
Ou, se eu enviar a peste sobre aquela terra, e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para cortar dela homens e animais,
Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor DEUS, que nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas próprias almas pela sua justiça.
Porque assim diz o Senhor DEUS: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juízos, a espada, a fome, as feras, e a peste, contra Jerusalém, para cortar dela homens e feras?

(Ezequiel 14:12-21)


Precisamos ficar atentos aos sinais dos tempos. Deus quer que entendamos que não só o cenário secular mudou, mas o cenário espiritual também. O cenário de algumas décadas atrás já não é mais o mesmo da presente época. As coisas espirituais mudam - só Deus é imutável, o que não quer dizer que Ele seja um robô, sem personalidade ou vontade ou que não reaja a cada momento àquilo que acontece a Sua volta. Para que o Plano de Deus se cumpra, as coisas precisam mudar. Por exemplo, as relações humanas - como os homens relacionam-se uns com os outros, de todos os aspectos do relacionamento pessoal (afetivo, emocional, romântico, profissional, familiar, etc.) - estão mudando a olhos vistos e sob a permissão de Deus.

Essas mudanças que vão acontecendo no mundo são prenúncios daquilo que há de vir. Foi assim nos tempos do Antigo Testamento, quando a sociedade de Israel saiu de um sistema patriarcal para o monárquico, culminando com a cisão de Israel em Reino do Norte e Reino do Sul e com o cativeiro assírio e babilônico. Foi assim no chamado Período Interbíblico, com a sucessão de grandes Impérios Mundiais, até culminar nas tetrarquias típicas do Império Romano. Aí nasceu Jesus, em Belém de Judá, o qual acabou sendo crucificado por inveja dos principais do povo. Surgiu a Igreja, povo marginalizado e perseguido na Terra. Avançou o tempo, o mundo mudou e a Igreja perseguida se institucionalizou e denominacionalizou; acabou tornando-se cativeiro da verdadeira Igreja, um Leviatã devorador de almas sob as "Ordenanças e Princípios Santificados" de Constatino que perduram até hoje.  E o mundo seguiu seu curso, com a peste bubônica, com a Inquisição, com o Iluminismo, com 2 grandes guerras mundiais, etc. E hoje, aqui estamos.

O que virá, ainda, no cenário mundial? O Livro de Apocalipse nos dá muitos flashes sobre isso, utilizando-se de sua linguagem característica, ao falar do surgimento do Anticristo como grande líder mundial, de suas propostas de solução da crise mundial e de sua estratégia de poderio (aliança com Israel, etc.). No entanto, esse Livro não fala apenas de acontecimentos terrenos; fala também sobre o que acontece no Céu, ou seja, no mundo espiritual. O Livro de Apocalipse nos mostra como esses dois cenários - o terreno e o espiritual - estão obrigatoriamente interligados: o que acontece na Terra é o resultado daquilo que acontece no Céu, e o que acontece no Céu faz com que o cenário na Terra mude. Que Céu e Terra estão interligados isso é notório na Bíblia, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. Isso é consequência necessária do fato de que Terra e Céu estão debaixo do Governo daquele que está assentado no Trono do Universo, de Deus Pai, que tudo sujeitou e sujeita debaixo dos pés do Senhor Jesus. 

João, apóstolo de Cristo, viu o céus abertos em Patmos e, com isso, escreveu a Revelação que a ele foi mostrada. Nós não vemos os céus abertos como João, não temos como ver o que acontece no Céu. Mas podemos ver o que acontece na Terra! Jesus nos ensinou que devemos "olhar para a figueira": "E disse-lhes uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores; quando já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão. Assim também vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto" (Lucas 21:29-31). Ao olharmos para a figueira, podemos discernir qual o cenário que estamos vivendo, tanto no mundo físico como no mundo espiritual. 

Vamos então fazer o que Jesus disse: vamos olhar para a figueira. Vamos olhar para o mundo. O que vemos? 

a) Fome, consequência da instabilidade do sustento de pão. Hoje, 13 milhões de trabalhadores estão enfrentando o desemprego no Brasil. Há o aumento dos preços dos alimentos e moradia, corroendo os ganhos. No mundo, 795 milhões (1 em cada 9) passam fome (ONU). 

b) Espada. Guerras. O Brasil hoje é uma nação em guerra – guerra urbana. Atingimos a marca recorde de 59.627 homicídios em 2014, 64.000 em 2017. Tráfico de drogas, milícias, facções criminosas. Bairros e mais bairros cariocas estão conflagrados, verdadeiros redutos de toda a sorte de escória e vilania. Palcos de uma guerra sem fim, por poder econômico e social. A solução, proposta pelo atual governo, é a mais simplória e ineficaz possível: contra a violência... violência! O Mestre de Nazaré há muito já condenava como inútil - e pior, reforçadora daquilo que pretende-se combater - o uso da espada contra a espada, da arma contra a arma, da violência contra a violência: "Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão" (Mateus 26:52).

No final de 2017, mais de 1,2 milhão de casos de violência doméstica estavam pendentes nos tribunais. A cada três horas uma mulher é estuprada no Brasil, num total de 60.000 casos em 2017. Números que só fazem aumentar: "O Brasil registrou 66.041 casos de violência sexual em 2018, o que representa uma média de mais de 180 estupros por dia, número mais alto desde 2009, quando houve a mudança na tipificação do crime no Código Penal brasileiro. Os dados fazem parte do 13º Anuário de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública" (fonte: https://www.dw.com/pt-br/brasil-registra-mais-de-180-estupros-por-dia-em-2018/a-50381106). O perfil do estuprador é, via de regra, alguém próximo a vítima: pai, avô, padrastro, tio, irmão, professor, pastor, padre... e por aí vai. 

Registre-se aqui, ainda, as mortes de inocentes pelas chamadas "balas perdidas" - como se essas balas tivessem vontade própria, de sair do cano das respectivas armas e voarem em direção às suas vítimas. Casos como da menina Ágatha Félix, de 8 anos, que se junta a mais 56 crianças, com idade até 14 anos, mortas desde 2007. O Brasil - e o RJ - estão há muitas décadas sofrendo com os males da violência, que não discriminam entre idade, classe social ou religião. A religião, aliás, é mais um motivo de violência, tal como sempre foi na história mundial - antes, no exterior; hoje, no Brasil.

Mas a espada, dirigida contra as vidas humanas, também é dirigida contra a Natureza. Nós, raça humana, somos partes da Natureza criada por Deus, desde os primórdios da Criação registrada no Livro de Gênesis. Com a queda do homem, em sua escolha voluntária em ser igual a Deus, toda a criação ficou sujeita a servidão - "maldita é a Terra por tua causa", disse o Senhor a Adão! Paulo, apóstolo de Cristo, ensina que "toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Romanos 8:22), aguardando "com ardente expectação" a "manifestação dos filhos de Deus" (Romanos 8:19). Olhando para a criação de Deus hoje, é fácil ver que mesmo veredito de Deus dado a criação permanece: mortandade de peixes por poluição, destruição de florestas (como a Amazônia), poluição do ar e consequente aumento de alergias e doenças respiratórias, uso indiscriminado de defensivos agrícolas, aceleração das mudanças climáticas pela emissão de gases estufa com consequentes reflexos sobre o clima - eventos extremos climáticos (tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca, nevascas, furacões, tornados e tsunamis), sobre a acidez e nível dos oceanos e sobre a ecologia de vetores de doenças (malária, dengue, hantavírus, chikungunya, etc.), sobre a produtividade de solos e de áreas agricultáveis, só para mencionar alguns.  Noutras palavras, "maldita é a Terra por tua causa"!

c) Peste. O Ministério da Saúde confirmou 604 casos e 202 mortes devido à febre amarela. Dengue, zika, chikungunya – quase 2 milhões de casos em 2016. Até o final deste século, quase toda a população do mundo poderá ser exposta a doenças transmitidas por mosquitos, inicialmente limitadas aos trópicos, de acordo com um estudo da PLOS Neglected Tropical Diseases. DST: Estimativas apontam que 131 milhões de pessoas são infectadas anualmente pela clamídia, 78 milhões pela gonorreia e 5,6 milhões por sífilis. Sífilis e gonorreia estão se tornando intratáveis, alerta OMS. 

Todas essas coisas - fome, espada e peste - que estão acontecendo debaixo dos nossos olhos são um reflexo daquilo que está acontecendo no mundo espiritual. Do ponto de vista humano, tudo isso que está aí acontecendo é nossa responsabilidade enquanto raça humana. A nossa rebeldia contra Deus, escolhendo nós mesmos o nosso modo de viver sobre a Terra, trouxe e traz consequências. É exatamente isso que a Bíblia chama de pecado e é por isso que o pecado é tão maligno: ao escolhermos fazer o que queremos, contrariando a Deus e à Sua Vontade, nada produzimos de bom, só o mal em todas as esferas. Só destruição. Só mortandade. Contra nós mesmos, contra os nossos semelhantes e contra a criação. Se o mundo está como está, a responsabilidade é inteiramente nossa. Deus sempre nos deixou livres para agirmos como quisermos. É uma consequência necessária de ter sido criado por Deus. Porém, há outra consequência: ao agirmos por iniciativa própria, como se Deus nos fôssemos, passamos a ser moralmente responsáveis por nossos atos, tal como Deus é. Isso implica que haverá um dia em nossa existência no qual cada um de nós será obrigatoriamente confrontado com as escolhas que fizemos pelo próprio Deus - isso é o que a Bíblia chama de "Dia do Juízo" ou, popularmente, "Juízo Final".

Até o dia do juízo final, somos sempre réus culpados aos olhos do Sumo Juiz. Sua sentença é conhecida - a morte. Morte física, morte espiritual e morte eterna. A diferença entre esses aspectos da morte reside onde e quando ela atua: a física, já em curso em cada ser humano pelo envelhecimento e doenças e violência e fome e pestes; a espiritual, nossa separação de Deus que resulta em nossa atitude para com Ele e com a Terra. Por fim, a eterna, após a morte física, num estado eterno de separação de Deus, em sofrimento e degradação infinitas em duração e intensidade. Ele, o Juiz de Vivos e de Mortos, por Sua Graça, nos oferece o perdão da nossa culpa e o livramento da sentença. A despeito disso - da imensa culpa que carregamos e da imensa bondade da oferta que recebemos, vamos seguindo o nosso rumo tal qual estamos. Parece que estamos numa espécie de transe, sem conseguir enxergar a realidade diante de nós. 

Vivemos numa época em que devemos estar cada vez mais atentos em relação a tudo o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Desemprego, violência e guerras, corrupção, inflação, empobrecimento, doenças... tudo isso é sinal de que Deus começou a derramar seus prometidos juízos sobre o mundo! Olhando para a Terra e o que nela está acontecendo, podemos rapidamente associar que há agentes espirituais atuando nesse exato momento em toda a Terra, sob a permissão de Deus, fazendo com que o Plano de Deus sobre a Terra se desenrole. Em Ezequiel, Deus fala sobre 4 juízos específicos que Ele derramou sobre Jerusalém e Israel, pelos pecados da nação, dos quais 3 estão sendo derramados novamente sobre o mundo - o quarto, a morte, é consequência sine qua non dos três primeiros. O que Deus fez em Jerusalém e Israel no passado, como registrado em Ezequiel, é um prenúncio daquilo que hoje está sendo feito no mundo inteiro! 

Os pecados de uma nação trazem juízo sobre ela. Nesse texto, Deus fala a Ezequiel sobre um pecado que uma nação comete o qual é a mãe de todos os demais pecados: de se rebelar contra o Senhor. Todos os pecados que um homem ou nação insiste em cometer habitualmente são fruto, em última análise, da rebeldia contra o Senhor. É interessante notar que Ezequiel usa a expressão "cometer graves transgressões": ela significa agir traiçoeiramente cometendo traições – ou seja, aquele que falta com a fé prometida em juramento, desleal. É exatamente isso que vemos hoje, inclusive dentro de ambientes religiosos! Vivemos uma época de muita rebeldia e deslealdade. Os homens estão muito rebeldes e desleais; não querem escutar mais a Deus, não querem obedecer. 

Deus envia a Palavra, exorta, corrige, avisa, direciona, mas infelizmente muitos não estão nem aí. FAZEM OUVIDO DE MERCADOR. Deus tem falado aos homens (Hb 1.1,2), crentes ou não-crentes: A Palavra de Deus tem sido proclamada em muitos lugares, até em denominações religiosas. Deus tem falado por meio dos sinais no mundo. Deus tem falado por pessoas. Deus tem falado principalmente por meio do Seu Filho Jesus. No entanto, os homens não querem ouvir o que Deus está falando: são questionadores, arrogantes, desobedientes, atrevidos, ingratos, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus (II Tm 3.1-5). DEUS ESTÁ FALANDO. VOCÊ ESTÁ OUVINDO?


Diante dessa realidade profética de juízo, não é possível achar socorro humano: não adianta se mudar, não adianta se esconder. É tempo de angústia. Nessa época, não há lugar para relacionamento superficial com Deus. A posição cômoda “em cima do muro” ficará cada vez menos viável. Dirijo-me agora aos ditos cristãos, aqueles que se gabam de sua fé religiosa-denominacional:  Nenhum cristão superficial (frio ou morno) escapará desse juízo de Deus. Perceba que no texto de Ezequiel o Espírito de Deus nos deu o padrão de vida e fé que possibilitará escapar: Noé, Daniel e Jó. Noutras palavras, a vida a ser vivida nesses dias precisa ser como a desses heróis da fé. É tempo de heroísmo, querido(a) leitor(a), e esse heroísmo é manifesto pela fé na maneira de se relacionar com Deus, exemplificada na vida desses homens do passado!


a) Noé (Hb 11.7; Gn 6.8,9): servo temente e fiel, faz aquilo que o Senhor manda sem questionar. Homem justo e perfeito em suas gerações. Sua vida íntegra e reta diante de Deus fez com que ele e sua família fossem salvos do dilúvio. Mesmo vivendo em meio a uma geração corrompida e perversa, Noé achou graça diante do Senhor, e alcançou testemunho de que era justo e reto, e andava com Deus (Gn 6.9). A expressão “andar com Deus” aponta para a sua conduta, caracterizada pela vida de comunhão e obediência a Deus, uma das principais características do seu caráter.

b) Daniel (Dn 10.12): tem um coração que busca compreender a vontade de Deus e que se humilha perante Deus. Homem de firmeza moral, mantida mesmo diante das calúnias e ameças contra a sua vida.


c) Jó (Jó 1.1; Tg 5.11): integridade e retidão; homem temente a Deus e que se desvia do mal. Mesmo quando sua vida não vai bem fisicamente não abandona Deus, mesmo que não compreenda o que acontece em sua vida. Homem paciente. 


Heróis não nascem de um dia para o outro. Heróis são formados nas fornalhas de aflição das pequenas coisas de cada dia. Esta é a hora de comprar azeite e de nos prepararmos para os desafios futuros, como Jesus ilustra na Parábola das 10 Virgens. Não temos tempo para perder. A Religião não vai ajudar, seja ele qual for. A política é inútil. A moral e ética do mundo são vazias de Deus. Precisamos prestar atenção aos avisos de Deus e passarmos a incorporar em nossas vidas as características morais e espirituais dos verdadeiros Homens de Deus citados nas Escrituras. Pàra isso, só com Jesus! Só pela fé transformadora Nele, nascendo de novo!

Acordai! Acordai! Despertai! Despertai! Eis que o fim vem e é próximo!  

Pense nisso.
Graça e paz! 

(SERMÃO MINISTRADO EM 09/04/2017)