"Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." (João 13:34,35)
UM NOVO MANDAMENTO. Um nova ordem, um novo preceito, uma nova regra. Novo, do grego καινὴν (kainēn), novo em natureza, inusitado, nunca antes visto. Esse mandamento estava sendo ordenado naquele momento, pela primeira vez na história dos discípulos do Senhor. E que mandamento era esse? Que seus discípulos amassem uns aos outros. Amor, aqui, vem do grego ágape, que é a mesma palavra usada por Paulo em I Coríntios 13. Para deixar mais claro ainda, o Senhor acrescenta: "como eu amei a vocês", "do mesmo modo vocês devem amar uns aos outros".
Indo direto ao ponto, o amor ágape entre os discípulos do Senhor deveria ser a marca cristã distintiva, a qual todos os homens deveriam ser capazes de ler. Esse amor mútuo é, na verdade, o que faz diferença entre um verdadeiro discípulo e um falso, que serve somente a si mesmo. Esse amor é a única apologia cristã viável a um mundo que jaz no maligno, conforme explica o Ellicott's Commentary for English Readers: "os apologistas dos primeiros séculos compraziam-se em apelar para o fato notável do amor comum dos cristãos, que era uma coisa nova na história da humanidade". Nisso, acrescenta o "Benson Commentary": "E os antigos apologistas do Cristianismo nos informam que os próprios pagãos perseguidores não podiam deixar de exclamar em êxtase, ao observar a prevalência desta graça entre eles: Veja como esses cristãos se amam!"
Em especial num mundo onde cada vez mais o amor se esfria e não raro se apaga, onde cada um vive apenas para si mesmo e para seus próprios interesses, esse amor é um testemunho poderosíssimo da ligação entre Cristo e aqueles que são seus. Gostaria de ressaltar isso: o maior e mais poderoso testemunho cristão não são os sinais e milagres; tampouco é a "prosperidade" ou o poderio econômico ou político, nem a edificação de templos e construções, nem a quantidade de pessoas, nem qualquer outra coisa. É tão somente o amor mútuo por aqueles que confessam-se seguidores de Cristo. Não um amor qualquer, uma amizade ou coleguismo, mas sim um amor que é "sofredor, é benigno; não invejoso; que não trata com leviandade, não se ensoberbece; não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1 Coríntios 13:4-7). Portanto, o amor mútuo sincero e fervoroso, e na maneira e grau que o Senhor prescreveu, é o mais aceitável e o símbolo mais ornamental do relacionamento com Ele, e o emblema mais nobre da genuína profissão de fé.
A pergunta que ecoa no mundo hoje, no entanto, é onde está esse amor. Como crer num Deus que é amor, se nem entre seus professos seguidores vê-se esse amor? Embora a Igreja tenha esquecido tal característica, o mundo nunca o fez. Quão mudado está o espírito do mundo cristão! Talvez, de todos os mandamentos de Jesus, a observância deste seja mais impossível de ser visto pelo mundo circundante. A falta de amor genuíno e profundo entre os cristãos, a ausência de abnegação genuína, o orgulho de posição e riqueza e o fato de que os professos cristãos são freqüentemente conhecidos por qualquer outra coisa, e não pelo verdadeiro apego àqueles que carregam o mesmo nome de Cristo, é algo chocante!
Como os autoproclamados cristãos são conhecidos hoje pelos não-cristãos? Será que são conhecidos por seu amor comum? Longe disso! São conhecidos por seus ritos ou hábitos especiais, por uma forma especial de vestimenta ou maneira de falar, por austeridades especiais e costumes incomuns, assim como eram os fariseus, os essênios e os escribas na época de Jesus. Atualmente, são também conhecidos também como intolerantes e preconceituosos, avessos ao conhecimento e às ciências. A tolerância e até aceitação do pecado como "algo normal", algo que Deus abomina, tornou-nos insanos e insensíveis. Obviamente, se não amamos nem uns aos outros, amaremos o próximo como a nós mesmos e a Deus? Usando a expressão que ouvi de um médico, "nem a pau, Juvenal!" Veja, por exemplo, alguns dos milhares de posts que circulam diariamente no Twitter:
- "A grande maioria desses aí defendem o preconceito contra raças, crenças, opções sexuais. Querem posse de armas, são movidos a dinheiro, comercializam a tal palavra. É o amor cristão levado a sério."
- "Não há ódio maior que amor cristão."
- "Caraca, esses malucos trataram deus como se ele fosse um ditador. Kkkkkk. "Espalhando amor cristão"".
- "Você sai da igreja e as pessoas param de falar contigo, fingem que vc não existe. Amor cristão."
- "Eu amo como a maioria das pessoas de bem religiosas agem: "Não é pra usar o perdão pra todo mundo só pra quem me convém. Dar outra face? Coisa de otário quem diz ou disse isso". O amor cristão é muito bonito de se ver".
- "O amor cristão me comove cada dia mais..." (comentando sobre a reportagem da revista Isto É, "SC: Pastor teria pago R$ 5 mil por morte da mulher; ele e amante foram presos" - link: https://istoe.com.br/sc-pastor-teria-pago-r-5-mil-por-morte-da-mulher-ele-e-amante-foram-presos/)
- "Minha tia evangélica desejando que tudo o que desejo para XXXXX (político do momento) volte contra mim, o amor cristão pela família me comove".
- "Tava aqui pensando e as piores pessoas que eu conheci na vida, não tiram o nome de deus da boca, só ficam enfurnadas dentro de igreja kk irônico, não? e digo com propriedade, pq eu vi e vivi na pele o "amor cristão", são capazes de TUDO."
- [...] "Enquanto tá na igreja dando o dízimo é a melhor pessoa, depois que para de devolver e sair da igreja acaba o amor cristão, vai entender".
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
- Paciência, do grego makrothumei ("o amor é sofredor"): Sofrimento, aqui, tem relação com a paciência que quem ama deve obrigatoriamente possuir. O amor não "chuta o balde" com a extrema facilidade que se vê hoje em dia, tendo assim relação direta com a tolerância com as falhas, fraquezas, incapacidades, faltas e erros da pessoa amada, ainda que recorrentes. Esse termo é o mesmo utilizado referindo-se a Deus, por exemplo em II Pedro 3:9, onde é traduzida por longanimidade. A longanimidade de Deus! A Bíblia diz, “O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor” (Salmo 103:8). Pergunto: quantas vezes você, leitor(a), incorreu no mesmo erro? No mesmo pecado? Eu te digo: todas as vezes que você errou - e na mesma coisa - e foi ao Senhor, Ele o(a) perdoou! Ele não lhe excluiu, nem o(a) abandonou; mas o(a) recebeu de braços abertos! Por que cargas d'água, então, somos tão incompassivos e intolerantes uns com os outros?!? Vamos agir como credores incompassivos (Mateus 18:23-35) até quando? Será que aquele(a) irmão(ã), por quem Cristo morreu e que portanto é tão herdeiro(a) do Senhor quanto eu, não é valioso(a) para Deus e para nós? Não estamos falando aqui de ingenuidade, nem de "fazer vista grossa"; tampouco de "passar pano" em pecados. O Senhor nunca fez isso: Ele repreendeu Pedro quando necessário, mas nunca desistiu dele! A paciência não é ingênua. Ela não ignora o mau comportamento. No entanto, ela desperta em nós a misericórdia e a graça.
- Benignidade, do grego chrēsteuetai ("o amor é benigno"): A palavra usada aqui denota ser afável, gentil, terno, afetuoso. O amor deseja o bem. Não é áspero, azedo, taciturno, mal-humorado. A ideia é que, sob todas as provocações e maus-tratos, quem ama é gentil e suave. O ódio leva à dureza, severidade, grosseria de expressão, raiva e desejo de vingança. Mas o amor é o reverso de tudo isso. Um homem que ama verdadeiramente a outro será gentil com ele, desejoso de lhe fazer bem; será "gentil", não severo e áspero; será "cortês" porque deseja sua felicidade e não magoará seus sentimentos. Se todas as pessoas estivessem sob a influência desse amor, sempre seriam verdadeiramente educadas e corteses; pois a verdadeira polidez nada mais é do que uma expressão de benignidade ou um desejo de promover a felicidade de todos ao nosso redor.
- Inveja, do grego zēloi ("o amor não é invejoso"): Aqui, o entendimento é direto. O amor não abriga e nem convive em hipótese alguma o sentimento de inveja. O amor não fica desgostoso diante da felicidade ou prosperidade alheia. Se o(a) irmão(ã) tem algo ou não - seja material (inclui bens materiais, posições seculares, casamento, formação intelectual, etc.) ou espiritual (como algum dom específico), se o Senhor o(a) confiou aquilo ao meu(minha) irmão(ã) e não a mim, de modo algum ficarei desgostoso ou aborrecido; tampouco irei desprezar e até "sabotar" o(a) meu(minha) irmão(ã) por isso - o famoso "puxar o tapete".
- Leviandade, do grego perpereuetai ("o amor não trata com leviandade"): O termo em grego significa "vanglória". Vanglória é convencimento dos próprios méritos, qualidades ou talentos; vaidade, jactância, bazófia. O famoso "eu sou o máximo"! O verdadeiro amor é incompatível com essa soberba manifesta verbalmente, do "eu sou mais do que você" - em NADA e nem por razão alguma - sejam por conta de posições, status social, feitos e realizações seculares ou espirituais, sejam por questões de saúde, conhecimento, ou por qualquer coisa. Quem assim age, gabando-se, não ama a ninguém a não ser a si mesmo, promovendo-se às custas da humilhação de outrem. Note que a soberba está intimamente ligada aqui: todo soberbo é também bazófio e prepotente! A boca sempre falará do que está cheio o coração! Hoje, tristemente, muitos que se dizem cristãos são assim, cheios de arrogância e prepotência, com discursos de auto-louvor e glorificação e, ao mesmo tempo, de humilhação a todo aquele que não se dobra perante suas vanglórias ou àqueles que representam, na visão desses fanfarrões, uma ameaça à sua auto-imagem altiva.
- Indecência, do grego aschēmonei ("o amor não se porta com indecência"): De de asxḗmōn, "sem a forma adequada". Em sentido mais restrito, o verdadeiro amor não se comporta em relação a ninguém de maneira indecente ou desonrosa, e não fará nada para com seu irmão que, na opinião dos homens, seria uma ação imunda ou indecente. No sentido mais amplo, não fará nada que envergonhe a seu irmão, não irá desrespeitá-lo de modo algum e por coisa alguma. Não irá expô-lo(a) ao ridículo, nem profanar sua imagem perante outros. É maligno ao extremo o que vem sendo praticado em nossos dias, onde pessoas ditas cristãs cometem todo tipo de atrocidades contra outros, direta ou indiretamente. Toda vez que um(a) dito(a) cristão(ã) age publicamente de maneira vergonhosa e indecente, ele(a) está expondo todos os cristãos verdadeiros ao vitupério. O argumento popular "o corpo é meu e eu faço o que quiser com ele" despreza totalmente o fato de que o corpo do cristão deve ser instrumento da justiça de Deus: "Tampouco, entregais os membros do vosso corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; antes consagrai-vos a Deus com quem fostes levantados da morte para a vida; e ofereçais os vossos membros do corpo a Ele, como instrumentos de justiça" (Romanos 6:13). Profanar a santidade do próprio corpo - e ainda por cima publicamente - é profanar o nome do próprio Senhor, uma vez que em última análise é Ele quem terá o nome blasfemado, sem mencionar aqueles que buscam viver suas vidas cristãs de forma justa e piedosa. Será que não aprendemos nada com o episódio de Noé, Sem, Jafé e Cão? Noé ficou nu, embriagado, agindo indecentemente; seu filho Cão cometeu indecência ainda maior, divulgando "aos quatro ventos" que seu pai estava de cara cheia e peladão! "Então, Sem e Jafé tomaram uma capa, puseram-na sobre os próprios ombros de ambos e, andando de costas, rostos desviados, cobriram a nudez do pai, sem que a vissem" (Gênesis 9:21-23). Na atitude de Sem e Jafé vemos como age o verdadeiro amor, coisa rara atualmente. Já a atitude de Noé e de Cão são muitíssimo comuns hoje em dia, quer na mídia televisiva ("reality-shows"), quer na internet e nas redes sociais, quer em revistas e demais mídias físicas: ditos(as) cristãos(ãs) se expondo publicamente de modo indecente, com ampla divulgação e comentário por outros(as) ditos(as) cristãos(ãs)! Note: isso não se aplica unicamente a nudez, sensualidade e sexo, ainda que hoje os adultérios, fornicações e outros pecados nessa área estão quase totalmente popularizados!
- "O amor não busca seus próprios interesses": No verdadeiro amor não há espaço para "farinha pouca meu pirão primeiro". Esta é, por exemplo, a práxis denominacional-mercadológica atual, o "não por azeitona na empada dos outros". Esta é, por exemplo, a "vala comum": cada dito(a) cristão(ã) só procura resolver seus "probleminhas" e danem-se os outros! Eu atendi muita gente assim por muitos anos: só queriam saber de si mesmos, só estavam interessados em si mesmos e em mais ninguém - nem em mim, muito menos! Enquanto você supre as necessidades desse tipo de "cristão" (sic), ok. Quando para de suprir, por qualquer razão, ninguém lhe procura mais; não querem nem saber se você está vivo ou se está morto, se passa algum problema ou dificuldade! "Não quero saber dos seus problemas, quero saber dos meus", é o modo de vida dos tais.
- "Não se irrita", do grego paroxunetai: "Não é provocável". O verdadeiro amor não é livre de sentimentos e paixões, mas não é governado por elas, dominado por elas, levado a "voar" contra seu irmão por coisas triviais; ele sabe como suportar injúrias e prefere suportar erros, perdas e injúrias menores do que fazer qualquer coisa em vingança de si mesmo. Não é a diferença de opinião política, por exemplo, que faz com que um irmão se irrite contra outro quando há verdadeiro amor envolvido: ninguém é de Deus ou do diabo porque tem opinião política diferente, mas pode sê-lo se amar ou não amar a seu irmão! Nenhum cristão verdadeiro passa às ofensas pessoais (e até de ordem moral!) contra seu irmão por diferença de opinião, qualquer que seja ela! Aprendam de uma vez por todas: política é realidade de um mundo caído e afastado de Deus, sendo ela mesma usada amplamente e descaradamente pelo diabo como instrumento do seu sistema satânico injusto e opressor que opera nesse mundo, tenha ela a roupagem ideológica que tiver. Deus não é político, não apóia política alguma e nem condena ninguém por ter uma opinião política A ou B. Tem sua opinião política? Ok. Mas não use isso como ferramenta de discórdia e injúria contra ninguém, especialmente contra seu irmão cristão, ou você estará usando-a de forma alinhada com o diabo! O mesmo vale para qualquer outro tema, seja ele qual for! Você, dito(a) pastor(a), pare já com esse pecado, condenando diabolicamente pessoas por conta de opiniões puramente pessoais e, assim, sendo instrumento de contendas e dissensões, separando famílias e irmãos, de sangue e de fé! Lembre-se: "Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos" (Provérbios 6:16-19).
- "Não suspeita mal": ele não suspeita precipitadamente que seu irmão pratica o mal ou, noutras palavras, o verdadeiro amor cristão não é aquele que vive com malícia em relação às atitudes do seu irmão. Ele não fica com conjecturas e elucubrações malignas diante do que seu irmão faz ou diz. A versão Etíope, a título de explicação, acrescenta: "nem pensa o mal, nem consulta o mal"; ou "não imputa o mal"; não considera pagar mal com mal àquele que o cometeu o mal contra ele, mas livre e totalmente o perdoa, como Deus que quando perdoa o pecado é dito que não o imputa. A frase parece é muito abrangente, implicando que o amor não suspeita, nem é implacável, nem retentivo em sua memória do mal feito. O amor escreve os erros pessoais em cinzas ou na água.
- "Não folga com a injustiça": Folgar, isto é, regozijar-se, alegrar-se. O verdadeiro amor não tem prazer em ver o irmão (ou qualquer pessoa) cair em um erro ou pecado, pelo qual sua reputação seja destruída e seus interesses arruinados. Não se alegra com os "vícios" de outras pessoas; não se deleita quando eles são culpados de um crime, ou quando, de qualquer maneira, eles caem em pecado. Não tem prazer em ouvir outros serem acusados de pecado, e em ter a prova de que o cometeram. Não encontra um prazer malicioso no "relato" de que fizeram algo errado. Pessoas perversas freqüentemente se alegram quando outros caem em pecado e se desgraçam e se arruinam. As pessoas em todo o mundo freqüentemente encontram um prazer maligno no relato e nas evidências de que um membro da Igreja desonrou sua fé. Um homem freqüentemente se alegra quando um inimigo, um perseguidor ou um caluniador comete algum crime, quando mostra um espírito impróprio, profere uma expressão precipitada ou dá algum passo que o envolva em ignomínia. Mas o amor não faz nenhuma dessas coisas. Não deseja que um inimigo, um perseguidor ou um caluniador faça o mal, ou que desonre e se arruíne. Não se regozija, mas entristece. Não ama o que é errado, nem o fato de ter sido feito. E talvez não haja maior triunfo do evangelho do que capacitar um homem a regozijar-se porque até mesmo seu inimigo e perseguidor em qualquer aspecto se sai bem; ou regozijar-se por que ele é de alguma forma honrado e respeitado entre as pessoas. A natureza humana, sem o evangelho, manifesta um sentimento diferente; e é somente quando o coração é subjugado pelo evangelho e cheio de benevolência universal que ele se regozija quando todas as pessoas agem bem. "Mas folga com a verdade": O bem em geral é sua glória e alegria, difundida em qualquer lugar do mundo; ao mesmo tempo que produz seus frutos próprios, santidade de coração e vida, com constância e perseverança. Ele se alegra com os acertos e sucessos alheios.
- "Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta": Acredita em todas as coisas - Todo o escopo da conexão e do argumento aqui exige que compreendamos a conduta dos outros. Não significa que o homem que está sob a influência do amor seja um homem de "credulidade universal"; que ele não faz discriminação em relação às coisas em que se acredita; e é tão propenso a acreditar em uma mentira quanto na verdade; ou que ele não se preocupa em indagar o que é verdadeiro e o que é falso, o que é certo e o que é errado. Mas significa que, com respeito à conduta de outros, há uma disposição para colocar a melhor interpretação; acreditar que eles podem ser movidos por bons motivos, e que não têm a intenção de causar dano; e que há uma vontade de supor, tanto quanto possível, que o que é feito é feito de forma consistente com amizade, bom sentimento e virtude. O amor produz isso porque se alegra com a felicidade e a virtude dos outros e não acredita no contrário, exceto em provas irrefutáveis. Espera todas as coisas - Espera que tudo dê certo. Isso também deve se referir à conduta de outras pessoas; e isso significa que, por mais escuras que sejam as aparências; quanto mais possam produzir o medo de que outros sejam movidos por motivos impróprios ou sejam pessoas más, ainda que haja uma "esperança" de que as coisas possam ser explicadas e tornadas claras; que as dificuldades podem desfeitas; e que a conduta de outros possa ser justa e pura. O amor "se apegará a essa esperança" até que toda a possibilidade de tal resultado tenha desaparecido e seja compelido a acreditar que a conduta não é suscetível de uma explicação justa. Essa esperança se estenderá a "todas as coisas" - palavras, ações e planos; ao contato público e ao privado; ao que é dito e feito em nossa própria presença e ao que é dito e feito em nossa ausência. O amor fará isso porque se deleita na virtude e felicidade dos outros, e não dará crédito a nada em contrário, a menos que seja obrigado a fazê-lo. Suporta todas as coisas - suporta com resignação cristã as coisas que são desagradáveis para a carne; todas as aflições, tribulações, tentações, perseguições e a própria morte, por causa dos eleitos, por causa do Evangelho, e especialmente por causa de Cristo Jesus.
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