terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Entendendo a Natureza e o Papel dos Cinco Ministério de Efésios



"Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." (Efésios 4:10-14)

Inicialmente, precisamos entender que o Corpo de Cristo é um organismo vivo, não uma organização, com títulos, funções pré-definidas, e sacerdócios oficializados. A mão não pede unção de mão para ser mão. O pé não busca ordenação de pé a fim de ser pé e poder andar. Os olhos não precisam de uma ordem para ver. Nem o coração necessita de uma reunião de concílio de todos os membros, a fim de decidir se bate ou não.

Assim, não estaremos aqui tratando de títulos. Na verdade, com o afastamento paulatino da Igreja do padrão bíblico neo-testamentário a partir da morte do último apóstolo, cada vez mais o outrora organismo vivo passou a se tranformar em estrutura morta; e, com isso, a Igreja perdeu poder espiritual e os dons e ministérios tornaram-se meros títulos eclesiásticos, hierarquizados dentro da concepção estatizada de Igreja.

Infelizmente, ainda hoje é possível ver tal hierarquização na Igreja, onde o "apóstolo" não é nada mais do que um título superior ao de "pastor". Sob o escrutínio da Palavra de Deus, os atuais "apóstolos" não passam, na melhor das hipóteses, de "pastores" com complexo de superioridade. Quando a patologia é grave, alguns juntam ao título de "apóstolo" o título de "bispo primaz", misturando os contextos.  Para estes, se quiserem, há outros títulos mais pomposos - Abade, Acólito, Ancião, Arcebispo, Cardeal, Monsenhor, Patriarca, Prelado, só para citar alguns.

Nosso Senhor Jesus, na Parábola da Semeadura (Mt 13.24-30), diz que “enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se” (v. 25). O joio é uma nociva erva daninha que parece com o trigo. A figura do joio aponta para a imitação, o engano e a corrupção. O diabo lança sementes de engano e imitação que envenenam e corrompem a mente e o coração da humanidade. Ele tem um evangelho imitado, moderno; um Cristo imitado, falso; uma igreja imitada, falsa. Dessa forma busca destruir o verdadeiro cristianismo, que é uma obra de Deus, introduzindo no lugar uma brilhante imitação da coisa real.

Muitos pastores sinceros com Deus e com seu ministério, principalmente de Igrejas mais tradicionais, têm criticado o ensino da restauração dos cinco ministérios, fazendo-o com base no cenário atual. É compreesível; de fato, dizer que toda essa apostasia que aí se encontra é obra de Deus é, no mínimo, uma tremenda loucura. Assim, quando criticam o atual sistema, visam combater o erro que aí está, patente para todo mundo ver. Como diz o Apóstolo Paulo, “e não é de se admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (2 Coríntios 11:14).

É interessante notar, contudo, que o atual engano aponta para a existência de algo verdadeiro. O conceito de que algo é falso só faz sentido se houver algo que seja verdadeiro. Obviamente, antes da verdadeira restauração dos 5 ministérios é necessário que venha aquilo que é falso, assim como antes da Segunda Vinda de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo surgirá um falso cristo que ludibriará, enganará e seduzirá toda a Terra, exceto aqueles que estiverem imbuídos do Espírito do Senhor. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus (Romanos 8:14).

 A IGREJA E OS DONS DE ASCENSÃO

A igreja tem amplamente ignorado o ofício espiritual do apóstolo por muitos séculos. Cessacionistas, aqueles que sustentam a crença de que milagres foram interrompidos depois da conclusão do cânon das Escrituras, acreditam que a cura, libertação, profecia e todos os outros fenômenos sobrenaturais cessaram e que os apóstolos já não são necessários. Este mesmo sistema de crença exclui profetas do ministério da Igreja de hoje e perturba o equilíbrio de dons dados à igreja. Evangelistas e mestres são muito mal compreendidos, mas aceitos, enquanto pastores são estabelecidos com a pesada carga de trabalho, como "clérigos profissionais".

A função dos Cinco Ministérios, como indicado no verso 12, é equipar os santos para a obra do ministério para a edificação do corpo. Este equipamento, ou aperfeiçoamento (KJV), fala em grego de um navio adequado para as águas onde vai velejar ou a fixação de um osso. Tornando os santos prontos para as tempestades que possam encontrar e sendo colocados para o melhor serviço. A edificação (KJV) é o resultado do próprio aperfeiçoamento. Esta é a obra do ministério para o qual os santos são colocados para o melhor serviço.

O versículo 13 nos dá o período de tempo pelo qual os dons são necessários na igreja: "Até que todos cheguemos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao homem perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo". Estamos atendendo um objetivo aqui que é alcançar a unidade da fé. Jesus orou para que esta unidade acontecesse dentro de nós, em João capítulo 17.
 
Outro objetivo é o conhecimento do Filho de Deus. Isso não significa meramente uma compreensão de quem é Jesus, do ponto de vista histórico ou teológico; mas principalmente no aspecto prático, ou seja, o relacionamento, a formação de Cristo em nós, a revelação do Filho em nossa vida. Por mais que se fale em Jesus hoje, cada vez menos se conhece o Filho de Deus. Cada Igreja tem o seu próprio Jesus, mais "bonzinho" ou "mais carrancudo", mais doutrinário ou mais irreverente. Há muito falso ensino sobre Jesus, mas há também muita falsa concepção do que é conhcê-Lo. Isso é resultado da meninice espiritual da Igreja, que é levada ao sabor da brisa suave do vento de ensino, soprado pelos picaretas da fé.
 
ENTENDENDO OS DONS DE ASCENSÃO
 
Agora que entendemos o cenário, vamos dar uma olhada nos dons de ascensão de forma individual, para que tenhamos uma visão mais clara do seu aspecto prático. Pode ser feita a analogia dos cinco ministérios com os 5 dedos da mão: cada um com a sua função específica, mas todos na mesma mão.
 
1. Apóstolo:  Os apóstolos são responsáveis por plantar igrejas (I Co 3.10,11), levam o evangelho até lugares não-alcançados (Rm 15.20), apontam e treinam líderes (At 14.21-23; Tt 1.5), tratam com problemas doutrinários e com pecado, supervisionam Igrejas e promovem a unidade (I Co 16.1-4), demonstram e concedem o sobrenatural (II Tm 1.6-7; II Co 12.12, At 4.33, 8.4-20, 10.44-46, 19.16 ), não manipulam ou se auto-promovem (II Co 11.7-15), não mercadejam com o evangelho (Hb 3.1), possuem a marca de Cristo - crucificação pessoal (II Co 1.3-7).

Além disso, deveriam ser testemunhas do Senhor ressurreto (At 1.21-22, I Co 9.1), possuírem um chamado especial da parte de Cristo para exercer este ministério e terem autoridade para ensinar e definir a doutrina firmando as pessoas na verdade.

Esses homens têm uma visão ampliada do reino de Deus implantado na Terra. Eles enviam pessoas e são enviados por Deus para fundamentar a igreja através das verdades e princípios bíblicos. Eles ajudam a restaurar esse fundamento. O apóstolo sempre olha para a base. Ele se preocupa com que a casa fique firme e não caia. Ele ajusta todas as mensagens a esses fundamentos básicos, que nada mais são do que as verdades de Deus. Ele é aquele que bota a mão na obra.

Observe que, dadas as características do ministério, o apóstolo pode ser visto como o dedo polegar. O dedo polegar é o único que pode tocar todos os outros dedos (os outros quatro presentes), o que significa que é influente para a mão inteira. Assim, o oficio de apóstolo abarca todos os outros 4 dons. Isto significa que um apóstolo deve, obrigatoriamente, também ser mestre, profeta, evangelista e pastor.


2. Profeta: O profeta é aquele que aponta a direção para a Igreja, porém não a conduz. É aquele que fala aquilo que o Senhor mostrou como orientação espiritual para o Corpo. A Bíblia diz que na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e mestres, a saber: Barnabé e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o tetrarca, e Saulo (At 13.1).

A constante comunhão com a glória do Senhor transforma radicalmente a maneira do profeta pensar e agir. O profeta edifica, exorta e consola, não representando a sua pessoa, mas a Deus. Ele olha para a congregação como um todo e a coloca dentro da igreja, da cidade e do mundo.  Normalmente, a linguagem utilizada pelo profeta para expressar a mensagem de Deus é através de símbolos (At 15.32). O profeta pode ser visto como o dedo indicador, apontando mudanças necessárias.

A exemplo do apóstolo, este ministério é também mal compreendido. Frequentemente confunde-se o dom ministerial de profeta com o dom espiritual de profeta, principalmente no pentecostalismo. Todos podem profetizar, mas isso não faz da pessoa um profeta de ofício.

3. Evangelista: Evangelistas são pregadores itinerantes,  pregando especificamente a mensagem da salvação. Eles possuem, necessariamente, o dom da fé (I Co 12.9); sua mensagem é impactante, gerando fé nos ouvintes. Evangelistas são o dedo médio da mão, o dedo mais longo, com o maior alcance.

4. Pastores: Os pastores apascentam o rebanho. Possuem capacitação divina para nutrir, cuidar e amadurecer espiritualmente cada ovelha; são abnegados, generosos, hospitaleiros e moderados. Pastores podem ser vistos como o dedo anelar, o que representa compromisso, fidelidade e relacionamento.

5. Mestres: Os mestres são transformadores. São mais que meros professores ou teólogos; são capacitados divinamente para entender, explicar claramente e aplicar na prática a Palavra de Deus (Jo 6.45). O mestre é responsável pelo ensino à Igreja.  Podem ser comparados ao dedo mínimo da mão, usado geralmente para limpar o ouvido. O mestre limpa o ouvido dos crentes, tirando todo cerume espiritual, para que ouçam e entendam a Palavra de Deus.


CONCLUSÃO

Paulatinamente, o Senhor vem restaurando os cinco ministérios na Sua Igreja. Há ainda muito o que ser feito, mesmo porque o atual modelo de Igreja, muito semelhante ao católico romano, não comporta estes ministérios quanto ao seu pleno funcionamento.

Deus levantará, ao seu tempo, cada ministério na Sua casa, dando o chamamento e a capacitação espiritual necessária. Deus mesmo há de restaurar à Sua Igreja, levando-a de volta ao padrão bíblico, ao modelo que Ele mesmo planejou; levará a Igreja à santidade, a ser santa e irrepreensível, sem mácula ou ruga ou coisa semelhante, em nome de Jesus.

Deus está te dando Visão de Águia!

8 comentários:

  1. Gostaria de saber quem criou ou de onde foi tirado a comparação dos 5 ministérios com os 5 dedos da mão. É bíblico? Se é, poderia me fornecer a citação?
    Att,

    Cláudio L. Costa.

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  2. Prezado Cláudio,

    Trata-se apenas de uma analogia, utilizada aqui para fins didáticos, comparando-se as características de cada um dos 5 Dons ou Ministérios de Ascenção com os dedos da mão humana.

    O uso de analogias é feito em inúmeras passagens e textos bíblicos justamente com o mesmo propósito do uso aqui nesta postagem: aumentar a compreensão sobre o assunto.

    Graça e Paz!

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  3. O sr. acredita que nos dias de hoje temos realmente: apóstolos e profetas?

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  4. Prezado irmão Cláudio,

    Eu acredito que os verdadeiros apóstolos e profetas (dons e não títulos) ainda hão de serem plenamente restaurados pelo Senhor, seguindo-se de sua revelação (ou aparecimento). No entanto, é possível que em algum lugar eles já estejam em atividade, não de forma plena como sugere Efésios, mas com ministérios locais; muito provavelmente sem ostentarem esses títulos (porque são dons) e até sem a plena consciência desses dons.
    Isso já aconteceu antes, por exemplo com o irmão Billy Graham, pastor, que nunca ostentou o título, mas que desempenhou a atividade apostólica por muito tempo.
    Contudo, novamente, eu creio na restauração desses ministérios de Efésios de forma plena, em pleno funcionamento.
    Graça e Paz!

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  6. da mesma forma que Paulo ao falar da unidade da igreja usou a figura do corpo, como sendo formado por muitos membros, mas sendo um só corpo, podemos também usar analogias para tornar o texto e o contexto bíblico mais acessível, ou seja, mais fácil de compreender, por isso parabéns ao amado Pastor e mestre Ricardo!

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  7. Gostei muito dos ensinamentos; me serão úteis nas duas pregação que vou fazer este mês em minha igreja sobre Efésios 4!

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  8. Gostei muito desse conteúdo!

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