Recentemente, foi veiculado pela Rede Record uma reportagem sobre a "unção do cair no espírito", também conhecida como fanerose. A reportagem do programa Domingo Espetacular baseou-se em entrevistas com pessoas que tiveram experiências negativas com as Igrejas onde esta unção era/é praticada. A reportagem também confundiu as "unções" do cair no espírito com as unções de animais, exibindo na tela o show gospel onde uma pastora muito conhecida aparece andando de quatro no palco, imitando um leão. É claro que há uma guerra (não santa) travada nos bastidores, que são mera continuidade da guerra entre bispos, apóstolos e pastores midiáticos de grandes impérios religiosos que já se tornou mais comum do que a guerra no oriente médio.
Esse assunto das unções já foi abordado aqui neste blog ("FIDE ET RATIO: A UNÇÃO ESPIRITUAL" - http://www.apenas-para-argumentar.blogspot.com/2010/10/fide-et-ratio-uncao-espiritual.html). Estas unções são na verdade a manifestação da psiquê humana (psiquismo), algo que o Pr. Watchman Nee chama de "Poder Latente da Alma". Desse poder também deriva-se muitos dos fenômenos que são atribuídos à parapsicologia. As muitas ocorrências miraculosas que a parapsicologia moderna descobre, de modo algum atestam seu caráter sobrenatural. Elas simplesmente provam que o poder latente da alma pode ser liberado pelos meios apropriados. Mary Baker Eddy, fundadora da seita pseudocristã "Ciência Cristã" utilizava e ensinava aos adeptos da seita a utilizarem esse poder para cura, por exemplo. Outras religiões e seitas fazem uso de práticas ascéticas com vistas a mortificarem o corpo e assim darem vazão a alma humana, para que esta libere todo o poder que há nela.
Assim diz o Pr. Watchman Nee: "Deus, entretanto, nunca opera com o poder da alma, pois é sem utilidade para Ele. Quando nascemos de novo, nós nascemos do Espírito Santo. Deus opera pelo Espírito Santo em nosso espírito renovado. Ele não tem nenhum desejo de usar o poder da alma. Desde a queda Deus proibiu o homem de usar novamente seu poder original da alma. Por essa razão é que o Senhor Jesus freqüentemente declara como precisamos perder nossa vida da alma, isto é, nosso poder da alma. Deus deseja que nós, hoje, não usemos este poder de modo algum. [...] O poder da alma lança-se sobre nós como uma torrente. Fazendo uso da ciência (psicologia e parapsicologia), religião e até mesmo de uma igreja ignorante (em sua busca exagerada de manifestações sobrenaturais e na ausência de controle quanto a dons sobrenaturais segundo a direção da Bíblia), Satanás está levando este mundo a se encher do poder das trevas." (grifo adicionado)
Esse é o cerne do problema: a igreja que aí está é cada vez mais ignorante acerca dos dons espirituais. Tendo uma sede de poder imensa, quase insaciável, estando edificada sobre um triunfalismo utópico ao invés da Bíblia, a igreja acaba recebendo em seu seio toda e qualquer manifestação sobrenatural, sem ponderar qual é a origem daquela manifestação. A manifestação traz, na mente dos crentes que não conhecem as Escrituras, uma espécie de "selo de qualidade", de "certificação de 3a. parte", como se Deus estivesse atestando a idoneidade daquela igreja ou pregador a partir daquela manifestação. Assim, a Igreja cai no mesmo erro das mais diversas seitas e religiões, como o kardecismo, onde toda a manifestação sobrenatural é atribuída em última análise a Deus.
Esta igreja que ignora a Palavra de Deus está fascinada pelo truque dos mágicos da corte de Faraó, que replicaram o poder de Deus na vida e ministério de Moisés. "Olhe, a vara dos mágicos virou serpente!" "Olha, Deus está derrubando seu povo na igreja tal", "Deus está derramando a unção do Leão ali!", "o poder está lá; vamos!" E assim a turba vai e vem, de igreja em igreja, atrás dos fênomenos sobrenaturais. Não é Ele quem está fazendo estes sinais; porque Ele, na pessoa do Espírito Santo, não torna a Igreja, a qual Ele amou, "e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra" (Ef 5.26) num circo de horrores. Para Jesus, sua Igreja precisa obrigatoriamente ser "igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível." (Ef 5.27) Não será Ele, portanto, a implantar nem incentivar a inglória, a desonra e coisas semelhantes!
Do mesmo modo, os ministros que aí estão, fazendo todo tipo de sinal sobrenatural - e não só com as unções disso ou daquilo, mas com o uso de instrumentos mágicos como rosas, sal grosso, toalhinhas e paninhos, etc. não são ministros segundo Deus, mas segundo Simão Mágico. Eles querem poder para terem lucro, que manifestação sobrenatural para terem "a casa cheia" e com isso aumentarem as entradas financeiras. Mostre o caráter, mostre o fruto do Espírito Santo! Onde estão o amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e o domínio próprio? O que se vê são as obras da carne a todo instante! Porfias, inimizades, invejas, emulações, iras, pelejas, dissensões... e não tem Unidade Pacificadora que dê solução! Referindo-se às obras da carne, Paulo diz que os que tais coisas praticam não herdarão o Reino de Deus. Assim, conclui-se que naquele grande e terrível dia, muitos "ministros da unção", "operadores do sobrenatural", ficarão de fora do Reino, sendo lançados em trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.
Além das unções "top ten" do meio gospel - leão, cair no espírito, objetos ungidos, etc - poderíamos incluir aqui tantas outras, menos populares nas cidades, mas de grande popularidade nas regiões mais afastadas: rodopio do espírito, sapato de fogo, unção do anjo, unção do marchador, unção do karatê kid, unção do espadachim, etc. Tudo isso não passa de poder - unção - latente da alma! Ou seja, não é produzida pelo Espírito Santo, mas pela própria pessoa! Do mesmo modo, a prática de alguns grupos de buscarem o Espírito Santo com práticas de isolamento, privação do sono, jejuns prolongados, cânticos de músicas/corinhos repetitivos, etc. podem produzir manifestações puramente almáticas: a prática leva a confusão mental e apassivação da vontade, tornando a pessoa susctível a qualquer comando direto ou indução.
Abre parênteses: Hoje assisti a mais um episódio da série "Law and Order", uma de minhas preferidas. O episódio versava sobre uma menina morta por espancamento num ritual de exorcismo praticado por uma católica fanática, segundo supostamente as ordens de "São Miguel" dadas à mulher para vencer o diabo no corpo da moça. A mãe havia levado a jovem a esta "operadora de milagres" porque a menina era incontrolável e demasiadamente rebelde. Durante o ritual, a fanática mandou a mãe à igreja para rezar, porque ela teria perdido a fé e assim fortalecia o diabo no corpo da menina, dificultando a expulsão. Quando julgada - e acabou sendo condenada ao final por homicídio doloso - até o Promotor de Justiça, Jack McCoy (personagem do ator Samuel Atkinson Waterston), teve dúvidas se realmente não se tratava de um "dom" que a fanática possuía. Infelizmente, ficção e realidade guardam profundas semelhanças. Na vida real, há uma série de pessoas, no mínimo fanáticas, interpretando a Bíblia como querem e bem entendem de forma a justificar suas práticas esdrúxulas; há, do mesmo modo, pessoas desesperadas a procura de qualquer ajuda para solucionar seus problemas e que acabam, muitas vezes, nas mãos ou de fanáticos ou de picaretas, dando tudo o que tem - emocional e financeiramente - sem nunca ver nenhuma melhora duradoura. O ateísmo prático, derivando-se para o filosófico, é o mínimo que se pode esperar da humanidade na persistência desse cenário caótico. Fecha parênteses.
Note que há grande interesse do inferno que estas unções almáticas continuem surgindo, que estes "poderes sobrenaturais" continuem a se manifestar. Como diz o Pr. Watchman Nee, há muitas vantagens nisso:
(a) Ele será capaz de cumprir sua promessa original feita ao homem de que "vós sereis como Deus". Em sua habilidade de operar muitas maravilhas, os homens se considerarão como deuses e adorarão não a Deus, mas a si mesmos.
(b) Confundirá os milagres de Deus. Ele deseja levar a humanidade a crer que todos os milagres na Bíblia são apenas psicológicos em sua origem, rebaixando, desse modo, o seu valor. Ele quer que os homens pensem que são capazes de fazer tudo o que o Senhor Jesus fez.
(c) Ele confundirá a obra do Espírito Santo. O Espírito Santo trabalha no homem através do espírito humano, mas agora Satanás forja na alma do homem muitos fenômenos semelhantes às operações do Espírito Santo, levando-os a experimentarem falsos arrependimentos, falsa salvação, falsa regeneração, falso reavivamento, falsa alegria e outras imitações das experiências do Espírito Santo.
(d) Ele usará o homem como seu instrumento na oposição final contra o plano de Deus nesta última era. O Espírito Santo é o poder operador dos milagres de Deus, mas a alma do homem é o poder operador de milagres de Satanás. Os últimos três anos e meio (durante a grande tribulação), será um período de grandes maravilhas realizadas pela alma do homem sob a direção de Satanás.
Estas unções que aí estão não passam de unções latentes da alma! A Igreja não precisa disso! Não, isso não vem de Deus e não há benefício duradouro nestas unções, apenas tristeza e vergonha depois de fazer o papel de ridículo. Obviamente, há ainda os milagres verdadeiros, genuinamente produzidos por Deus! Graças a Deus por eles. Mas é preciso conhecimento da Palavra e discernimento, para não cairmos sob domínio do espirito do erro!
Como discernir se a manifestação vem de Deus ou é apenas da alma? Veja a diferença de resultados. Qual é a diferença nos resultados entre a operação do Espírito e a da alma? Apenas o que vem do Espírito produz e transmite vida; a alma, apesar de viva, é incapaz de transmitir vida. "O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante" (I Co 15.45) O Espírito Santo nunca Se envolve em ajudar o poder da alma. O Espírito Santo precisa nos levar primeiro ao lugar onde não podemos fazer nada por nós mesmos, para só então atuar com sinais e poder.
Se os crentes desejam tanto a unção desprovida de base nas Escrituras, então eu aconselho que peçam a melhor "unção": a "Unção do Leão da Montanha - Saída pela Direita"! Saia já desse lugar onde a igreja deixou de ser Igreja, coluna e baluarte da verdade! Não há opção: ou a Igreja ama e ensina as Escrituras - são elas que testificam de Jesus - ou ela ensina outro caminho, outra verdade e outro tipo de vida diferente da Vida que é o Senhor. Saia já da Babilônia espiritual, antes que a sua alma seja capturada e colocada à venda! Em Babilônia não há escrúpulos ou piedade, o Tirano soberno de Babilônia é totalmente maligno; ele vai fazer negócio com a sua alma!
A propósito: o Leão da Montanha só andava sobre duas patas, não de quatro; ele falava, não rugia e era extremamente esperto para reconhecer a hora de dar o fora! Duvido que o querubim com rosto de leão no Livro de Apocalipse ruja no céu, na presença de Deus. Ele só tem o rosto de leão, mas é um Q-U-E-R-U-B-I-M!!!! É um ser angelical!!!! Voltem para Escola Bíblica e estudem de novo a lição sobre angelologia, de forma a parar de ensinar tanta bobagem em nome de Deus! Nem Jesus, como o Leão da Tribo de Judá, jamais rugiu ao falar com alguém, nem mesmo com João na Ilha de Patmos, nem mesmo com Deus! Por favor!
Agora, se você quer realmente uma unção bíblica, aconselho você a estudar a Palavra de Deus. Aprenda-a de modo que você possa usá-la como guia nesta hora tenebrosa. E, por favor, pare de dizer que a Bíblia "é muito difícil". Me desculpe amado(a) leitor(a), mas isso é conversa de preguiçoso! O apóstolo João nos ensina: "E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo." (I Jo 2.20) Ou seja, basta que eu com perseverança estude a Palavra que eu acabarei aprendendo-a porque a Unção para isso, eu já tenho.
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
EU QUERO O VINHO NOVO... MAS AINDA SOU ODRE VELHO!
Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam. (Mt 9.16,17)
"Eu quero, ó Senhor, Teu vinho novo...". Esse é o desejo de muitos crentes em Cristo, cantado em verso e prosa nas igrejas. Querem viver o novo de Deus em suas vidas; querem poder usufruir daquilo que Deus prometeu e que, segundo elas, está muito além realidade vivida no dia-a-dia. Na concepção desses irmãos, o dia-a-dia, com o seu mesmismo, é enfadonho e impede-os de crescerem e atingirem maiores patamares espirituais na presença de Deus. "Chega do velho, queremos o novo!" é o brado do coração desses irmãos, ansiosos por algo que definiram como "novo" mas que não sabem explicar do que se trata. O que é esse novo que tão ardentemente desejam? O que esse novo que é muito melhor do que o velho? Aliás, o que é esse velho e o que há de tão ruim nele que torne-o tão indesejável?
Penso que o grande problema aqui é a adoção de jargões e expressões de efeito sem o devido entendimento. Pouquíssimos entendem o significado daquilo que falam; trata-se de mera repetição de palavras. Muitos pregadores fazem uso de expressões como essa, mas poucos são aqueles que definem o significado e a aplicação prática para a vida dos ouvintes. Tampouco as condições para entender aquilo que a expressão conota. Se explicando tudo "muito bem explicadinho, nos mínimos detalhes", como diria o personagem "Seu Explicadinho", do programa humorístico "A Praça é Nossa", já está difícil de compreender, imagine sem explicar...
A interpretação do texto de Mateus 9 é única. Mas a aplicação prática pode variar, dependendo do contexto onde ela é aplicada. Assim, o que é esse novo, tão almejado pelos crentes? Há a tendência de se entender esse "novo" a uma nova forma de viver, voltada apenas para o viés secular. Assim, o tão sonhado novo seria, por exemplo, um novo trabalho, um novo patamar financeiro, um novo relacionamento. Neste viés, empobrecedor a luz das imensas possibilidades envolvidas no conceito de "novo", o anseio é com relação ao "aqui e agora", restringindo-se "as coisas dessa vida".
Se formos considerar esse viés, é preciso fazê-lo em sua totalidade, ou seja, se o novo aqui refere-se às coisas seculares, então o secular precisa necessariamente servir para a glória de Deus e não apenas para a satisfação pessoal. Se não há nada de mais em se desejar a melhoria de vida de forma justa e coerente, essa mudança de vida deve, na vida do crente, refletir um propósito superior, espiritual: o Reino de Deus e a Sua Justiça. Assim, ao desejar um "novo emprego" (com salários e condições de trabalho melhores), este novo emprego precisa, por exemplo, redundar em melhor apoio à causa do Reino, como o suporte financeiro de forma a suprir as necessidades da Agência de Expansão do Reino (a Igreja), de acordo com o novo patamar, a podendo envolver a compra de projetores de slides ou financiamento de eventos evangelísticos.
Porém, para que o novo venha a acontecer, é preciso atender a uma série de prerrogativas. A mais básica delas é o fato de que o novo não se acerta com o velho. É preciso que tudo seja novo, tanto o que vai ser recebido como novo quanto aquele que recebe o novo. Abordar as condições necessárias na vida daquele que deseja o novo de forma que possa recebê-lo, este é um tema pouco explorado nas mensagens pelos "pregadores do novo". Quais seriam as condições? Numa simples leitura de Mateus 9, é fácil ver que as condições são aquelas que envolvem mútua preservação - do novo e daquilo que recebe o novo. Quem recebe o novo não pode (1) ser prejudicado pelo novo por seu estado de velho e nem (2) desperdiçar o novo recebido por seu estado de velho.
Vejamos um exemplo prático. Há pessoas que anseiam viver um novo relacionamento sentimental, mas ainda não abriu mão dos sentimentos antigos de um relacionamento anterior. Ainda sonha com o outro relacionamento, ainda experimenta emoções fortes com relação ao relacionamento antigo. Assim, por exemplo, se viúvo(a) a procura de um novo relacionamento, ainda está a viver o relacionamento antigo com o(a) falecido(a). Se é um noivado que não deu certo, a pessoa ainda vive as bases emocionais do antigo relacionamento. Ela ainda não conseguiu se desvincular do relacionamento anterior e já está ansiando um novo relacionamento - deseja o novo, mas ainda vive o velho. Neste caso, se o novo vier a existência em sua vida, este novo ser-lhe-á prejudicial: haverá inúmeras brigas por comprações entre o novo e o antigo. O próprio novo será desperdiçado, acabando por ir embora e intensificando ainda mais as dores antigas, podendo levar a estados emocionais patológicos.
Suponhamos, por exemplo, o seguinte caso prático, muito comum em nossos dias: um casal que se separa fisicamente, mas um dos antigos cônjuges ainda nutre emoções intensas ou mesmo vínculos emocionais-afetivos com relação ao outro cônjuge. Para o cônjuge que está emocionalmente vinculado ao outro - mesmo que seja um sentimento de raiva ou ira, ou qualquer outro vínculo - o relacionamento, na prática, ainda existe, apesar dos corpos estarem já separados. Assim, é impossível que qualquer possibilidade de novo relacionamento que possa vir a surgir tenha qualquer chance de dar certo, pois os vínculos com o relacionamento antigo ainda existem.
Abre parênteses: O assunto do divórcio no contexto cristão já foi tratado neste blog em inúmeras postagens (veja por exemplo "E EU VOS DECLARO... UMA SÓ CARNE" em http://www.apenas-para-argumentar.blogspot.com/2011/01/e-eu-vos-declarouma-so-carne.html e "ONDE MORA O MONSTRO?" em http://www.apenas-para-argumentar.blogspot.com/2011/04/onde-mora-o-monstro.html). Como já declarei, creio na restauração tanto de pessoas como de relacionamentos. Creio no casamento enquanto instituição divina, ordenado por Deus como monogâmico, heterossexual e indissolúvel. Mas é preciso reconhecer que em alguns casos extremos, o divórcio pode ser livramento de Deus para muitas mulheres; a última solução, um mal necessário, numa sociedade cada vez mais doente e miserável, onde os casamentos são feitos sem a concordância ou bênção de Deus. Há cada vez mais casais que estão juntos apenas pela conveniência - "casamento fake"; do mesmo modo, há muitas separações que são também "fakes" na prática, onde muito do antigo ainda é preservado (por exemplo, fazem planos de longo prazo em comum mesmo estando separados). Ambas as coisas estão erradas do ponto de vista Bíblico, pois ambas não passam de mentira. Fecha parênteses.
Há outra forma de se ver o novo: trata-se do viés espiritual. Por exemplo, o batismo com Espírito Santo, os dons ministeriais e espirituais ou uma maior atuação - em termos de amplitude - na Obra de Deus (como ser um missionário transcultural, por exemplo). Aqui também existem as mesmas pré-condições necessárias para receber o novo: (1) não ser prejudicado pelo novo por seu estado de velho e nem (2) desperdiçar o novo recebido por seu estado de velho. O profeta Jeremias já ensinava: "Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os cavalos? Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, como farás na enchente do Jordão?" (Jr 12.5) Como ter um ministério mais amplo, se o pensamento e a prática ainda são típicos de um ministério incipiente? Se a gestão administrativa e espiritual são ainda amadoras em seus aspectos? Se nos enrolamos no básico, no B-A-BA, como falar noutras línguas com outros povos? Acaso "batendo cabeça contra cabeça" em coisas simples, como o exercício das funções básicas na Igreja, poderemos desempenhar coisas maiores? Ora, se há anseio pelo novo de Deus, é preciso haver preparação interna - emocional e administrativamente - para receber esse novo. Pensamentos novos precedem obrigatoriamente atitudes novas.
Por exemplo, imaginemos o seguinte caso: um pastor centralizador, incapaz de delegar funções e de exercer a coordenação dos delegados. O pensamento dele é: "só sai bem feito se eu mesmo fizer". Ora, como este equivocado ministro de Deus poderá receber mais pessoas em sua grei - e assim ampliar o seu ministério, se com as que ele possui a obra já é 100% dependente dele para acontecer? Deus, que o ama, não permitirá o crescimento (sim, porque é Deus quem dá o crescimento da Sua obra) do ministério deste pastor enquanto ele não renovar a sua mente, a fim de que ele não venha até mesmo sofrer um enfarte por causa da obra - e assim perder tanto o novo quanto quem recebe o novo. Se você, amado pastor que lê essa postagem, questiona Deus porque seu ministério não cresce numericamente, saiba que uma das razões disso acontecer pode ser sua forma antiquada, centralizadora, de gestão da Obra.
Abre parênteses: É possível inovar na gestão da Obra de Deus sem incorrer em pecado. Nem tudo o que é novo é ruim e nem tudo o que é velho é o melhor. Há muitos bons conceitos de liderança e de gestão que podem ser aplicados na Obra com algum exercício mínimo de adequação a um novo contexto, assim como há novos métodos de ensino e comunicação. É claro que isso envolve estudo, envolve empregar tempo (e às vezes recursos) num curso ou seminário, ou mesmo num retiro para liderança a fim de explorar as diversas facetas e conceitos envolvidos. Afinal, "todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas". Os filhos deste mundo serão sempre mais prudentes que os filhos da luz? É hora de darmos um basta nisso, não acha? Fecha parênteses.
Concluindo: para receber o vinho novo, é preciso ser odre novo. Antes de receber o novo, é preciso ser novo, é preciso renovar emoções, idéias, conceitos, atitudes e visões. É sempre possível renovar sem cair em pecado, sem transgredir as Verdades Bíblicas com as quais estamos comprometidos. Somente a partir do renovar interior é que poderemos usufruir do novo - interior e exterior.
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
"Eu quero, ó Senhor, Teu vinho novo...". Esse é o desejo de muitos crentes em Cristo, cantado em verso e prosa nas igrejas. Querem viver o novo de Deus em suas vidas; querem poder usufruir daquilo que Deus prometeu e que, segundo elas, está muito além realidade vivida no dia-a-dia. Na concepção desses irmãos, o dia-a-dia, com o seu mesmismo, é enfadonho e impede-os de crescerem e atingirem maiores patamares espirituais na presença de Deus. "Chega do velho, queremos o novo!" é o brado do coração desses irmãos, ansiosos por algo que definiram como "novo" mas que não sabem explicar do que se trata. O que é esse novo que tão ardentemente desejam? O que esse novo que é muito melhor do que o velho? Aliás, o que é esse velho e o que há de tão ruim nele que torne-o tão indesejável?
Penso que o grande problema aqui é a adoção de jargões e expressões de efeito sem o devido entendimento. Pouquíssimos entendem o significado daquilo que falam; trata-se de mera repetição de palavras. Muitos pregadores fazem uso de expressões como essa, mas poucos são aqueles que definem o significado e a aplicação prática para a vida dos ouvintes. Tampouco as condições para entender aquilo que a expressão conota. Se explicando tudo "muito bem explicadinho, nos mínimos detalhes", como diria o personagem "Seu Explicadinho", do programa humorístico "A Praça é Nossa", já está difícil de compreender, imagine sem explicar...
A interpretação do texto de Mateus 9 é única. Mas a aplicação prática pode variar, dependendo do contexto onde ela é aplicada. Assim, o que é esse novo, tão almejado pelos crentes? Há a tendência de se entender esse "novo" a uma nova forma de viver, voltada apenas para o viés secular. Assim, o tão sonhado novo seria, por exemplo, um novo trabalho, um novo patamar financeiro, um novo relacionamento. Neste viés, empobrecedor a luz das imensas possibilidades envolvidas no conceito de "novo", o anseio é com relação ao "aqui e agora", restringindo-se "as coisas dessa vida".
Se formos considerar esse viés, é preciso fazê-lo em sua totalidade, ou seja, se o novo aqui refere-se às coisas seculares, então o secular precisa necessariamente servir para a glória de Deus e não apenas para a satisfação pessoal. Se não há nada de mais em se desejar a melhoria de vida de forma justa e coerente, essa mudança de vida deve, na vida do crente, refletir um propósito superior, espiritual: o Reino de Deus e a Sua Justiça. Assim, ao desejar um "novo emprego" (com salários e condições de trabalho melhores), este novo emprego precisa, por exemplo, redundar em melhor apoio à causa do Reino, como o suporte financeiro de forma a suprir as necessidades da Agência de Expansão do Reino (a Igreja), de acordo com o novo patamar, a podendo envolver a compra de projetores de slides ou financiamento de eventos evangelísticos.
Porém, para que o novo venha a acontecer, é preciso atender a uma série de prerrogativas. A mais básica delas é o fato de que o novo não se acerta com o velho. É preciso que tudo seja novo, tanto o que vai ser recebido como novo quanto aquele que recebe o novo. Abordar as condições necessárias na vida daquele que deseja o novo de forma que possa recebê-lo, este é um tema pouco explorado nas mensagens pelos "pregadores do novo". Quais seriam as condições? Numa simples leitura de Mateus 9, é fácil ver que as condições são aquelas que envolvem mútua preservação - do novo e daquilo que recebe o novo. Quem recebe o novo não pode (1) ser prejudicado pelo novo por seu estado de velho e nem (2) desperdiçar o novo recebido por seu estado de velho.
Vejamos um exemplo prático. Há pessoas que anseiam viver um novo relacionamento sentimental, mas ainda não abriu mão dos sentimentos antigos de um relacionamento anterior. Ainda sonha com o outro relacionamento, ainda experimenta emoções fortes com relação ao relacionamento antigo. Assim, por exemplo, se viúvo(a) a procura de um novo relacionamento, ainda está a viver o relacionamento antigo com o(a) falecido(a). Se é um noivado que não deu certo, a pessoa ainda vive as bases emocionais do antigo relacionamento. Ela ainda não conseguiu se desvincular do relacionamento anterior e já está ansiando um novo relacionamento - deseja o novo, mas ainda vive o velho. Neste caso, se o novo vier a existência em sua vida, este novo ser-lhe-á prejudicial: haverá inúmeras brigas por comprações entre o novo e o antigo. O próprio novo será desperdiçado, acabando por ir embora e intensificando ainda mais as dores antigas, podendo levar a estados emocionais patológicos.
Suponhamos, por exemplo, o seguinte caso prático, muito comum em nossos dias: um casal que se separa fisicamente, mas um dos antigos cônjuges ainda nutre emoções intensas ou mesmo vínculos emocionais-afetivos com relação ao outro cônjuge. Para o cônjuge que está emocionalmente vinculado ao outro - mesmo que seja um sentimento de raiva ou ira, ou qualquer outro vínculo - o relacionamento, na prática, ainda existe, apesar dos corpos estarem já separados. Assim, é impossível que qualquer possibilidade de novo relacionamento que possa vir a surgir tenha qualquer chance de dar certo, pois os vínculos com o relacionamento antigo ainda existem.
Abre parênteses: O assunto do divórcio no contexto cristão já foi tratado neste blog em inúmeras postagens (veja por exemplo "E EU VOS DECLARO... UMA SÓ CARNE" em http://www.apenas-para-argumentar.blogspot.com/2011/01/e-eu-vos-declarouma-so-carne.html e "ONDE MORA O MONSTRO?" em http://www.apenas-para-argumentar.blogspot.com/2011/04/onde-mora-o-monstro.html). Como já declarei, creio na restauração tanto de pessoas como de relacionamentos. Creio no casamento enquanto instituição divina, ordenado por Deus como monogâmico, heterossexual e indissolúvel. Mas é preciso reconhecer que em alguns casos extremos, o divórcio pode ser livramento de Deus para muitas mulheres; a última solução, um mal necessário, numa sociedade cada vez mais doente e miserável, onde os casamentos são feitos sem a concordância ou bênção de Deus. Há cada vez mais casais que estão juntos apenas pela conveniência - "casamento fake"; do mesmo modo, há muitas separações que são também "fakes" na prática, onde muito do antigo ainda é preservado (por exemplo, fazem planos de longo prazo em comum mesmo estando separados). Ambas as coisas estão erradas do ponto de vista Bíblico, pois ambas não passam de mentira. Fecha parênteses.
Há outra forma de se ver o novo: trata-se do viés espiritual. Por exemplo, o batismo com Espírito Santo, os dons ministeriais e espirituais ou uma maior atuação - em termos de amplitude - na Obra de Deus (como ser um missionário transcultural, por exemplo). Aqui também existem as mesmas pré-condições necessárias para receber o novo: (1) não ser prejudicado pelo novo por seu estado de velho e nem (2) desperdiçar o novo recebido por seu estado de velho. O profeta Jeremias já ensinava: "Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os cavalos? Se tão-somente numa terra de paz estás confiado, como farás na enchente do Jordão?" (Jr 12.5) Como ter um ministério mais amplo, se o pensamento e a prática ainda são típicos de um ministério incipiente? Se a gestão administrativa e espiritual são ainda amadoras em seus aspectos? Se nos enrolamos no básico, no B-A-BA, como falar noutras línguas com outros povos? Acaso "batendo cabeça contra cabeça" em coisas simples, como o exercício das funções básicas na Igreja, poderemos desempenhar coisas maiores? Ora, se há anseio pelo novo de Deus, é preciso haver preparação interna - emocional e administrativamente - para receber esse novo. Pensamentos novos precedem obrigatoriamente atitudes novas.
Por exemplo, imaginemos o seguinte caso: um pastor centralizador, incapaz de delegar funções e de exercer a coordenação dos delegados. O pensamento dele é: "só sai bem feito se eu mesmo fizer". Ora, como este equivocado ministro de Deus poderá receber mais pessoas em sua grei - e assim ampliar o seu ministério, se com as que ele possui a obra já é 100% dependente dele para acontecer? Deus, que o ama, não permitirá o crescimento (sim, porque é Deus quem dá o crescimento da Sua obra) do ministério deste pastor enquanto ele não renovar a sua mente, a fim de que ele não venha até mesmo sofrer um enfarte por causa da obra - e assim perder tanto o novo quanto quem recebe o novo. Se você, amado pastor que lê essa postagem, questiona Deus porque seu ministério não cresce numericamente, saiba que uma das razões disso acontecer pode ser sua forma antiquada, centralizadora, de gestão da Obra.
Abre parênteses: É possível inovar na gestão da Obra de Deus sem incorrer em pecado. Nem tudo o que é novo é ruim e nem tudo o que é velho é o melhor. Há muitos bons conceitos de liderança e de gestão que podem ser aplicados na Obra com algum exercício mínimo de adequação a um novo contexto, assim como há novos métodos de ensino e comunicação. É claro que isso envolve estudo, envolve empregar tempo (e às vezes recursos) num curso ou seminário, ou mesmo num retiro para liderança a fim de explorar as diversas facetas e conceitos envolvidos. Afinal, "todo o escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas". Os filhos deste mundo serão sempre mais prudentes que os filhos da luz? É hora de darmos um basta nisso, não acha? Fecha parênteses.
Concluindo: para receber o vinho novo, é preciso ser odre novo. Antes de receber o novo, é preciso ser novo, é preciso renovar emoções, idéias, conceitos, atitudes e visões. É sempre possível renovar sem cair em pecado, sem transgredir as Verdades Bíblicas com as quais estamos comprometidos. Somente a partir do renovar interior é que poderemos usufruir do novo - interior e exterior.
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
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