quarta-feira, 9 de outubro de 2024

O MITO DE LILITH E O PRINCÍPIO PROTESTANTE DA SOLA SCRIPTURA


20
E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.21 Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; 22 E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. 23 E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.
(Gênesis 2)  

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Sola Scriptura, "Somente as Escrituras". Somente as Escrituras são a Palavra de Deus e, portanto, somente elas constituem a única base pela qual a humanidade pode chegar a um verdadeiro conhecimento de si mesma, do universo e do nosso Deus. Assim foi enunciado o princípio basilar do cristianismo protestante que diz, em síntese, que somente as Escrituras são autoridade de fé e prática do cristão. Paulo, escrevendo a Timóteo, diz que "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (II Timóteo 3:16). Assim, tradições e ensinos, independente de sua origem, data ou de quem as enunciou pela primeira vez, devem estar sujeitos ao crivo das Escrituras Sagradas; noutras palavras, toda tradição é submetida ao crivo das Escrituras: a tradição contradiz alguma doutrina bíblica? Essa tradição é bíblica, extra-bíblica ou antibíblica? Essa é a pergunta que sempre deve ser feita pelo cristão quando se depara com as tradições ditas cristãs ou não-cristãs, ou qualquer ensino que envolva a sua fé, a qual de uma vez para sempre foi entregue aos santos (Jd 3), quer seja um ensino enunciado por cristãos ou não-cristãos. A certeza da fé se apoia invariavelmente na autoridade das Sagradas Escrituras.

Infelizmente, a restauração da fé e prática cristã por meio único da Palavra de Deus, realizada na Reforma Protestante que foi feita no século XVI, vem sendo solapada paulatinamente, trazendo confusão para a fé daquele que crê em Cristo Jesus. A bem da verdade, sempre surgiram falsos ensinos e falsos mestres, falsos profetas e falsos apóstolos, ensinando dissolução sob o pretexto de estarem ensinando "verdades espirituais", como lemos, por exemplo, na epístola de Judas: "Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. 10 Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem". A medida que o mundo se aproxima do seu fim, mais os poderes das trevas se expandem, fomentando o erro, a confusão e a descrença na Palavra de Deus por meio dos seus arautos da mentira. 

Um dos falsos ensinos que vem (re)surgindo nos arraiais protestantes é sobre Lilith. Segundo esse ensino, Lilith seria o nome da primeira esposa de Adão, criada como ele diretamente do pó da terra. Ela reivindicou status igual ao dele e se recusou a deitar-se sob ele por causa disso na hora da relação sexual entre eles. Lilith então foge do jardim do Éden, se recusando a voltar quando três anjos tentaram persuadi-la a fazê-lo sob ameaça da morte, diária, de cem filhos dela. Ela foi então amaldiçoada a ser a mãe de demônios e buscaria matar os filhos de Adão. Adão, agora sem esposa, recebeu a mais submissa Eva que o ouviria e obedeceria. A Wikipedia assim descreve a estória de Lilith: "Lilith disse: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual." Adão retrucou: "Eu não vou me deitar abaixo de você, apenas por cima. Pois você está apta apenas para estar na posição inferior, enquanto eu sou um ser superior". Lilith respondeu: "Nós somos iguais um ao outro, considerando que ambos fomos criados a partir da terra."" (disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lilith. Acesso: 08/10/2024)

As origens de Lilth estão na demonologia babilônica, onde amuletos e encantamentos eram usados ​​para combater os poderes sinistros desse espírito alado que caçava mulheres grávidas e bebês. A primeira menção sobrevivente do nome de Lilith aparece em "Gilgamesh e a Árvore Huluppu", um poema épico sumério encontrado em uma tábua em Ur e datado de aproximadamente 2000 a.C (ver nota 1). Antes do ano 1000, O Alfabeto de Ben Sira (ver nota 2) foi introduzido ao judaísmo medieval. O Alfabeto, um texto anônimo, contém 22 episódios, correspondendo às 22 letras do alfabeto hebraico; este "Alfabeto" trata-se de um texto judaico satírico que zomba de figuras bíblicas e incorporava elementos do folclore popular judaico. O quinto episódio inclui uma Lilith que atormentaria e aterrorizaria a população pelas gerações futuras. Até certo ponto, O Alfabeto de Ben Sira mostra uma Lilith familiar: ela é destrutiva, pode voar e tem uma propensão ao sexo (seria, assim, semelhante a um succubus, um demônio do sexo). Neste conto Lilith é citada como tendo sido a primeira esposa de Adão, antes de Eva, que corajosamente deixa o Éden porque é tratada como inferior ao homem.

Embora O Alfabeto de Ben Sira seja a fonte deste mito de Lilith ser a primeira esposa de Adão, nenhuma credibilidade foi dada a esta história até a era moderna. A próxima fonte judaica a apresentá-la, o místico Zohar, não lhe dá o status de esposa de Adão. Ela é a esposa do demônio Samael, a contraparte maligna de Adão, e ela serve como a contraparte maligna de Eva. (https://answersingenesis.org/creationism/creation-myths/was-lilith-adams-first-wife/. Acesso: 08/10/2024)

Observe: A suposta existência de Lilith não tem origens bíblicas, mas sim pagãs. Ela não foi retirada do relato de Gênesis porque esta história nunca aconteceu, ao contrário a estória surge em textos que se chocam e contradizem diretamente com os ensinos bíblicos. Vamos analisar e refutar a suposta base na Bíblia, como assim é defendido pelos mestres do erro, para essa tese esdrúxula. 

 

Analisando o Relato Bíblico da Criação do Homem e da Mulher em Gênesis 1 e 2

A (falsa) tese sobre a existência de Lilith como sendo a primeira esposa de Adão tem como base, segundo seus defensores, uma aparente lacuna entre os textos de Gênesis 1:27 ("E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou") e Gênesis 2:22 ("E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão"), onde haveria, conforme dizem, dois relatos diferentes da criação da mulher. Assim, Gênesis 1 traria o relato da criação do homem e da mulher (entenda-se Lilith) enquanto Gênesis 2 traria o relato da criação de Eva, referindo-se portanto a eventos diferentes. 

Esse argumento sem pé nem cabeça demonstra uma vergonhosa falta de lógica. Se o relato de Gênesis 2 é lido como documentação de novos eventos que não foram citados em Gênesis 1, então isso implica que em Gênesis 2:7 ("E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente") temos o relato da criação de um novo Adão, diferente daquele que foi criado em Gênesis 1:27! Ora, isso é um imenso absurdo à luz da Bíblia! Note que Paulo, apóstolo de Cristo, que estudou aos pés de Gamaliel, fala apenas de um único Adão, pai da raça humana (Leia Romanos 5:12-21). Veja também que se Deus criou Lilith e Adão e depois criou Eva por conta de Lilith ter abandonado Adão devido a confusão na hora do sexo, então Deus criou seres já em pecado (inveja, rebelião, porfia... obras da carne, cf. Galástas 5!) antes da queda e, portanto:

(a) esse Deus não seria o Deus da Bíblia, que criou o homem perfeito e bom (Eclesiastes 7:29); consequentemente, se Deus criou o homem em pecado, o mal (pecado) que nos separa de Deus foi criado... pelo próprio Deus e, assim, Este (Deus) não é Santo (uma blasfêmia) (leia Isaías 6:3; I Pe 1:15; Levítico 11:44,19:2; Apocalipse 4:8). 

(b) A expulsão do Paraíso por conta do pecado original (Adão e Eva comeram o fruto proibido por terem caído na tentação proposta pela serpente de serem iguais a Deus) seria uma injustiça sem tamanho, uma vez que Adão foi criado em pecado e, portanto, não tinha como resistir mesmo que quisesse. Adicione-se a isso que não há necessidade de haver uma árvore do conhecimento do bem ou do mal no Éden, porque o homem, já criado em estado de pecado, já conhece o mal. Perceba como essa heresia busca em última análise anular as razões e eficácia do sacrifício de Cristo!

PARÊNTESES 1: Observe que se o homem foi criado já em pecado, o homem é totalmente desculpável, uma vez que Deus foi o responsável por essa natureza maligna do homem. Em extensão, a conclusão é que o ex-querubim da guarda é totalmente desculpável, porque também foi criado em pecado. Logo, a conclusão que se chega é que (a) o pecado foi criado por Deus e não existe um bem absoluto; logo, Deus não é totalmente bom nem justo e, portanto, não pode julgar nem condenar ninguém - nem homens nem anjos. ISSO É UMA BLASFÊMIA SEM TAMANHO!!!!!! 

Precisamos entender como os relatos de Gênesis devem ser interpretados de forma a eliminar essa heresia. É muito simples: Gênesis 1:17 diz o que Deus fez (homem e mulher) enquanto Gênesis 2:7,22 detalha como Deus fez (homem e então mulher). O que Deus fez? Fez homem e mulher; como Ele os fez? Ora, primeiro Adão, do pó da terra e depois sua mulher, Eva, da costela de Adão. Como explica o Benson Commentary, Ele (Deus) não fez ambos de uma só vez, ou ambos juntos (um ser andrógino), como alguns têm ensinado de forma antibíblica, mas primeiro o homem da terra, e depois a mulher do homem (Leia I Timóteo 2:13,14).


Analisando a Profecia do Julgamento de Edom em Isaías 34:14

"As feras do deserto se encontrarão com as feras da ilha, e o sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos ali pousarão, e acharão lugar de repouso para si." (Isaías 34:14, Almeida Corrigida Fiel)

Noutras versões:

a) Almeida Revista e Atualizada (ARA): "As feras do deserto se encontrarão com as hienas, e os sátiros clamarão uns para os outros; fantasmas ali pousarão e acharão para si lugar de repouso."

b)  Almeida Revista e Corrigida (ARC): "E os cães bravos se encontrarão com os gatos bravos; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos ali pousarão e acharão lugar de repouso para si. "

c) Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH): "Os gatos do mato e outros animais selvagens morarão ali; demônios chamarão uns aos outros, e ali a bruxa do deserto encontrará um lugar para descansar. "

d) Nova Versão Internacional (NVI): "Criaturas do deserto se encontrarão com hienas, e bodes selvagens balirão uns para os outros; ali também descansarão as criaturas noturnas e acharão para si locais de descanso."

 e) American King James Version (AKJV): "The wild beasts of the desert shall also meet with the wild beasts of the island, and the satyr shall cry to his fellow; the screech owl also shall rest there, and find for herself a place of rest."

f) American Standard Version of the Holy Bible (ASVHB): "And the wild beasts of the desert shall meet with the wolves, and the wild goat shall cry to his fellow; yea, the night-monster shall settle there, and shall find her a place of rest."

g) Reina Valera (RV): "Y las bestias monteses se encontrarán con los gatos cervales, y el peludo gritará á su compañero: la lamia también tendrá allí asiento, y hallará para sí reposo."

h) Darby Bible Translation (DBT): "And there shall the beasts of the desert meet with the jackals, and the wild goat shall cry to his fellow; the lilith also shall settle there, and find for herself a place of rest."    

i) New Revised Standard Version (NRSV): "Wildcats shall meet with hyenas; goat-demons shall call to each other; there also Lilith shall repose and find a place to rest."

j) LXX (Septuaginta): "καὶ συναντήσουσιν δαιμόνια ὀνοκενταύροις καὶ βοήσονται ἕτερος πρὸς τὸν ἕτερον, ἐκεῖ ἀναπαύσονται ὀνοκένταυροι εὑρόντες αὑτοῖς ἀνάπαυσιν" (transliteração: kaí synantísousin daimónia onokentávrois kaí voísontai éteros prós tón éteron, ekeí anapáfsontai onokéntavroi evróntes aftoís anápafsin).

k) King James Bible (KJV): "The wild beasts of the desert shall also meet with the wild beasts of the island, and the satyr shall cry to his fellow; the screech owl also shall rest there, and find for herself a place of rest."

l) New King James Version (NKJV): "The wild beasts of the desert shall also meet with the jackals, And the wild goat shall bleat to its companion; Also the night creature shall rest there, And find for herself a place of rest."

Observe que o termo lilith só aparece em uma única versão (a tradução de Darby). Esse termo hebraico, lilith (לִּילִ֔ית), é traduzido noutras versões como "animais noturnos", "bruxa do deserto", "criaturas noturnas", "screech owl" (coruja gritadeira),  "night-monster" (monstro noturno), "lamia" e "onokentávrois" (onocentauro). O termo lilith é grafado em minúscula, indicando um termo comum, não um nome próprio, com exceção do que é feito na NRSV, devido aparentemente à influência dos tradutores pela lenda judaica de Lilith. Vale dizer que somente aqui surge esse termo; portanto estamos diante de um hapax legomena.

PARÊNTESES 2: O professor G. R. Driver considera que a palavra hebraica (li·lithʹ) deriva de uma palavra raiz que denota “todo tipo de movimento de torção ou objeto torcido”, assim como a palavra hebraica laʹyil (ou laiʹlah), que significa “noite”, sugere um “envolver-se em volta ou envolver a terra”. Tal derivação de li·lithʹ, ele sugere, pode provavelmente apontar para o noitibó como uma ave de alimentação noturna e uma notada por seu voo rápido, girando e girando enquanto persegue mariposas, besouros e outros insetos voadores noturnos. Conforme citado por Driver, Tristram, o naturalista, descreveu o noitibó como “tornando-se muito ativo ao anoitecer, quando voam em grande velocidade e com curvas intrincadas atrás de sua comida.” — Palestine Exploration Quarterly, Londres, 1959, pp. 55, 56. 

Devido a ocorrência do termo na LXX, vale a pena explicar que o onocentauro, meio homem e meio asno, é um ser da mitologia grega (tal como a Lâmia, termo que aparece na RV), não fazendo parte do cânon bíblico. É por isso que às vezes é melhor olhar para o significado literal de uma determinada palavra hebraica, sempre que a tradução/entendimento moderno não for claro ou contradizer o ensino da Bíblia. A palavra inglesa “Satyr” na AMKJ é traduzida da palavra hebraica “Sheir”, que geralmente significa cabra (ou simplesmente significa peludo porque cabra é uma criatura peluda) — Compare Gênesis 27:11 e Levítico 4:24.  

Nessa passagem de Isaías (34:14), as ruínas desoladas de Edom são retratadas como habitadas por criaturas selvagens, incluindo os seʽi·rím. Algumas traduções vertem o termo em seu sentido comum como “cabra(s)” ou “cabra(s) selvagem(ns)” (AS).  Objetando a versão de sa·ʽir· (ve·sa·'ir, וְשָׂעִ֖ירcomo “sátiro” em Isaías 34:14, G. R. Driver (Palestine Exploration Quarterly, Londres, 1959, p. 57) aponta que o sátiro não foi usado em nenhum lugar da mitologia grega como um símbolo de desolação, mas, sim, de lascívia e folia; em favor de considerar o sa·ʽir como uma cabra literal, ele mostra que as cabras florescem em locais desolados e que cabras selvagens são relatadas como comuns no extremo sul do Mar Morto, e assim na direção da desolada Edom, contra quem a profecia de Isaías (34:14) é falada.

Observando o texto de Isaías 34:14, vemos que o profeta Isaías faz menção a feras do deserto em relação ao julgamento de Edom. Feras (ou bestas selvagens) do deserto, vem de um termo paronomástico na LXX: daimónia, termo grego do qual derivou-se o termo em português "demônio". No entanto, como explicado, trata-se de uma paronomásia, ou seja, uma figura de linguagem onde se utilizam palavras que se assemelham na pronúncia e na escrita, mas que têm sentidos diferentes, estando portanto relacionada com a sonoridade das palavras (por exemplo: "José é um cavaleiro da fazenda muito cavalheiro"). Logo, o entendimento correto, "feras do deserto", refere-se aos animais selvagens (jacais, lobos, hienas, etc.). Considerando isso, não faz sentido Isaías misturar animais selvagens com seres mitológicos (lilit, lâmia e onocentauro). A explicação do Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento é provavelmente a melhor: "É provável que לִילִית‎ [Lilith] fosse um animal real do deserto, um morcego ou uma coruja, que foi animicamente dotado de qualidades demoníacas por adoradores pagãos supersticiosos".  Vale dizer que palavra hebraica “Lilith” significa simplesmente coruja gritadeira (screech owl) ou qualquer outra ave noturna, sendo esta a tradução mais correta. A raiz da palavra Lilith é Laylah, que significa noite.

O que precisa ficar claro é que o termo lilith, que somente aparece nesse texto de Isaías, não tem qualquer relação com o mito sumério desse demônio. A Bíblia não ensina demonologia. A demonologia é derivada do misticismo/mitologia/tradição judaica que acredita que Lilith foi a primeira esposa de Adão e se tornou um demônio noturno. A Bíblia ensina claramente que não foi o caso e que Eva foi a única esposa de Adão.  

Demônios existem? Sim, com toda certeza! O Novo Testamento traz ensino sólido quanto a isso. No entanto, Isaías não está citando demônios na profecia contida no capítulo 34 (ainda que nada impede que eles estivem naquele contexto em atuação, atormentando espiritualmente os edomitas). O capítulo 34 de Isaías simplesmente contém a profecia de destruição contra os antigos edomitas porque eles eram hostis e costumavam atacar os antigos israelitas. Isaías 34 profetizou que o território de Edom um dia se tornaria uma terra estéril sem nenhum edomita restante (e isso é verdade hoje). Apenas animais selvagens que se tornariam residentes no local, como cabra selvagem, coruja gritadeira, cobra do deserto, etc., conforme mencionado neste capítulo.

Concluindo: Somente as Escrituras é um princípio que precisa ser posto em prática, urgentemente pelos cristãos protestantes. Nenhum pastor, mestre, apóstolo, bispo, ungido, santo, anjo, profeta ou qualquer outro tem a autorização divina para modificar ou inserir elementos na Palavra de Deus. A Bíblia pode ser interpretada? Sim, é claro! Mas essa interpretação deve se feita à luz da própria Bíblia, não de textos antibíblicos e heréticos. Para refletir: “Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso.” (Provérbios 30:5,6)

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NOTAS:

1.  GAINES, Janet Howe. Lilith: Seductress, heroine or murderer. Bible Review, v. 17, n. 5, p. 12-20, 2001.

2. "“O Alfabeto de Ben Sira” ([1200?]) é um texto em forma de prólogo, que narra a história de Ben Sira como fenômeno de sabedoria e intelectualidade. Sira conta sobre sua concepção (em que ele, assim como outros grandes sábios, teria sido concebido sem conjunção carnal de suas mães com alguém do sexo masculino), sobre seu nascimento, sobre o intento frustrado de um rabino lhe alfabetizar e lhe transferir conhecimentos, bem como a sua saga por ser um gênio frente à invídia de homens poderosos. Por sua inteligência prodigiosa, Ben Sira teria sido chamado à Corte do rei Nabucodonosor, na Babilônia. O rei, interessado na engenhosidade de Sira, lhe faz questões que são respondidas com 22 narrativas (cada uma se iniciando com uma letra do alfabeto hebraico)." (ref.: SILVA, Aline Layane Souto da. Lilith e Medeia: mulheres-pesadelo da sociedade patriarcal. 2021. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.)