quarta-feira, 9 de outubro de 2024

O MITO DE LILITH E O PRINCÍPIO PROTESTANTE DA SOLA SCRIPTURA


20
E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea.21 Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; 22 E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. 23 E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.
(Gênesis 2)  

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Sola Scriptura, "Somente as Escrituras". Somente as Escrituras são a Palavra de Deus e, portanto, somente elas constituem a única base pela qual a humanidade pode chegar a um verdadeiro conhecimento de si mesma, do universo e do nosso Deus. Assim foi enunciado o princípio basilar do cristianismo protestante que diz, em síntese, que somente as Escrituras são autoridade de fé e prática do cristão. Paulo, escrevendo a Timóteo, diz que "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (II Timóteo 3:16). Assim, tradições e ensinos, independente de sua origem, data ou de quem as enunciou pela primeira vez, devem estar sujeitos ao crivo das Escrituras Sagradas; noutras palavras, toda tradição é submetida ao crivo das Escrituras: a tradição contradiz alguma doutrina bíblica? Essa tradição é bíblica, extra-bíblica ou antibíblica? Essa é a pergunta que sempre deve ser feita pelo cristão quando se depara com as tradições ditas cristãs ou não-cristãs, ou qualquer ensino que envolva a sua fé, a qual de uma vez para sempre foi entregue aos santos (Jd 3), quer seja um ensino enunciado por cristãos ou não-cristãos. A certeza da fé se apoia invariavelmente na autoridade das Sagradas Escrituras.

Infelizmente, a restauração da fé e prática cristã por meio único da Palavra de Deus, realizada na Reforma Protestante que foi feita no século XVI, vem sendo solapada paulatinamente, trazendo confusão para a fé daquele que crê em Cristo Jesus. A bem da verdade, sempre surgiram falsos ensinos e falsos mestres, falsos profetas e falsos apóstolos, ensinando dissolução sob o pretexto de estarem ensinando "verdades espirituais", como lemos, por exemplo, na epístola de Judas: "Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. 10 Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem". A medida que o mundo se aproxima do seu fim, mais os poderes das trevas se expandem, fomentando o erro, a confusão e a descrença na Palavra de Deus por meio dos seus arautos da mentira. 

Um dos falsos ensinos que vem (re)surgindo nos arraiais protestantes é sobre Lilith. Segundo esse ensino, Lilith seria o nome da primeira esposa de Adão, criada como ele diretamente do pó da terra. Ela reivindicou status igual ao dele e se recusou a deitar-se sob ele por causa disso na hora da relação sexual entre eles. Lilith então foge do jardim do Éden, se recusando a voltar quando três anjos tentaram persuadi-la a fazê-lo sob ameaça da morte, diária, de cem filhos dela. Ela foi então amaldiçoada a ser a mãe de demônios e buscaria matar os filhos de Adão. Adão, agora sem esposa, recebeu a mais submissa Eva que o ouviria e obedeceria. A Wikipedia assim descreve a estória de Lilith: "Lilith disse: "Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual." Adão retrucou: "Eu não vou me deitar abaixo de você, apenas por cima. Pois você está apta apenas para estar na posição inferior, enquanto eu sou um ser superior". Lilith respondeu: "Nós somos iguais um ao outro, considerando que ambos fomos criados a partir da terra."" (disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lilith. Acesso: 08/10/2024)

As origens de Lilth estão na demonologia babilônica, onde amuletos e encantamentos eram usados ​​para combater os poderes sinistros desse espírito alado que caçava mulheres grávidas e bebês. A primeira menção sobrevivente do nome de Lilith aparece em "Gilgamesh e a Árvore Huluppu", um poema épico sumério encontrado em uma tábua em Ur e datado de aproximadamente 2000 a.C (ver nota 1). Antes do ano 1000, O Alfabeto de Ben Sira (ver nota 2) foi introduzido ao judaísmo medieval. O Alfabeto, um texto anônimo, contém 22 episódios, correspondendo às 22 letras do alfabeto hebraico; este "Alfabeto" trata-se de um texto judaico satírico que zomba de figuras bíblicas e incorporava elementos do folclore popular judaico. O quinto episódio inclui uma Lilith que atormentaria e aterrorizaria a população pelas gerações futuras. Até certo ponto, O Alfabeto de Ben Sira mostra uma Lilith familiar: ela é destrutiva, pode voar e tem uma propensão ao sexo (seria, assim, semelhante a um succubus, um demônio do sexo). Neste conto Lilith é citada como tendo sido a primeira esposa de Adão, antes de Eva, que corajosamente deixa o Éden porque é tratada como inferior ao homem.

Embora O Alfabeto de Ben Sira seja a fonte deste mito de Lilith ser a primeira esposa de Adão, nenhuma credibilidade foi dada a esta história até a era moderna. A próxima fonte judaica a apresentá-la, o místico Zohar, não lhe dá o status de esposa de Adão. Ela é a esposa do demônio Samael, a contraparte maligna de Adão, e ela serve como a contraparte maligna de Eva. (https://answersingenesis.org/creationism/creation-myths/was-lilith-adams-first-wife/. Acesso: 08/10/2024)

Observe: A suposta existência de Lilith não tem origens bíblicas, mas sim pagãs. Ela não foi retirada do relato de Gênesis porque esta história nunca aconteceu, ao contrário a estória surge em textos que se chocam e contradizem diretamente com os ensinos bíblicos. Vamos analisar e refutar a suposta base na Bíblia, como assim é defendido pelos mestres do erro, para essa tese esdrúxula. 

 

Analisando o Relato Bíblico da Criação do Homem e da Mulher em Gênesis 1 e 2

A (falsa) tese sobre a existência de Lilith como sendo a primeira esposa de Adão tem como base, segundo seus defensores, uma aparente lacuna entre os textos de Gênesis 1:27 ("E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou") e Gênesis 2:22 ("E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão"), onde haveria, conforme dizem, dois relatos diferentes da criação da mulher. Assim, Gênesis 1 traria o relato da criação do homem e da mulher (entenda-se Lilith) enquanto Gênesis 2 traria o relato da criação de Eva, referindo-se portanto a eventos diferentes. 

Esse argumento sem pé nem cabeça demonstra uma vergonhosa falta de lógica. Se o relato de Gênesis 2 é lido como documentação de novos eventos que não foram citados em Gênesis 1, então isso implica que em Gênesis 2:7 ("E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente") temos o relato da criação de um novo Adão, diferente daquele que foi criado em Gênesis 1:27! Ora, isso é um imenso absurdo à luz da Bíblia! Note que Paulo, apóstolo de Cristo, que estudou aos pés de Gamaliel, fala apenas de um único Adão, pai da raça humana (Leia Romanos 5:12-21). Veja também que se Deus criou Lilith e Adão e depois criou Eva por conta de Lilith ter abandonado Adão devido a confusão na hora do sexo, então Deus criou seres já em pecado (inveja, rebelião, porfia... obras da carne, cf. Galástas 5!) antes da queda e, portanto:

(a) esse Deus não seria o Deus da Bíblia, que criou o homem perfeito e bom (Eclesiastes 7:29); consequentemente, se Deus criou o homem em pecado, o mal (pecado) que nos separa de Deus foi criado... pelo próprio Deus e, assim, Este (Deus) não é Santo (uma blasfêmia) (leia Isaías 6:3; I Pe 1:15; Levítico 11:44,19:2; Apocalipse 4:8). 

(b) A expulsão do Paraíso por conta do pecado original (Adão e Eva comeram o fruto proibido por terem caído na tentação proposta pela serpente de serem iguais a Deus) seria uma injustiça sem tamanho, uma vez que Adão foi criado em pecado e, portanto, não tinha como resistir mesmo que quisesse. Adicione-se a isso que não há necessidade de haver uma árvore do conhecimento do bem ou do mal no Éden, porque o homem, já criado em estado de pecado, já conhece o mal. Perceba como essa heresia busca em última análise anular as razões e eficácia do sacrifício de Cristo!

PARÊNTESES 1: Observe que se o homem foi criado já em pecado, o homem é totalmente desculpável, uma vez que Deus foi o responsável por essa natureza maligna do homem. Em extensão, a conclusão é que o ex-querubim da guarda é totalmente desculpável, porque também foi criado em pecado. Logo, a conclusão que se chega é que (a) o pecado foi criado por Deus e não existe um bem absoluto; logo, Deus não é totalmente bom nem justo e, portanto, não pode julgar nem condenar ninguém - nem homens nem anjos. ISSO É UMA BLASFÊMIA SEM TAMANHO!!!!!! 

Precisamos entender como os relatos de Gênesis devem ser interpretados de forma a eliminar essa heresia. É muito simples: Gênesis 1:17 diz o que Deus fez (homem e mulher) enquanto Gênesis 2:7,22 detalha como Deus fez (homem e então mulher). O que Deus fez? Fez homem e mulher; como Ele os fez? Ora, primeiro Adão, do pó da terra e depois sua mulher, Eva, da costela de Adão. Como explica o Benson Commentary, Ele (Deus) não fez ambos de uma só vez, ou ambos juntos (um ser andrógino), como alguns têm ensinado de forma antibíblica, mas primeiro o homem da terra, e depois a mulher do homem (Leia I Timóteo 2:13,14).


Analisando a Profecia do Julgamento de Edom em Isaías 34:14

"As feras do deserto se encontrarão com as feras da ilha, e o sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos ali pousarão, e acharão lugar de repouso para si." (Isaías 34:14, Almeida Corrigida Fiel)

Noutras versões:

a) Almeida Revista e Atualizada (ARA): "As feras do deserto se encontrarão com as hienas, e os sátiros clamarão uns para os outros; fantasmas ali pousarão e acharão para si lugar de repouso."

b)  Almeida Revista e Corrigida (ARC): "E os cães bravos se encontrarão com os gatos bravos; e o sátiro clamará ao seu companheiro; e os animais noturnos ali pousarão e acharão lugar de repouso para si. "

c) Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH): "Os gatos do mato e outros animais selvagens morarão ali; demônios chamarão uns aos outros, e ali a bruxa do deserto encontrará um lugar para descansar. "

d) Nova Versão Internacional (NVI): "Criaturas do deserto se encontrarão com hienas, e bodes selvagens balirão uns para os outros; ali também descansarão as criaturas noturnas e acharão para si locais de descanso."

 e) American King James Version (AKJV): "The wild beasts of the desert shall also meet with the wild beasts of the island, and the satyr shall cry to his fellow; the screech owl also shall rest there, and find for herself a place of rest."

f) American Standard Version of the Holy Bible (ASVHB): "And the wild beasts of the desert shall meet with the wolves, and the wild goat shall cry to his fellow; yea, the night-monster shall settle there, and shall find her a place of rest."

g) Reina Valera (RV): "Y las bestias monteses se encontrarán con los gatos cervales, y el peludo gritará á su compañero: la lamia también tendrá allí asiento, y hallará para sí reposo."

h) Darby Bible Translation (DBT): "And there shall the beasts of the desert meet with the jackals, and the wild goat shall cry to his fellow; the lilith also shall settle there, and find for herself a place of rest."    

i) New Revised Standard Version (NRSV): "Wildcats shall meet with hyenas; goat-demons shall call to each other; there also Lilith shall repose and find a place to rest."

j) LXX (Septuaginta): "καὶ συναντήσουσιν δαιμόνια ὀνοκενταύροις καὶ βοήσονται ἕτερος πρὸς τὸν ἕτερον, ἐκεῖ ἀναπαύσονται ὀνοκένταυροι εὑρόντες αὑτοῖς ἀνάπαυσιν" (transliteração: kaí synantísousin daimónia onokentávrois kaí voísontai éteros prós tón éteron, ekeí anapáfsontai onokéntavroi evróntes aftoís anápafsin).

k) King James Bible (KJV): "The wild beasts of the desert shall also meet with the wild beasts of the island, and the satyr shall cry to his fellow; the screech owl also shall rest there, and find for herself a place of rest."

l) New King James Version (NKJV): "The wild beasts of the desert shall also meet with the jackals, And the wild goat shall bleat to its companion; Also the night creature shall rest there, And find for herself a place of rest."

Observe que o termo lilith só aparece em uma única versão (a tradução de Darby). Esse termo hebraico, lilith (לִּילִ֔ית), é traduzido noutras versões como "animais noturnos", "bruxa do deserto", "criaturas noturnas", "screech owl" (coruja gritadeira),  "night-monster" (monstro noturno), "lamia" e "onokentávrois" (onocentauro). O termo lilith é grafado em minúscula, indicando um termo comum, não um nome próprio, com exceção do que é feito na NRSV, devido aparentemente à influência dos tradutores pela lenda judaica de Lilith. Vale dizer que somente aqui surge esse termo; portanto estamos diante de um hapax legomena.

PARÊNTESES 2: O professor G. R. Driver considera que a palavra hebraica (li·lithʹ) deriva de uma palavra raiz que denota “todo tipo de movimento de torção ou objeto torcido”, assim como a palavra hebraica laʹyil (ou laiʹlah), que significa “noite”, sugere um “envolver-se em volta ou envolver a terra”. Tal derivação de li·lithʹ, ele sugere, pode provavelmente apontar para o noitibó como uma ave de alimentação noturna e uma notada por seu voo rápido, girando e girando enquanto persegue mariposas, besouros e outros insetos voadores noturnos. Conforme citado por Driver, Tristram, o naturalista, descreveu o noitibó como “tornando-se muito ativo ao anoitecer, quando voam em grande velocidade e com curvas intrincadas atrás de sua comida.” — Palestine Exploration Quarterly, Londres, 1959, pp. 55, 56. 

Devido a ocorrência do termo na LXX, vale a pena explicar que o onocentauro, meio homem e meio asno, é um ser da mitologia grega (tal como a Lâmia, termo que aparece na RV), não fazendo parte do cânon bíblico. É por isso que às vezes é melhor olhar para o significado literal de uma determinada palavra hebraica, sempre que a tradução/entendimento moderno não for claro ou contradizer o ensino da Bíblia. A palavra inglesa “Satyr” na AMKJ é traduzida da palavra hebraica “Sheir”, que geralmente significa cabra (ou simplesmente significa peludo porque cabra é uma criatura peluda) — Compare Gênesis 27:11 e Levítico 4:24.  

Nessa passagem de Isaías (34:14), as ruínas desoladas de Edom são retratadas como habitadas por criaturas selvagens, incluindo os seʽi·rím. Algumas traduções vertem o termo em seu sentido comum como “cabra(s)” ou “cabra(s) selvagem(ns)” (AS).  Objetando a versão de sa·ʽir· (ve·sa·'ir, וְשָׂעִ֖ירcomo “sátiro” em Isaías 34:14, G. R. Driver (Palestine Exploration Quarterly, Londres, 1959, p. 57) aponta que o sátiro não foi usado em nenhum lugar da mitologia grega como um símbolo de desolação, mas, sim, de lascívia e folia; em favor de considerar o sa·ʽir como uma cabra literal, ele mostra que as cabras florescem em locais desolados e que cabras selvagens são relatadas como comuns no extremo sul do Mar Morto, e assim na direção da desolada Edom, contra quem a profecia de Isaías (34:14) é falada.

Observando o texto de Isaías 34:14, vemos que o profeta Isaías faz menção a feras do deserto em relação ao julgamento de Edom. Feras (ou bestas selvagens) do deserto, vem de um termo paronomástico na LXX: daimónia, termo grego do qual derivou-se o termo em português "demônio". No entanto, como explicado, trata-se de uma paronomásia, ou seja, uma figura de linguagem onde se utilizam palavras que se assemelham na pronúncia e na escrita, mas que têm sentidos diferentes, estando portanto relacionada com a sonoridade das palavras (por exemplo: "José é um cavaleiro da fazenda muito cavalheiro"). Logo, o entendimento correto, "feras do deserto", refere-se aos animais selvagens (jacais, lobos, hienas, etc.). Considerando isso, não faz sentido Isaías misturar animais selvagens com seres mitológicos (lilit, lâmia e onocentauro). A explicação do Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do Antigo Testamento é provavelmente a melhor: "É provável que לִילִית‎ [Lilith] fosse um animal real do deserto, um morcego ou uma coruja, que foi animicamente dotado de qualidades demoníacas por adoradores pagãos supersticiosos".  Vale dizer que palavra hebraica “Lilith” significa simplesmente coruja gritadeira (screech owl) ou qualquer outra ave noturna, sendo esta a tradução mais correta. A raiz da palavra Lilith é Laylah, que significa noite.

O que precisa ficar claro é que o termo lilith, que somente aparece nesse texto de Isaías, não tem qualquer relação com o mito sumério desse demônio. A Bíblia não ensina demonologia. A demonologia é derivada do misticismo/mitologia/tradição judaica que acredita que Lilith foi a primeira esposa de Adão e se tornou um demônio noturno. A Bíblia ensina claramente que não foi o caso e que Eva foi a única esposa de Adão.  

Demônios existem? Sim, com toda certeza! O Novo Testamento traz ensino sólido quanto a isso. No entanto, Isaías não está citando demônios na profecia contida no capítulo 34 (ainda que nada impede que eles estivem naquele contexto em atuação, atormentando espiritualmente os edomitas). O capítulo 34 de Isaías simplesmente contém a profecia de destruição contra os antigos edomitas porque eles eram hostis e costumavam atacar os antigos israelitas. Isaías 34 profetizou que o território de Edom um dia se tornaria uma terra estéril sem nenhum edomita restante (e isso é verdade hoje). Apenas animais selvagens que se tornariam residentes no local, como cabra selvagem, coruja gritadeira, cobra do deserto, etc., conforme mencionado neste capítulo.

Concluindo: Somente as Escrituras é um princípio que precisa ser posto em prática, urgentemente pelos cristãos protestantes. Nenhum pastor, mestre, apóstolo, bispo, ungido, santo, anjo, profeta ou qualquer outro tem a autorização divina para modificar ou inserir elementos na Palavra de Deus. A Bíblia pode ser interpretada? Sim, é claro! Mas essa interpretação deve se feita à luz da própria Bíblia, não de textos antibíblicos e heréticos. Para refletir: “Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso.” (Provérbios 30:5,6)

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NOTAS:

1.  GAINES, Janet Howe. Lilith: Seductress, heroine or murderer. Bible Review, v. 17, n. 5, p. 12-20, 2001.

2. "“O Alfabeto de Ben Sira” ([1200?]) é um texto em forma de prólogo, que narra a história de Ben Sira como fenômeno de sabedoria e intelectualidade. Sira conta sobre sua concepção (em que ele, assim como outros grandes sábios, teria sido concebido sem conjunção carnal de suas mães com alguém do sexo masculino), sobre seu nascimento, sobre o intento frustrado de um rabino lhe alfabetizar e lhe transferir conhecimentos, bem como a sua saga por ser um gênio frente à invídia de homens poderosos. Por sua inteligência prodigiosa, Ben Sira teria sido chamado à Corte do rei Nabucodonosor, na Babilônia. O rei, interessado na engenhosidade de Sira, lhe faz questões que são respondidas com 22 narrativas (cada uma se iniciando com uma letra do alfabeto hebraico)." (ref.: SILVA, Aline Layane Souto da. Lilith e Medeia: mulheres-pesadelo da sociedade patriarcal. 2021. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.)

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

"MELHOR ERA A MINHA VIDA ANTES DO SENHOR": O CÚMULO DO ABSURDO


¹ A palavra que veio a Jeremias, acerca de todos os judeus, habitantes da terra do Egito, que habitavam em Migdol, e em Tafnes, e em Nofe, e na terra de Patros, dizendo:
² Assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Vós vistes todo o mal que fiz vir sobre Jerusalém, e sobre todas as cidades de Judá; e eis que elas são hoje uma desolação, e ninguém habita nelas;
³ Por causa da maldade que fizeram, para me irarem, indo queimar incenso, e servir a deuses estranhos, que nunca conheceram, nem eles, nem vós, nem vossos pais.
⁴ E eu vos enviei todos os meus servos, os profetas, madrugando e enviando a dizer: Ora, não façais esta coisa abominável que odeio.
⁵ Mas eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos, para se converterem da sua maldade, para não queimarem incenso a outros deuses.
⁶ Derramou-se, pois, a minha indignação e a minha ira, e acendeu-se nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, e elas tornaram-se em deserto e em desolação, como hoje se vê.
⁷ Agora, pois, assim diz o Senhor, Deus dos Exércitos, Deus de Israel: Por que fazeis vós tão grande mal contra as vossas almas, para vos desarraigardes, ao homem e à mulher, à criança e ao que mama, do meio de Judá, a fim de não deixardes remanescente algum;
⁸ Irando-me com as obras de vossas mãos, queimando incenso a deuses estranhos na terra do Egito, aonde vós entrastes para lá habitar; para que a vós mesmos vos desarraigueis, e para que sirvais de maldição, e de opróbrio entre todas as nações da terra?
⁹ Esquecestes já as maldades de vossos pais, e as maldades dos reis de Judá, e as maldades de suas mulheres, e as vossas maldades, e as maldades de vossas mulheres, que cometeram na terra de Judá, e nas ruas de Jerusalém?
¹⁰ Não se humilharam até ao dia de hoje, nem temeram, nem andaram na minha lei, nem nos meus estatutos, que pus diante de vós e diante de vossos pais.
¹¹ Portanto assim diz o Senhor dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que eu ponho o meu rosto contra vós para mal, e para desarraigar a todo o Judá.
¹² E tomarei os que restam de Judá, os quais puseram os seus rostos para entrarem na terra do Egito, para lá habitar e todos eles serão consumidos na terra do Egito; cairão à espada, e de fome morrerão; consumir-se-ão, desde o menor até ao maior; à espada e de fome morrerão; e servirão de execração, e de espanto, e de maldição, e de opróbrio.
¹³ Porque castigarei os que habitam na terra do Egito, como castiguei Jerusalém, com a espada, com a fome e com a peste.
¹⁴ De maneira que da parte remanescente de Judá, que entrou na terra do Egito, para lá habitar, não haverá quem escape e fique para tornar à terra de Judá, à qual eles suspiram voltar para nela morar; porém não tornarão senão uns fugitivos.
¹⁵ Então responderam a Jeremias todos os homens que sabiam que suas mulheres queimavam incenso a deuses estranhos, e todas as mulheres que estavam presentes em grande multidão, como também todo o povo que habitava na terra do Egito, em Patros, dizendo:
¹⁶ Quanto à palavra que nos anunciaste em nome do Senhor, não obedeceremos a ti;
¹⁷ Mas certamente cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, queimando incenso à rainha dos céus, e oferecendo-lhe libações, como nós e nossos pais, nossos reis e nossos príncipes, temos feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; e então tínhamos fartura de pão, e andávamos alegres, e não víamos mal algum.
¹⁸ Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha dos céus, e de lhe oferecer libações, tivemos falta de tudo, e fomos consumidos pela espada e pela fome.
¹⁹ E quando nós queimávamos incenso à rainha dos céus, e lhe oferecíamos libações, acaso lhe fizemos bolos, para a adorar, e oferecemos-lhe libações sem nossos maridos?


Jeremias 44:1-19

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Ao lermos esse episódio que está registrado no Livro de Jeremias ficamos estupefatos, perplexos, pasmados com o grau de obstinação, de apostasia, de rebelião contra Deus que pode chegar a humanidade! Realmente, ficamos sem adjetivos para qualificar tamanha malignidade que pode haver no coração humano em relação a Deus.

Veja o que estava acontecendo: o povo de Israel cometia iniquidade de forma abundante, se afastando do seu Deus vivo, como se Deus não existisse. Eles cometiam toda a sorte de maldade, a ponto de queimarem seus próprios filhos em sacrifício a Moloque que jamais foi um deus - na prática, um demônio travestido de deus, um falso deus. Eles se prostituíam  de todas as formas, em todos os montes, em seus cultos sexuais em adoração a Baal e a Asera, igualmente demônios travestidos de deuses, além de adorarem a falsa deusa Astarte ou Astarote, autoproclamada "rainha do céu": 

²⁹ E os caldeus, que pelejam contra esta cidade, entrarão nela, e pôr-lhe-ão fogo, e queimarão, as casas sobre cujos terraços queimaram incenso a Baal e ofereceram libações a outros deuses, para me provocarem à ira.
³⁴ Antes puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para a profanarem.
³⁵ E edificaram os altos de Baal, que estão no Vale do Filho de Hinom, para fazerem passar seus filhos e suas filhas pelo fogo a Moloque; o que nunca lhes ordenei, nem veio ao meu coração, que fizessem tal abominação, para fazerem pecar a Judá.
(Jeremias 32:29,34,35)

Eles, que haviam sido escolhidos pelo único e verdadeiro Deus, que lhes havia feito o bem, livrando-os da escravidão no Egito e fazendo deles, grupo de ex-escravos, uma nação, manifestando o Seu Poder de forma sobrenatural e maravilhosa para os conduzir a uma terra boa ("terra que mana leite e mel", como cita a Bíblia em inúmeras passagens), abandonaram a esse Deus trocando-o por ídolos feitos de pau e pedra: "³³ E viraram-me as costas, e não o rosto; ainda que eu os ensinava, madrugando e ensinando-os, contudo eles não deram ouvidos, para receberem o ensino" (Jeremias 32:33). Perceba o que Deus estava dizendo: "Eles se comportaram contra mim com desprezo, como homens que, quando são falados, admoestados ou instruídos, em vez de olharem para aqueles que os instruem ou admoestam, viram-lhes as costas. No entanto, seu pecado não teria sido tão grande e hediondo, se eu, por meio de meus profetas, não os tivesse instruído diligentemente, e eles teimosamente se recusaram a ser ensinados ou corrigidos por suas instruções".  

Deus havia sido desprezado pelos seus escolhidos! Havia sido rejeitado, ao ponto daquelas pessoas sequer considerarem a Palavra de correção da parte de Deus por meio dos seus profetas, chamando-os a se arrependerem. Isso mesmo: Deus, apesar de rejeitado - o soberano Deus, que não precisa de homem algum ou de coisa alguma, que é Excelso e Supremo (Deus que "fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas"  - Atos 17:24,25) - estava se importando com eles ao ponto de chamá-los ao arrependimento! Uma paciência imensa e um amor incompreensível (eu e você por certo teríamos desistido dessas pessoas no primeiro episódio), levava Deus a levantar e enviar Seus mensageiros para chamá-los ao arrependimento; para instruí-los em seu dever e alertá-los dos perigos a que se expunham. No entanto, em vez de voltarem o rosto para ele, como discípulos para seus mestres e como súditos para seu rei, ouvindo o que lhes fora dito, viraram as costas, expressando todo o seu desprezo e mostrando grande grosseria e irreverência para com Deus. Eles não tinham respeito pelo Senhor seu Deus. Eram pessoas de coração rebelde e persistente em fazer o mal (Jeremias 5:23,24).

O resultado de toda essa rebelião contra Deus culminou na destruição do Templo de Israel que havia sido edificado por Salomão, a destruição da nação e no desterro, como cativos, dos moradores de Judá, para a Babilônia. Deus usara essa nação - império mundial em sua época - para exercer juízo divino sobre Seu povo. Essa nação era instrumento de Deus para juízo, para correção, para disciplina: "²⁸ Portanto assim diz o SENHOR: Eis que eu entrego esta cidade na mão dos caldeus, e na mão de Nabucodonosor, rei de babilônia, e ele a tomará" (Jeremias 32:28). Serem cativos em Babilônia era o processo de Deus na vida daquelas pessoas, para ensiná-las a obediência, a fidelidade e a gratidão ao bondoso Deus que havia escolhido-os para serem Seu povo de propriedade particular. Era um processo disciplinador de um Pai zeloso, que disciplina seus filhos por amá-los e não querer, em hipótese alguma, que eles destruam a si mesmos com suas ações malignas. O Senhor "disciplina a quem ama, e educa todo aquele a quem recebe como filho" (Hebreus 12:6), logo não devemos desprezar a disciplina do Senhor, nem desanimar quando por Ele somos repreendidos (Hebreus 12:5). 

Um povo que se desviou do Seu Dono, do Seu Deus. Assim era com aquelas pessoas. Mesmo diante das exortações para que se arrependessem, sabendo eles que o Senhor seu Deus é o único Senhor e Deus, endureceram seus corações, taparam seus ouvidos ao que Deus constantemente lhes dizia. Diante do exército de Babilônia, juízo de Deus, ousaram ainda a consultar ao Senhor por meio do profeta Jeremias, para que o Senhor os livrasse do inimigo: "² Pergunta agora por nós ao SENHOR, por que Nabucodonosor, rei de babilônia, guerreia contra nós; bem pode ser que o SENHOR trate conosco segundo todas as suas maravilhas, e o faça retirar-se de nós" (Jeremias 21:2). Note que não estavam arrependidos, só queriam o livramento de Deus para continuarem a praticar seus malignos pecados como até então havia sido. Logicamente, a resposta de Deus foi categórica: "⁴ Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Eis que virarei contra vós as armas de guerra, que estão nas vossas mãos, com que vós pelejais contra o rei de babilônia, e contra os caldeus, que vos têm cercado de fora dos muros, e ajuntá-los-ei no meio desta cidade. ⁵ E eu pelejarei contra vós com mão estendida e com braço forte, e com ira, e com indignação e com grande furor. ⁶ E ferirei os habitantes desta cidade, assim os homens como os animais; de grande pestilência morrerão. ⁷ E depois disto, diz o SENHOR, entregarei Zedequias, rei de Judá, e seus servos, e o povo, e os que desta cidade restarem da pestilência, e da espada, e da fome, na mão de Nabucodonosor, rei de babilônia, e na mão de seus inimigos, e na mão dos que buscam a sua vida; e feri-los-á ao fio da espada; não os poupará, nem se compadecerá, nem terá misericórdia" (Jeremias 21:4-7). A eles foi proposto por Deus dois caminhos, de vida e de morte: morte para quem tentasse resistir a Nabucodonosor rei de Babilônia - servo do Senhor, segundo as próprias palavras de Deus (Jeremias 25:9), e vida para quem a ele se rendesse. Quem se rendesse, aceitando a disciplina de Deus, conservaria sua vida; mesmo estando em Babilônia eles seriam objeto do cuidado especial de Deus, que os restauraria no tempo oportuno à sua terra, conhecendo eles ao Senhor (Jeremias 24:6,7). 

Parênteses: Vale a pena notar que Deus, mesmo havendo determinado executar juízo contra Seu povo, dava a eles opção de se arrependerem (Jeremias 26:2,3). Deus é assim: Antes de executar juízo Ele havia várias e várias vezes, chamando-nos ao arrependimento de nossos maus caminhos e ao retorno para Ele. Ele espera que nós possamos reconhecer o mal que insistimos amar, a maldade e corrupção em nossos corações que nos leva de forma persistente a nos desviarmos daquele que do céu nos chama para Si. Assim é hoje também: Deus fala e repete uma, duas, três, dez vezes... dá tempo e mais tempo... envia pessoas a nos falarem a Sua Palavra e o que fazemos? Damos de ombros, tapamos os ouvidos e tratamos Deus com desprezo. De que podemos nos queixar quando, sob permissão de Deus, o mal que tanto amamos traz sobre nós as suas consequências, a não ser dos nossos próprios pecados? Vivemos no mundo como se Deus não existisse, seguindo a dureza do nosso coração impenitente e cruel; uma hora as consequências virão - consequências inevitáveis para as quais não temos como evitar nem nos livrar. Quer evitar o mal maior em sua vida? Arrependa-se hoje mesmo e volte-se para Deus, que é rico em perdoar! Pare hoje mesmo com todo o vício de jogo, de sexo, de drogas e outros; com todo contato espiritual contrário à vontade de Deus como o ocultismo em suas mais variadas formas (veja, por exemplo: A PERIGOSA "BRINCADEIRA" DO COPO E DO COMPASSO ), com o adultério e toda a promiscuidade, com toda a forma de violência e maldade!

O fato é que aquelas pessoas fizeram todo o possível para se livrarem a si mesmas do seu destino, que havia sido determinado por Deus. Só não fizeram a única coisa que teria trazido livramento para eles, que era se arrependerem. O exército de Babilônia cercava a cidade de Jerusalém, estando o profeta Jeremias preso por conta da Palavra de Deus que ele havia anunciado (Jeremias 32:2).  Diante disso, o rei Zedequias havia aberto negociações com o  Faraó-Hofra, do Egito, com o objetivo de resistir ao poder de Nabucodonosor (Ezequiel 17:15) e, como resultado, o exército egípcio havia sido enviado em socorro, fazendo com que os Babilônios recuassem (Jeremias 32:5). A solução, contudo, foi temporária; os exércitos do Egito voltaram à sua terra, de modo que o cerco babilônico foi retomado por Nabucodonosor. Após um ano de cerco, o exército de Babilônia entrou na cidade de Jerusalém (Jeremias 39:1-3), causando morte e destruição por todo o lado (Jeremias 39:4-8). Jeremias, contudo, foi preservado por Nabuconosor, sendo libertado do seu cativeiro, indo morar com um homem chamado Gedalias, que havia se submetido ao governo de Babilônia como sendo ordenança de Deus e que, por isso, foi nomeado por Nabucodonosor para governar o povo de Judá.

Posteriormente, com o desenrolar da história, vemos um grupo de judeus, que haviam ficado em Jerusalém, ir consultar a Jeremias, pedindo a direção de Deus sobre o que deveriam fazer: "³ Para que o Senhor teu Deus nos ensine o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer" (Jeremias 42:3). Eles falaram com Jeremias que tudo que o Senhor mandasse que eles fizessem, assim seria feito, independentemente do que fosse mandado: "⁵ Então eles disseram a Jeremias: Seja o Senhor entre nós testemunha verdadeira e fiel, se não fizermos conforme toda a palavra com que te enviar a nós o Senhor teu Deus. ⁶ Seja ela boa, ou seja má, à voz do Senhor nosso Deus, a quem te enviamos, obedeceremos, para que nos suceda bem, obedecendo à voz do Senhor nosso Deus" (Jeremias 42:5,6). A resposta de Deus, que jamais se contradiz, foi a mesma que há anos havia sido dada: se submetam ao rei de Babilônia (Jeremias 42:10-12), ou sejam, Me obedeçam e se submetam à Minha disciplina, porque se assim fizerem eu os abençoarei. No entanto, Deus havia igualmente os avisado sobre as consequências que adviriam se não se submetessem (Jeremias 42:13-22). O que aconteceu? Aquelas pessoas se recusaram a obedecer e fizeram justamente aquilo que Deus lhes havia dito para não fazerem (Jeremias 43:1-7)! 

Parênteses: Aqueles homens não queriam, de fato, saber a direção de Deus para a vida deles. Eles queriam que Deus confirmasse a direção que eles já haviam proposto seguir! Como Deus não disse aquilo que eles queriam ouvir, eles sumariamente ignoraram a Deus e fizeram conforme suas próprias vontades! Hoje é exatamente igual: Consultamos a Deus não com a intenção de obedecer de coração àquilo que Deus nos mandar fazer; antes, já propomos em nossos próprios corações seguir a nossa própria vontade! Buscamos conselho não para seguir o conselho dado; se esse conselho nos desagradar, se ele for contrário às nossas verdadeiras intenções, desprezamos tanto o conselho e quanto ao conselheiro. Não adianta orar, ler a Bíblia, escutar sermões, pedir conselho, etc. se não há verdadeiro interesse em obedecer! Isso chama-se hipocrisia! É o método constante dos hipócritas fingir uma submissão absoluta à vontade de Deus até que essa vontade seja contrária às suas inclinações ou interesses.

É nesse ponto da história registrada em Jeremias que vemos o cúmulo do absurdo, o ponto em que pode chegar a obstinação humana: eles não obedeceram a Deus e fizeram o que já haviam proposto fazer antes de pedir o conselho; com isso, foram severamente repreendidos por Deus (Jeremias 44:1-14). Diante da repreensão, o que fizeram? Veja a resposta que eles deram: "¹⁶ Quanto à palavra que nos anunciaste em nome do Senhor, não obedeceremos a ti; ¹⁷ Mas certamente cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, queimando incenso à rainha dos céus, e oferecendo-lhe libações, como nós e nossos pais, nossos reis e nossos príncipes, temos feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; e então tínhamos fartura de pão, e andávamos alegres, e não víamos mal algum. ¹⁸ Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha dos céus, e de lhe oferecer libações, tivemos falta de tudo, e fomos consumidos pela espada e pela fome. ¹⁹ E quando nós queimávamos incenso à rainha dos céus, e lhe oferecíamos libações, acaso lhe fizemos bolos, para a adorar, e oferecemos-lhe libações sem nossos maridos?" (Jeremias 44:16-19). Percebeu o que eles disseram: "Nós não vamos obedecer a Deus não, sabe por quê? Porque quando a gente adorava a falsa deusa a gente era feliz e vivia em paz, e não tínhamos falta de nada! Era só alegria, prosperidade e felicidade! Com Deus a gente só se lascou até agora!"

Quantas pessoas pensam e agem exatamente igual a esse homens e mulheres que falaram essa sandice, registrada na Bíblia Sagrada? Pessoas que um dia conheceram a grandeza de Deus, que provaram o amor de Deus por elas e que viram com seus próprios olhos as maravilhas de Deus e que simplesmente renunciaram a fé que um dia abraçaram, por entenderem que a vida sem Deus era melhor do que com Ele?!? Pessoas que renunciaram a Cristo de ampla consciência, retornando aos demônios do inferno, a quem buscavam e serviam, de quem foram libertos um dia tendo os olhos abertos para sua verdadeira natureza! Renunciaram a Cristo porque, dizem para si mesmos, "a vida antiga era mais próspera e feliz, quando servíamos a esses 'deuses'; tínhamos mais prazeres e liberdades e tudo ia às mil maravilhas"? A vida era melhor sem Deus?! Como é possível afirmar uma coisa dessas?! 

Vou perguntar de forma ainda mais clara e incisiva: seu antigo 'deus', seja ele qual for, era realmente bondoso contigo? Quantas vezes esse 'deus' quase matou você, ou a quem você ama? Seu 'ex-deus' que permitia e incentivava o sexo livre e toda a forma de imoralidade sexual, quando você transava livremente com quem queria, sem respeitar seu próprio corpo, em adoração a ele - queria ele realmente seu bem? Isso era realmente bom para você? E quando ele, seu 'ex-deus', incentivava você a consumir todo tipo de droga, que faziam você ficar fora de si, para ter um "êxtase espiritual", consumindo e destruindo sua vida? E quando, à noite, ao dormir, você tinha visões malignas, terror noturno? Quando via vultos por todo lado, quando sentia algo muito mal vir sobre sua vida? E quando esse falso deus, seu 'ex-deus', possuía seu corpo, aprisionando sua vontade e fazendo com que você se ferisse ou ferisse a outros? Isso era realmente bom para você? Você era mais feliz nessa época? Era mais próspero? Era livre, de fato?  

Como é possível, querido(a) leitor(a), quem teve os olhos abertos pelo Senhor, por Cristo, quem morreu por você na cruz, que te dá a vida e tudo aquilo que você precisa para viver, ser agora abandonado por você? Como você pode renunciar Àquele que valoriza sua vida ao ponto de cuidar de você em suas mínimas necessidades, que chama você de Seu filho e que chama a Si mesmo de Seu Pai? Como pode você abandonar conscientemente ao Senhor, após ter conhecido a Ele e descoberto que Ele é, e ainda por cima usar como argumento que a sua situação anterior era melhor do que com Cristo?

"Ah pastor, mas eu me decepcionei com a igreja". Querido(a), decepcionar com igreja todo cristão que se preza já se decepcionou ou se decepcionará um dia. Igreja é feita por gente, gente como a gente, que enguiça de vez em quando. Gente carente da misericórdia de Deus - e isso todas as manhãs. Gente que peca, gente que erra, que fala e faz o que não devia. Tem até, às vezes, em alguns casos, gente que usa até o nome do Senhor para fazer mal aos outros, para se locupletar se fazendo passar por algo que não é - afinal, há joio crescendo junto com o trigo. Assim, tem gente que erra tentando acertar, que leva a sério sua fé e Seu Deus, e gente que vive errado porque nunca conheceu ao Senhor de verdade. É possível se decepcionar com ambos. Mas daí renunciar ao Senhor, de sã consciência, dizendo que os ex-deuses, que o mundo, o pecado e o diabo eram melhores do que Jesus, isso é a mais alta apostasia!!! E, depois de inumeráveis exortações e conselhos de Deus para se arrepender, ainda insistir no caminho de tremenda maldade? Aonde você acha que isso o levará? Eu vou dizer: isso te levará ao inferno eterno, um lugar de "choro e ranger de dentes" (Mateus 13:42)!  "Ah, então eu vou para o inferno por isso? E as outras pessoas?" Querido(a) leitor(a), se elas não se arrependerem irão também para o mesmo lugar de sofrimento (Lucas 13:3)! Mas não se trata delas aqui, se trata de você! Não existe essa justificativa, de "o outro". Tua relação é direta com Deus, sem justificativas ou intermediários; é com Ele que você terá de acertar as contas! 

"Ah pastor, eu fui seduzido por um pecado que tenazmente me assediou, daí eu resolvi chutar o balde mesmo". Querido(a) leitor(a), não importa em qual pecado você tenha caído!! Não importa se você fez salto ornamental no abismo, deu pirueta tripla e mergulhou de cabeça no lamaçal do pecado! Se você reconhece que pecou, preste atenção no que vou dizer: ARREPENDA-SE! Arrependa-se agora, já! Deus é Deus misericordioso, não te desampara nunca! Ele nunca se desviará de um(a) filho(a) Seu/Sua, que reconhece seus pecados e arrependido(a) retorna a Ele! Não há ninguém, que quebrantado(a), debaixo de culpa mas que quer estar ao lado do Seu Pai, Seu Deus e Senhor que seja ignorado(a) por esse Deus! Ao invés de chutar o balde; chute o pecado! Mete o pezão nele, com vontade! Dá uma bicuda nele e no diabo, daquelas bicudas bem dadas! Faça isso agora e volte!!! Volte para Deus!! Deus te chama a vir até Ele, querido(a) leitor(a): "¹⁸ Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã" (Isaías 1:18)!

Independente de qual seja a sua situação, estou exortando-o hoje a se arrepender-se e retornar ao Senhor seu Deus, querido(a) leitor(a)! Se você está sob a disciplina do Altíssimo, saiba que isso é sinal de que para Ele, o Excelso Deus, você é filho(a) Dele! Ele disciplina a quem ama, a quem Ele recebeu como filho, é o que diz o autor aos Hebreus. Você é amado(a) por Deus! Você é querido(a)! Você é precioso(a) para Deus! Não fique mais distante do Senhor, não volte para aqueles seres espirituais da maldade, que não amam você e que só querem a sua destruição; diga não ao mundo, ao pecado e ao diabo! Se lembra de onde você caiu da presença de Deus e se arrependa; receba então o perdão de Deus e seja por Ele recebido(a), de braços abertos!

Ouça essa bela canção e que Deus ministre ao seu coração!


 
Pense nisso!

Graça, misericórdia e paz te sejam multiplicadas!