"Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, os quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus." (II Co 4.3-5)
"Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno." (I Jo 5.19)
O mundo jaz no maligno, é o que afirma o apóstolo João, o discípulo amado de Jesus. Noutras palavras, o mundo está como um morto sepultado, enterrado até a
cabeça no maligno.
Assim, estão mortas, exalando mau cheiro, as instituições humanas e humanizadas que pertencem ao
mundo. Por mais aparência de piedade que possam possuir, por mais
aparência de vida que procure exibir estão mortas em si mesmas. Já não
tem vida; a vida delas se esvaiu como num sopro. Não adiantam liturgias,
paramentos, regras doutrinais, títulos eclesiásticos, evocações ou
coisas semelhantes a estas porque não trazem vida ao cadáver. Do mesmo
modo, não adianta invocar os nomes daqueles que estão vivos, ou dizer-se
enviado pela Vida e em prol da vida, se o óbito a muito já foi
declarado.
Die Religion ... Sie ist das Opium des Volkes. De fato, a
religião possui efeito entorpecente sobre as pessoas que dela fazem uso.
Porém, isso não quer dizer que a religião tenha alguma vida em si
mesma, ou seja capaz de gerar vida em seus sacerdotes e adeptos. Não, a
religião - qualquer que seja ela - não gera vida porque não é viva e nem
provém da vida. É tão somente a fútil tentativa dos mortos em entrar em
contato com a Vida.
Essa morte entrou onde seria mais improvável: na Igreja de Cristo sobre a terra. Se espalhou sistematicamente e em todos os sistemas que outrora eram vivos. A morte entrou no mundo pelo pecado, diz o apóstolo Paulo (Rm 5.12). Onde há pecado a morte entra, e onde a morte entra acaba a vida. Mas a ação da morte sobre a instituições não se dá instantaneamente. Não. A morte vai estendendo suas garras de trevas lentamente sobre o que é vivo. Vai matando aos poucos, lentamente. Vai sufocando, asfixiando. Por isso mesmo, é difícil de detectar a ação da morte. Não raramente, percebe-se quando já é tarde, quando o processo é irreversível.
Quais são os sintomas da morte? Os sintomas são muito variados, tanto em quantidade quanto em complexidade. É possível no entanto listar alguns:
1) Ruptura dos laços de amor fraternal: "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros." (Rm 12.10) Esse é o primeiro sintoma da morte. A comunhão cristã é trocada por relacionamentos de conveniências, ou seja, o que motiva o relacionamento é o egoísmo, o que a outra pessoa pode me dar, o que eu posso obter dela, como eu posso usá-la para alcançar meus objetivos. As pessoas passam a valer o quanto pesam, não mais pelo que são. "Irmão" vira mero jargão religioso, porque não há irmandade de verdade. Tudo vira um jogo. Jogo de bajulação, jogo de interesses, jogo até de cartas marcadas. Ninguém se importa mais com a vida de ninguém, com o estado espiritual, emocional ou até mesmo físico. Usam-se as pessoas independente de como estão espiritualmente, porque ao final o que interessa é "encher Igreja" - Igrejas cheias de pessoas vazias.
2) Fim da Democracia: Nisso dá-se a contribuição dos famosos "donos de Igreja", dos "Moisés do Novo Testamento", "fundadores de ministérios com base numa visão". "Temos que seguir a visão; a visão é inegociável", diz o mega-líder. A visão é inegociável, mas a Bíblia passa a ser totalmente negociável. Os valores bíblicos são deturpados segundo uma exegese defeituosa, que sempre dá preferência à liderança portadora da visão. O líder, dono da visão, é tratado como uma espécie de papa: é inerrante em tudo que faz; tudo o que fala, todas as suas ordens e decisões, são "inspiradas pelo Espírito Santo". Com isso, o processo de tomada de decisão na Igreja fica 100% na mão do "ungido visionário". Não há debate de idéias, não há busca de consenso. Afinal, a decisão do mega-líder "vem de Deus"; Deus, por sua vez, só fala com esse líder e não fala com mais ninguém. Os outros todos - obreiros da Igreja - são incapazes de ouvir a Deus por si mesmos, precisando sempre da mediação do líder autorizado divinamente, como Moisés no Antigo Testamento, o qual é frequentemente citado pelo mega-líder para justificar seu comportamento ditatorial (veja uma análise completa sobre isso em: https://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2017/04/dominando-ou-sendo-exemplo-apascentando.html). O problema é que no Novo Testamento isso mudou: no Novo Testamento, para quem não sabe ainda, Deus não escolheu apenas um, mas um corpo. No Novo Testamento, todos podem e devem ouvir diretamente de Deus, sem intermediários humanos. Todos são sacerdotes - o sacerdócio universal dos crentes, verdade bíblica redescoberta por Lutero na Reforma Protestante.
No Concílio de Jerusalém, vemos que as decisões da Igreja eram coletivas, por um colegiado (que tomava decisões e não existia somente para inglês ver, pois ninguém "apita nada"). O texto é muito claro e não deixa dúvida: "Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão. Havendo grande debate, Pedro tomou a palavra [...] E toda a multidão silenciou, passando a ouvir a Barnabé e a Paulo [...] Depois que eles terminaram, falou Tiago [...] Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja [...] Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós [...]" (Atos 15:-28) É só ler o que está escrito: todos reunidos - presbiteros, apóstolos e igreja - para discutirem acerca do problema surgido; todos podendo falar, todos ouvindo a todos. QUANDO - E SOMENTE QUANDO - obtiveram consenso entre eles é que os apóstolos e presbíteros, DE COMUM ACORDO, OBTIDO APÓS O DEBATE, decidiram enviar dois representantes à Antioquia para comunicar a posição obtida. SÓ ENTÃO É DITO que "pareceu bem ao Espírito Santo e a nós". Mas para o mega-líder é de outro jeito: "pareceu bem ao Espírito Santo E A MIM, e ai de quem discordar!". Quem discorda é bode, é rebelde, problemático, carnal, é das trevas, não entrou na visão, radical e por aí vai. Um crente em Cristo que genuinamente discorde das decisões estapafúrdias pode ser tido como "empecilho para o crescimento da Obra". Um crente vira impeditivo para Deus crescer a Igreja! Onde isso existe na Bíblia? Na Bíblia não, mas na cabeça do "Führer" sim! Prato cheio para opressão religiosa, para culto a personalidade e todo tipo de erro! E os puxa-sacos de plantão dirão: Amém, mein Führer!
3) "Fritada" com os contrários: Ou "cozinhar o galo em banho-maria". Cortar recursos. Cortar apoio. Cortar contato. Cortar o suporte. Quando alguém tenta apontar algo diferente, o "Godfather" se sente contrariado. Nessa hora, muitos optam por fritar quem pensa diferente. Nesses casos, o que acontece no dia-a-dia é que ninguém discorda do "chefão". Muitos até mentem, ou omitem a própria opinião, para evitar o confronto. Viram "vaquinhas de presépio" com medo de serem repreendidas, de serem perseguidas, de perderem seus cargos e posições que tanto lhes causam vislumbre. Ou então as pessoas tornam-se agradáveis na superfície, mas cheias de desconfiança e hostilidade no fundo. O resultado é um ambiente de Igreja que mais parece uma masmorra: frio e inóspito. Nojento. Hipócrita. Quem insiste, ou será removido sumariamente ou será frito. Terá suas funções esvaziadas pelo mega-líder, por meio de decisões e articulações "com endereço certo", paulatinamente.
Quem mina o outro, tem como objetivo cansá-lo e reduzir sua influência e liderança ao mínimo. O líder minado, se não "pular fora", se tornará uma espécie de "rainha Elizabeth": não apita nada, não manda nada, tendo apenas aparência de líder. Ninguém vai respeitá-lo, ninguém irá honrá-lo, ninguém irá se submeter biblicamente falando a ele. Não poderá repreender ou corrigir ninguém segundo a Bíblia, não poderá exercer o ministério que Deus lhe confiou.
Acrescente-se a isso a insinceridade, manifesta na articulação "por detrás dos panos" para substituir o "líder problemático". Se alguém aceitar, pronto: vamos substituir o sujeito! Vamos mandar "uma carta demissória" dele para a igreja, substituindo-o por outro que esteja em conformidade com as diretrizes do mega-líder. Isso é o "fim da picada"! Não há nenhum traço de cristianismo nisso! Onde ficam os valores cristãos como sinceridade, verdade, honestidade, fidelidade, fraternidade, espiritualidade, fé, etc.?
Quem concorda com isso, que diz amém para essa deturpação, deveria deixar sua Bíblia em casa, porque a bem da verdade ela não está servindo para nada. É apenas peso na bolsa, algo a ser carregado. Na prática, essas pessoas já trocaram a Bíblia há muito tempo pela palavra inerrante do mega-líder!
4) Quem sai, vira bode: É o famoso "saiu do nosso meio porque não eram dos nossos". O interessante é que o sujeito "era dos nossos" até o dia que decidiu sair, rompendo com essa morte espiritual! É muita malandragem junta! O mega-líder frita, pressiona, pressiona, leva o sujeito ao limite! Porque não tem coragem de agir na luz - vai aparecer sua malandragem - age nas trevas, longe dos olhos e ouvidos da igreja! Aí o sujeito em questão, alvo do iracundo mega-líder, decide acabar com o circo e rompe com tudo, saindo do sistema. O resultado é: saiu porque não era dos nossos! Mau líder! Caso seja pastor, vira a antítese do bom pastor! Inapto para o Reino ("pôs a mão no arado e olhou para trás")! Afinal, é preciso "desconstruir" a espiritualidade do "bodão" para justificar a própria! Quem sai, aqui, está sempre errado! Vai ser arder no mármore do inferno; até lá, vai sendo devidamente tostado na igreja e nos grupos e redes sociais para os membros da igreja! Diante disso, digam os puxa-sacos do mega-líder: Amém, mein Führer!
Vale dizer que o Bom Pastor, de João cap. 10, é o próprio Jesus e nunca nenhum pastor ou líder humano. João 10:11 é muito claro: "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas." Não há nenhuma aplicação apostólica desse texto para homens na Bíblia. Jesus declara ser o bom pastor. Com isso ele alude a uma tradição difundida no Antigo Testamento, segundo a qual Javé é concebido como o bom pastor do rebanho, que é seu povo, Israel (cf. Jr 23.1-4; Ez 34; 37.15 e ss; Zc 11; 13.7 e os Sl 23 e 80). Trata-se na verdade de mais uma exegese defeituosa e tendenciosa, que visa apenas a interesses escusos. Quem sai é mau, é mercenário, é lobo; já o mega-líder é o "bão pastô". Digam os puxa-sacos: Amém, mein Führer!
Porém, vamos supor, APENAS SUPOR, que a exegese errada está certa: que quem sai está errado, é mau. Na parábola do Bom Pastor, Jesus diz que quem sai é o mercenário: "O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa." (Jo 10.12) Vejamos: (1) Mercenário: que age ou trabalha apenas por interesse financeiro, por dinheiro ou algo que represente vantagens materiais; interesseiro, venal. Não se enquadra no perfil de quem sai por ser fritado e minado por ter opiniões embasadas na Bíblia que contrariam os interesses escusos, mas se enquadra perfeitamente no perfil do mega-líder; (2) "Não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas", ou seja, não é o bom pastor (que é Jesus) de quem são as ovelhas. Será que as ovelhas (os crentes) pertencem a algum homem??? Quando muito, estão sob cuidados humanos, nunca sob domínio de posse; (3) "Vê vir o lobo", ou seja, vê vir os falsos profetas (Mt 7.15); ele foge com medo das falsas profecias e do falso poder dos falsos profetas. Portanto, o texto NÃO SE APLICA, aos pobres líderes que estão mais fritos do batata-frita no fast food pelo mega-líder, que saem da igreja para preservar o pouco que ainda resta de sua dignidade e de sua integridade espiritual e emocional. Quem assim interpreta esse texto, forma um pretexto que só serve para ir para o cesto.
Esse é o sistema que tomou conta da Igreja de Cristo. Tomou conta dos corações e almas, cegadas pelo brilho do carisma do mega-líder. Como diz Marilia de Camargo Cesar, "quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso. A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas", em sua obra "Feridos em Nome de Deus". Muitos irão ainda se ferir nesse sistema maligno, especialmente os mais sinceros em sua fé por Deus. Abuso espiritual, onde o nome de Deus é usado por alguns para subjugar, para diminuir outros física, material e emocionalmente outros mais fracos. Ser tachado de rebelde, insubordinado, fora da visão de Deus, etc., apenas por ter resistido a uma ordem por discordar dela, é uma das formas de abuso. Abuso e manipulação, com imposição da maneira dos outros pensarem.
A descrição do mega-líder no blog "Verdades que Libertam" é perfeita: "O tipo de liderança exercida por manipulação leva um bom tempo para ser percebido. O agente manipulador costuma ter uma personalidade onipotente e egoísta, de alguma forma narcísica. [...] Um líder manipulador recusa a tolerar qualquer discordância porque a vê como uma ameaça à sua autoridade imposta. Exige submissão à sua autoridade a todo o custo. Não admite ser contrariado. [...] Pratica política maquiavélica dentro de suas organizações. Gosta de destruir ou subjugar quem apresenta divergência. Estabelece regras (ou princípios ético-morais) e procedimentos que tendem a dar-lhe maior controle. Reprime a certos indivíduos, esperando que os outros aprendam com esses exemplos. Ele chama isto de "tratamento". [...] (fonte: http://evangelhoaverdadequeliberta.blogspot.com.br/2015/05/reconheca-as-caracteristicas-de-lideres.html. Acesso: 02/03/2018)
Esses mega-líderes são prepotentes! São cheios de si! Gostam de apresentar seu currículo, suas realizações, para coagir e humilhar quem se atrever a debater suas idéias esdrúxulas! Humildade passa longe, muito longe da vida deles, apesar de enfatizarem "o quanto são são humildes" em suas prédicas. Agem como se tudo o que tivessem feito na vida não fosse uma simples concessão do Senhor. O mega-líder se esquece que JAMAIS qualquer cristão deve se vangloriar de coisa alguma, a não ser de suas fraquezas, porque até a mula de Balaão e o peixe de Jonas Ele já usou! Deus Todo-Poderoso usa quem Ele quer e, portanto, não há vantagem alguma em ser usado por Deus! Você dificilmente verá um mega-líder pedir perdão por qualquer coisa: eles se acham sempre certos!
Se você, querido(a) leitor(a), está nessa situação, meu conselho é que você procure se libertar o quanto antes! Esse sistema maligno pode acabar com sua fé em Cristo, porque faz com que você inconscientemente ponha sua fé no homem. Nenhum homem é inerrante, nenhum homem, por mais ungido que seja, pode ser tido como Moisés. Isso não existe na Nova Aliança! Na Nova Aliança, a Igreja é guiada por um coletivo de líderes. Sempre haverá um que se destaca, alguém em quem o Espírito Santo põe o seu carisma. Mas todos são importantes e devem ser ouvidos. Eles não foram escolhidos para serem “senhores” de seus irmãos, mas seus “modelos” (1 Pe 5.3). O que é um modelo? É um padrão para outros seguirem. O que notamos também é que em cada cidade havia uma pluralidade de presbíteros. O Espírito Santo foi preciso em cada ocasião onde o termo está em conexão com a igreja de cada localidade. Essa pluralidade foi estabelecida para que a igreja não fosse propriedade de nenhum homem. Eles deveriam caminhar juntos e depender juntos da direção do Espírito Santo, conferindo uns com os outros passo a passo. É importante notar ainda, que a igreja não vivia ao redor desses homens, como se eles fossem o centro; o centro era a igreja; eles eram auxiliares dos obreiros – toda a igreja. A evidência disso, é que as cartas apostólicas escritas às igrejas, nunca foram endereçadas a algum presbitério local, mas sempre à igreja como um todo.
Igreja é mais que denominação. Fé, liberdade, verdade, sinceridade, honestidade, personalidade, individualidade, caráter bíblico, etc. são valores cristãos que devem ser preservados! Não deixe que o sistema roube-os de você! Não permita que sua fé sucumba e sua alma saia ferida em instituições de nicolaítas, de subjugadores e dominadores do povo!
Pense nisso. Deus te abençoe!
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
LUAS DE SANGUE E PROFECIAS DO FIM DOS TEMPOS: UM LINK QUEBRADO
Para entender um pouco melhor sobre o teor dessa postagem, acesse: A PROFECIA DE JOEL E AS LUAS DE SANGUE (https://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2015/09/a-profecia-de-joel-e-as-luas-de-sangue.html).
A relação entre as luas de sangue com as profecias bíblicas relativas ao fim dos tempos tem sido propagadas como verdadeiras em muitos círculos evangélicos. Não faltam aqueles que comentam, assustados, sobre essa dita ligação profética entre o fenômeno astronômico com as profecias bíblicas. Outros parecem fascinados com o assunto, como se tivessem "descoberto a pólvora". Por detrás dessas reações, está o patente desconhecimento da Bíblia Sagrada, tida como um "livro estranho e enigmático" para aqueles que se dizem "povo do livro". Por não lerem, não estudarem e não se interessarem em aprender a Bíblia, acabam dando ouvidos "a todo vento de doutrina" que surge. São ainda "meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro" (Ef 4.14).
A profecia da lua do sangue surgiu a partir dos ensinos apocalípticos promovidos pelos pastores norte-americanos John Hagee e Mark Biltz, que afirmam que um tétrade (uma série de quatro eclipses lunares consecutivos - coincidindo em feriados judeus - com seis luas inteiras no meio e sem intervenção parcial eclipses lunares) que começou com o eclipse lunar de abril de 2014 é um sinal do início dos tempos do fim, conforme descrito na Bíblia no Livro de Joel, Atos 2:20 e Apocalipse 6:12. (ref.: https://www.christiantoday.com/article/four-blood-moons-pastor-john-hagee-getv-broadcast-april-15-time-lunar-tetrad-video/36747.htm) Seus insights logo se tornaram a "a revelação da hora" entre as últimas previsões sensacionalistas de profecias para aqueles que parecem gostar de procurar o "segredo escondido" da data da Segunda Vinda de Jesus. Então, com a ajuda da Internet e daqueles que amam compartilhar as "últimas modas e tendências cristãs", os ensinamentos da lua de sangue trouxeram uma nova excitante àqueles que procuram modismos!
Baseados em suas teorias, Mark Biltz previu a segunda vinda de Jesus no ano de 2008 (www.alankurschner.com/2013/08/12/answering-mark-biltzs-blood-moon-2014-2015-date-setting-schema/). De acordo com ele, os sete anos de grande tribulação começariam no outono de 2008. O período da tribulação estenderia até a queda do ano de 2015, quando Jesus viria. Biltz esboçou que ele havia recebido uma revelação de que a próxima tétrade marcaria o fim dos tempos. No entanto, a previsão não se tornou realidade. Isso, contudo, não impediu Biltz de falar sobre a profecia.
É importante destacar que o ministério do pastor Mark Biltz, o "El Shaddai ministries" (http://www.elshaddaiministries.us/), não possuía muita popularidade (ou credibilidade) até a "relevação sobre as luas de sangue". Uma das razões pelas quais Mark Biltz não era muito popular entre os círculos cristãos deve-se ao fato de ser uma parte do herético "Movimento das Raízes Hebraicas", que tenta fazer com que os cristãos se convertam de volta ao judaísmo e à estrita adesão à Lei do Antigo Testamento. Este movimento ensina que é errado converter os judeus ao cristianismo, rejeita abertamente os escritos do apóstolo Paulo e ensina que Paulo era um falso apóstolo devido ao seu ensino contra a lei do Antigo Testamento e os costumes judaicos. São os judaizantes modernos, que tanto perturbaram a Igreja Cristã no primeiro século. (vale a pena ler: http://christinprophecy.org/articles/the-blood-moon-mania/)
Mark Biltz também ensina uma forma muito estranha de interpretar e entender a Escritura através de um sistema de crença mística conhecido como "Cabala". Essa forma de misticismo judaico procura constantemente encontrar "verdades escondidas" não reveladas ao leitor da Escritura. O ensino da lua de sangue é um exemplo perfeito de "verdades ocultas". Tragicamente, essa forma de interpretação e ensino leva a todos os tipos de atitudes de orgulho e crenças heréticas, que rejeitam "a simplicidade de Cristo" (II Co 11.3) e a cruz enquanto mergulha em um mar de "revelações extra-bíblicas ". É muito importante lembrar que o ensino sobre os tétrades de luas de sangue NÃO É INDICADO NENHUMA PARTE na Bíblia. Este é um exemplo de "revelação extrabíblica" e precisa ser visto e tratado com todo cuidado, por seu potencial herético. Vale mencionar que segundo os cabalistas, um eclipse lunar sempre prenuncia acontecimentos importantes ligados a dificuldades para o povo de Israel.
Por sua vez, John Hagee, pastor da Cornerstone Church in San Antonio, expôs a previsão da lua de sangue de Biltz num livro de sua autoria, intitulado "Four Blood Moons: Something is About to Change". O livro recebeu imensa popularidade e tornou-se um dos mais vendidos em 2014. Em 30 de março de 2014, a Publishers Weekly classificou o livro como o nono melhor livro de bolso. Em meados de abril de 2014, o New York Times classificou o livro como o best-seller na categoria de aconselhamento. Em seu livro, Hagee introduz sua "revelação" com a seguinte frase: "Have you ever considered the sun, moon and stars in the study of prophecy?" Ele afirma pretender correlacionar as profecias com a astronomia, citando em seguida a profecia bíblica de Joel e a partir da expressão "lua em sangue" contida no versículo 31 ele cunha a expressão "lua de sangue". A partir de então, ele cita uma série de eventos buscando corroborar sua tese. Hagee em seu livro cita que as luas de sangue sempre são acompanhadas por eventos mundiais cataclísmicos. Quem conhece um pouco sobre interpretação bíblica, sabe que Hagee cometeu um erro crasso: Ele não interpreta as Escrituras à luz das Escrituras, mas sim à luz dos eventos atuais.
Defensores das profecias das luas de sangue afirmam que as tétrades apareceram durante importantes acontecimentos na história de Israel: a expulsão dos judeus da Espanha em 1492, a independência de Israel em 1948, e em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. Todavia, a primeira lua de sangue ocorreu em abril de 1949, depois que Israel já havia obtido sua independência, em maio de 1948. Semelhantemente, uma tétrade apareceu em 1493, um ano depois que o povo judeu foi expulso da Espanha. Se as luas de sangue fossem sinais, elas deveriam ter acontecido antes desses eventos. Novamente - e isso é muito importante - se as luas de sangue servissem como um "sinal profético", elas deveriam, no mínimo, PRECEDER o evento para dar uma advertência futura sobre o que estava para acontecer com Israel. Mas eles não aparecem até o evento acontecer. Note o que Jesus ensinou: "Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados." (Mt 24.29) Ou seja, claramente Jesus está dizendo que vários eventos celeste acontecerão "após a tribulação daqueles dias", não "antes da tribulação".
Concluindo, devemos reafirmar aquilo que a Bíblia afirma: "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai." (Mt 24.36) NINGUÉM, nenhum homem, profeta, pastor, apóstolo, rabino, anjo, etc. soube, sabe ou jamais saberá qual será o dia da vinda de Jesus. Quem se atreve a marcar datas de eventos bíblicos proféticos irá inevitavelmente errar. Somente o Pai, o Espírito Santo e Jesus (após sua ressurreição e ascenção aos céus) sabe o dia em que virão a se cumprir os eventos determinados por Deus e Ele não vai revelar isso a ninguém, nunca. Ele mesmo disse que Sua vinda seria repentina, quando ninguém está esperando, como o "ladrão na noite": "Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá." (Mt 24.44)
Podemos, querido(a) leitor(a), estar preparados: mais e mais "invencionices" como essa surgirão. Mais e mais "profetas", com suas "revelações bombásticas", vão aparecer e enganar a muitos. Junto com eles, virão muitos falsos cristos com falsos evangelhos. Todos eles operarão dúzias de sinais, prodígios e maravilhas, até que venham os últimos falso profeta e o próprio anticristo em pessoa! Isso chama-se "operação do erro", para que aqueles que rejeitam a verdade de Deus para salvação sejam enganados, dando crédito à mentira: "Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça." (II Ts 2.9-12)
Pense nisso! Deus está te dando visão de águia!
domingo, 11 de fevereiro de 2018
O QUE A BÍBLIA TEM A DIZER ACERCA DO SUICÍDIO DE CRENTES?
I. INTRODUÇÃO:
O suicídio é o ato de tirar voluntariamente a própria vida. Trata-se de um termo que deriva de dois vocábulos latinos: sui (“de si mesmo”) e caedĕre (“matar”), ou seja, matar-se a si mesmo. Outra definição possível é "auto-assassínio", a qual é aceita por muitas religiões.
O suicídio é um evento trágico com fortes repercussões emocionais para seus sobreviventes e para as famílias de suas vítimas. Mais de 44 mil pessoas nos EUA se mataram em 2015, a maioria entre pessoas dos 45 e 54 anos; homens estão especialmente em risco, com taxa de suicídio aproximadamente quatro vezes superior à das mulheres, segundo o veículo Psychology Today. No Brasil, entre 2011 e 2015, houve 55.649 casos; o problema igualmente afeta mais os homens (79% dos casos). Conforme a Revista Galileu, "o meio mais utilizado é o enforcamento: 66,1% entre os homens e 47% as entre mulheres, seguidos por intoxicação exógena e armas de fogo, consecutivamente. Já em relação às tentativas de suicídio, as mulheres são maioria (69%) e 31,1% tenta mais de uma vez. Entre 2011 e 2016 ocorreram 48.204 tentativas e o principal meio é envenenamento ou intoxicação (58%)" (fonte: http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2017/09/numero-de-suicidios-aumentou-12-no-brasil-mostra-ministerio-da-saude.html).
O suicídio é um fenômeno que ocorre em todas as regiões do mundo. Estima-se que, anualmente,
mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio e, a cada adulto que se suicida, pelo menos outros 20
atentam contra a própria vida. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio
representa 1,4% de todas as mortes em todo o mundo, tornando-se, em 2012, a 15a. causa de
mortalidade na população geral; entre os jovens de 15 a 29 anos, é a segunda principal causa de morte (fonte: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf)
Por que uma pessoa busca acabar com sua própria vida? As razões são variadas e complexas, envolvendo frustrações, crises emocionais intensas (como fim de relacionamentos), problemas financeiros, problemas sociais, desgraças pessoais, sentimentos de impotência e de temor diante de fatos aparentemente insolúveis e/ou de grande repercussão, alcoolismo, drogas, etc. Em muitos casos, o suicídio também está ligado a sentimentos de desesperança e inutilidade. Há patologias da alma que tornam o indivíduo portador suscetível ao suicídio, como depressão severa, transtorno bipolar, esquizofrenia, personalidade Boderline (caracterizada por emoções instáveis, padrões de pensamento perturbados, comportamento impulsivo e relações intensas mas instáveis com outras pessoas), anorexia nervosa, dentre outros.
"Eu deveria me matar?" é a pergunta que um sem número de pessoas já se deparou ou se depara. Para Albert Camus (1913–1960), o suicídio é o único problema filosófico realmente sério, conforme ele relata em sua obra "O Mito de Sísifo". Camus vê essa questão de suicídio como uma resposta natural a uma premissa subjacente, a saber, que a vida é absurda de várias maneiras. Sua filosofia do absurdo nos deixa com uma imagem impressionante do destino humano: Sísifo empurrando sem parar sua rocha até a montanha, apenas para vê-la voltar para baixo cada vez que ele ganha o topo (daí vem a expressão "trabalho de Sísifo", empregada para denotar qualquer tarefa que envolva esforços longos, repetitivos e inevitavelmente fadados ao fracasso).
Ainda refletindo sobre o tema, do ponto de vista da sociologia, é possível identificar pelo menos três abordagens explicativas para o suicídio: a altruísta, o egoísta e o anômico. Estas abordagens foram inicialmente desenvolvidas pelo sociólogo francês Emile Durkheim. O suicídio anômico é bem representado em situações de anomia social, ou ausência de regras que mantenham a coesão social, enquanto o egoísta acontece quando as pessoas se sentem totalmente separadas da sociedade, com o rompimento dos laços junto a grupos sociais, tais como famílias, grupos escolares, grupos esportivos e/ou grupos religiosos (por exemplo, o suicídio de jovens por conta do jogo Baleia Azul). Já o suicídio altruísta (ou filantrópico) dar-se-ia em razão de profundos laços com a sociedade, como no caso dos Kamikazes japoneses.
Infelizmente, o suicídio tem cada vez mais se tornado comum entre cristãos. O ano de 2017 foi o ano em que mais se viu pastores e obreiros se suicidando. Um total de 4 servos de Deus tiraram, numa atitude extremada, a própria vida (fonte: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2018/01/socorro-sou-pastor-e-preciso-de-ajuda.html). A questão a ser abordada aqui, portanto, é se há algum ensino na Bíblia acerca do suicídio. A Bíblia aprova ou dessaprova o suicídio? O que acontece, espiritualmente falando, em termos da eternidade, com aquele que se suicida? Há salvação espiritual e eterna para um suicida?
II. O SUICÍDIO NA BÍBLIA:
Antes de mais nada, devemos ressaltar que o termo "suicídio" aparece na Bíblia Sagrada em duas únicas passagens, em sua forma verbal: A primeira, em João 8:22 ("Então, diziam os judeus: Terá ele, acaso, a intenção de suicidar-se? Porque diz: Para onde eu vou vós não podeis ir."). A segunda em Atos 16:27 ("O carcereiro despertou do sono e, vendo abertas as portas do cárcere, puxando da espada, ia suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido.") O termo vem do grego "anaireo heauton" e "apokteino heauton", "matar a si mesmo". No entanto, há exemplos de pessoas que cometeram suicídio, tanto no Antigo Testamento, quanto no Novo Testamento. Judas Iscariotes é um exemplo: tirou a própria vida, enforcando-se e precipitando-se de forma a ter suas entranhas derramadas após ver o grande erro que havia feito ao trair Jesus por 30 moedas de prata (Mt 27.5; At 1.18). No Antigo Testamento, o primeiro caso que surge é o de Sansão. Outros casos que se destacam são o de Saul e de Aitofel.
O caso de Sansão é talvez um dos mais complexos. Diz o texto bíblico que Sansão, com os ohos vazados e sem a unção de Deus que lhe fortalecia, por conta da artimanha da filistéia Dalila que o traíra e rapara sua cabeça (profanando assim o voto de nazireu que Sansão tinha com Deus desde recém-nascido), entregue aos seus inimigos que dele zombavam, pediu ao Senhor que lhe desse sua força uma última vez a fim de que pudesse se vingar dos filisteus (Jz 16.20-31). O Senhor ouviu seu pedido: Sansão se agarra às duas colunas do meio, em que se sustinha a casa, e fez força sobre elas, causando desabamento e matando-se a si mesmo e aos seus inimigos. O versículo 30 é marcante: "E disse: Morra eu com os filisteus. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os príncipes e sobre todo o povo que nela estava; e foram mais os que matou na sua morte do que os que matara na sua vida". Ou seja, Sansão sabia que seu ato causaria não apenas a morte dos filisteus, mas também a sua própria morte ("Morra eu e com os filisteus"). A dificuldade aqui é que Deus sabia, por Sua onisciência, da intenção de Sansão e concede-lhe o pedido. Para piorar as coisas, Sansão aparece na galeria dos heróis da fé, no cap. 11 de Hebreus, como um exemplo de fé a ser seguido.
Os demais casos são bem simples. o rei Saul se suicidou porque não queria ser escarnecido pelos adversários, pois os considerava impuros: “Então, disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada e atravessa-me com ela, para que, porventura, não venham estes incircuncisos, e me traspassem, e escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não o quis, porque temia muito; então, Saul tomou da espada e se lançou sobre ela.” (I Sm 31.4). Temos também o caso de Aitofel: “Vendo, pois, Aitofel que não fora seguido o seu conselho, albardou o jumento, dispôs-se e foi para casa e para a sua cidade; pôs em ordem os seus negócios e se enforcou; morreu e foi sepultado na sepultura do seu pai.” (II Sm 17.23).
É interessante observar que não houve, nos casos citados acima, qualquer juízo de valor por parte do autor sagrado. Isto é, não há um registro de "aprovação" ou de "reprovação" das atitudes desses homens, típicas em outros momentos, a não ser nos casos de Sansão e ainda assim de uma forma indireta, interpretativa, e de Judas (também indireta). Não há algo como "e fez o que era mau aos olhos do Senhor", ou "cometendo pecado", etc. ligado ao suicídio desses homens bíblicos. INTERPRETATIVAMENTE, podemos dizer que há uma reprovação implícita no suicídio de Judas, de Saul e de Aitofel.
No caso de Sansão, a despeito dos demais, parece haver aprovação. Isso faz com que a avaliação moral do ato do suicídio esteja ligada à motivação do mesmo. No caso de Sansão em seu suicídio altruísta, conforme as categorias de Durkheim, a motivação principal era a continuidade do julgamento de Israel por este juiz bíblico, trazendo livramento momentâneo à nação. Assim lemos: "Sansão julgou a Israel, nos dias dos filisteus, vinte anos" (Jz 15.20). Deus, portanto, havia concedido a Sansão, mais uma vez, aquilo que o capacitava para exercer seu ministério como juiz de Israel: a unção do Espírito Santo, objetivando assim o bem da nação. Vale dizer que Sansão só ficou no estado em que ficou por conta de sua concupiscência sexual, do seu pecado. E sabemos que o pecado, uma vez consumado gera a morte (Tg 1.15). Ou seja, Sansão ao pecar havia já selado seu destino; Deus apenas permitiu-lhe um fim nobre, honrado e útil, fazendo o bem assim tanto ao Seu servo quanto à Israel.
Já nos casos de Saul, Aitofel e Judas as motivações são totalmente erradas, consequência da vida pecaminosa que levaram. Pecaram, trazendo sobre si mesmos as consequências dos seus pecados, desceram ao fundo do poço. Suas razões, para o suicídio, foram egoístas, a exemplo de suas vidas e ministérios.Suicídios egoístas se enquandram bem em muitas causas listadas no 4o. parágrafo desse texto, excetuando-se, é claro, as causas patológicas.
III. O DESTINO ETERNO DO SUICIDA:
Aplicar-se-ia o quinto mandamento aos suicidas - "não matarás"? Considerando a etimologia e o ato em si, sou da opinião que sim. Ou seja, quem comete suicídio egoísta (e anômico) está descumprindo a Lei de Deus e, assim, incorrendo em pecado. Isso não se aplica, contudo, ao suicídio altruísta, que visa a proteção e bem-estar de outras pessoas (como soldados em tempos de guerra, policiais e bombeiros, salva-vidas, pais em defesa de sua família, etc.), ou em virtude da perseverança na fé (como fizeram - e farão - os mártires cristãos, entregando a vida para serem mortos por causa de Cristo). No caso do suicídio altruísta, o princípio subjacente é aquele que o próprio Senhor Jesus aplica a si mesmo: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos." (Jo 15.13)
Mas e quanto ao destino eterno de suicidas? O destino eterno de suicidas é um assunto em franco debate no meio cristão, especialmente o de confissão protestante. O que acontece espiritualmente com o crente quando este tira a sua própria vida?
Inicialmente, é bom que fique claro que a deliberação acerca do destino eterno de alguém que morre não é uma tarefa que Deus concedeu ao homem. Podemos, como cristãos, à luz da Bíblia, dizer qual é o caminho que conduz a salvação - Jesus, o caminho, a verdade e a vida -; contudo, não é possível dizer se alguém que morreu foi para o céu ou para o inferno (a despeito de ter ido para um desses dois lugares). Será que essa pessoa não teve um encontro com Jesus "à noite", como Nicodemos? Basta um único momento de fé posta em Jesus, como foi com o ladrão na cruz, para que a pessoa seja salva. Um momento de fé em Cristo fez com que o Senhor perdoasse uma vida inteira de pecados que esse ladrão cometera - "hoje mesmo estarás comigo no paraíso"!
Voltando à pergunta, novamente, no caso do suicídio altruísta, nos parece assunto resolvido. Um crente que tira a sua vida com objetivo de salvar a vida de outros não comete pecado e, portanto, não há o que se questionar NO QUE TANGE A ESSA QUESTÃO, única em análise.
Mas e quanto ao suicida egoísta? Esse comete pecado. A questão é: pode um derradeiro gesto de pecado selar para sempre o destino eterno de um crente? Essa é uma questão importante, debatida há séculos por dois grupos principais de teólogos cristãos: os Arminianos, baseados nos postulados do holandês Jacobus Arminius (1560 - 1609), e os Calvinistas, baseados nas teses do reformador João Calvino. Em suma, sintetiza-se na resposta à pergunta: o crente é capaz de perder a salvação? Para os Arminianos, sim; o crente que comete suicídio egoísta teria perdido sua salvação em Cristo e portanto estaria condenado à perdição eterna. "O homem não pode continuar na salvação, a menos que continue a querer ser salvo", diriam esses irmãos; "a vontade do homem é ‘livre’ para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé."
Os arminianos concluem, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma “teologia de obras” — pelo menos no sentido e na extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo.) Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda (ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua contínua volição positiva até à morte! (fonte: http://www.monergismo.com/textos/arminianismo/cincopontos_arminianismo.htm)
Já para os Calvinistas, não. Os calvinistas sustentam muito simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor — e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo” —, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão’ pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou.
IV. CONCLUSÃO:
Que o suicídio não deve ser praticado por um crente em Cristo é a conclusão que obtemos. Os exemplos bíblicos, de forma geral, revelam o suicídio como prática contrária à vontade de Deus. De efato, olhando-se para as causas que levam uma pessoa a cometer suicídio, todas são fruto direto ou indireto do pecado, original ou atual. A única causa aceitável foi demonstrada, devendo-se ressaltar que trata-se DE UM ÚLTIMO RECURSO.
O que acontece quando um homem natural, que jamais conheceu a Cristo, tira sua própria vida egoísticamente, do ponto de vista do destino eterno? Sem Cristo, trata-se apenas de mais um ato pecaminoso. Assim, tal pessoa sela para sempre o seu destino, condenada a viver eternamente separada de Deus. O suicídio aqui só é determinante para a imutabilidade de seu estado relativamente à Deus; sua condenação deve-se ao fato de passar a eternidade sem o Senhor Jesus. Mas e quanto ao crente suicida que tira a própria vida egoísticamente? Nesse caso, trata-se de um assunto para Deus. Não vemos base bíblica para afirmar qualquer coisa nesse sentido, apenas base teológica; nesse caso, depende da soteriologia (doutrina da salvação) adotada, se Arminiana ou Calvinista. Consideramos, no entanto, o assunto em questão MUITO SÉRIO, afinal, trata-se do destino eterno.
Portanto, querido(a) leitor(a): NÃO COMETA SUICÍDIO!! Não importa o que esteja acontecendo com sua vida, JESUS É SEMPRE A RESPOSTA! A vida está arruinada? Olhe para Israel: a nação foi destruída pelos Assírios e Babilônicos, mas Deus a reconstruiu novamente! Ele pode reconstruir sua vida, do zero, do caos e da ruína, se assim for preciso! NADA, EM ABSOLUTO, É DIFÍCIL OU IMPOSSÍVEL PARA JESUS! ELE É O SENHOR SOBRE TUDO O QUE EXISTE! Entregue sua vida a Ele! Já entregou e o caos veio? Entregue de novo, de novo e de novo! Entregue todos os dias se precisar! Senhor, entra na minha casa; entra na minha vida! Entra nessa área! Não sobrou nada, nada ficou de pé! Mas, Senhor, te entrego ela mesmo assim! Caótica, arruinada! Casamento arruinado; emprego arruinado, cheio de dívidas; ministério arruinado; cheio de pecados e escândalos... não importa! JESUS É O SENHOR! Ele gosta de gente ferrada, destruída, doente, acabada; Ele veio para essa gente! Veio para você e para mim!
DISSE JESUS: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor." (Lc 4.18,19)
Pense nisso.
Graça e paz!
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