quarta-feira, 30 de junho de 2010

O QUE TEM A PALHA COM O TRIGO?

"Eis que eu sou contra os profetas, diz o SENHOR, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse. E, quanto ao profeta, e ao sacerdote, e ao povo, que disser: Peso do SENHOR, eu castigarei o tal homem e a sua casa." (Jr 23.31,34)

Jeremias, cujo nome significa "Jeová exalta e Jeová derruba", foi chamado ao ofício profético nos últimos anos de sua adolescência (Jr 1.6 - a palavra hebraica para criança, na´ar é de dupla interpretação, descrevendo infância e adolescência em seus últimos anos), vivendo num período de longa apostasia, iniciada por Manassés e Amom. Exerceu seu ministério entre 626 a 586 a.C.

A mensagem profética de Jeremias, nesta passagem, destina-se aos falsos profetas e sacerdotes, pois a elevada concepção de Jeremias sobre sua chamada e a respectiva entrega total a mesma criava um antagonismo inflexível contra os profetas e sacerdotes profissionais, que iludiam o povo fazendo uso de um termo profético ("peso", isto é, uma declaração solene, uma alusão à Palavra de Deus) de forma leviana, para que suas palavras fossem cridas sem questionamentos.

Hoje, infelizmente é possível constatar o mesmo quadro de apostasia profética. Falsos profetas (pastores, apóstolos, bispos, mestres...do engano...sic) usam a Palavra de Deus (interpretada ao bel-prazer, diga-se de passagem) para dar "peso", para conferir credibilidade aos seus ensinos anti-bíblicos. Assim, transferem para Deus a responsabilidade pelo que estão ensinando. É como se dissessem: "foi Deus quem mandou falar isso, logo você deve dar crédito ao que estou dizendo". Fazem também uso frequente de jargões e/ou frases de efeito, além de criarem diálogos que não existem no texto Sagrado. Manipulação!

Caro leitor, o ensino bíblico genuíno é puro, sem mistura de espécie alguma: "Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva." (Dt 32.2) O ensino e pregação sobre a Bíblia deve ser antecedido por uma etapa de purificação pela própria Bíblia (A Bíblia se interpreta pela própria Bíblia, regra áurea da hermenêutica), separando impurezas humanas e influências demoníacas (I Tm 4.1), até então invisíveis a olho nu e que devido à "polaridade" podem formar "uma única fase visível" com o ensino bíblico (Mt 13.25-29 = joio e trigo). Afinal, as "propriedades" do ensino bíblico e do "resto" são totalmente diferentes, logo a separação é sempre possível!

Sem pruficação, qualquer ensino na melhor das hipóteses não passa de palha, servindo apenas para engordar a ovelha, mas sem lhe dar os nutrientes necessários para firmeza de seus ossos e músculos. Palha é falso alimento. A pessoa mastiga substância que não alimenta. O trigo é o vegetal símbolo do alimento. Ele gera o pão e as massas, por exemplo. Dá substância. O que tem a palha com o trigo? O que tem a pregação vaidosa e arrogante com a Palavra de Deus? Será que tal pregação pode causar algum benefício? Deus mesmo responde: "...e também proveito nenhum trouxeram a este povo, diz o Senhor" (Jr 23.32).

Muitos edificam a vida sobre palha (I Co 3.12) e querem fazer o mesmo com a Igreja do Deus vivo. Por isso, cada vez mais os crentes estão famintos, fracos e indefesos diante das astutas ciladas do diabo. Chega de palha! Precisamos de "...toda a Palavra que sai da boca de Deus" (Mt 4.4), para que possamos viver, e viver com abundância!

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

ZAQUEU E O PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO

Esta argumentação é fruto de um debate que tive com um irmão em Cristo numa lista de e-mails na qual ambos participamos. Estou reproduzindo-a aqui, porque entendo que o mesmo será útil para edificação.

Vamos considerar o seguinte caso hipotético, mas que deve acontecer com bastante freqüência nas igrejas: Um certo homem (que chamaremos de "sr. Guilty") passou a vida roubando (um funcionário público corrupto, assaltante, estelionatário, traficante de drogas, etc). Mas um dia este homem aceita a Jesus, se converte e muda de vida completamente, nunca mais praticando qualquer ato ilícito. Porém, este homem é muito rico, fruto de roubos e falcatruas na vida pregressa, de tal forma que nada do que ele possui foi adquirido honestamente. A pergunta é: Este homem precisa se desfazer de tudo que tem após a conversão ou pode continuar com sua riqueza porque ele aceitou a Jesus e já está salvo?

Eis aí uma questão pouquíssimo abordada atualmente, em dias em que o sucesso da música gospel envolve letras como "restitui, eu quero de volta o que é meu" e "porque o Senhor é o meu bem maior". Vejamos o que a Bíblia tem a dizer:

Lucas 19

2 E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico.
3 E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura.
4 E, correndo adiante, subiu a um sicômoro para o ver; porque havia de passar por ali.
5 E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.
6 E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente.
7 E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador.
8 E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.
9 E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.
 
Zaqueu acumulou muitos bens por toda a sua vida - ele era rico -, bens adquiridos das mais diversas formas - legais e ilegais. É muito provável que ele praticasse extorsão em suas atividades, pois assim agiam muitos cobradores de impostos. Afinal, os publicanos eram uma classe imposta aos judeus pelos dominadores romanos com a missão de lhes coletarem os impostos. Funcionários romanos, eram odiados e escorraçados. Muitos judeus se tornaram publicanos devido à rentabilidade da profissão: o chefe dos publicanos, em Roma, impunha uma taxa e distribuía aos seus subordinados que, por sua vez, quadruplicavam e repassavam as taxas, e assim sucessivamente.

É interessante notar que o sinal externo da conversão de Zaqueu (conversão é mudança radical de vida após o arrependimento), que levou o Senhor a ratificar seu estado de salvo (v.9), não foi o fato de subir numa árvore, ou receber o Senhor em sua casa. Não, foi algo mais profundo; algo que motivou Zaqueu a uma mudança radical de sua vida pregressa. Foi a confissão pública de que a partir daquele momento não mais viveria para locupletar-se, como fora até então sua vida; não mais seria servo de Mamom, mas estaria desapegado de tal forma que doaria espontaneamente boa parte (50%) de sua riqueza aos pobres, evidenciando deste modo sua fé no Salvador.

Além disso, evidenciou mais: agora, ele restituiria àqueles a quem teria defraudado 4 vezes mais. Com isso, não apenas reconhecia a ilicitude de muitas de suas ações pregressas, mas também reconhecia que era necessário repará-las. Zaqueu aplicou o chamado "princípio da restituição", um princípio amplamente abordado ao longo das Escrituras (Êx 22.4-9; Lv 6.5; Ez 33.14,15; etc).  Aquele que furtou ou defraudou outrem tem a obrigação de devolver o que tomou como parte dos frutos do arrependimento. Nos tempos de Zaqueu, este princípio era de conhecimento de todos. Havia ensino farto sobre ele e sobre toda a Palavra de Deus, independentemente de agradar os ouvintes ou não.

A fé deve, inevitavelmente, ser acompanhada de boas obras. A fé sem obras é morta, conforme afirma Tiago 2:26. Se operou a fé para salvação do personagem fictício do texto proposto (o sr. Guilty), conclui-se que a fé levou-o ao arrependimento. Sem arrependimento não há como falar de salvação. Agora, o arrependimento conduz não somente ao sentimento de tristeza pelo pecado, mas ao reconhecimento prévio de que as atitudes pregressas são, no todo ou em sua essência, pecado. Não há como se arrepender dos pecados cometidos sem entender que o que foi cometido se constitui em pecado aos olhos de Deus.

Assim, o neo-convertido reconhece suas transgressões e sente-se culpado diante de Deus por elas. Sente necessidade de um salvador pessoal. Isso o leva a tomar uma atitude - escolher (ou aceitar) a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador. Observe: a fé que operou para a salvação leva a pessoa a uma ação. Fé sempre gera ação, dado que estamos falando de uma fé bíblica, não estóica. Porque obramos para Deus? Por causa da fé Nele e nas Suas Promessas (por gratidão também, mas a gratidão a Deus está ligada invariavelmente à fé num Deus pessoal).

Portanto, a fé possui uma evidência exterior - as obras feitas por meio da fé. O que operou na vida de Zaqueu? Obras para salvação? Não, obras não salvam ninguém; mas sim a fé salvadora (Ef 2.8,9). Mas como a fé foi comprovada exteriormente pelo Senhor? Por um obra de fé. Quem se arrepende, não apenas abandona o pecado, mas sendo possível procura reparar os erros cometidos antes da luz divina entrar em seu coração.

No caso hipotético citado, o correto seria ensinar ao neo-convertido (sr. Guilty) que ele tem uma responsabilidade diante de Deus e daqueles a quem defraudou, e que essa responsabilidade não cessa com a conversão. A restituição é parte integrante de sua nova vida e isso não é somente de Deus para ele, como preferem enfatizar alguns cantores e pregadores, mas principalmente dele para com o próximo. Assumir esta responsabilidade é fruto de uma genuína conversão.

Se ele realmente se converteu, aceitará a verdade em seu coração. Caso contrário, olhará o lucro ganho, as riquezas adquiridas e colocará o seu coração nelas, não atendendo ao Senhor da Palavra. Esse tal ainda não se converteu, de fato e de direito; e assim muito provavelmente se "desviará", por ter abraçado apenas o lado emocional da fé. Ou se instado com mais ênfase, acabará abandonando a Igreja, saindo a procura de uma "mais liberal" neste sentido, o que se constituirá em mais uma testemunha de uma fé sem vida e, portanto, não da fé salvadora, que sempre gera vida. Assim, cumpre-se o que está escrito - a fé sem obras é morta.

Se, por razões que fogem o controle, é impossível restituir o defraudado - ou porque já morreu/foi morto, ou porque é uma pessoa jurídica de direito público, ou qualquer que seja o motivo, pelo menos que demonstre conversão doando 50% da sua riqueza aos pobres. Isso demonstra desapego às riquezas obtidas - algo que só um convertido pode fazer.

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

RIQUEZA FINANCEIRA É O MESMO QUE BÊNÇÃO DIVINA? PARTE 2

Jesus era rico ou era pobre? Os mestres e adeptos da teologia da prosperidade afirmam categoricamente o alto status financeiro do Mestre; já os seguidores da teologia da pobreza ensinam que Nosso Senhor foi pobre. Jesus se fez pobre em nosso lugar, para que fôssemos ricos, ou seja, pobreza é sinônimo de maldição e riqueza de bênção? Ou Jesus era rico e, portanto, seus servos (especialmente os apóstolos modernos) devem ser também ricos?

Inicialmente, é preciso reconhecer que esse debate é deveras antigo. O filme "O Nome da Rosa" retrata essa disputa - a pobreza ou não de Cristo, travada entre os espirituais, um ramo da ordem franciscana, e os delegados do papa. A idéia central é que se o Senhor fora pobre, a Igreja Católica seria então apóstata, porque ela e o Papa eram riquíssimos (diga-se de passagem, até hoje são; mas isso é assunto para outro post). Muitos renomados teólogos do passado já abordaram o assunto, de forma inconclusiva contudo.

Contribuindo para iluminar o tema, proponho uma análise do texto bíblico sobre alguns aspectos da vida de Jesus, importantes para que tenhamos mais clareza sobre a questão financeira do Mestre, sem a pretensão de esgotar o mesmo.

O Nascimento: Deu-se em Belém, conforme a profecia bíblica (Mt 2.6), numa manjedoura (Lc 1.7,12,16), porque a cidade estava cheia. Recebeu presentes caros - ouro, incenso e mirra (Mt 2.11). Teve que fugir para o Egito, por causa da perseguição por Herodes (Mt 2.13-15). Retornando do Egito, habitou na cidade de Nazaré, na Galiléia (Lc 2.22,23). Foi apresentado no Templo, dando os pais um par de rolas ou dois pombinhos (Lc 2.24).

Comentários:

1) O Local de Nascimento: O fato de Jesus ter nascido numa manjedoura não aponta, necessariamente, para uma situação de pobreza. A cidade estava lotada naquela época e não não havia lugar para José e Maria se hospedarem. O episódio registrado em Lucas 2:1-7 sugere que José tinha com que pagar a hospedagem, dado que ele procurou alugar um quarto.

2) A Fuga para o Egito e a Apresentação no Templo: É provável que os pais de Jesus tenham usado os presentes recebidos para financiarem a viagem e estada no Egito, pois não há nenhuma menção posterior dos mesmos ao longo da Bíblia. O dinheiro arrecadado com a possível venda dos presentes dados não foi o suficiente para enriquecer a família, tampouco tinham grandes posses; posteriormente vemos que por ocasião da apresentação do Senhor no Templo a oferta dada era a oferta de uma pessoa pobre (Lv 5.7; 12.8).

Família: "pais" - José e Maria (Mt 1.18); irmãos - Tiago, José, Simão e Judas (Mt 13.55); tia e primo - Isabel e João Batista (Lc 1.36). O pai, José, era carpinteiro (Mt 13.55).

Comentários: A palavra grega usada para carpinteiro em Mt 13.55 (e Mc 6.3) é Tekton, “construtor", significando um “artífice” ou "artesão" ou “construtor” em madeira, pedra ou metal. Assim, José e Jesus poderiam trabalhar com qualquer um destes materiais.

John Young (1805-1881), em sua obra "Christ of History: An Argument Grounded in the Facts of His Life on Earth", faz o seguinte comentário: "Seu lugar de nascimento, sua andanças da infância, sua casa em uma aldeia, tais como Nazaré, a sua humilde profissão por muitos anos, sua dependência mais tarde no mercado de trabalho de seus discípulos e da caridade de outros amigos, são evidências que apontam para sua condição de pobreza."

Tal hipótese é confirmada por Albert Barnes (New Testament Notes). De fato, a declaração tal qual como fora registrada parece aponta para uma conotação pejorativa da função; aliás é dito que a condição do Salvador lhes era "escandalosa" (Mc 6.3 = kai eskandalizonto en autōi, em grego). Não há como saber se os carpinteiros ganhavam bem por suas atividades ou não, porque isso depende das leis de mercado (oferta e procura, por exemplo) que vigoravam em Israel naquela época.

Ministério: pregador itinerante (Mt 4.23; 9.35; Lc 13.22). Foi chamado de carpinteiro (Mc 6.3). Tinha um tesoureiro, o apóstolo Judas (Jo 12.6; 13.29). Certa ocasião, mandou o apóstolo Pedro pescar e tirar o dinheiro da boca do peixe apanhado que era o necessário para pagar o imposto exigido de ambos - um estáter (Mt 17.24-27). Sua túnica não foi dividida pelos soldados (Mt 27.35; Mc 15.24; Jo 19.23,24).

Comentários:

1) A Túnica: “Os soldados, pois, quando crucificaram Jesus, tomaram-lhe as vestes e fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e pegaram também a túnica. A túnica, porém, era sem costura, toda tecida de alto a baixo. Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela para ver a quem caberá – para se cumprir a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes. Assim, pois, o fizeram os soldados” (Jo 19.23-24).

Josefo (História dos Hebreus, cap. 8, 119) diz que esta túnica fazia parte da vestimenta do sumo-sacerdote, sendo que "essa túnica, que era toda uma só peça, sem costura, não era aberta de lado, mas de alto a baixo, isto é, por trás desde o alto até abaixo das espáduas e na frente apenas até a metade do estômago. Para adorno dessa abertura, colocaram-se bordados, como também naquelas feitas para passar o braço." 

De acordo com Matthew Henry, em seu Comentário Completo de toda a Bíblia (Matthew Henry Commentary on the Whole Bible - Complete), "we read not of any thing about him valuable or remarkable but this, and this not for the richness, but only the variety of it, for it was woven from the top throughout" ("nós não lemos coisa alguma sobre o valor ou singularidade dela [da túnica]  mas isto, e isto não pela riqueza, mas somente a variedade dele,  pois era tecida de alto a baixo").
 
2) O Estáter: Um estáter correspondia a 4 dracmas ou cerca de 14,4 g de prata, equivalente ao shekel judaico. Na época, cobrava-se 0,5 shekel por pessoa como imposto para a manutenção do Templo (Êx 30.11-16), coletados no mês de Adar (um mês antes da Páscoa). Segundo o "People's New Testament" valia 62 centavos de dólar, porém naqueles dias uma dracma era a quantia suficiente para se comprar uma ovelha.

O fato do Senhor ter mandado Pedro pescar um peixe com o estáter na boca para pagar o imposto do Templo indica que eles não dispunham deste valor naquele momento; caso contrário o milagre perderia a significação e seriedade. Teria a bolsa ficado com Judas? Se sim, porque o Senhor ou Pedro não requisitou o valor previamente, sabendo que precisaria de recursos para pagar o imposto? Qualquer resposta aqui seria mera especulação, sem base bíblica.

Do mesmo modo, o fato do grupo possuir uma bolsa e um tesoureiro não indica, necessariamente, que a bolsa era abastada. Em nenhum lugar é mencionado a quantia que o grupo possuía, nem o volume de ofertas que recebiam. Afirmar a riqueza financeira do Senhor com base no fato de haver um tesoureiro e uma bolsa é forçar tendenciosamente o texto bíbilico.

Conclusões:

Conforme demonstrado, não há como inferir a condição financeira do Senhor a partir da análise dos textos bíblicos pertinentes. Todas as evidências - ou de pobreza, ou de riqueza - são meramente circunstanciais. Concluir pela pobreza ou pela abastança do Mestre é, no mínimo, sinal de tendenciosidade. Se corretamente considerarmos que Jesus vivia o que ensinava, encontramos que Ele não ajuntava tesouros nesta Terra (Mt 6.19-21) e de modo algum andava inquieto com coisas materiais (Mt 6.25-34), pois sabia que o Pai que O enviara dar-lhe-ia a cada dia o necessário, não apenas para sua vida, mas para o seu ministério.

Creio que Jesus não era pobre; tampouco era rico. Nem pobreza, nem riqueza nesta terra são coisa alguma diante de Deus. Ninguém é abençoado meramente por ser rico e ninguém é amaldiçoado meramente por ser pobre. Ninguém é fracassado ou sem fé por ser pobre; do mesmo modo, não é um exemplo de cristão por ser rico. Riqueza e pobreza financeiras são questões sociais, não espirituais. Nós, cristãos, devemos lutar contra as injustiças sociais, com base SEMPRE na Palavra de Deus.

A lei judaica era cuidadosa acerca dos pobres. Eles tinham direito de apanhar aquém e além o que se deixava ficar no campo depois da ceifa, ou depois da vindima, ou depois da colheita de azeitonas (Lv 19.9,10. Dt 24.19,21; Rt 2.2). No ano sabático eram os pobres autorizados a ter parte nas novidades (Êx 23.11; Lv 25.6); e se eles tinham vendido alguma porção da sua terra, ou tinham cedido a sua liberdade pessoal, tudo isso lhes devia ser restaurado no ano do Jubileu (Lv 25.26 e seg.; Dt 15.12 e seg.). Além disso, eram protegidos contra a usura (Lv 25.35, 37; Dt 15.7,8; 24.10 a 13); recebiam uma porção de dízimos (Dt 26.12.13); e ainda sob outros pontos de vista tinha de ser considerada a sua situação (Lv 19.13; Dt 16.11,14)” (Dic. Bíblico Universal – Buckland).

A lei mosaica não considerava a pobreza uma falta de fé ou uma obra demoníaca. Deus não garantiu que todos os justos seriam ricos, pelo contrário: “Nunca deixará de haver pobres na terra. Portanto eu te ordeno: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na terra” (Dt 15.11).

Quando Pedro e João chegaram à porta do templo, chamada Formosa, um coxo pediu-lhes uma esmola. Pedro disse ao paralítico: "Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!" (Atos 3:1-8), e o homem foi curado. Naturalmente Pedro e João não estavam debaixo de qualquer maldição, em pecado ou sem fé, só porque não tinham prata nem ouro. Eles tinham algo melhor, a graça e o poder de Deus.

A teologia da prosperidade é uma ótima justificativa para não buscarmos crescer enquanto cidadãos. Afinal, se riqueza e pobreza dependem de questões sobrenaturais, para que esforçar-me? Para que trabalhar? Basta saber como alcançar as bênçãos - e isso é deveras simples, dê o seu tudo e fique com seu nada! Quer ser próspero? Primeiro, confie em Deus, confie que Ele suprirá todas as suas necessidades (não caprichos) em Cristo Jesus (Fp 4.19). Depois, faça a sua parte: estude, estude, estude! Esmere-se, não fique olhando o dia de ontem, nem esperando alguma coisa de mão beijada, na bacia das almas. Faça acontecer. Fé bíblica SEMPRE envolve ação! Sejamos, assim, pessoas sóbrias, de opinião e que tem o trabalho e a operosidade como um dever diante de Deus.

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia! 

terça-feira, 22 de junho de 2010

RIQUEZA FINANCEIRA É O MESMO QUE BÊNÇÃO DIVINA? PARTE 1

Um dos principais argumentos dos teólogos da prosperidade é sobre o status econômico do Senhor. Segundo eles, Jesus era rico pois a riqueza é a marca da bênção divina, já a pobreza seria marca da maldição na vida de uma pessoa. Assim, o raciocínio é que Jesus não poderia ser pobre.

Vou abordar este tema em mais de um post, devido à amplitude do mesmo.

Primeiramente, tal raciocínio é falacioso já em sua concepção. A pobreza não é causada pela maldição, nem a riqueza é sinônimo de bênção. Uma pessoa pode ser rica, financeiramente falando, e isso não se constituir em bênção divina. Por outro lado, uma pessoa pode ser pobre, e isso não se constituir em maldição. Afirmar que 100% das vezes há correspondência entre o status financeiro e o status espiritual é, no mínimo, desconhecer a Bíblia:

O Jovem Rico (Mc 10.17-22): Não há nenhum tipo de ligação entre a riqueza do jovem e a bênção divina. Mais além, as riquezas que o mesmo possuía acabaram tomando o seu coração de tal maneira que terminaram impedindo-o de entrar no Reino de Deus (vv. 23-25). Se a riqueza deste jovem era sinônimo da bênção divina, algo está muito errado, porque Deus deu-lhe uma bênção nesta Terra que o privou da maior bênção que alguém pode ter. Ressalto aqui o que disse o Mestre com relação ao episódio: "Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!" e "Filhos, quão difícil é, para os que confiam nas riquezas, entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus."

O Rico e o Lázaro (Lc 16.19-26): Novamente, não há ligação entre riqueza e bênção. Veja o que diz Abraão ao rico: "Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado" (v. 25). Novamente, a riqueza agiu de tal modo na vida daquele homem rico, que vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente, que acabou impedindo-o de entrar no Reino de Deus. (Ver também: Sl 39.6; 49.6,7; 52.7; 62.10; Ez 28.4,5 [arreda!]). Lázaro é o verdadeiramente abençoado! 

Para constar, devemos lembrar o que disse o Senhor: "E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera" (Mt 13.22). Há muitos crentes e muitos pregadores nos quais a Palavra foi sufocada, ficando infrutífera. Não dão mais o bom fruto da piedade cristã, mas se tornaram ímpios pela sua maneira de agir, pela sedução das riquezas. Se tornaram árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas (Jd 1.12).

Poderíamos ficar aqui listando muitos outros exemplos comprobatórios...

A totalidade do ensino dos "apóstolos, bispos, pastores e pregadores do Faz-me Rir" (fonte da Unção do Ri$o nestes sujeitos...) está baseada nos textos do Antigo Testamento. Tal fato, por si só, já é preocupante, tendo-se em vista que há sempre uma enorme tendência em nos apropriarmos indevidamente das promessas feitas a Israel, substituindo Israel pela Igreja Gentílica.

Isto posto, é facílimo constatar que as riquezas que Israel possuía eram, de forma geral: (1) resultado da saída do Egito, por ocasião do Êxodo (Êx 12.30); (2) resultado dos despojos de guerra (Js 22.8); (3) resultado da obediência dos mandamentos de Deus na terra que mana leite e mel (Dt 8). Todas estas fontes de riqueza são consideradas como "bençãos de Deus".

Porém, com exceção da última, as duas primeiras referem-se ao contexto histórico: Israel saiu do Egito fisicamente (Deus restituiu seu povo, fazendo-os levar consigo aquilo que fora produzido com anos a fio de escravidão). Na conquista do território, Israel adquiriu muito despojo das nações vencidas em campo de batalha (e perdeu muitos homens também). Pergunta-se: os crentes saíram do Egito, fisicamente? Só se foi após a excursão promovida, a preço$ módico$, pelos apó$tolo$... Lutaram fisicamente em várias guerras para conquistar seu espaço na terra? Então, como querem ter direito a estas riquezas?

Quanto a última (Dt 8), a riqueza seria o resultado óbvio da terra dada por Deus a Israel (vv.7-9): lugar de fartura em víveres e em bens minerais (cobre e ferro). Seguindo o texto, a fartura que havia neste lugar poderia corromper o coração do povo de Deus (vv.11-17 = exatamente como no Novo Testamento, nos episódios citados acima. A Bíblia é tremenda!), levando-os a se afastarem do Senhor.

Observe o que Deus diz, no versículo 18: "Antes te lembrarás do SENHOR teu Deus, que ele é o que te dá força para adquirires riqueza; para confirmar a sua aliança, que jurou a teus pais, como se vê neste dia".  A riqueza seria adquirida (alcançada, conquistada); para isso, Deus daria a força necessária. Obviamente, seria necessário trabalhar; a terra que mana leite e mel não era a terra da indolência. Veja: trabalho na terra (e não "$emente$ de fé" de campanhas para enriquecer os sacerdotes), com a força dada por Deus (inteligência, sabedoria, saúde física e emocional), aliado às riquezas naturais da terra, seriam a fonte de riquezas.

Trabalho sério com a bênção de Deus (inteligência, sabedoria, saúde física e emocional) são por si só riquezas. A nossa maior riqueza é Cristo! Assim, tendo o que comer e o que vestir, estejamos satisfeitos (I Tm 6.8). Por fé (e não por interesse escuso) devemos ser dizimistas e ofetantes na Obra de Deus, porque Deus ama quem com alegria oferta (II Co 9.7).

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia! 

quinta-feira, 17 de junho de 2010

FANATISMO RELIGIOSO E A FÉ-EVANGELHO

"Uma menina de seis meses de idade, que estava sendo monitorada por assistentes sociais, morreu depois que sua mãe mentalmente doente sentou-se ela. Julia Lovemore, de 41 anos, tinha arrancado as páginas da Bíblia e enfiado na boca do bebê antes de sufocá-lo sentando sobre a criança. Rebecca Hughes, a enfermeira psiquiátrica, disse à polícia que David Lovemore (marido de Julia) batia com os pés no chão e dizia: "Tire o demônio de Julia". (O Dia, 17/06/2010)





Comentários:

Fanático: Que tem zelo religioso cego, excessivo; intolerante (dic. Aurélio). Geralmente, pessoas fanáticas demonstram agressividade; preconceitos vários; estreiteza mental; ódio; sistema subjetivo de valores e intenso individualismo.  A conduta da pessoa fanática é marcada pelo radicalismo e por absoluta intolerância para com todos os que não compartilhem suas predileções.

De um modo geral, o fanático tem uma visão dicotômica, polarizada, do mundo. O mal reside naquilo e naqueles que contrariam seu modo de pensar, levando-o a adotar condutas irracionais e agressivas que podem, inclusive, chegar a extremos perigosos, como o recurso à violência para impor seu ponto de vista.

Inicialmente, é preciso entender que o fanatismo não é o mesmo que fundamentalismo. Ainda que o fundamentalismo possa levar uma pessoa ao fanatismo, o fundamentalismo refere-se como o nome diz aos fundamentos de uma fé religiosa ou de um sistema de crenças. O fundamentalismo está ligado à razão, aos porquês da fé; já o fanatismo está ligado às emoções, à paixão. Neste, falta de entendimento daquilo que se diz crer.

Assim, dependendo de como os fiéis de uma dada religião são "discipulados" (e isso depende do discipulador) podem surgir ênfases fanáticas que acabarão gerando no adepto ódio por todos aqueles que não professarem sua fé. Por exemplo, aos adeptos do Islã é ensinado pelo Corão, na sura 9, versículo 5, "matai os idólatras onde quer que os encontreis, e capturai-os, e cercai-os e usai de emboscadas contra eles". E mais adiante o livro insiste que nações, não importa quão poderosas, deverão ser combatidas "até que abracem o Islã".  Como explicou o aiatolá Khomeini: "A mais pura alegria do Islã é matar ou morrer por Alá." (http://www.cacp.org.br/islamismo/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=339&menu=4&submenu=1)

Infelizmente, deste mal padece também algumas Igrejas ditas evangélicas, as quais promovem uma fé desprovida da fé, desprovida de valores e princípios. Com o pretexto de discipulado, querem controlar totalmente a vida das pessoas, impedindo assim que a pessoa caminhe de acordo com sua consciência e que seja transformada naturalmente de glória em glória pelo Espírito Santo. Porém, no afã de controlar tudo e todos, acabam ensinando preceitos de homens e com eles o fanatismo, que leva por exemplo a destruição de objetos de culto de outras religiões.

Abre parênteses: O fanatismo é tal que mesmo um crente pode facilmente sofrer discriminação ao visitar uma Igreja de denominação diferente da sua, principalmente quando há ênfases diferentes de "poder espiritual" entre as denominações. Assim, alguém pode ser tachado de "frio, tradicional e carnal" ou de "fanático, maluco" pelo simples fato de bater palmas ou não durante o culto, por exemplo. Eu mesmo já fui alvo de várias situações como essa (sic). Fecha parênteses. 

O que falta nesses casos é uma boa dose de fundamentalismo, de ensino sistemático sobre os fundamentos da fé cristã, da "fé-evangelho". Fé-evangelho é "fé-boas novas", fé bíblica gerada pelo Espírito Santo, apontando SEMPRE para Jesus - o autor e consumador da fé-evangelho. Numa rápida leitura da Bíblia, por exemplo, encontramos facilmente o ensino de que devemos amar o nosso próximo como a nós mesmos. Quem ama não fanatiza, não odeia, não é individualista. A propagação da fé-evangelho insere, não exclui; ama, não odeia; é boa notícia, não é a antiga má notícia da violência; respeita àqueles que são contrários, ainda que se reserva ao direito de crer e ensinar diferente.

A fé-evangelho é entendida, crida, praticada e divulgada sem o uso da violência ou da força; mas pelo Espírito que vivifica a letra, o letrado e o iletrado. A fé-evangelho não é show da fé, pois não se destina à diversão de ninguém, tampouco conta com a atuação de vários artistas de larga popularidade, ou mesmo de um só; mas conta com a presença do Senhor da fé. A fé-evangelho não é extravagante, louca, sem sentido ou propósito; mas é racional, em Espírito e em Verdade. A fé-evangelho não exige assassinatos em nome da fé, mas convida a cada pessoa a entregar-se voluntariamente à Cristo através do arrependimento dos pecados e da identificação com a morte, sepultamento e ressurreição do Senhor.   

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

MORTE OU VIDA: QUAL VOCÊ ESCOLHE?

"Um padre belga que deveria confortar pacientes em estado terminal num hospital da região de Tielt, norte da Bélgica, cometia abusos sexuais e até estupros contra as pacientes, a maioria em estado de coma e internada na Unidade de Terapia Intensiva. Os crimes teriam sido cometidos entre os anos 60 e 80. Pelo menos 12 mulheres foram vítimas do agressor." (Meia Hora, 11/06/2010)



Comentários:

"O mundo jaz no maligno", já asseverava o apóstolo João no I século da era cristã (I Jo 5.19).  Noutras palavras, o mundo está como um morto sepultado, enterrado até a cabeça no maligno. Tal é essa malignidade, tal é o estado do mundo defunto - em alto estado de putrefação, exalando todo fedor oriundo de sua decomposição. Sua forma anterior é irreconhecível, sua feições já não se podem distinguir; apenas vagos contornos daquilo que fora no passado distante.

Nada que pertença ao mundo escapa deste estado miserável, mas a morte se estende desde o cadáver àquilo que lhe pertence. Tudo está podre. Tudo cheira mal. Tudo está cheio de vermes por todos os lados. Não é possível alterar a ordem natural das coisas; uma vez que a morte entrou no mundo, este e tudo o que lhe pertence morreram.

Assim, morreram as instituições humanas e humanizadas que pertencem ao mundo. Por mais aparência de piedade que possam possuir, por mais aparência de vida que procure exibir estão mortas em si mesmas. Já não tem vida; a vida delas se esvaiu como num sopro. Não adiantam liturgias, paramentos, regras doutrinais, títulos eclesiásticos, evocações ou coisas semelhantes a estas porque não trazem vida ao cadáver. Do mesmo modo, não adianta invocar os nomes daqueles que estão vivos, ou dizer-se enviado pela Vida e em prol da vida, se o óbito a muito já foi declarado.

Die Religion ... Sie ist das Opium des Volkes. De fato, a religião possui efeito entorpecente sobre as pessoas que dela fazem uso. Porém, isso não quer dizer que a religião tenha alguma vida em si mesma, ou seja capaz de gerar vida em seus sacerdotes e adeptos. Não, a religião - qualquer que seja ela - não gera vida porque não é viva e nem provém da vida. É tão somente a fútil tentativa dos mortos em entrar em contato com a Vida.

Somente a Vida pode gerar vida. Somente a Vida, que independe de qualquer coisa a não ser de Si mesma para existir, é capaz de gerar e manter a vida nos seres. Vida mantida sem o uso de coisa alguma a não ser da própria Vida. Não uma aparência de vida ou uma vida de aparências, mas uma Vida de fato e de direito - Vida em Abundância. JESUS, Ele é a Ressurreição e a Vida; quem nele crer, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e nele crê, nunca morrerá. Crês tu isto? (Jo 11.25,26)

Escolher a Cristo é escolher a Vida; escolher a religião é optar pela morte. Vida e morte estão diante de você, caro leitor. Qual será a tua escolha? Como diz o antigo hino "A Última Hora" (Hino 213 do Hinário Presbiteriano Novo Cântico - João Diener - 1909):

Ao Findar o labor desta vida,
Quando a morte ao teu lado chegar,
Que destino há de ter a tua alma?
Qual será, no futuro, teu lar?

Meu amigo, hoje tens a escolha:
Vida ou morte, qual vais aceitar?
Amanhã pode ser muito tarde,
Hoje Cristo te quer libertar.

Tu procuras a paz neste mundo
Em prazeres que passam em vão,
Mas na última hora da vida,
Tais prazeres valor não terão.

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

VOCÊ JÁ ENCONTROU A PALAVRA DE DEUS?

E, tirando eles o dinheiro que se tinha trazido à casa do SENHOR, Hilquias, o sacerdote, achou o livro da lei do SENHOR, dada pela mão de Moisés.  E Hilquias disse a Safã, o escrivão: Achei o livro da lei na casa do SENHOR. E Hilquias deu o livro a Safã. (II Cr 34.14,15)



Quando lemos o livro de II Crônicas, vemos o rei Josias enviar alguns homens a repararem a Casa do Senhor, que estava em ruínas devido ao estrago que teve início na época de seu avô, Manassés, que introduziu o paganismo nesta Casa. Quando Hilquias, o sacerdote, foi à Casa de Deus para retirar dos seus cofres dinheiro para restauração, achou o Livro da Lei, que foi lido, posteriormente, aos ouvidos de Josias.


Hoje, infelizmente, vivemos dias onde o Livro da Lei - a Bíblia - está perdida em muitas Igrejas Evangélicas. Há diversos tipos de atividades, de campanhas, de pastores famosos; há altar, há músicos, há dízimos e ofertas, há microfones sem fio, há templos de mármore; mas uma coisa falta: a Palavra de Deus, sendo lida e pregada como ela é. Sem manipulações.

Para que serve uma fé não-bíblica? Poderá o homem ser salvo de seus pecados, sem saber que é um miserável pecador, carente de um salvador pessoal? E como saberá, se não há quem pregue sobre tão terrível realidade? Assim, como ter o caráter de Cristo formado em minha vida, sem sequer saber como é esse caráter?

De que adianta cantar "...me ensina a ter santidade, quero amar somente a ti..." apenas pela melodia, já que sequer entende-se o que é santidade e porque é preciso ser ensinado a tê-la? O que muitas Igrejas estão entendendo e ensinando como sendo louvor e adoração não passa de mera cantoria vazia, para ocupar espaço na ordem de culto. Jesus nos ensinou que a adoração não é mecânica, um cansativo mantra, tampouco uma extravagância, uma doidice. Ao contrário, Ele ensinou que adorar a Deus é algo sobrenatural, em espírito; mas é também algo a ser feito com verdade e em verdade.  Mas sem a Bíblia, como entender isso?

De que adianta todo esse aparato hollywoodeano da fé, sem haver a única coisa capaz gerar realmente fé duradoura? De que adianta ter apenas aparência de fé, mas não ter a fé em essência? Onde está a Palavra de Deus nestes lugares? Estará empoeirada, debaixo daquilo que os edificadores deste século consideraram escombros, entulhos, inutilidades, mas que Deus considera de valores inalienáveis para Sua Igreja - verdade, sinceridade, justiça, santidade, ministério?

No episódio bíblico, o dinheiro doado não foi usado para enriquecer os sacerdotes, a fim de que eles pudessem comprar jatinhos milionários e edificarem seus impérios da fé, mas para reparar a casa de Deus. O resultado disso é que o Livro da Lei foi encontrado pelo sacerdote Hilquias, culminando num verdadeiro avivamento em Judá e Jerusalém, a começar pelo rei Josias, que se humilhou, chorando perante Deus. Não havia lugar para estrelismos, soberba ou orgulho. O SENHOR, o Deus da Palavra encontrada, era o Centro das Atenções!

Quando buscamos reparar em nossas vidas o culto bíblico, cristocêntrico, inevitavelmente vamos acabar encontrando a Palavra de Deus - regra de fé e de conduta para os verdadeiros adoradores!

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

DESQUALIFICANDO PESSOAS: A ANTI-DIALÉTICA DOS SERVOS DE MAMOM

Diversos pastores e irmãos em Cristo sérios postaram em seus blogs as acusações dirigidas aos blogueiros evangélicos os termos de baixo calão enunciados pelo Pr. Silas Malafaia, chamando seus irmãos em Cristo de bandidos, desocupados, nêgos enrolados (sic), etc.
(veja: http://www.youtube.com/watch?v=j_FDOMxDmJc).



Leia mais:

1) Genizah:
http://www.genizahvirtual.com/2010/04/os-incomodados-que-se-convertam.html
http://www.genizahvirtual.com/2010/04/silas-malafaia-chama-pastores-e-crentes.html

2) Púlpito Cristão
http://www.pulpitocristao.com/2010/04/silas-malafaia-responde-aos-blogueiros.html

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Comentários:

Não exporei o meu currículo para me defender destas acusações de "vagabundo, desocupado, etc". É de uma enorme miséria de alma a estratégia de desqualificar o interlocutor por não conseguir desqualificar-lhe as idéias. Ao fazê-lo, me igualaria àquilo que abomino e não seria melhor do que o acusador (diabolos, no grego) - quem lê, entenda.

Liberdade de expressão - o direito de manifestar livremente opiniões, idéias e pensamentos - é a base do Estado democrático de Direito. Ao contrário, a supressão da liberdade de expressão é o caminho primeiro para a instituição de um Estado como totalitário. A analogia com o que aconteceu na Alemanha na década de 40 é, deste modo, inevitável.

Após todo ensino adquirido pela humanidade com o totalitarismo alemão e suas horríveis consequências, é lamentável quando ainda há lugar para transformar o saudável debate de idéias em imposição de "verdades", acompanhado pela substituição da discussão sobre idéias para discussão sobre pessoas. Nesta lógica, não é "permitido" em hipótese alguma a contraposição e contradição de idéias, que levam a outras idéias. Isso denota que ou (1) não há como sobrepujar a idéia no campo da argumentação, nos moldes da dialética, ou (2) não há interesse em discutir a idéia, pois o foco está na pessoa; partindo-se assim para desqualificar o proponente da idéia. Lênin já ensinava que o militante comunista, ao discutir, não deve tentar apontar os erros do adversário, mas destruí-lo, apresentando-o como agente a serviço de interesses malignos, espião, inimigo do povo etc.

Muito antes de Lênin, a Lutero, pai da Reforma Protestante, foi ordenado retratar-se pelo Papa Leão X por causa de suas 95 Teses afixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg em 31 de outubro de 1517. Ressalte-se que, ao lançar as suas “95 Teses”, Lutero "tornava públicas (mas não populares) as suas idéias, com a finalidade de expor a doutos algumas questões que o incomodavam a respeito das vendas de perdão/indulgências, cujas contradições práticas e doutrinais, somadas à corrupção de determinados setores do clero, eram vistas por ele como uma ameaça à credibilidade da fé cristã e da Igreja de Roma". (http://www.espacoacademico.com.br/034/34tc_lutero.htm)

Do mesmo espírito estão imbuídos os blogueiros cristãos que, fazendo uso da internet, expõem os erros doutrinários (idéias) e a fundamentação antibíblica dos ensinos modernos (idéias) que proliferam nas Igrejas Evangélicas. No debate de idéias, chamadas "Teses", nasce o Protestantismo, denominação genérica aplicável a todos os blogueiros cristãos e envolvidos no caso em questão. Do mesmo modo, a motivação na exposição das idéias de forma pública pelos seus propositores é o incômodo a respeito da exploração do "comércio sagrado", cujas contradições e práticas doutrinais são vistas por eles como uma ameaça a credibilidade da fé cristã e da Igreja Evangélica.

Lutero foi um vagabundo? bandido? desocupado? invejoso? enrolado? Picareta? Caluniador? Levantador de falso? Vejamos: Estudou filosofia e direito e no ano de 1505 entrou para a Ordem dos Agostinianos. Tornou-se monge, sendo ordenado sacerdote no ano de 1507. Defendeu tese de doutoramento em teologia no ano de 1512. Lecionou na Universidade de Wittenberg. Foi um pregador brilhante e estudioso exemplar da Bíblia. Traduziu a Bíblia para o alemão. Oxalá existissem muitos "vagabundos e desocupados" como Lutero em nossos dias, expondo suas teses em cátedras dos seminários teológicos e em canais de televisões!

Agora, façam-me um favor bem como a todos os demais blogueiros cristãos, caros "pa$tore$" televisivos: preguem a Bíblia, somente a Bíblia. Apliquem os princípios da hermenêutica e da exegese, de forma a não criarem ou difundirem doutrinas espúrias a fé cristã. E, por favor, não ataquem as pessoas, não excomunguem irmãos só porque eles combatem os seus fraquíssimos "ensinos"; mas usem a inteligência e debatam as idéias, convençam-nos dos erros constantes em nossas defesas apologéticas, à luz da Bíblia. Assim vocês estariam mais de acordo com as nossas origens históricas...

Parodiando Lutero, por ocasião da Dieta de Worms: "Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão - porque não acredito nem no Pastor nem nas convenções já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos - pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável."

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!