sábado, 26 de fevereiro de 2011

AFLIÇÕES NO MUNDO, PERDÃO NA CASA DO PAI

Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo. (Jo 16:33)

Engana-se quem acha que a vida do servo fiel a Cristo é um mar de rosas. A vida de ninguém, muito menos do crente fiel, é constituída apenas por felizes momentos. Há muitas aflições nesta vida, muitos percalços surgem diante de nós, com uma certa frequência. Ora são tentações, ora aflições, ora lutas, ora doenças, ora enterros... quando tudo parece estar bem, o chão debaixo dos pés desaparece, restando apenas uma queda livre em direção ao desânimo, ao sentimento de solidão e abandono.

Crentes fiéis e consagrados podem experimentar tal situação. Afinal, se "o mundo jaz no maligno" e se "a carne luta contra o Espírito e o Espírito contra a carne e e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis", então encontro uma grande e poderosa verdade: enquanto estiver neste corpo mortal, sempre haverá momentos em que ou de fora para dentro ou de dentro para fora experimentaremos lutas e combates. Eventualmente, tais lutas e combates podem dar lugar ao pecado, ou seja, a fazermos aquilo que é contra a Vontade de Deus, mesmo reconhecendo que a ação se constitui em pecado.

É neste ponto que muitos irmãos se desesperam e até abandonam a igreja: porque pecaram, recai sobre eles a pesadíssima culpa; não conseguindo mais se perdoar, extrapolam a falta de perdão para Deus. Deus, na concepção destes pobres irmãos, não irá perdoá-los por esta (ou mais esta) queda. A paciência de Deus - assim entendem - se esgotou com eles. Só lhes resta a amargura de terem tão terrivelmente perdido o amor e o perdão de Deus. Não raro, alguns aqui "caem de cabeça" no mundo, entregando-se a toda sorte de maldade e pecado; porém, fazem isso não por gostarem, mas por puro sentimento de fracasso irremediável. A pessoa se sente só e amaldiçoada, como se já estivesse no "fogo do inferno". O desepero pode chegar ao ponto do suicídio!

Boa parte deste problema está ligado a uma compreensão errada da Bíblia - crentes e pastores. Alguns pastores insistem em pregar o legalismo com seu padrão de santidade absoluta e inascessível. Um padrão de santidade tão grande, tão exigente, que torna-se um alvo inatingível. Ora, quem é o crente fiel que não deseja agradar ao Senhor? Quem não quer se sentir por Ele querido, ou amado? Quem é o fiel que de sã consciência volta-se de costas para Aquele que o salvou um dia do lamaçal do pecado? Contudo, jamais conseguem agradar ao Senhor - na concepção e pressuposto legalista, pois o padrão proposto pela ética deturpada do "fazer para merecer" é impossível de ser atingido.

Amados, santidade absoluta só o Senhor possui. Nós, seus filhos, temos uma santidade relativa, estamos no processo de santificação. A santificação consiste em deixar o pecado, cada vez mais. Porém, isto não implica que o santificado seja incapaz de pecar. Não há homem que não peque, é o que diz a Bíblia. Tampouco, quer dizer que o pecado do santificado seja absoluto - ele é também relativo. Por favor, você que lê me entenda: quando digo que o pecado na vida do santificado é relativo, quero dizer tão somente que ele não destrói em definitivo o acesso a Deus. Com a sincera confissão ao Senhor, o pecado é perdoado e a vida segue. Isso mesmo: A VIDA CONTINUA!

Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. (I Jo 1.7-9)

Assim diz o antigo hino:

Se nós a Ti confessarmos
E seguirmos na Tua luz,
Tu não somente perdoas
Purificas também, ó Jesus!
Sim e de todo pecado
Que maravilha de amor!
Pois que mais alvo que a neve
O Teu sangue nos torna Senhor!


Leia a Bíblia sem as interpretações estapafúrdias dos homens e você facilmente perceberá o que estou dizendo. Desde os primórdios da criação, em Gênesis, até aos últimos dias do homem na face desta Terra, tanto o pecado quanto a santificação são vistos no homem (logicamente, após a queda no Éden). Ora o homem acertava o alvo, ora errava; ora fazia o qu era correto aos olhos do Senhor; ora abandonava este comportamento. Veja que Deus sempre providenciou uma saída ao pecado do homem (claro, não sem consequências): No Éden, o querubim passou a guardar o acesso à árvore da vida; em Levítico, os sacrifícios pelos pecados, para que o homem, ao pecar, não fosse impedido de ter o perdão; no Novo Testamento, o sacrifício eterno de Nosso Senhor Jesus.

A Lei de Deus, com todas as suas exigências e implicações foi-nos dada, é verdade; mas com somente dois propósitos: mostrar-nos a excessiva pecaminosidade do pecado (ninguém consegue cumprir de forma plena a Lei) e mostrar-nos que somos pecadores inveterados. Ela não nos foi dada como um "termo de desfiliação", mas antes nos foi dada para que reconhecêssemos quem nós realmente somos, a nossa incapacidade, a falência definitiva de nossos próprios esforços por santificação e justiça pessoal. Não é em vão que o Senhor disse: "Está consumado!" Deus providenciou outra forma para que o homem com Ele se relacione: chama-se Graça! É pela Graça que somos salvos, por meio da fé (Ef 2.8,9). É pela graça que entraremos no céu!


Quando terminar esta vida e lá no céu eu chegar
Haverá uma multidão de irmãos
Esperando pra me abraçar, e perguntarão a uma voz,
Voltados para mim ,Oh conta-nos como você irmão,
Venceu e chegou aqui.

E falarei, e cantarei de Jesus que me salvou
Que por este pecador a si mesmo se entregou.
Foi graça, graça, super abundante graça
Graça, graça, preciosa e doce graça.

Foi graça irmão, Graça irmão,
Eu vos digo que foi assim
Foi só pela graça de Jesus
Que eu venci e cheguei aqui.

Assim, meu amado e querido irmão; minha preciosa e amada irmã: levante a cabeça! Deus não desistiu de você! Como poderia Ele, de qualquer maneira, te esquecer? Se foi Ele que te atraiu para Si mesmo com bondade, se te amou com amor eterno? Ele te ama, apesar de todas as suas quedas; apesar dos seus fracassos, de seus pecados. Ele não está surpreso com teus pecados; nada surpreende ao Senhor. Ele sabia desde o princípio quem você seria - antes mesmo da sua existência. Antes de você ser crente, Ele já sabia que você O aceitaria como Senhor e Salvador. Já sabia também que você teria problemas com o pecado, que você cairia. Mas isso não O impediu de te amar, nem de te salvar. Isso não O deteve, não encolheu a Sua mão, não fechou a porta da salvação para você. ELE CONTINUA TE AMANDO, COMO SEMPRE TE AMOU!

O que fazer? É simples: confesse o seu pecado (sim, porque arrependido você já está, tenho certeza) e receba o perdão do Senhor! Só isso? Isso mesmo, SÓ ISSO! As portas da Casa do Senhor, Teu Pai e Teu Deus, estão abertas para te receber de volta! O próprio Senhor, na figura do pai da família, está vigiando a sua volta, óh meu pródigo irmão! O amor do pai nunca esvaziou-se pelo filho pródigo; nem o amor de Deus por você! Volte, hoje mesmo! Retorne; o mundo não é o seu lugar! No mundo, tereis aflições; na Casa do Pai, tereis refrigério, alegria e perdão!



Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O MUNDO JAZ NO MALIGNO... E A IGREJA ESTÁ PROCURANDO A MESMA REALIDADE!

"Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno." (I Jo 5.19)

Será que sabemos mesmo, como deveríamos saber, ou somos apenas teóricos de Deus, sem a devida reflexão e a correspondente prática das Escrituras? Jesus disse: "O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida." (Jo 6.63) Suas palavras, as quais Ele nos tem dito, são espírito e vida, não um conjunto de argumentos filosóficos, ligados às elucubrações humanas sobre o infinito e o além. Devem, portanto, serem encaradas pela Igreja de Cristo na face desta terra como Verdade Máxima, Absoluta, Regra de Fé e de Conduta para todos os crentes em Cristo, com valor ético-moral acima de leis humanas, de filosofias, de teologias, de catecismos, de tradições e de qualquer outra coisa que exista ou venha a existir.

Porém, nem todas os crentes e igrejas de confissão cristã seguem esta verdade. Para muitos, a história de seus fundadores e a teologia que professaram é, na prática, superior à Palavra de Deus, à Bíblia. Com base nessa posição, elaboram os catecismos, os digestos, as bulas, as encíclicas, canôns, os manuais eclesiásticos e toda sorte de "documentos prescritivos", com interpretações de trechos bíblicos de forma particularizada, por vezes heréticas.

Nada contra uma igreja ou denominação querer preservar sua história e tradição, quer por meio de documentos, quer por meio de ensinos. Também não vejo óbices em honrarem seus fundadores, muitos dos quais foram usados por Deus para realizar a reforma protestante. Porém, a bitolação e o fanatismo dela oriundo, na prática de elevar as tradições e teologias acima da Palavra de Deus é um erro crasso e um grave perigo à vida espiritual daquela comunidade.

Armínio, Calvino e Lutero e outros tantos foram usados por Deus no passado? Glórias a Deus por isso! Mas quem foram estes homens, senão ministros pelos quais tivemos a fé bíblica restaurada? Os ensinos destes homens de Deus foram deveras úteis para nós; porém, isso não quer dizer que em sua totalidade a teologia que enunciaram seja inerrante. A inerrância é prerrogativa da Palavra de Deus, do texto Bíblico Sagrado. Todo ensino, prédica ou teologia, proferida por qualquer homem que seja - até por um apóstolo - deve ser objeto de escrutínio à luz da Bíblia. Os que adotam esta salutar prática ficaram conhecidos, desde os primórdios, como "crentes de Beréia".

Abre parênteses: Não podemos esquecer que toda teologia foi produzida orginalmente numa dada sociedade, podendo sofrer influência das pressões existentes na época em que foi enunciada, buscando responder aos anseios e questões da sociedade. O Calvinismo, por exemplo, buscava responder aos anseios da burguesia diante do clero. Calvino considera o cristão livre de todas as proibições não explicitadas nas Escrituras, o que torna as práticas do capitalismo lícitas, em especial a usura, condenada pela Igreja Católica. De acordo com a teoria da predestinação, a idéia de que Deus concede a salvação a poucos eleitos, o homem deve buscar o lucro por meio do trabalho e da vida regrada. Surge a identificação da ética protestante com o capitalismo, que se torna atraente para a burguesia. O Livro "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", de Max Weber, aborda muito bem esta questão. Fecha parênteses.

Infelizmente, nem todos os crentes e nem todas as igrejas adotam o modelo de Beréia. Com muito pesar, cito como exemplo a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (PCUSA), que aprovou um relatório para a 219º Assembléia Geral intitulado "Issues of Civil Union and Christian Marriage" (http://oga.pcusa.org/newsstories/special-committee-civil-union-christian-marriage-2010.pdf) onde defende a participação de ministros Presbiterianos em cerimônias de casamentos e/ou da união de casais do mesmo sexo.  O estudo busca justificar sua posição com base nas leis civis, nos documentos da igreja, na tradição e teologia e nas posições de outras denominações americanas.

Abre parênteses: Que membros de uma sociedade queiram viver suas vidas à maneira dos homossexuais, isso é prerrogativa deles. Elas têm o direito de fazer esta opção e ninguém tem nada a ver com isso. Que o Estado queira regular a união civil de homossexuais, isso é prerrogativa do Estado. Ele têm o dever de regular as práticas da sociedade. Porém, que o casamento não é igual a união civil, segundo a Bíblia Sagrada, isso é um fato; e que nenhuma igreja deva ser coagida a adotar tal equivalência, ou a celebrar casamentos homossexuais, ou mesmo ter o homossexualismo como padrão de conduta para seus fiéis, isso também é um fato. União Civil é assunto do Estado; homossexualismo é assunto de quem o adota como modus vivendi e o Casamento é assunto da Igreja, matéria de fé, na qual, segundo o princípio de liberdade religiosa, ninguém deve interferir: nem os homossexuais, nem o Estado. Fecha parênteses.

Este relatório contém um também outro relatório, chamado relatório da minoria (minority report), elaborado por 2 Reverendos e uma Presbítera, que visa apontar os erros bíblicos contidos no relatório da maioria, reenfatizando o casamento como sendo a "aliança entre um homem e uma mulher" e a proibição da ordenação de ministros homossexais. É interessante que o minority report mostra a atniga posição da igreja, de 1978, conforme o relatório para a 190º Assembléia Geral (transcrito abaixo e traduzido):

(1) “homosexuality is a contradiction of God’s wise and beautiful pattern for human sexual relationships revealed in Scripture …”; (tradução: "homossexualidade é uma contradição à sabedoria de Deus e ao padrão de beleza para as relações sexuais humanas revelada na Escritura...")
(2) “unrepentant homosexual practice does not accord with the requirements for ordination”; (tradução: "práticas homossexuais não arrependidas não estão de acordo com os requisitos para a ordenação")
(3) “Persons who manifest homosexual behavior must be treated with the profound respect and pastoral tenderness due all people of God” as they “strive toward God’s revealed will in this area of their lives and make use of all the resources of grace”; (tradução: "Pessoas que manifestam comportamento homossexual devem ser tratadas com profundo respeito e ternuras pastorais direito de todo o povo de Deus" tanto quanto eles "empenham-se em direção à vontade de Deus nesta área de suas vidas e fazem uso de todos os recursos da graça")
(4) “There is no legal, social, or moral justification for denying homosexual persons access to the basic requirements of human existence” (tradução: "Não há justificativa legal, social ou moral para negar às pessoas homossexuais o acesso aos requisitos básicos para a existência humana")

Note que conforme o trecho acima, enquanto a Igreja Presbiteriana argumenta contra a pertinência entre o homossexualismo e as Escrituras Sagradas e a ordenação pastoral, argumenta também favoravelmente ao respeito e ternura cabíveis a todos os homens, incluindo aquelas que demonstram comportamento homossexual e à não discriminação destas com relação às necessidades básicas para manutenção da vida. Tratava-se de uma posição equilibrada, da qual infelizmente a PCUSA decaiu.

O "minority report" conclui: "We are called to offer the Gospel’s grace to a hurting world full of people who desperately need to know God loves them and they can be freed of the things of this world that so easily enslave us. Love is never about license and, for too many years, the PC(USA) has been silent as the carnage of sexual hedonism engulfs our culture. Let us boldly proclaim that God has a place for sex: It is within marriage between a man and woman and that commitment is for life. Let us work to support, encourage, and nurture those who are not married and help them know that God’s plan for them is just as important as God’s plan for married people. Let us honor celibacy and those who practice it as engaging in a profitable spiritual discipline that may be lifelong or for a season of life."

(Tradução: "Nós somos chamados por Deus para oferecer o Evangelho da Graça a um mundo ferido cheio de pessoas que desesperadamente precisam conhecer o amor de Deus para com elas e poderem ser libertas das coisas deste mundo que tão facilmente nos escravizam. Amor nunca é licenciosidade e, por demasiados anos, a PCUSA tem estado silenciada diante da mortandade do hedonismo sexual que subjugam nossa cultura. Vamos audaciosamente proclamar que Deus tem um lugar para o sexo: dentro do casamento entre um homem e mulher e que o compromisso é para a vida. Vamos trabalhar para manter, encorajar e nutrir aqueles que não estão casados e ajudá-los a conhecer o plano de Deus para eles e tão importante quanto o plano de Deus para os casados. Vamos honrar o celibato e aqueles que o praticam como engajados numa disciplina espiritual lucrativa que pode ser vitalícia ou para uma época da vida")

Por último, foi publicado recentemente no Site Gospel Mais (http://noticias.gospelmais.com.br/igreja-presbiteriana-dividir-reunioes-nomeacao-pastores-gays-16306.html) a informação de que um grande número de pastores e igrejas que durante 35 anos ficaram no lado contrário da tentativa de aprovarem pastores gays e pastoras lésbicas, casamento gay e outros pontos da agenda liberal, estão liderando uma saída em massa da denominação. Argumentam que não suportam mais esta discussão, ao presenciarem durante estas décadas a PCUSA minguar, perdendo membros aos milhares a cada ano. A convocação para uma reunião dos evangélicos que ainda restam dentro da PCUSA foi feita no dia 02 de fevereiro. A reunião está marcada para os dias 25-27 de agosto de 2011, em Mineápolis. Na pauta está incluida a viabilidade da criação de uma nova igreja presbiteriana que adote o que eles chamam de “um núcleo teológico claro e conciso ao qual iremos subscrever, dentro da clássica tradição Reformada, bíblica e evangélica, e um compromisso de viver de acordo com essas crenças, independentemente de pressões culturais”.

O apóstolo João afirmou categoricamente que o mundo jazia no maligno, e isso em sua época. O que ele diria hoje, diante de tantas aberrações doutrinárias e teológicas que tem sido cometidas em nome de Deus? A igreja tem se aculturado com o mundo, ao invés de praticar a contra-cultura do Reino de Deus. E isso em nome do quê? Da "modernização", do crescimento numérico e financeiro ou do apoio político? Uma igreja moderna para muitos é uma igreja libertina, licenciosa, que traz para dentro de si os valores mundanos e lhes dá uma roupagem religiosa-evangélica. Porém, ao trazer o mundo para a dentro de si, a igreja traz inevitavelmente um cadáver, sem vida; e para piorar a situação, traz toda malignidade que há no mundo para dentro do contexto da igreja.

Ora, o que é a igreja, senão a comunidade dos fiéis, daqueles que foram chamados para fora do mundo e introduzidos no contexto da fé cristã - segundo o termo grego ekklesia? Como agora um crente, que foi tirado do mundo, ou seja, dos seus valores e cultura, voltará a se inserir nele e isso dentro da igreja?!? Que contradição! Quando isso acontece, a igreja que anteriormente vivia passa do estado de vida para o estado de morte - mesmo mantendo o nome de quem está vivo (igreja). Conforme o texto de Apocalipse 3:1-6, a Igreja em Sardes experimentou esta dura realidade: suas tuas obras não foram achadas por Cristo perfeitas diante de Deus, ainda que os membros daquela Igreja pudessem achar que sim. Uma igreja que possuía dois grupos, exatamente como a PCUSA: um grupo de infiéis, crentes mundanizados e um grupo menor, que não haviam contaminado suas vestes, um grupo que manteve a pureza e santidade do Evangelho em seus corações e que por isso mesmo foram achadas dignas de andar de branco com o Senhor.
"Modernidade" pode se transformar facilmente em "morteternidade"; para morrer, basta estar vivo. E tudo começa sutilmente: modernizamos o ensino, modernizamos as músicas, modernizamos a mensagem... "Ah, esta música é muito velha. Vamos substituir por uma mais novinha, cheia de remelexos, de expressões antibíblicas e outras sandices. Afinal, isso é ser moderno!" "Tem que modernizar, pastor! Desse jeito a igreja não vai crescer nunca! O senhor precisa adotar a forma ultra-mega-plus tabajara de pregação e louvor que as igrejas estão adotando!" "Poxa, pastor! Vamos fazer um evangelismo mais estratégico, mais de acordo com a sociedade moderna. Esse negócio de dizer que as pessoas são pecadoras e precisam de salvação está fora de moda... Vamos nos adequar à realidade moderna e pregar a beleza da natureza na praia de Abricó...".
 
E quanto a Teologia? O logos precisa ser oriundo do théos, senão não é teologia de acordo com a Bíblia. É Deus quem dá a Verdadeira Palavra, é Ele quem revela-nos a Sua Verdade. Caso contrário, a teologia pode até estar de acordo com seu propositor, mas de acordo com a Bíblia, jamais! Neste caso, não é teologia, pois não vem de Deus; é "té-logo-logia" ou até mesmo "infernologia". É importante estudar o que Fulano e Beltrano propuseram? Sim, como é importante estudar Camões e Machado de Assis. Mas será que todo ensino de Fulano e Beltrano é bíblico, ou há alguma parte que não passa de uma suposição, de uma interpretação pessoal, ou de uma boa justificativa ideológica para um fato político-econômico? Como saber? Basta conferir com a Bíblia!
 
Abre parênteses: Afirmem o contrário quem quiser afirmar, discorde quem quiser discordar, mas na Bíblia há base tanto para a incapacidade de perder a salvação ("uma vez salvo, sempre salvo") quanto para a possibilidade de ser perder a salvação. Esse fato, por si só, mostra que nem a teologia de Armínio, nem a de Calvino estão 100% corretas. Há posições apaixonadas nos dois lados, e a paixão neste caso impede o saber; os defensores de cada lado buscam fazer com que a Bíblia confirme sua teoria teológico-filosófica, mas não analisam-na à luz da Bíblia, prevalecendo as opiniões pessoais e o orgulho histórico e denominacional. Essa é uma das maiores fontes de confronto entre alguns grupos de crentes, que perdura há muitas décadas. Qual é o correto? Neste caso, a posição de equilíbrio: a salvação não é algo a ser perdido por qualquer espirro, mas também não é algo imperdível. Fecha parênteses.   
 
Concluindo esta argumentação, fica o clamor e as orações para que você, distinto e amado leitor, analise sem medo todo ensino que você tem recebido à luz da Bíblia. Será que o que sua igreja diz é verdade? Porque é verdade, porque foi dito dentro da igreja por um pastor ou líder religioso ou porque está de acordo com a Bíblia? O que é melhor: agradar o homem ou agradar a Deus? Há tradições que são muito boas; há tradições inertes e há tradições antibíblicas e é preciso aprender a reconhecer cada uma delas. Há igrejas aparentemente mortas, as quais segundo os especialistas em Deus estão estagnadas, não crescem no ritmo explosivo e coisas do tipo, mas que aos olhos do Senhor estão cheias de vida por todos os lados. Há também igrejas aparentemente vivas, cheias de gente, mas que estão mortas há muito tempo e ainda não sabem. Onde você quer estar?

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

E PLANTOU O SENHOR DEUS UM JARDIM: UMA REFLEXÃO AMBIENTAL-TEOLÓGICA

E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, do lado oriental; e pôs ali o homem que tinha formado. (Gn 2.8)

Conforme o texto bíblico, o Senhor Deus plantou um jardim. Um jardim que possuía toda espécie de plantas e de árvores frutíferas, com toda espécie de animais terrestres e aves. E neste jardim, segundo o texto, Deus colocou o homem que tinha formado. Este jardim era localizado no lado oriental do Éden, muito provavelmente uma região geográfica daquela época. Os eruditos disputam sua localização na geografia atual. Assim, surgem localizações como a atual Armênia, na região oeste do Mar Cáspio, na Média, próximo a Damasco, na Palestina, ao sul da Arábia, e na Babilônia. Havia um rio que saía do Éden para regar o jardim; este rio, ao sair do jardim, se dividia em quatro braços (Gn 2.10). Muito provavelmente, ficava próximo aos rios Tigre e Eufrates. É de se supor que o jardim fosse um lugar de delícias e prazer, devido ao nome, Éden. 

Não é errado supor que a temperatura do jardim do Edén fosse próxima aos 25ºC durante o dia, considerada uma temperatura agradável para o homem. A camada de ozônio, responsável pelo bloqueio dos raios UV, estava em perfeito estado; portanto, não havia fenômenos de aquecimento global ou mudanças climáticas à epoca. Com toda certeza, a temperatura à noite deveria aproximar-se da temperatura do dia, talvez no máximo um ou dois graus abaixo, tornando as noites suaves. Além disso, havia fonte de água inesgotável, oriunda do rio que banhava o jardim: água mineral, pura, refrescante e saborosa. Junte-se a isso as deliciosas frutas que ali haviam é facílimo entender o nome Éden.

O homem e o jardim... perfeito equilíbrio ambiental. O jardim era a casa do homem no planeta, e assim era por ele compreendido. 

Porém, o que o homem fez? Introduziu o pecado no lugar perfeito, aceitando o papo furado do diabo. Que pecado é esse? Meramente comer um fruto? Entender deste modo o pecado de Adão - o homem formado por Deus e introduzido no jardim - e Eva - sua esposa - é não compreender a Bíblia, em sua inteireza e inerrância doutrinária. O pecado não foi infantil, como a maioria das pessoas supõem; não foi uma "travessura infantil". Não, o pecado foi muito sério: trata-se da auto-suficiência, da negação da necessidade do Criador, da presunção de ser o Juiz do Universo, a Luz do Mundo, por conta própria. Era como dizer a Deus: "Eu não preciso mais de você. Eu já sei tudo o que preciso saber para controlar, eu mesmo, a minha própria vida"

Abre parênteses: Hoje, vejo muitos homens e mulheres errarem o alvo miseravelmente como erraram Adão e Eva. Desde cientistas - que aboliram o Criador em prol das Leis físicas que o próprio Criador estabeleceu no princípio - até mesmo pastores e crentes comuns. Quantos crentes e pastores acham-se sábios aos próprios olhos, tomando decisões sem consultar nem a Deus, nem aos anciãos da Casa de Deus? Se, como diz Provérbios, na multidão de conselhos há a sabedoria, então na ausência de conselhos há a estultícia, ou seja, a insensatez, a estupidez, a tolice e a imbecilidade. Depois da "lambança" feita, vêm as consequências e com elas o desespero pela desprovimento de recursos espirituais ("nudez") e afastamento da visão dada por Deus. A tentativa de conserto com as próprias forças ("folhas de figueira") só piora as coisas; é melhor se submeter, enquanto filho, à disciplina do Pai. Fecha parênteses. 

Com o pecado do homem, não restou alternativas ao amoroso Criador senão expulsar o homem do jardim; caso contrário, o Senhor teria perdido, para sempre, toda a raça humana, e o diabo teria vencido. Fora do Éden, a vida espiritual e biológica do homem entrou em constante declínio. Seu corpo mortal, que dependia de comer do fruto da árvore da vida para manter-se eternamente e o qual o homem jamais tencionou comer enquanto vivia no jardim, passou a sofrer a ação da morte. Cada ano fora do jardim implicava no aparecimento de inúmeras mazelas no corpo humano, até chegar o dia da separação da alma e do espírito do corpo - da morte. Espiritualmente, o homem morreu - ou seja, separou-se - de Deus no momento em que engoliu o pedaço daquele fruto, no Éden.

Porém, desde então, a morte não entrou apenas na raça humana. Toda criação passou, sob certo ponto de vista, a experimentar a "morte", a exalar o fétido odor de sua realidade. O Éden deixou de existir, com o tempo. Possivelmente, foi destruído por efeito das alterações geológicas e climáticas resultantes do pecado de Adão. No lugar dele, surgiram os desertos; no lugar de árvores que eram "boas para comer", surgiram as ervas daninhas e as plantas venenosas. Surgiram vírus e bactérias, patogênicos, que com o passar dos milênios se transformariam, a partir de efeitos mutagênicos, em agentes causadores da tuberculose, da febre amarela, da dengue, da varíola, do tifo e da Aids. Surgiram insetos, como o mosquito Aedes aegypti (aēdēs do grego "odioso" e ægypti do latim "do Egito"), futuro vetor de inúmeros vírus mortais ao homem. Isso sem mencionar os de insetos, vírus, bactérias e ervas daninhas - pragas - destruidores das plantações humanas.

Com o pecado, o equilíbrio da criação foi em grande parte prejudicado. Surgiram buracos na camada de ozônio, por conta da ganância humana; com isso, houve o contínuo aumento da temperatura média da Terra (hoje, no verão, a temperatura chega a 45ºC-50ºC em algumas regiões, como RJ). Neste ano, os efeitos das mudanças do clima se fizeram sentir em várias partes do planeta, com alto volume de chuvas, extremos de temperaturas, tufões e furacões. Mesmo diante deste notório quadro, até hoje os EUA não ratificaram o Protocolo de Kyoto, por pura ganância...

Lagoas, rios e mares foram (e ainda são) sistematicamente alvo de poluições por emissões de fábricas e esgotos sanitários. Aqui no estado do RJ, basta ir à praia de Icaraí, em Niterói, e ver, com tristeza, o que o esgoto causou... o cheiro é insuportável. É possível encontrar em algumas praias as "línguas negras" de esgoto (como Copacabana, Ipanema e outras). No lugar das águas minerais no jardim, as águas passaram a estar repletas de coliformes fecais, poluentes químicos e outros. E engana-se quem pensa que a poluição deve-se apenas aos grandes conglomerados sociais e produtivos: o homem, individualmente, é tão poluidor inveterado quanto em conjunto. Basta você ir a uma praia (isto é, se não for legalista, rsrsrs) e encontrar de tudo nela, tanto na areia quanto na água. Pessoalmente. já encontrei caco de vidro, garrafa quebrada, camisinha usada, seringa com agulha, centenas de sacos plásticos e de garrafas PET...

Abre parênteses: Onde estão as autoridades municipais que não vêm o que está acontecendo nas praias?!? Dia desses estava com minha família em Piratininga, na região litorânea conhecida como "praínha", e até cachorro havia na praia (e não era um só). Isso sem falar numas pessoas endemoniadas - só lhes cabe esta alcunha - que estavam a detonar bombas caseiras sobre albatrozes e aves marinhas residentes na região, por puro prazer de destruir a criação de Deus. Isso é crime ambiental, tipificado na Lei 9.605, de 12/02/1998, a chamada "Lei de Crimes Ambientais", sujeitando os infratores às penas restritivas de direito. Em seu Art. 29, está escrito: "Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa". Atenção, Prefeitura de Piratininga e adjacências! Fiscalização é o enforcement da Lei! Fecha parênteses.

Onde iremos parar? Que mundo deixaremos para as futuras gerações? Os homens cada vez menos atentam para um conceito simples, cunhado no Relatório Brundtland (Our Commom Future, ou Nosso Futuro Comum, publicado em 1987): o desenvolvimento sustentável, isto é, o desenvolvimento que possibilite a satisfação das necessidades pela geração atual, de modo a permitir que as futuras gerações também possam satisfazer as suas necessidades. Pobreza e miséria, frutos em última análise do egoísmo humano materializados nos padrões insustentáveis de produção e de consumo e na exploração dos países em desenvolvimento pelos países desenvolvidos, são contrários ao desenvolvimento sustentável, que se baseia no conceito do "triple botton line" (desenvolvimento econômico, desenvolvimento ambiental e desenvolvimento social).
Resolver o problema da degradação do meio ambiente passa, primeiramente, pela solução dos problemas espirituais do homem. É preciso combater veementemente a auto-suficiência, a arrogância e o egoísmo humano, que se constituem em pecados aos olhos do Senhor Deus, o Criador de todas as coisas.  É preciso que o homem "nasça de novo", ou seja, que ele sofra o processo de regeneração espiritual quando da conversão à Cristo, por meio de quem todas as coisas foram criadas. Somente tratando do problema em sua raiz mais profunda, será possível haver uma ética cristã ecológica, caso contrário, muito será discutido em termos acadêmicos, filosóficos e políticos, mas pouquíssimo será o real avanço, em termos práticos, da preservação ambiental. 

Mas nascer de novo é apenas o começo. É preciso algo mais: é preciso amadurecer, até se tornar um crente maduro na fé. Segundo Paulo, "toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm 8.22), com "ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus" (Rm 8.19). Expectação (sinôn.: esperança) é a tradução do termo grego apokaradokein. Apo significa “fora de”; kara, “cabeça”; dokein, “mirar”.  Assim, o termo dá a idéia de alguém, com pescoço esticado, procurando ansiosamente, com grande desejo de encontrar, algo ou alguém. Ou seja, significa a mirada ardente, concentrada, e persistente que se aparta de qualquer outra coisa, para fixar-se somente no objeto do seu desejo. A criação está a vigiar, de forma ardente e persistente, com grande ansiedade, até que os filhos maduros de Deus (huios tou Théos) se manifestem.

Cabe, assim, à Igreja de Cristo na face da Terra, independente da denominação que professa, pouco importando se pentecostal ou tradicional, transformar os filhos meninos de Deus (teknon tou Théos) em filhos maduros de Deus, de forma a não perpetuar a infantilidade eterna e o escapismo. A Igreja de Cristo jamais deveria ser a Terra do Nunca, a Neverland da fé, onde seus membros nunca crescem; onde os Crentes-Garotos-Perdidos (!), liderados pelo Pastor-Peter-Pan (que também está perdido!) estão a lutar eternamente com Capitão Ganch...Tridente dos Infernos em troca de bênçãos materiais.  

O jardim no Edén foi perdido para sempre, porque o homem preferiu dar ouvidos ao diabo e não a Deus. Não vamos perder o paraíso vindouro também e pela mesma razão; caso contrário o inferno (Geena), tipificado no lixão do vale de Hinom, onde se lançavam os cadáveres de pessoas que eram consideradas indignas, restos de animais, e toda outra espécie de imundície (se acrescentava enxofre para ajudar na queima), onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga, será a nossa morada eterna.

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!