quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

TOME A SUA CRUZ E SIGA A CRISTO!



E chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. (Mc 8.34)

Negar a si mesmo e tomar a cruz. Essa é uma instrução dura da parte do Mestre. Especialmente hoje, num mundo onde o soft e o fácil é colocado como meta de vida, essas palavras de Cristo trazem uma profunda crise a alma humana.  "Seguir ao Senhor", nas palavras Dele próprio, envolvem três coisas: (1) negar a si mesmo; (2) tomar a cruz pessoal e (3) segui-Lo. Negar a si mesmo não é negar uma coisa específica, mas sim uma pessoa específica - a si mesmo. É a contramão radical do eu humano, é a mudança diametralmente oposta. É negar - ou dizer um categórico e sonoro "não" - para o eu como determinador dos meus próprios alvos, aspirações e desejos.

Aplique isto mentalmente por um momento em sua própria vida, querido(a) leitor(a). Veja o profundo impacto que causa, ainda que no campo mental, negar a si mesmo! Imagine-se tendo que negar ao seu próprio eu. O eu, que me defende; o eu, que procura o meu bem pessoal; o eu, que me traz prazer e bem-estar; o eu, que dita meu curso de vida; o eu, que impulsiona-me a agir em favor de mim mesmo em qualquer situação, a procurar evitar ao máximo o sofrimento, a perda, a dor. Negar o eu é dizer não a isso tudo. É ser profundamente tentado - pelo eu que ama a si mesmo - a deixar uma situação que fere a esse eu, mas diante dos apelos desse "eu" dizer "não, eu fico nessa situação, por mais dor que ela me causa, porque isso é da vontade do Meu Senhor"! É ter tudo, todas as condições possíveis e imagináveis, para evitar o "aperto d'alma", mas ouvir do Senhor "trate de ficar aí mesmo onde você está! Não te mandei sair, nem ir para lugar nenhum!"

Igualmente doloroso, Nosso Senhor nos manda "tomarmos a nossa própria cruz". Tomar a cruz é assumir a Vontade de Deus para nossa vida, por mais dolorosa, vergonhosa ou humilhante que ela seja. Um fato sobre a Vontade de Deus é que ela pode ser tanto geral, para a Igreja como um todo, quanto específica, isto é, para cada cristão em particular. Por exemplo, o Senhor Jesus chamou 12 homens e fez deles Seus apóstolos. Contudo, Ele escolheu dar a Pedro as chaves do reino. E escolheu dar a Paulo, chamado para ser apóstolo posteriormente, a revelação da Graça de Deus. Segundo a tradição, Pedro morreu crucificado de cabeça para baixo numa cruz; já Paulo foi decapitado por Nero, em 67 d.C. (conforme a tradição da Igreja). É importante entendermos isso, porque a vontade de Deus específica para a vida de um(a) irmã(o) pode ser diferente da vontade de Deus específica para mim. Não devo, portanto, ficar chocado, chateado com Deus ou mesmo sentir-me "menos amado" se Deus deseja que um irmão siga para a sua cruz de uma forma diferente da forma que Ele manda que eu siga para a minha própria cruz. Se a estrada dele é mais longa que a minha, se o Pai requer que eu seja "martirizado" antes de meu irmão, que assim seja! Não devo reclamar com o Pai se isso acontecer, porque o Pai celeste sabe o que é melhor tanto para minha vida quanto para a vida de meu irmão (Rm 8.28 - [...] todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.); Ele, que conhece o interior do homem, sabe quando alguém está pronto para ir a cruz! Afinal, Deus não nos pede coisa alguma que Ele mesmo não proveja as condições - espirituais, emocionais, físicas, etc - de realizarmos.

Note: negar a si mesmo e tomar a cruz não é viver uma vida de ascetismo. Nem mesmo suportar com resignação os problemas que a vida apresenta. É muito mais profundo e complexo que isso! É dizer não ao "eu" e assumir a Vontade de Deus para sua vida! 

Aqui, há uma importante realidade sobre a cruz. A cruz é local de morte. Quando eu tomo a minha cruz, estou assumindo que a cruz é minha, ou seja, é para mim, meu destino final, o local onde entregarei inevitavelmente a minha vida nas mãos de Deus. Sim, a minha vida, a sua vida e a vida de cada verdadeiro cristão na face dessa terra - aquele que verdadeiramente nasceu de novo - tem como propósito glorificar ao Pai de forma derradeira por meio da morte na cruz. Claro que essa morte na cruz, a qual me refiro, é a morte do eu com suas vontades egoístas diante do absoluto da Vontade de Deus para a minha vida. Claro que, em última instância, pode envolver o martírio propriamente dito, se esta for a vontade de Deus para mim. Milhares de cristãos sofreram o martírio na época das perseguições imperiais; outros milhares estão também recebendo o martírio em países fechados ao Evangelho, onde ser cristão é crime punível com a morte. Martirizados pelas mãos de homens extremamente cruéis, que não poupam sequer crianças; homens perversamente malignos, influenciados por Satanás em sua guerra, apelidada de "santa", contra a Igreja. E, digo isto: milhares, quiçá milhões, hão de sofrer o martírio. A violência contra o povo de Deus, contra a Igreja e contra Israel, não terá fim - ainda não.    

Abre parênteses: Lamento dizer isso, mas segundo as profecias bíblicas, nenhum acordo de paz de Israel será duradouro (Zc 12.2,3). Somente o Messias, Jesus (Yeshua) pode trazer a verdadeira paz para a nação de Israel. Tristemente, Israel verá muitos bombardeios e muitas guerras, ideologicamente justificadas como uma "disputa de territórios" pelas nações e pela mídia, mas com o propósito não-declarado de exterminar Israel do mapa. Cabe dizer que os palestinos merecem ter a sua própria terra - isso é justo; porém, é igualmente justo que Israel tenha também a sua própria terra, conquistada no reinado de Davi e reconhecida por direito em 1948. A terra de Israel pertence a Israel, não aos palestinos; foi dada por herança a Isaque, filho de Sara com Abraão, e seus descendentes; não a Ismael, filho de Agar e Abraão, e seus descendentes (Gn 21.10-12). Todo palestino genuinamente convertido a Cristo reconhece o direito de Israel à sua terra. Fecha parênteses.  

Se o martírio for a Vontade de Deus para a sua vida, querido(a) leitor(a), então que assim seja. Se você vive num país onde ser cristão é ser considerado "ovelha para o matadouro" por amor ao Senhor, então ame-O com a sua própria vida. Você é o exemplo de fé para todo o Corpo de Cristo na face dessa terra! Porém, querido(a), se é da vontade do Senhor que você viva uma vida de renúncia de seu próprio eu, e isso até o limite de crucificá-lo na cruz, então glorifique ao Senhor cumprindo a Sua vontade! Somos revestidos de esperança e de fé pelo Senhor, por contemplarmos Seu grandioso exemplo quanto a este mister: "E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia. E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão." (Lucas 22:41-44) Note como foi doloroso para o próprio Senhor cumprir a Vontade do Pai em Sua vida - Ele chegou a suar grandes gotas de sangue (num fenômeno clínico chamado hematidrose, onde se dá o rompimento das finíssimas veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas, por estresse emocional extremo, o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele), tamanha a angústia e ansiedade que o conhecimento dessa Verdade - ser crucificado - trazia à Sua vida! Ele até ora ao Pai para que se fosse possível, se houvesse outro modo, que o Pai o livrasse daquela situação; mas ao mesmo instante Ele diz "não faça a minha vontade, mas a tua". Não faça o que eu quero; o que o meu eu está gritando dentro de mim; mas faça-se, Meu Paizinho querido, a Tua vontade na minha vida!

Que ninguém pense, em momento algum, que Jesus doou-nos a vida dele contrariado, ou forçado. NÃO! Ele dá a sua vida de bom grado - "Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai." (Jo 10.17,18) Ele mesmo disse, diante de seus algozes, que se Ele quisesse poderia "orar a meu Pai, e que ele o daria mais de doze legiões de anjos" (Mt 26.53), isto é, poderia ser livre de todo sofrimento. Ele escolheu dar a Sua vida e nada mudaria isso, pois esta era a Vontade de Deus para Ele - mas com toda a Sua humanidade aqui está o Mestre, orando ao Pai, sabendo que o cálice da ira de Deus, destinado à humanidade, seria oferecido a Ele. Jesus ora e pergunta ao Pai se beber do cálice era o único meio de redimir, de salvar as almas de incontáveis trilhões de pessoas. E ainda assim, sob esta terrível agonia, sentindo as profundas dores que o pecado da humanidade trazia sobre Ele, cuja intensidade somos totalmente incapazes de compreender, lá estava o desejo mais intenso do Senhor que era fazer a Vontade de Seu Pai. Não era da Vontade do Pai que o cálice passasse do Filho - o Filho deveria beber do cálice da ira, e a Vontade do Filho era exatamente essa! Sua oração é respondida de forma sobrenatural, com um anjo sendo imediatamente enviado para O fortalecer, testificando ao mundo que não havia outra maneira de redimir a humanidade perdida.

Abre parênteses: Ele mesmo, o próprio Senhor Jesus, como Anjo do Senhor, havia poupado Isaque de ser oferecido por Abraão em holocausto (num dos montes localizados na terra de Moriá), bradando do céu a Abraão (Gn 22.12). Abraão não negara a Deus seu filho, seu único filho; não seria Deus Pai que negaria o Seu, numa das mais belas provas da fidelidade de Deus e da abrangência de Suas alianças. O sacrifício substitutivo de Cristo por nós é perfeitamente tipificado pelo carneiro oferecido em lugar de Isaque. Segundo muitos mestres da Palavra de Deus, exatamente naquele monte, na região de Moriá, é que ficava o calvário no qual Cristo seria crucificado muitos anos depois. Fecha parênteses.

A instrução do Senhor para quem quer segui-Lo ainda é a mesma atualmente: negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-O. Num mundo cada vez mais hedonista, onde o prazer e a satisfação pessoal são colocados como objetivos de vida, é ainda mais confrontadora e desafiadora. São poucas as pessoas que realmente vivem suas vidas conforme esta instrução e, quem escolhe viver assim, vive sob constante guerra consigo mesmo, travada no interior, nas profundezas da alma humana. Porém, estes, que escolheram viver para satisfazer a Vontade do Mestre, cujo prazer maior é obedecê-Lo acima de qualquer coisa - até de si mesmo -, estes tem o suporte de Deus nas horas mais soturnas desta vida. Exatamente como o Mestre, podemos estar certos de que haverá socorro divino na hora que mais precisarmos. Os anjos são espíritos ministradores enviados a nosso favor; devemos crer no ministério dos anjos e aceitá-lo em nossa vida. Deus enviará do céu a força necessária para vivermos para Ele; Ele estenderá Sua mão poderosa sobre nossa vida.

Viva a sua vida segundo a Vontade de Deus, querido(a) leitor(a). A Vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2) e viver segundo ela é a garantia de viver uma vida que agrada ao Pai. Precisamos nos identificar com Cristo neste nível, se quisermos sair do nominalismo religioso de fachada, isto é, sermos realmente seus seguidores. Só é seguidor de Jesus quem prioriza fazer a Vontade de Deus acima da sua própria.

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

Um comentário:

  1. Hoje em dia muitos crentes não querem saber de negar a si mesmos. O que vale para eles é a prosperidade material, é dinheiro ,prazeres, muitas vezes desenfreados. Essa exigência é para muitos uma loucura, algo impossível e impensável para os dias atuais.O euvangelho prospera , o eu no comando, o egocentrismo, o irracionalismo. Vivemos dias tenebrosos, dias onde tudo é permitido, onde não há absolutos . Dias onde o que vale, o que interessa é a minha satisfação garantida, doa a quem doer.

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