Cristo, nossa páscoa. É assim que Paulo, apóstolo de Cristo, correlaciona a pessoa de nosso Senhor e Salvador com a festa judaica por ele muito conhecida, a páscoa. Em hebraico "Pessach", significa "passar por cima". Ganhou esse nome quando foi celebrada pela primeira vez, sob instrução de Deus a Israel por meio de Moisés, quando Israel era escravo na terra do Egito:
"Chamou pois Moisés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa. Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir. Portanto guardai isto por estatuto para vós, e para vossos filhos para sempre." (Êxodo 12:21-24)
Deus havia ordenado ao povo que comesse o cordeiro com pressa e que deviam fazê-lo vestidos e preparados para deixar o Egito a meia noite. Isto seria no dia quinze de Nisan (Êxodo 12:10-11). A páscoa judaica era então uma festa que comemorava a libertação de Israel da opressão dos seus opressores. Uma festa celebrada num contexto cruento, de sangue e morte, mas também de vida e liberdade. Na ocasião de sua primeira celebração, Deus passou por cima da terra do Egito, santificando para si todos os primogênitos, quer de animais quer de pessoas. Em todos os lugares, onde houvesse um animal ou uma pessoa, que não tivesse a marca do sangue do cordeiro, o primogênito seria morto. Mas onde houvesse a marca do sangue, o Senhor passaria por cima daquele lugar, deixando ilesas as pessoas e animais que ali estivessem. O texto bíblico mostra exatamente isso: "E aconteceu, à meia-noite, que o Senhor feriu a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que se sentava em seu trono, até ao primogênito do cativo que estava no cárcere, e todos os primogênitos dos animais. E Faraó levantou-se de noite, ele e todos os seus servos, e todos os egípcios; e havia grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não houvesse um morto." (Êxodo 12:29,30) Somente os judeus, que creram na Palavra de Deus por meio de Moisés e obedeceram, escaparam da mortandade que assolou aquela ímpia nação.
Posteriormente, em épocas distintas, a Páscoa foi celebrada então pelo povo de Deus, Israel, no Antigo Testamento. Eis a ordem: "No mês primeiro, aos catorze do mês, pela tarde, é a páscoa do Senhor. E aos quinze dias deste mês é a festa dos pães ázimos do Senhor; sete dias comereis pães ázimos" (Levítico 23:5,6). Ela era celebrada do seguinte modo: separava-se um cordeiro sem defeito, que era morto, sem lhe quebrar os ossos (Nm 9.12; Êxodo 12:5). Esse cordeiro era assado inteiro e sua carne era consumida pelos presentes, acompanhada de pães asmos (ou ázimos, isto é, sem fermento) e ervas amargas. O sacrifício da festa da páscoa não podia ficar da noite para a manhã (Êxodo 34:25). Nenhum filho do estrangeiro poderia comer da páscoa caso não fosse primeiro circuncidado (Êx 12.43,48).
A Páscoa deixou de ser celebrada apenas em períodos de apostasia e de cativeiro, voltando a ser celebrada em períodos de retorno do povo ao Seu Deus. Por exemplo, quando o rei Josias celebra a Páscoa, ao final de um período de arrependimento e de expurgo da idolatria entre o povo de Deus (envolvendo retirada e destruição de todos os objetos usados em cultos idólatras de dentro do santuário de Deus, da destituição dos sacerdotes pagãos que outros reis anteriores haviam colocado, além de profanar todos os altares dos falsos deuses): "O rei deu ordem a todo o povo, dizendo: Celebrai a páscoa ao Senhor vosso Deus, como está escrito no livro da aliança. Porque nunca se celebrou tal páscoa como esta desde os dias dos juízes que julgaram a Israel, nem em todos os dias dos reis de Israel, nem tampouco dos reis de Judá. Porém no ano décimo oitavo do rei Josias esta páscoa se celebrou ao Senhor em Jerusalém" (II Rs 23.21-23; ler também todo o capítulo 23). Quando o povo de Deus retornou do cativeiro persa, eles celebraram a páscoa (Esdras 6:20,21).
Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo participou da festa da Páscoa durante Seu ministério terreno. Tanto quanto criança, adolescente e como adulto, foram inúmeras vezes que Ele se assentou e comeu a páscoa. Não poderia ser diferente, pois Jesus era judeu e israelita em Sua encarnação. Celebrar a Páscoa era estatuto perpétuo para Israel e Jesus cumpriu cabalmente esta ordenança. A Bíblia, contudo, registra apenas a última páscoa que o Senhor participou, com seus discípulos, antes de Sua prisão, julgamento, morte, sepultamento e ressurreição.
O evangelista Lucas relata que o Senhor Jesus desejou intensamente comer a última páscoa com seus discípulos, dando ordens para que eles a preparassem. Para os discípulos era mais uma páscoa, mas para o Senhor representava a história dele, a sua grande missão. Na proximidade do clímax de seu ministério, o Senhor queria compartilhar com seus discípulos os seus últimos momentos com eles (Jo 13.33). Assim, durante a celebração, Jesus ressignifica a páscoa, colocando Ele mesmo como o cordeiro que havia sido imolado para a celebração: "E mandou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos. E eles lhe perguntaram: Onde queres que a preparemos? E ele lhes disse: Eis que, quando entrardes na cidade, encontrareis um homem, levando um cântaro de água; segui-o até à casa em que ele entrar. E direis ao pai de família da casa: O Mestre te diz: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos? Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobilado; aí fazei preparativos. E, indo eles, acharam como lhes havia sido dito; e prepararam a páscoa. E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e com ele os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça; porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós" (Lucas 22:8-20).
Jesus, então, é o cordeiro de Deus (Jo 1.29) sem defeito nem mancha (I Pedro 1:18-20). Como cordeiro, macho, Ele foi imolado em favor do povo, na cruz do Calvário, levado até lá para morrer como "ovelha muda, perante seus tosquiadores": "Ele foi maltratado, humilhado, torturado; contudo, não abriu a sua boca; agiu como um cordeiro levado ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não expressou nenhuma palavra" (isaías 53:7 comparar com Mateus 26:63; 27:12; Marcos 15:5). Não teve em nenhum momento sequer qualquer de seus ossos quebrados, apesar das surras intensas que levou, tanto com o uso do chicote quanto das mãos violentas dos soldados romanos, quer com os cravos que foram usados para fixá-lo na cruz, quer por meio da lança do soldado que perfurou seu lado, quando já estava morto (Sl 34.20; João 19:31-37).
Note a evolução da revelação do plano de Deus: A intenção de Deus era que todos (cada uma das famílias) experimentassem a salvação. No início era um cordeiro por família (Êxodo 12:3,4). O conceito se expande e aqui vemos um cordeiro para toda a nação (João 11:49-52) e, finalmente, um cordeiro para o mundo inteiro (João 1:29). Ao cremos em Cristo, somos incorporados à família da fé (Gálatas 6:10; Efésios 2:19).
Jesus morreu na hora nona, mais ou menos às 15 horas. Porém, naquele tempo as horas não eram indicadas com precisão, como ocorre hoje. Assim sendo, é possível que Jesus tenha morrido entre 15 e 17 horas, tendo sido sepultado aproximadamente após as 17 horas (Mc 15.42), pois o sábado iria começar às 18 horas (Lc 23.54), e a Lei Judaica proibia o trabalho aos sábados e a permanência de um corpo morto na cruz (Dt 21.22,23; Jo 19.31). Assim sendo, a morte de Jesus foi mais rápida do que se esperava (Mc 15.44). Isto ocorreu por 4 motivos: (1) Jesus é o Cordeiro Pascal, e como tal deveria morrer no mesmo período do sacrifício da páscoa (Êx 12.6); (2) Suas pernas não poderiam ser quebradas para acelerar a sua morte (Jo 19.32,33; Êx 12.46; Nm 9.12; Sl 34.20); (3) Seu corpo não poderia permanecer no madeiro (Dt 21.22,23) e (4) O próprio Jesus rendeu o seu espírito (Jo 19.30; Jo 10.18; Jo 2.19). É tremenda a correspondência entre o sacrifício do cordeiro pascal no Antigo Testamento e de Jesus, o Cordeiro de Deus, no Novo: segundo a tradição, na hora do sacrifício da tarde no dia da Páscoa (Êxodo 12:6), o sumo sacerdote subia ao altar, cortava o pescoço do cordeiro com uma faca e pronunciava as seguintes palavras: "Está Consumado". Estas são as mesmas palavras que são pronunciadas após realizar uma oferta de paz com Deus. Ao mesmo tempo, Jesus expirou dizendo essas mesmas palavras (João 19:30).
Após ser morto e assado, o cordeiro deveria ser comido.A diferença está no sangue: enquanto no Antigo Testamento o sangue não deveria ser comido (era algo proibido), Jesus ordena que bebamos do Seu Sangue! A primeira vez que Ele mencionou isso os judeus se escandalizaram!
Na Ceia, nosso Senhor Jesus primeiro parte o pão aos seus discípulos, dizendo que aquele pão era o Seu corpo dado por nós. Comunhão do pão, que é o Corpo do Senhor. Quando eu me alimento do Corpo do Senhor, eu assimilo os nutrientes que preciso para manter as funções vitais espirituais: fé, paixão, santificação – vida do Espírito! Observe a ordem que os elementos aparecem na Ceia: O pão vem primeiro, antes do sangue. Na ordem da criação divina, primeiro é preciso formar o Corpo. Por isso, a Ceia é coletiva (onde estiverem dois ou três reunidos no nome do Senhor) e não particular. Somente com o Corpo formado é que vem o sangue! Jesus nos diz que apenas e somente se comememos Sua carne e bebermos o Seu sangue teremos vida em nós mesmos. É impossível ter vida sem comer da carne e beber do sangue do Senhor, e isso começa pela carne. Começa pelo Corpo. Não é possível viver a vida de Cristo fora do Seu Corpo, e isso é mais que frequência física. É possível frequentar a Igreja e não comer do Corpo e é possível não frequentá-la e mesmo assim comer do Corpo, pois Seu Corpo é de natureza espiritual e não física, presa a um local ou placa denominacional! Comendo o Corpo, o Senhor nos dará também a beber do Seu sangue, nos fazendo entrar no novo pacto: “novo pacto no meu sangue”. Note que somente o sangue do Senhor nos insere no Novo Pacto. Isso é porque a vida da carne (o Corpo) está no sangue - é preciso mais que ajuntamento para ter vida no novo pacto. Na verdade, somente o sangue nos possibilita vivermos a comunhão do Corpo (Lv 17.11; I Co 10.16).
Após sua morte, Jesus é sepultado. Por articulação de Caifás com Pilatos, foi dado ordem para que soldados tomassem conta do túmulo de Jesus (Mateus 27:62-66). Enquanto seu corpo jazia, Sua alma desceu às regiões inferiores da Terra, ao inferno, apregoando Sua vitória para então subir ao céu, levando consigo as almas daqueles que morreram crendo na promessa do Senhor. Ao terceiro dia, como Ele havia dito, Sua alma e espírito retornam ao Seu corpo e Ele ressuscita dentre os mortos! O poder de Deus abre o sepulcro e os guardas "tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos", frente a esse poder (Mt 28.4)! As mulheres que vão vê-lo ouvem do anjo que ali estava que Jesus havia ressuscitado e, mais um pouco, o próprio Senhor aparece a elas (Mt 28.2-10)! João registra que Maria Madalena não O havia reconhecido logo de primeira, mas depois Jesus se revela a ela (João 20:11-16). Jesus então aparece aos Seus discípulos, trancados, com medo dos judeus: "Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor" (João 20:19,20). Oito dias depois, Jesus aparece novamente aos discípulos e mostra-se ao incrédulo Tomé (João 20:26-29). Aparece então a mais de 500 irmãos e depois a Tiago e por fim a Paulo (I Co 15.6-8).
Concluindo: Jesus se encarnou, viveu e ministrou com Sua própria vida. Foi traído, julgado, espancado, zombado com toda forma de deboche possível, negado, rejeitado, condenado, crucificado, morto e sepultado. Ressuscita ao terceiro dia e sobe aos ceús, de onde um dia voltará para assumir Seu reino sobre a Terra e julgar vivos e mortos. Por Sua morte, Ele perdoa e absolve os pecados de quem Nele crê; porém, por Sua morte, Ele um dia condenará aqueles que não quiseram crer. Ele é o divisor, o separador de bodes e ovelhas, de ímpios e pios, de fiéis e infiéis. Ele é o princípio e o fim, o alfa e o ômega: há um princípio e há um fim para tudo e ambos são Jesus. Mortos e vivos, de todas as eras, de todos os povos e línguas e nações, de todas as religiões e credos e até aqueles que não tiveram qualquer religião ou credo, estarão um dia diante de Dele para serem julgados e terem a recompensa de suas obras e fé: "E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo" (Apocalipse 20:12-15).
Deus, no Antigo Testamento, passou por cima dos egípcios, matando todos os primogênitos daqueles que não tinham a marca do sangue do cordeiro. No Novo Testamento, o mesmo se repete e se repetirá, com uma exceção: não serão apenas os primogênitos, mas todos que não tiverem a marca do sangue de Cristo, oferecida de GRAÇA e pela GRAÇA a toda humanidade há mais de 2.000 anos! MAIS DE DOIS MIL ANOS DE OFERTA DE SALVAÇÃO! MAIS DE DOIS MIL ANOS DE CHAMADA AO ARREPENDIMENTO E A FÉ! Ninguém, jamais, poderá queixar-se de falta de oportunidade, recusando insistentemente os apelos de Deus. Deus avisa, Deus chama, Deus da chance, é paciente, é tolerante. Preservou as Escrituras, moveu homens para por ela morrerem; moveu novamente para que ela fosse traduzida do latim para a linguagem do povo, popularizando-a; moveu de novo, pela internet, onde há milhares de versões dela, blogs, estudos, comentários... tudo disponível, tudo acessível. Enviou Seu Espírito, para convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. Quem quiser conhecer a Verdade, portanto, poderá fazê-lo. Mas tudo tem um fim. Tudo tem um limite. Foi assim desde o princípio e assim será também no fim. Essa é a mensagem da Páscoa: vida e morte, fé e incredulidade, salvação ou perdição.
Pense nisso.
Graça, Misericórdia e Paz seja contigo!
1 Coríntios 5:7
Ainda há nos dias de hoje desinformação no que tange ao real significado da Páscoa.
ResponderExcluirCom isso se perde pepitas , que só aparecem quando são garimpadas no leito certo.
Muitos aceitam de pronto historietas , versões dadas pela tradição religiosa vigente.
Ao lermos sem o auxílio Daquele que inspirou o registro do fato, costumamos deixar de lado nuances importantes.
Faz-se necessário leitura cuidadosa, meditação e ajuda imprescindível do Espírito Santo.