domingo, 12 de novembro de 2023

RESULTADO DO NOVO NASCIMENTO PELO ESPIRITO SANTO: AS DUAS NATUREZAS E A GUERRA INTERIOR


¹⁶ Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
¹⁷ Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
¹⁹ Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia,
²⁰ Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
²¹ Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
²² Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. 

(Gálatas 5:16,17,19-22)

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Como vimos no artigo anterior (se quiser rever, clique aqui: A OBRA REDENTORA DE CRISTO NA ALMA HUMANA: O NOVO NASCIMENTO ), Jesus explicou a Nicodemos que a imperiosa necessidade do homem em relação a Deus é nascer de novo. O novo nascimento, com a implantação da natureza divina pelo Espírito Santo no interior humano quando este se identifica com Cristo e o reconhece como Seu único Salvador e Senhor. É preciso nascer de novo, uma vez que estamos mortos em nossos delitos pecados, como ensina o apóstolo Paulo (Efésios 2:1), sendo o novo nascimento então a nova geração da vida espiritual genuína (ou seja, aquela que volta-se exclusivamente para Deus) no espírito humano.

Parênteses: No que se refere à criação do homem por Deus, todo homem (e mulher) é composto por três partes: corpo, alma e espírito: "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo." (1 Tessalonicenses 5:23)  O corpo, parte física de quem somos, é a “tenda terrestre”, a conexão com este mundo, pelo qual experimentamos o reino natural. A alma é o centro das decisões. Na alma vive sua mente, vontade, emoções e personalidade e é a nossa parte espiritual, sendo criada por Deus quando Ele, em Gênesis, soprou nas narinas do corpo feito do pó da terra (parte física) o fôlego da vida: "E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente." (Gênesis 2:7). O espírito é a parte espiritual do homem que permite a conexão com Deus. É a parte mais íntima do seu ser, o seu centro, a fonte da sua identidade. O espírito é a parte mais profunda do nosso ser, que tem a função de possibilitar a comunhão perfeita com Deus. O espírito e a alma estão intimamente ligados; só Deus conhece a "linha divisória" entre eles, onde acaba um e começa o outro.

Nenhuma outra criatura foi criada por Deus com esta terceira parte, o espírito, apenas o homem. Sem o novo nascimento a comunhão com Deus, que é Espírito, é impossível. Com o novo nascimento, nosso espírito renasce, possibilitando com isso possamos ter comunhão com Deus. A alma, centro das decisões, pode assim escolher manter comunhão com Deus, usando para isso o espírito renascido. No entanto, perceba que o novo nascimento refere-se tão somente ao espírito humano. A alma é a mesma, e o corpo é o mesmo. Logo, como disse antes, há sempre uma escolha a ser feita pela alma: mantenho comunhão contínua com Deus ou não? 

Observe: independentemente do novo nascimento ou, indo mais além, de identificar-se com Cristo e reconhecê-Lo como Seu único Salvador e Senhor, o homem ainda é capaz de pecar. Sim, o novo nascimento não elimina de nós essa possibilidade; continuamos tendo a capacidade de fazer o mal, de errar. A alma pode escolher o errado, independentemente de poder, agora, escolher o certo; pode escolher desobedecer a Deus, independentemente de poder escolher obedecê-Lo. A conclusão é que com o novo nascimento, nós, que tínhamos uma única natureza - pecadores, passamos a ter duas naturezas. A Bíblia vai chamar essas duas naturezas de carne (ou seja, a velha natureza pecaminosa) e espírito (a natureza espiritual, gerada pelo novo nascimento). 

Cada uma dessas duas naturezas tem suas particularidades. A antiga natureza - carnal recusa-se a servir a Deus, inclinando-nos sempre para o terreno (o que a Bíblia vai chamar de mundo, sendo essa inclinação conhecida como mundanismo). Vai nos inclinar para a busca do atendimento das nossas concupiscências (nossos ardentes desejos pelos prazeres que satisfazem nosso ser, independente da natureza moral desses prazeres sob a ótica de Deus). 

Parênteses: Quando falamos em natureza moral dos atos e pensamentos humanos, estamos nos referindo sempre como Deus enxerga esses atos e pensamentos, nunca como a sociedade os vê. A moral da sociedade é, via de regra, contrária a moral de Deus, ensinando como certo aquilo que Deus vê como errado, ensinando como santo aquilo que para Deus é imoral, injusto e ímpio. É bom que fique claro que o padrão moral nunca, em hipótese alguma, será o padrão humano, mas sempre o divino, e que cada um de nós uma dia seremos julgados por Deus pelos nossos atos, analisados com base no padrão de Deus.  

A antiga natureza carnal produz, assim, as obras da carne, como Paulo fala às igrejas que estavam na região da Galácia - Derbe, Listra, Icônio e Antioquia, na Pesídia (leia mais sobre as obras da carne, clicando em: UMA PALAVRA SOBRE AS OBRAS DA CARNE EM TEMPOS DO FIM ). A lista paulina de obras que a carne naturalmente realiza não é exaustiva, mas é muito abrangente: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices e glutonarias - e "coisas semelhantes a estas", acrescenta o apóstolo, exortando-os mais uma vez dizendo que aqueles que cometem tais coisas "não herdarão o reino de Deus". Essas obras da carne são o produto natural da nossa natureza decaída, da nossa corrupção espiritual. Observe que Paulo diz que essas obras da carne "são manifestas", isto é, são bem conhecidas; o mundo está cheio de ilustrações do que a natureza humana corrupta produz, incompatíveis com a influência do Espírito de Deus. Quanto à existência e natureza dessas obras da carne, ninguém pode ignorar, pois estão diariamente diante de nós. São obras das trevas, nunca de Deus; quem as pratica, pratica as obras das trevas e, por implicação direta, do próprio príncipe das trevas, o diabo. 

Em oposição às obras da carne, Paulo fala sobre o fruto do Espírito. Aquelas no plural, pois são variadas; este no singular, pois é único. Esse fruto constitui-se dos aspectos do caráter de Jesus que o Espírito Santo forma no homem quando este é regenerado. Os aspectos individuais desse fruto não são graças isoladas, mas sim interligadas, brotando de uma única raiz e constituindo um todo orgânico, funcionando de modo conjunto na vida de quem nasceu de novo. As obras da carne não têm tal unidade e não são dignas de serem chamadas de fruto. Elas não são o que um homem deveria produzir, e quando o grande Lavrador chegar, não encontrará nenhum fruto ali, por mais cheia de atividade que tenha sido a vida da pessoa.

Agora, observe: o apóstolo Paulo vai dizer que o Espírito (Espírito Santo) e a carne (a natureza carnal) estão constantemente em oposição, um contra o outro. Enquanto o Espírito busca moldar em nós a vida de Cristo, a carne busca nos aprofundar em nossa natureza maligna. A questão aqui, portanto, é a quem serviremos: a carne ou ao Espírito? A quem permitiremos que tome conta da nossa vida? Antes, havia só a carne; agora há também a natureza espiritual, que pode estar ou não sob a influência de Deus. É cada alma que deve tomar essa decisão todos os dias da sua vida sobre a terra. 

Parênteses: É por causa das inclinações (decisões) da alma em direção à carne que vemos os mais escandalosos absurdos no meio cristão. Dar lugar à carne é muito mais fácil que dar lugar ao Espírito, porque dar lugar à carne é parte da nossa antiga natureza. Adultérios, prostituição, incesto, swing (troca de parceiros sexuais), poligamia, orgia, pornografia e todo os demais tipos de imoralidade sexual - práticas incluídas no termo fornicação, do grego porneia - tem sido práticas infelizmente vistas entre aqueles que se dizem cristãos (exemplo: https://revistamarieclaire.globo.com/Comportamento/noticia/2014/09/religioso-casal-cria-site-de-swing-para-troca-de-parceiros-cristaos-e-versiculos-da-biblia.html). Se forem realmente convertidas à Deus, essas pessoas precisam com urgência máxima reverem o que a Bíblia ensina sobre o pecado, se arrependerem e abandonarem essas práticas. O mesmo se aplica às demais obras da carne. O texto paulino é muito claro: o que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus, independente de membresia ou frequência à igreja. "Ficar fora do reino de Deus" é auto-explicativo, mas para não deixar dúvidas, significa ser condenado à perdição eterna! No entanto, quantas pessoas, que se autodenominam cristãs, vivem nelas e dizem que esperam pelo céu! No entanto, o apóstolo é bem claro quanto a isso, não apenas aqui em Gálatas mas em todas as suas epístolas: "Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis." (Romanos 8:13)    

Concluindo: No interior de cada crente em Cristo há uma grande batalha sendo travada: a batalha entre a carne e o Espírito. Eles estão em oposição contra um ao outro (Gálatas 5:17). O Espírito e a carne humana são conflitantes entre si de forma irreconciliável. O crente se vê dividido entre essas duas tendências, visto que possui em si mesmo, as duas naturezas que correspondem a essa luta, ou seja, o "velho homem" e o "novo homem".  Assim enquanto a carne nos “empurra” em uma direção, o Espírito de Deus nos puxa para outra: o Espírito Santo nos conduz a vivermos vidas santas; já a carne nos leva a vivermos no sentido contrário. É importante compreendermos que é impossível o cristão estar sobre influência do Espírito e da Carne ao mesmo tempo – ou um, ou outro dominam a nossa vida, cf. Gálatas 5:17. 

O fator decisivo no conflito, e que nos proporciona a vitória, é portanto a presença do Espírito. Sem isso, a fé cristã não seria melhor do que qualquer filosofia ou religião, e certamente não seria superior à lei. Mas é preciso permitir que o Espírito de Deus assuma o controle da nossa vida e isso todos os dias do nosso viver! Somos conclamados a odiar o pecado (a prática pecaminosa) com todas as nossas forças! Se somos realmente cristãos, ou seja, se realmente nascemos de novo, precisamos lutar contra a natureza pecaminosa que há em nós! Isso chama-se mortificação: "Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena" (Colossenses 3:5). Somos eu e você, querido(a) leitor(a), que devemos fazer morrer a natureza carnal. Ela não morre sozinha, é preciso matá-la todo o dia! Essas paixões carnais que nós temos não podem ser alimentadas, senão nós não conseguiremos vencê-las jamais e estaremos perdidos. É preciso lutar! Quanto mais lutarmos, mais fortes espiritualmente falando nos tornaremos (o que não significa imunidade ao pecado) e quanto mais fortes, mais devemos lutar!

Note: de acordo com o que estamos falando até agora, concluímos que nenhum cristão na face dessa terra, enquanto aqui estiver, nesse corpo, é impecável. Nenhum! Eu não sou, você também não é. Mas isso não significa que vamos viver na prática do pecado como se o pecado fosse correto, nós que da escravidão do pecado fomos libertos por Cristo! Eventualmente podemos errar e pecar, mas não devemos insistir no pecado, uma vez que sabemos muito bem como Deus vê o pecado. Pecou? Arrependa-se, peça perdão ao Senhor e busque não mais praticá-lo! Deus é fiel e justo; se confessarmos nossos pecados Ele irá nos perdoar: "⁸ Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. ⁹ Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. ¹⁰ Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós." (1 João 1:8-10) Assim, querido(a) leitor(a), se você, nascido de novo, pecou contra o Senhor, vá até Ele! Ele perdoa e purifica todo aquele que vai a Ele com sinceridade e verdade! Arrependa-se e confesse a Ele seu pecado, e então receba o perdão de Deus em sua vida!

Mas pastor, nunca haverá vitória definitiva sobre a natureza pecaminosa? Sim, querido(a) leitor(a), uma dia haverá a extinção completa dessa maldita natureza que nós possuímos, quando então seremos incorruptíveis eternamente diante do nosso Deus. Quando será isso? Quanto nos formos ressuscitados dentre os mortos por Deus (leia I Coríntios cap. 15). Todo aquele que nasceu de novo tem sobre si a promessa de ser corporalmente ressuscitado por Cristo, independentemente do tempo em que tenha morrido! Nossos irmãos e irmãs em Cristo, que faleceram no passado, por mais distante que sejam, um dia serão ressuscitados dos mortos! Todo aquele que creu em Jesus e O recebeu será ressuscitado! A morte física, para estes, não é um adeus, mas sim um até breve! Afirmo: nós tornaremos a ver aqueles que partiram para a eternidade antes de nós! Se filhos(as) de Deus, os veremos ressuscitados, com seus corpos glorificados! 

Para finalizar, o apóstolo Paulo apresenta um mistério: está prometida uma transformação desse corpo para o corpo glorificado do qual estamos falando, antes da morte! A isso chamamos de arrebatamento: "⁵¹ Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, ⁵² num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados." (1 Coríntios 15:51,52). Escrevendo aos Tessalonicenses, ele explica: "¹⁴ Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. ¹⁵ Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. ¹⁶ Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. ¹⁷ Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." (1 Tessalonicenses 4:14-17)

Para sua reflexão, ouça a música "O Rei Está Voltando", clicando no vídeo abaixo.

Sim, querido(a) leitor(a): Jesus está voltando! Ele virá mais uma vez a esta Terra, não como o Servo sofredor que Isaías descreve, mas sim como o Rei da Glória! A cada dia que passa mais próximo está o dia do retorno do Senhor; logo, menos tempo nos resta para tomarmos as decisões que implicarão em nosso destino eterno. Vamos falar sobre isso nas próximas postagens! Até lá!

Graça, misericórdia e paz sejam contigo!

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