domingo, 16 de janeiro de 2022

JERUSALÉM PARA EMAUS: LÁ E DE VOLTA OUTRA VEZ!


 Luc 24:13  Naquele mesmo dia, dois deles estavam de caminho para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.
Luc 24:14  E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas.
Luc 24:15  Aconteceu que, enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e ia com eles.
Luc 24:16  Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer.
Luc 24:17  Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos.
Luc 24:18  Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo: És o único, porventura, que, tendo estado em Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos dias?
Luc 24:19  Ele lhes perguntou: Quais? E explicaram: O que aconteceu a Jesus, o Nazareno, que era varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo,
Luc 24:20  e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.
Luc 24:21  Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia desde que tais coisas sucederam.
Luc 24:22  É verdade também que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo;
Luc 24:23  e, não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive.
Luc 24:24  De fato, alguns dos nossos foram ao sepulcro e verificaram a exatidão do que disseram as mulheres; mas não o viram.
Luc 24:25  Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
Luc 24:26  Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória?
Luc 24:27  E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.
Luc 24:28  Quando se aproximavam da aldeia para onde iam, fez ele menção de passar adiante.
Luc 24:29  Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia já declina. E entrou para ficar com eles.
Luc 24:30  E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu;
Luc 24:31  então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles.
Luc 24:32  E disseram um ao outro: Porventura, não nos ardia o coração, quando ele, pelo caminho, nos falava, quando nos expunha as Escrituras?
Luc 24:33  E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém, onde acharam reunidos os onze e outros com eles,
Luc 24:34  os quais diziam: O Senhor ressuscitou e já apareceu a Simão!
Luc 24:35  Então, os dois contaram o que lhes acontecera no caminho e como fora por eles reconhecido no partir do pão. 

A morte de Jesus causou uma explosão de sentimentos contraditórios nos discípulos. Ninguém esperava que Jesus morresse, mas que Ele triunfasse vitoriosamente sobre o Império Romano, se assentasse sobre o trono de Israel na condição de filho de Davi e, então, levasse Israel a ser o centro das nações. Ele estava morto, eles viram! E, porque viram Ele sofrer horrores e ser morto, perderam o ânimo e a fé. Eles haviam perdido a esperança. Afinal, como poderia aquele homem, que se dizia filho de Deus, ter um fim tão trágico? Sua esperança messiânica havia sido sepultada no túmulo de Jesus. E se isso sucedeu a Ele, muito pior lhes estariam reservados.

Eles estavam frustrados... com Deus, talvez a pior das frustrações! Quando a frustração acontece pela não-realização de projetos humanos, quando não se atinge o ideal pretendido, não realizando o projeto de vida, depois de algum tempo pode ser possível recomeçar. Quando as coisas não saem como era esperado, por exemplo um emprego, um casamento, um curso, etc., depois de um período de intensa frustração pode-se "levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima". Ainda assim é um percurso muito difícil de seguir, algo muito difícil de superar e há muitos que não conseguem fazê-lo. 

Mas e quando envolve a esperança naquilo que é espiritual, da parte de Deus? Como recomeçar um ministério, por exemplo, quando houve uma frustração com Deus por conta da primeira experiência altamente frustrante, onde não se viu sequer uma pequeníssima semente germinar depois de tanto esforço e dedicação, depois de abrir mão cotidianamente da própria vida em favor de pessoas que, ao final, se mostraram ingratas e traidoras? 

Quando Deus é o alvo das nossas frustrações, por entendermos que Ele não agiu conosco como esperávamos, o que levou a um fracasso em um projeto de vida nosso, o qual Ele mesmo nos incentivou a assumir, não resta mais esperança. Questionamos Deus e a nós mesmos e, com isso, entramos em um estado de depressão e tristeza. Veja por exemplo Jó: ele não entendeu porque estava vivendo todo aquele infortúnio e, para piorar ainda as coisas, vieram seus amigos acusá-lo, dizendo que aquilo que ele vivia era por pecado dele. O que aconteceu com Jó acontece conosco também: nas piores lutas da nossa alma, surgem irmãos e amigos com afirmações destruidoras sobre nós: "você está vivendo isso porque está debaixo do juízo de Deus sobre sua vida", "você abandonou Deus", "você abandonou o ministério", "você traiu Jesus", "você foi infiel no ministério", "mundano, que não ora e não jejua", "a igreja não cresceu por sua causa", "carnal", "inapto para o Reino de Deus", "sem chamado", e assim vai. Como essas palavras nos atingem, no profundo de nossa alma! Como dói ouvir essas coisas depois de anos e anos servindo! E, com isso, nosso foco passa, indiretamente, a ser o Senhor! Quem nunca "responsabilizou Deus" pelo fracasso experimentado, por não ter impedido ou por não ter atuado em seu favor quando tudo ocorreu??   É como diz a primeira estrofe da música "O Sonho Acabou", do grupo Roupa Nova:

Se uma voz não responde
A quem jurou tanto amor
Quer dizer que está perto do fim
Por ser de vidro se quebrou
Se quem jurou hoje vivi disse lembrar
Que sonhou não quer ver
Que o sonho acabou é hora
De se acordar

Quando isso tudo acontece, só nos resta uma coisa: voltar para as nossas próprias vidas, carregando nossas mágoas e frustrações. Exatamente isso aconteceu com aqueles dois discípulos.  Aqueles dois discípulos eram como homens que sobreviveram a um terremoto; eles estavam atordoados e frustrados, e se puseram a caminhar em direção a uma aldeia chamada Emaús, bem distante de Jerusalém, o então lócus onde todas as coisas vieram a acontecer. Note que as “coisas que aconteceram” encheram suas mentes e conversas.

O caminho de Emaús é o caminho de todo aquele que está frustrado com Deus, que esperava uma coisa e aconteceu outra totalmente diferente!

Emaús ficava distante de Jerusalém 08 milhas (aprox. 13 Km). Os dois discípulos estavam indo de Jerusalém para Emaús, onde estiveram por ocasião da Páscoa dos judeus. Estavam agora retornando para suas casas, no domingo da ressurreição. Em Jerusalém, foram testemunhas oculares dos horrores da crucificação. Quando perguntados sobre o que conversavam, pararam entristecidos. No original grego, o sentido do vocábulo “entristecidos” é “melancólicos”, indicando o ar abatido de uma profunda tristeza, acompanhada de dor e desprazer. 

Por que? Diante de tudo o que viram e ouviram sobre Jesus, das profecias, eles esperavam outro desfecho da história: “E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.” (vv. 19-24) Noutras palavras, “críamos que esse homem é que traria a nossa solução!” Eles estavam esperando outra coisa, outro desfecho! O discurso aqui é de alguém que está decepcionado, frustrado, alguém que tinha esperança mas que perdeu! Quantas pessoas não dizem: “ahhh..., eu esperava que essa Igreja fosse solucionar o meu problema!” “eu esperava que tudo fosse terminar de outra forma!”! Assim, muitas pessoas estão frustradas com Jesus!

No episódio, os 2 discípulos não entenderam o plano de Deus para Israel e para Jesus. Apesar de conhecerem os acontecimentos, eles não entendiam a Palavra de Deus e nem o próprio Deus! O próprio Senhor se aproximou a ia com eles. Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer. Então o próprio Senhor "puxou conversa" com eles: Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos, e lhe responderam “Como assim? Você não sabe o que aconteceu?’ Eles não reconheceram Jesus, apesar de serem seus discípulos (um deles era Cléopas = tio do Senhor; Jo 19.25, cf. Hegesipo, pai da Igreja). As palavras são de espanto e impaciência! Por conta da frustração, não O reconheceram! Muitos crentes que dizem conhecê-Lo o tratariam como estranho se Ele lhes aparecesse fisicamente por conta de suas frustrações e desânimos! 

“O que aconteceu a Jesus...” (v. 19). Na concepção deles, Jesus apesar de poderoso em obras e palavras, diante de Deus e todo o povo, acabou morto. UMA TORRENTE DE LAMENTAÇÕES POR CAUSA DO DESAPONTAMENTO, DA EVAPORAÇÃO DA ESPERANÇA! Bastava aplicar a lógica: “Se o poder de Jesus, que se dizia o messias, não foi o suficiente para salvá-lo das mãos do homem, o que mais resta esperar?”

Aqui, vale a seguinte consideração: a nossa lógica é sempre inferior à lógica divina. Na lógica humana, Jesus fracassou; na divina, foi a morte de Jesus a forma com que Ele triunfou sobre Seus inimigos! (Is 55.8,9) Quem se baseia na lógica humana para entender os caminhos de Deus acabará inevitavelmente frustrado e sem esperança. Quiçá até distante de Deus, de volta para o mundo,  acusando-O por suas mazelas pessoais! 

Eles relataram que algumas das mulheres foram ao túmulo do Mestre “mas não o viram” (v. 23). Para eles, a história da ressurreição era apenas estória das mulheres histéricas num estado psicológico de cumprimento desejado, revertendo a angústia profunda pela criação imaginária de um estado de euforia. “Elas disseram isso, disseram aquilo, mas não vimos nada!” Eles tinham medo de crer novamente! Aqui, mais uma vez a nossa lógica atua, levando-nos à dúvida e à incerteza. Na dúvida, ninguém merece crédito, nem Deus! Como crer num Deus que não faz as coisas do jeito que eu espero? Assim, a fé e a alegria que muitas pessoas expressam não passam de um estado psicológico criado pela própria pessoa. Por isso mesmo, ela acabará se frustrando ao final. Note que Jesus os chamou de “néscios e tardios de coração”:  abundou a lógica, mas faltou a fé. Eu comparo a fé é a um motor de propulsão; com ele, avançamos, sem ele estacionamos. Vale dizer aqui que o justo, para Deus, não é aquele que é sábio ou lógico segundo o mundo. O justo para Deus é, e sempre será, aquele que crê! A fé é a vida do justo! (Hb 10.38) É no Evangelho que se descobre a justiça de Deus de fé em fé! E esta fé não vem por ver, mas por crer sem ver, apenas tendo ouvido (Rm 1.17; 10.17). 

Assim, o caminho de Emaús é o caminho da frustração e do desânimo, causados pela aplicação da lógica humana no Caminho de Deus. Muitos crentes estão à caminho de Emaús, com medo de confiarem novamente, sem entender os acontecimentos na esfera do plano e da soberania de Deus. É um caminho muito longo e doloroso de ser percorrido, onde ninguém pode nos socorrer e que ainda há muitos para aumentá-lo. Somente o Senhor pode nos tirar desse caminho, fazendo-nos voltar a Ele. Ele apareceu àqueles dois discípulos e, após tratar com eles, levou-os de volta... de volta a Jerusalém, de volta da esfera do desânimo à esfera da fé a partir do reconhecimento de Jesus ressurreto! Jesus explicou àqueles discípulos tudo o que Dele constava nas Escrituras, desde Moisés à Malaquias. Explicou qual era o plano de Deus para o Messias.  

Para entendermos o plano de Deus para nossas vidas, precisamos ler e entender a Palavra de Deus, com as devidas explicações do Espírito Santo. É Ele quem nos leva a toda Verdade, que nos aponta quem é Jesus, que nos conforta e nos enche de fé novamente! Essa ação é exclusivamente Dele em nós e por nós! Só Ele sabe como tocar a ferida mais profunda da nossa alma com amor, carinho e poder, restaurando-nos em Sua presença!  

Esse entendimento não é meramente mental, mas espiritual; não é acadêmico, mas envolve a fé. Não é leitura passiva, mas ativa, com reflexão espiritual e aplicação direta. Ele, o Senhor, é que ressalta as Escrituras aos nossos olhos, vivificando a letra e dela fazendo espírito e vida! Observe o impacto que isso gerou: as Escrituras, explicadas pelo Senhor Jesus, mudaram a atitude daqueles discípulos. Jesus, tratado até então com impaciência, fora convidado a entrar na casa com eles. Aqui não posso deixar de citar um antigo hino, chamado "Divino Companheiro":

Fica Senhor, já se faz tarde
Tens meu coração para pousar
Faz em mim morada permanente
Fica Senhor, fica Senhor, meu salvador!
 

O clamor deles era "Fica Senhor! Fica aqui, comigo! Fica aqui no meu coração, na minha vida! Não me deixes só no caminho, mas ajuda-me até chegar!" Um clamor que o Senhor deseja que façamos! Jesus jamais recusará um convite para entrar na casa de quem o convidar, nem na vida de quem decidir abrir o coração para Ele, por pior que esteja! 

Quando o Senhor Jesus entra na casa ou na vida de alguém, saiba: ELE CEARÁ COM O DONO DA CASA, E ESTE CEARÁ COM O PRÓPRIO SENHOR! (Ap 3.20) Esta realidade é tremenda! Ele partiu o pão com os discípulos, quando então aqueles discípulos finalmente reconheceram que era o Senhor com eles. É no partir do pão que reconhecemos Jesus não como um ícone religioso, mas como Deus conosco, como Emanuel. O texto de Lucas traz uma importantíssima revelação: que o coração daqueles dois discípulos ardia enquanto o Senhor lhes expunha o que Dele estava predito! O nosso coração precisa arder com as Escrituras expostas pelo Espírito Santo, para que possamos convidar Jesus para entrar, cear com Ele e sermos curados pelo Senhor. Nessa hora é deixamos o emocionalismo humano dos cultos pomposos e cheios de brilho e passamos a ter a nossa fé verdadeiramente avivada. AVIVAMENTO DA FÉ SÓ VEM PELA PARTICIPAÇÃO NA PALAVRA E NA COMUNHÃO! Não por ostentação, por psicologia, por auto-ajuda dos pastores "coach" modernos.

Avivados pelo Senhor, retornaram naquele mesma hora para Jerusalém, a fim de relatarem a sua experiência.  De frustrados, deprimidos e desconsolados tornaram-se testemunhas da ressurreição de Jesus! Eles não foram repetir um credo. Não estavam seguindo a tradição judaica, ou católica, ou protestante. Não era um discurso, era o relato de uma experiência real com o Cristo ressurreto! É JUSTAMENTE ISSO QUE FALTA AO CRISTIANISMO MODERNO! Falta tremendamente uma experiência real com o Senhor!

Concluindo, o retorno a Jerusalém é o retorno à plena convicção, à inteira certeza de fé acerca da Vitória do Cordeiro! É experimentar o arder do coração pela presença do Senhor Jesus, é testemunhar Sua Vitória na Cruz. É receber de Deus a fé viva e real, de forma a viver na esfera da fé, servindo ao Senhor de acordo com o plano de Deus para sua vida e preparando-se para o regresso do Mestre!

Você está no caminho de Emaús, triste e frustrado? Está com o coração cheio de pesar e dor, por algo não ter saído como você planejou? Chutou o balde? A frustração e decepção podem ser tão intensas que passamos a ter idéias e pensamentos suicidas. Cogitamos acabar com a dor de nossa alma tirando a nossa própria vida. Você, querido(a), não está lendo esse texto por acaso: o plano de Deus é fazer arder o seu coração também! Ele está presente contigo, eu creio nisso, falando ao seu coração "eu te amo, não me esqueci de você! A sua dor eu quero curar e te encher de fé e alegria no Espírito Santo! O sonho não acabou, pois Eu, o Senhor, renovo sua esperança e fé! Sou eu que faço coisa nova; que faço caminho e rios na terra seca, nesse deserto que você está agora! Hoje dou um basta em tua frustração. Chega de ficar se lembrando das coisas passadas! Receba a minha presença, pelo Meu Espírito, em Seu coração nessa hora!".    

O que você deve fazer então, querido(a)? Abra a porta para Ele entrar. É simples. Permita-O entrar novamente na sua vida, nos seus sonhos e projetos, na sua família, no seu ministério! Ele mesmo diz que ceará com quem assim o fizer, ou seja estará em comunhão com essa pessoa! Daí você será cheio novamente e retornará ao plano de Deus para você, como testemunha da ressurreição do Senhor manifesta pelo poder de Deus na sua vida, para o centro de fé, numa nova perspectiva no Senhor!

Que Deus o abençoe! Graça, misericórdia e paz te sejam multiplicadas!

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Sermão dominical ministrado dia 22/09/2013.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

CASAMENTO: HOMEM E SUA MULHER CONFORME A VONTADE DE DEUS



Efs 5:22 As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor;
Efs 5:23  porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.
Efs 5:24  Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido.
Efs 5:25  Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,
Efs 5:26  para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra,
Efs 5:27  para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
Efs 5:28  Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama.
Efs 5:29  Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;
Efs 5:30  porque somos membros do seu corpo.
Efs 5:31  Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne.
Efs 5:32  Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.
Efs 5:33  Não obstante, vós, cada um de per si também ame a própria esposa como a si mesmo, e a esposa respeite ao marido. 

Muito tem sido falado sobre o casamento. As redes sociais "bombam" com conselhos para um bom casamento; no entanto, percebe-se que há uma mistura de opiniões e verdades pessoais, que muitas vezes se aplicam apenas àquele que aconselha. Além disso, há muita influência do movimento feminista, trazendo ainda mais tensão ao relacionamento entre esposo e esposa.  As "ênfases palpiteiras" sobre o papel de homens e mulheres dentro do relacionamento matrimonial, além de nada contribuírem para a qualidade de vida de ambos, vem produzindo um exército de pessoas frustradas, feridas e mal amadas. 

Por outro lado, infelizmente, há uma "pandemia" de abusos por parte de um dos conjugues - comumente pelo esposo contra sua esposa. Aponta-se que 1/4 das mulheres brasileiras sofrem violência doméstica: abuso emocional, físico, estupro marital e vários outros absurdos. 

Qual seria a solução? A psicologia não tem a resposta. O direito civil e a  criminalística também não. Os movimentos feminista e machista também não possuem a resposta ao problema. Na verdade, nenhuma iniciativa ou ação humana, centrada em princípios, valores, leis e regulamentos terrenos, terão qualquer impacto para a solução desse grave problema. O único que pode responder, definitivamente, os anseios e expectativas pessoais para um casamento feliz é o Senhor Deus. Deus, na condição de Criador do conceito e realidade da família humana é o Único que tem a resposta maior para os dramas familiares, para o relacionamento entre homem e mulher, o qual se revela cada vez mais confuso e conturbado. Em Sua eterna Palavra, a Bíblia, Ele "declarou ao homem o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus" (Mq 6.8), em todos os assuntos, incluindo o casamento. É de uma tremenda obviedade dizer que para conhecer os princípios divinos declarados para o casamento segundo a vontade de Deus é preciso ler a Bíblia e interpretá-la corretamente, identificando e extraindo dela esses princípios.  

Nota 1: Há uma imensa ignorância quanto a forma de interpretar as Escrituras - e isso em todos os assuntos. Inúmeros intérpretes adicionam, sem nenhum tipo de constrangimento ou temor, suas opiniões e verdades pessoais à interpretação, buscando fazer com que a Bíblia concorde com suas teses esdrúxulas. Como bem disse Jesus, o Senhor, com essa atitude essas pessoas estão "invalidando assim a palavra de Deus (Mc 7.13)." A Bíblia King James Atualizada, nesse texto do Evangelho de Marcos, afirma que essas pessoas estão "anulando a eficácia da Palavra de Deus".  Vale dizer que aqueles que assim procedem estão prestando um verdadeiro desserviço à causa do Evangelho. Eles jamais poderão ver a luz (Is 8.20). 

A primeira coisa que é preciso entender é que, segundo Deus, a família, iniciada por meio do casamento, é a primeira instituição estabelecida por Deus – heterossexual, monogâmico e indissolúvel. Deus instituiu a família para a realização de seu plano na humanidade, segundo seu propósito eterno. O desejo de Deus é abençoar a todas as famílias da terra mediante Jesus Cristo (At 3.25-26), e fazer a todos os homens membros de sua família eterna. Seu propósito é redimir e adotar como filho seu a cada ser humano. A família existe em função do propósito eterno de Deus. Ou seja, o propósito do casamento é a constituição da família! Logo, quem busca o casamento, deve ter isso na mente e no coração: "vou casar com A ou com B porque eu quero constituir com ele(a) uma nova família"!

Deus não estabeleceu a família para que ela fosse um nicho de conflitos, de desentendimentos, de violência física e verbal, mas um local de relacionamento íntimo entre homem e mulher, com seus filhos, refletindo continuamente a Sua imagem.  O Livro de Gênesis declara que "criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" (Gn 1.27). Acrescenta ainda que "Deus os abençoou" e lhes determinou que fosse fecundos, se multiplicando e dominando sobre o restante da criação (Gn 1.28). Nesse ponto, aprendemos que a família, instituída por Deus, é lugar de bênção, de harmonia e paz, de realizações em conjunto! Todos que compõem uma família - homem, mulher e filhos - tem de Deus a orientação de, juntos, trabalharem em prol do seu autodesenvolvimento emocional, profissional e social, contribuindo desse modo para que a Terra seja um lugar de paz e harmonia também! 

Portanto, uma família não deve ser um nicho de conflitos e guerras entre seus membros; não é esse o padrão de Deus.  Nesse sentido, devem ponderar homem e mulher se o casamento possibilitará esse autodesenvolvimento ou não, antes de se casarem. Haverá paz nesse futuro lar? Haverá harmonia? Comunhão? Entendimento mútuo? Perdão? Cada parte JAMAIS tomará qualquer atitude que ameace, ainda que de forma mínima, a aliança entre eles, ponderando sempre no que é melhor para o outro? Note: família não é lugar de individualismo, de egoísmo e de egocentrismo. Numa família eu não olho para mim - meus propósitos, meus anseios, meus sonhos, minhas vontades, etc. e, perdoe-me a expressão, que se dane o outro. Não! Família não é lugar do "eu e meu", mas sim do "nós e nosso", ao ponto de, se necessário, sacrificar projetos e anseios pessoais em prol da outro e da família! É lugar de entrega pelo outro!

O relacionamento entre homem, mulher e filhos deve estar baseado no relacionamento entre Pai, Filho e Espírito Santo - "à Sua imagem, conforme a Sua semelhança". Pai, Filho e Espírito Santo vivem continuamente em comunhão entre Si; nenhum deles faz qualquer coisa de forma independente! Quem crê que Deus é amor e que Ele é Pai, Filho e Espírito Santo tem que ver na família o arquétipo desse mistério eterno, sem a qual os homens, feitos à imagem e semelhança de Deus se tornam falsos deuses dês-relacionados e perversos.   

Mais uma vez, observe: a família começa no casamento e o casamento deve ser tal que a "com-vivência" seja vida em comum, não apenas no repartir o pão e a cama, mas principalmente o coração. O coração – e não a casa – é grande centro da vida na família. Nesse sentido, o coração pode assumir duas formas: (a) ele pode ser sensível aos anseios e ansiedades de quem amamos, fazendo com que a vida de um seja viver pelo outro ou (b) ele pode ser duro como uma pedra, esmagando insensivelmente toda vida, com seus sonhos e projetos conjuntos, que possa existir ou que tenha existido um dia (veja mais em: E EU VOS DECLARO...UMA SÓ CARNE! ). 

O Apóstolo Paulo trata justamente do coração de cada parte envolvida naquilo que é ou pode vir a ser mais do que um conjunto de desajustados vivendo debaixo de um mesmo teto, mas antes UMA FAMÍLIA DE VERDADE. Ele começa aconselhando a mulher para que ela seja para seu esposo mais do que uma mulher: SEJA PARA O SEU MARIDO UMA ESPOSA! Ser mulher é fácil, pois a mulher já nasceu com tudo o que precisa para ser mulher. A questão é ser esposa! Esposa é mais do que mulher: ela é companheira, ela é ajudadora idônea. ALGUÉM QUE CORRESPONDA.

Isso precisa ser bem esclarecido: o que é ser uma ajudadora idônea? É ser inferior? DE MODO ALGUM! Não há ajuda (emocional, física, sentimental, profissional, etc.) ou companheirismo quando há uma relação de inferioridade entre homem e mulher; ao contrário, há opressão! Uma ajudadora idônea é alguém que esteja ao nosso lado, e este alguém deve ser conveniente, adequado, apropriado para certas funções. Alguém capaz de ajudar-lhe ética e moralmente, uma companhia, ou seja, alguém com quem possa compartilhar sentimentos, emoções, preocupações, etc., alguém a sua imagem como que num espelho, o equivalente, a parte correspondente, que está diante, que possibilita uma relação mútua, que possibilita diálogo, que é capaz de construir uma vida em conjunto. Alguém que mesmo sendo distinto, ajusta-se perfeitamente. Esse conceito encaixa-se perfeitamente no conselho de Paulo: as esposas serem submissas aos seus maridos: esta submissão não é uma "sub-missão", uma missão inferior. Submissão vem do grego hipotasso, que significa “disposição para aceitar um estado de dependência; docilidade; ato ou efeito de submeter-se a uma autoridade”. Esse termo bíblico é composto por duas palavras, hipo (“debaixo”) e tasso (“acordo”), o termo significa literalmente "estar debaixo de um acordo", ou estar de acordo com, dando idéia de algo voluntário. A submissão da esposa implica uma atitude de humildade e de unidade com o marido. A mulher deve se sujeitar a seu marido, fazendo-se um com ele, sentindo o mesmo, tendo o mesmo propósito, o mesmo objetivo. Como a mulher deve submeter-se? Como ela faz para com o Senhor! Ou seja, submissão em amor! (veja mais em: A BÍBLIA PRECISA SER ATUALIZADA? UMA ANÁLISE REVISTA E CORRIGIDA DO ANTIGO DISCURSO ). A submissão da esposa ao esposo denota uma relação onde não há "eu mando e você obedece", mas sim uma relação onde "eu não sou o(a) dono(a) da verdade, assim o que é melhor para nós dois" "O que devemos fazer nesse caso"? Novamente, isso exclui toda soberba e todo individualismo,  egoísmo e de egocentrismo, uma vez que eu reconheço que o outro tem plenas condições de entender e ajudar a construir a solução mútua! A sujeição faz com que dois sejam um, sentindo o mesmo, tendo o mesmo propósito, enriquecendo um ao outro e a sua sua família espiritual, moral e culturalmente.  Afinal, como disse Adão, a mulher é "carne da minha carne, ossos dos meus ossos" e, portanto, não deve ser menosprezada ou inferiorizada! Para o esposo, humanamente falando, do ponto de vista terreno, a sua esposa deve ser a mais importante pessoa da Terra! A esposa está para seu marido como a Igreja está para Cristo. Assim como a Igreja se faz uma com Cristo, assim a esposa se faz uma com seu marido!

Portanto, para ser esposa, segundo o padrão bíblico, a mulher deve fazer algo que é muito difícil para ela: se sujeitar ao seu esposo. Assim, querida, se você é individualista, egocêntrica, egoísta, dona da verdade e cheia de razões, etc., meu conselho é NÃO CASE! Viva a sua vida!

Depois de se dirigir às mulheres para que sejam esposas, Paulo segue a exortação aos maridos, para que sejam esposos! Para ser homem basta nascer, para ser marido basta estar casado, é moleza! Mandão, grosso, insensível, vive para ser servido a tempo e hora... isso é parte da natureza humana sem Deus e traz grande estrago dentro do casamento. Mas ser esposo, companheiro da esposa, é preciso algo que os homens têm grande dificuldade de fazer: AMAR SUAS ESPOSAS! Amar aqui não é sinônimo de sexo, ainda que isso tenha o seu lugar no casamento. Também não é sinônimo de presentinhos ou jantares ou passeios. Tudo isso tem o seu lugar. Amar aqui é algo superior mas que precisa ser feito: É DOAR-SE! Note: “maridos amai vossas mulheres como também Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela (vv. 25). O amor de Cristo por sua Igreja levou-o a se entregar por ela; Ele morreu na cruz por Sua Igreja, sem pensar duas vezes! O verdadeiro amor é serviçal, se entrega, se nega a si mesmo e se sacrifica pelo bem da pessoa amada. O amor é sincero, puro e constante, apesar das eventuais falhas da esposa!

O esposo cristão é o primeiro a servir, em esforçar-se e dar sua vida para o bem de sua esposa. O que precisa ser doado? A própria vida! Os interesses da esposa e seu bem-estar, sua realização pessoal, sua segurança, sua saúde emocional, sexual e física predominam sobre os interesses individuais; a necessidade da esposa predomina sobre a necessidade do esposo - SEMPRE! Logo, o esposo cristão é amável, carinhoso, delicado e bondoso. Nas palavras e na conduta do marido deve manifestar-se o amor de Cristo e suas virtudes de caráter pela sua esposa, ao ponto de abrir mão de si mesmo por ela! Ela é SEMPRE a prioridade, não você!

Paulo diz o cuidado e a proteção pela esposa deve ser a práxis dos maridos: “Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja” (vv.29)Do mesmo modo que cada um atende e cuida de seu corpo, o marido deve atender e cuidar de sua esposa, pois é um só corpo com ela. Deve prover para suas necessidades materiais, físicas, emocionais e espirituais. Lembre-se: A maior necessidade existencial da esposa é sentir-se amada, honrada e protegida por um marido que a ama em verdade (na prática do dia-a-dia)! O marido, portanto, não pode ser um animal dentro de casa, impaciente, um estúpido e grosseiro sem amor ou compaixão. Se você, querido(a), é sem paciência, só pensa em si mesmo e tem na mulher um simples objeto para satisfazer suas necessidades sexuais, meu conselho é NÃO CASE! Vá viver sua vida e não perturbe a vida dos outros!

Qual é o alvo do esposo relativamente à sua esposa? Apresentá-la a si mesmo como Cristo fez com a Igreja: “Para a apresentar a si mesmo “esposa” gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.” (vv. 27, modificado) Esposa gloriosa (gr. endoxos): esposa cheia de glória, plena, honrada, esplêndida, admirável e brilhante! Essa é a razão maior do marido ser esposo, amando sacrificialmente sua esposa: ela deve ser cheia de glória! Nesse sentido, é muito muito interessante perceber que a submissão da esposa ao esposo e o amor do esposo pela esposa tem como objetivo final a glorificação da esposa (tanto humano quanto espiritual). Uma esposa oprimida e humilhada, que sofre com todo tipo de abuso dentro do casamento jamais poderá ser auto-apresentada por seu marido como esposa gloriosa, muito pelo contrário.  Quem não ama sua esposa, jamais poderá apresentá-la como esposa; jamais poderá ser bênção para ela. Ela será sempre considerada por você como a pária, a problemática, incapaz, etc.. Quem é incapaz de amar a esse nível, não deve jamais se envolver com casamento.

Por fim, estejamos seguros: Haverá falhas e defeitos de ambos os lados, no estado atual da natureza humana, mas isso não altera a relação do casamento. Todos os deveres do casamento estão incluídos na união e no amor. E enquanto adoramos e nos regozijamos no amor condescendente de Cristo, que maridos e esposas aprendam assim seus deveres um para com o outro. Assim, os piores males serão evitados e muitos efeitos dolorosos desses males serão também evitados.

Pense nisso!

Graça e paz!

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Sermão dominical, ministrado pelo autor no dia 12/02/2012.