segunda-feira, 25 de junho de 2018

QUANDO VOCÊ ESTÁ FERIDO

Remexendo meus e-mails antigos (de 2006), encontrei esse texto, de autoria do Pr. David Wilkerson, a qual havia compartilhado com um irmão em Cristo que estava vivendo um problema em sua vida e pensando em desistir. Reproduzo aqui.

Deus seja louvado!

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QUANDO VOCÊ ESTÁ FERIDO
Por: Pr. David Wilkerson
link: http://www.tscpulpitseries.org/portuguese/tshurt.htm
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De um jeito ou de outro, todos nos ferimos. Estamos todos no mesmo bote. Até as multidões cheias de riso e de ôba-ôba se machucam. Tentam esconder a dor com bebidas e brincadeiras - mas ela não se vai. Quem se fere? Os pais de um filho ou uma filha esbanjadores, pródigos. Milhões de pais são feridos profundamente por um filho que rejeita seus conselhos. Pais amorosos sofrem pela decepção e delinqüência do filho, que antes era amoroso e bom.

As vítimas dos lares partidos estão feridos. A esposa abandonada, foi rejeitada pelo marido por outra mulher. O esposo que perdeu o amor da esposa. As crianças que perderam sua segurança.

Outros sofrem de enfermidades. Câncer, problemas de coração e uma multidão de outras doenças humanas. Ouvir do médico: “Você está com câncer - você pode morrer!” é aterrador. Em verdade, muitos dos que estão lendo esta mensagem experimentaram esta dor e esta agonia. Namorados rompem. Um garoto ou uma garota vai embora, pisando em cima daquilo que já foi um belo relacionamento. Só resta um coração partido, ferido.

E os desempregados? Os desanimados, cujos sonhos morreram? Os presos? O encarcerado? O homossexual? O alcoólatra? É verdade! De um jeito ou de outro - todos nos machucamos. Cada pessoa na terra carrega sua própria carga de dor e de mágoa.

Não Há Cura Física

Quando a dor é profunda, ninguém nesta terra consegue interromper os medos íntimos e a mais profunda das agonias. Nem o melhor dos amigos pode entender na realidade a batalha que você está enfrentando, ou as feridas que lhe foram impostas.  Só Deus pode deter as ondas de depressão, e a sensação de solidão e de fracasso que caem sobre você. Unicamente a fé no amor de Deus pode libertar a mente ferida. O coração ferido e partido que sofre em silêncio, só pode ser curado por uma obra sobrenatural do Espírito Santo - e nada menor que a intervenção divina realmente funciona.

Deus tem de intervir e assumir o controle. Ele tem de deter o andamento de nossas vidas quando chega o ponto de rotura; e esticando Seus braços amorosos, trazer para a Sua proteção e Seu cuidado, aquele corpo e aquela mente feridos. Deus tem de surgir como Pai cuidadoso, e demonstrar que está presente, fazendo com que as coisas resultem no bem. Ele precisa, através de Seu próprio poder, dispersar as nuvens carregadas, afastar o desespero e a amargura, enxugar as lágrimas - e substituir o sofrimento pela paz de espírito.

Por Que Eu - Senhor?

O que machuca mais é que você sabe que seu amor por Deus é grande - contudo, parece que não dá para entender o que Ele está tentando produzir na sua vida. Você iria entender o porquê de as orações não serem atendidas, se fosse frio em relação ao Seu amor. Caso estivesse fugindo de Deus, provavelmente entenderia porque as provações e os severos julgamentos continuam chegando. Se fosse um pecador derrotado, que despreza as coisas de Deus, você poderia chegar a pensar que merecesse um sofrimento atroz.

Mas você não está fugindo; não está rejeitando-O de nenhuma maneira. Você anseia cumprir Sua perfeita vontade; deseja ardentemente servi-lO com tudo que há em você. E é isso que faz com que sua dor seja tão debilitante. Faz você achar que há alguma coisa muito errada consigo. Você questiona a sua profundidade espiritual; e às vezes, até questiona a sua sanidade mental. De algum lugar lá no fundo, uma voz sussurra: “Talvez eu tenha algum defeito! Vai ver que estou sofrendo tanto porque Deus não vê nada de bom em mim! Devo estar tão fora da Sua vontade, que Ele tem de me disciplinar para me tornar obediente.”

Os Amigos Se Esforçam Muito Para Ajudar

Um coração machucado ou partido causa a dor mais lancinante conhecida pelo homem. A maioria das outros sofrimentos humanos são só físicos. Mas um coração ferido, carrega uma dor que é ao mesmo tempo física e espiritual. Os amigos e os queridos podem ajudar a amenizar a dor física de um coração partido. Quando estão lá, sorrindo, amando e cuidando, a dor física se atenua, e há um alívio passageiro. Mas a noite cai, e com ela vem o terror da agonia espiritual.

A dor sempre piora à noite. A solidão cai como uma nuvem quando o sol desaparece. O sofrimento explode quando você está sozinho, tentando entender como se confrontar com as vozes e os temores interiores que continuam vindo à tona.

Os seus amigos, que realmente não compreendem o que você está enfrentando, oferecem todos os tipos de solução fácil. Ficam impacientes com você. Estão muito felizes e despreocupados na ocasião, e não entendem por que você simplesmente não “sai dessa”.

Suspeitam que você esteja se entregando à autocomiseração. Ficam lembrando que o mundo está repleto de pessoas desanimadas e feridas, que sobreviveram. O mais comum, é que desejem orar aquela oração “que se faz uma única vez, cura tudo, resolve tudo”. Mandam você “liberar a fé, reivindicar uma promessa, confessar a cura, e sair do desespero.”

Tudo isto está certo e é bom, mas é uma pregação que geralmente vem de cristãos que nunca conheceram muito sofrimento em suas próprias vidas. São como as “babás” de Jó, que tinham todas as respostas - mas que não conseguiram aliviar a sua dor. Jó disse o seguinte sobre eles: “vós todos sois médicos que não valem nada”.

Graças a Deus pelos amigos bem intencionados, mas se eles experimentassem a sua agonia só por uma hora, iriam mudar a conversa. Se estivessem em seu lugar só um pouquinho, sentindo o que você sente, vivendo a dor íntima que está carregando, lhe diriam: “Como você agüenta? Eu não suportaria isto.”

O Tempo Não Resolve Nada!

E existe a velha frase: “o tempo resolve tudo.” Dizem para você agüentar um pouco, sorrir, e esperar que o tempo anestesie a sua dor. Mas tenho a suspeita de que todas as regras e as frases sobre solidão são cunhadas por pessoas felizes e saudáveis. Soam bem - mas não é verdade. O tempo não resolve nada - só Deus resolve. Quando você está ferido, o tempo só amplia a dor. Os dias e as semanas se arrastam e a agonia insiste. A dor não cessa, não importa o que diga o calendário. O tempo pode abafar a dor no interior da mente, mas uma mínima lembrança pode trazê-la à tona.

Na verdade, nem ajuda muito saber que cristãos sofreram antes de você, ao longo da história. Você se identifica com o sofrimento dos personagens bíblicos que sobreviveram à terríveis experiências de dor. Mas saber que outros enfrentaram enormes batalhas não acalma a dor do seu peito. Ler como saíram vitoriosos de suas batalhas - e você ainda não conseguiu isto - só aumenta a dor. Faz você achar que eles estavam muito próximos de Deus para receber tamanhas respostas às suas orações. E faz com que se sinta sem valor diante de Deus, pois seus problemas continuam, apesar de todos seus esforços espirituais.

Problema Em Dobro

Raramente as pessoas se machucam só uma vez. A maioria dos feridos pode lhe mostrar outros machucados também. É dor em cima de dor. Um coração partido, geralmente é sensível, frágil. É facilmente magoado porque não é protegido por uma casca dura. A brandura é confundida com vulnerabilidade pelo coração de casca dura. O silêncio é interpretado como fraqueza. Entrega total de si mesmo é tomada por “atitude muito drástica”. O coração que não teme admitir sua necessidade de amor, é mal interpretado como “muito direcionado ao sexo.”

Segue-se, então, que um coração sensível que busca amor e compreensão, em geral é o mais fácil de ser partido. Corações abertos e que confiam, geralmente são mais machucados. O mundo está cheio de homens e mulheres que rejeitaram o amor oferecido por um coração suave e terno. Os corações fortes, cobertos por carapaça dura e que não confiam em ninguém, corações que dão muito pouco - corações que exigem que o amor constantemente lhes seja provado - corações calculistas - corações que sempre manipulam e cuidam só de si - corações que temem correr riscos, estes corações raramente se partem. Não se ferem porque não há o que os fira.

São muito orgulhosos e muito egoístas para permitir que alguém os faça sofrer de alguma maneira. Eles saem ferindo o coração dos outros e atropelando as almas frágeis que tocam suas vidas - simplesmente porque são tão compactos e embotados em seus corações, que acham que todos deveriam ser como eles. Corações duros não gostam de lágrimas. Detestam se comprometer. Sentem-se sufocados quando lhes pedem para compartilhar seus próprios corações.
 
Os Ofensores Não Saem Fácil!


Parte da dor que um coração ferido tem de agüentar é saber que o ofensor, o agressor, sai impune. O coração diz: “Eu fui o ofendido e o ferido, e mesmo assim, tenho de pagar o preço. O ofensor fica livre, em vez de pagar pelo que fez.” Este é o problemas das cruzes - geralmente crucificam a pessoa errada. Mas Deus guarda os livros, e no dia do Juízo, os livros serão avaliados. Mas mesmo nesta vida, os ofensores e os que ferem as pessoas pagam um alto preço. Não importa como tentem justificar seus atos ofensivos, não podem secar o choro daqueles a quem ofenderam. Como o sangue de Abel que clamava da terra, o grito de um coração machucado pode penetrar a barreira do tempo, do espaço, e aterrorizar o mais duro dos corações. As dores geralmente são produzidas por mentiras claras. E todo mentiroso com o tempo é levado à justiça.

Haverá um bálsamo para um coração ferido? Haverá cura para aquelas feridas profundas, interiores? Será que os pedaços podem novamente ser juntados, e o coração se tornar ainda mais forte? Será que a pessoa que conheceu uma dor e um sofrimento tão terrível, pode se levantar das cinzas da depressão e encontrar uma nova maneira de viver, mais poderosa? Sim! Definitivamente sim! Caso não fosse assim, a palavra de Deus seria uma piada e o próprio Deus seria um mentiroso. E não é assim!

Quero compartilhar com você alguns pensamentos simples, sobre como lidar com a sua dor.

1. Pare de Tentar Descobrir Como e Por Que Você Foi Ferido!

O que lhe aconteceu se trata de um sofrimento muito comum na humanidade. O seu caso não é o único. Pertence à natureza humana . Neste ponto, não adianta nada saber se você estava certo ou errado. O importante agora é a sua disposição de prosseguir em Deus, e de confiar em Suas misteriosas operações na sua vida.

A Bíblia diz: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma cousa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (I Pedro 4: 12-13). Deus não prometeu um modo de vida desprovido de dor. Prometeu “um escape” (livramento). Prometeu ajudar a tolerar a sua dor; força para novamente lhe colocar em pé, quando a fraqueza lhe deixa tonto. Muito provavelmente, você fez o que era preciso.

Moveu-se dentro da vontade de Deus - seguindo o coração com honestidade. Você ingressou nela de coração aberto, desejando dar-se de si. O amor foi a sua motivação. Você não interrompeu a vontade de Deus - outra pessoa o fez. Se isto não fosse verdade, você não seria a pessoa que está sofrendo tanto. Você está sofrendo por tentar ser honesto.

Você não consegue entender porque as coisas explodiram na sua cara, quando parecia que Deus estava guiando tudo. O seu coração fica perguntando: “Prá começar, por que Deus permitiu que eu entrasse nesta, sabendo que nunca iria dar certo?” Mas a resposta é clara. Judas foi chamado pelo Senhor. Estava destinado a ser um homem de Deus. Foi escolhido à mão pelo Salvador. Poderia ter sido poderosamente usado por Deus. Mas Judas abortou o plano de Deus. Partiu o coração de Jesus. Aquilo que havia se iniciado como um belo e perfeito plano de Deus, terminou em desastre, porque Judas escolheu os seus próprios caminhos. O orgulho e a teimosia destruíram o plano de Deus em ação.

Então, lance fora as suas culpas. Pare de se condenar. Pare de ficar tentando descobrir o que fez de errado. O que conta realmente para Deus é o que você está pensando neste instante. Você não errou - o mais provável é que simplesmente tenha dado em excesso. Como Paulo, você deve dizer: “...(Eu) amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (2 Coríntios 12:15).

 2. Lembre-se de Que Deus Sabe Exatamente o Quanto Você Pode Agüentar - E Não Permitirá Que Chegue ao Ponto de Explodir!

O nosso Pai amoroso diz: “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (I Coríntios 10:13).  A maior das blasfêmias é imaginar que Deus esteja por trás do seu sofrimento e da sua dor; que se trata da disciplina do Pai celestial; que Deus ache que você precisa de mais um ou dois ofensores antes que esteja pronto para receber Suas bênçãos. Não é assim!

É verdade que Deus corrige a quem ama. Mas essa correção é só por um período, e não deve nos machucar. Deus não é o autor da confusão em sua vida. Nem você. É a falência humana. É o inimigo semeando ervas daninhas no campo do seu esforço. Trata-se do engano dentro de outra pessoa perto de você, pessoa essa que perdeu a fé em Deus. O inimigo tenta nos agredir através dos outros seres humanos, assim como tentou agredir Jó através da esposa incrédula.

O seu Pai celeste cuida de você com um olho que não pisca. Cada movimento é acompanhado. Toda lágrima é pesada. Ele Se identifica com cada uma de suas dores. Sente cada machucado. E sabe quando você foi exposto à excessiva perturbação por parte do inimigo. Intervém e diz: “Chega!” quando o ferimento e a dor deixam de levá-lo mais próximo do Senhor - quando, em vez disto, começam a rebaixar sua vida espiritual. Deus assume. Não permitirá que um confiante filho seja rebaixado devido ao excesso de dor e agonia na alma.

Quando a mágoa começa a agir em favor de uma desvantagem sua, quando começa a atrasar o seu crescimento, Deus age para colocá-lo acima das batalhas por um tempo. Nunca permitirá que você se afogue em lágrimas. Não permitirá que a dor deteriore sua mente. Ele promete chegar na hora certa, para enxugar as suas lágrimas e lhe dar alegria em lugar do pesar. A palavra de Deus diz: “Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30:5).

3. Quando a Dor Chegar ao Máximo, Vá ao Seu Lugar Secreto e Derrame Todas as Lágrimas do Desespero.

Jesus chorou. Pedro chorou - amargamente! Pedro carregava consigo a dor de negar o próprio Filho de Deus. Ficou andando só pelas montanhas - chorando de tristeza. Aquelas amargas lágrimas produziram nele um suave milagre. Ele voltou para abalar o reino de Satanás.

Uma senhora que sofrera uma mastectomia escreveu um livro intitulado: “First You Cry” (Primeiro Você Chora). Há pouco conversei com um amigo que acabara de ser informado de ter câncer terminal. “A primeira coisa que você faz”, disse, “ é chorar até acabar todas as lágrimas. Aí, você começa a chegar mais perto de Jesus, até que sabe que Seus braços estão lhe abraçando apertado.”

Jesus jamais afasta o olhar de um coração que chora. Ele diz: “...a um coração quebrantado...não desprezarás (não desprezarei)” [Salmo 51:17]. Nem uma vez o Senhor dirá: “Vire-se! Vá lá tomar seu remédio! Cerre os dentes e seque as lágrimas.” Não! Jesus guarda todas as lágrimas em Seu recipiente eterno.

Você está ferido? Gravemente? Então vá em frente e chore! E fique chorando até as lágrimas pararem de correr. Mas deixe que estas lágrimas se originem só da dor - e não da incredulidade ou da autocomiseração.

4. Convença-se de Que Vai Sobreviver -Você Vai Sair Desta -Convença-se de que, Vivo ou Morto, Você Pertence ao Senhor!

A vida continua. Você fica surpreso do quanto se pode agüentar quando Deus ajuda. Felicidade não é o viver sem dor ou mágoas. De jeito nenhum. A felicidade verdadeira é aprender como viver um dia de cada vez, a despeito de todo sofrimento e da dor. É aprender como se alegrar no Senhor, não importando o que tenha acontecido no passado. Você pode sentir-se rejeitado. Pode sentir-se abandonado. A sua fé pode ficar débil. Você pode achar que chegou ao fim. Pesar, lágrimas, dor e vazio podem lhe devorar às vezes - mas Deus ainda está em Seu trono. Ele ainda é Deus!

Você não pode se ajudar! Não consegue interromper a dor e o sofrimento. Mas o nosso bendito Senhor lhe buscará - e colocará Sua mão amorosa sob você e o elevará para se assentar outra vez nos lugares celestiais. Ele lhe livrará do temor da morte. Revelará Seu infinito amor por você.

Olhe para cima! Encoraja-se no Senhor. Ao ficar coberto pelo nevoeiro, quando não vê saída para o seu dilema, deite-se nos braços de Jesus e simplesmente confie nEle. Ele é Quem tem de fazer tudo! Ele quer a sua fé - a sua confiança. Ele quer que você grite alto: “Jesus me ama! Ele está comigo! Ele não vai falhar! Ele está resolvendo tudo neste instante! Não serei rejeitado! Não serei derrotado! Não serei uma vítima de Satanás! Não vou perder o juízo e nem o rumo! Deus está do meu lado! Eu O amo - e Ele me ama!”

O ponto principal é a fé. E a fé repousa nAquele que é Absoluto - “Toda arma forjada contra ti não prosperará” (Isaías 54:17). 



domingo, 10 de junho de 2018

ENTENDENDO O MINISTÉRIO PASTORAL A LUZ DA BÍBLIA

"Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas. E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor." (Efésios 4:10-16)

O texto de Efésios fala sobre os homens-dons, dados por Cristo, em sua ascenção ao céu. Paulo lista 5 tipos de homens-dons, todos resultado da vitória de Cristo na cruz: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (ou doutores, noutras versões). É possível afirmar, portanto, que esses homens-dons são uma expressão limitada e específica do ministério plural de Cristo sobre a Terra.  Limitada, porque em Cristo "habitava corporalmente toda a plenitude da Divindade" (Cl 2.9) enquanto o mesmo não se repete em nossas vidas; nesse caso, temos um dom perfeito dado a um homem imperfeito o qual, por sua vez, vai aperfeiçoando a si mesmo no uso desse dom a medida que vai exercendo. Específica, porque enquanto Cristo possuía a plenitude, os homens tem apenas uma expressão singular dessa plenitude. Assim, quem equipara Cristo e os homens, colocando-os no mesmo patamar de igualdade, comete grave erro; o mesmo erro que o ex-querubim cometeu em tempos imemoriais.

Analisando um pouco mais esse texto de Efésios, vemos que todos os dons listados tem em princípio a mesma função: "com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo".  Aperfeiçoamento para desempenho do serviço, ato contínuo que Paulo denomina "edificação do corpo de Cristo". Aperfeiçoamento vem do grego "katartismos", significando um "ajuste correto, ajuste exato que descreve como (permite) que as partes individuais trabalhem juntas na ordem correta". O que se tem em mente aqui é que o serviço dos santos é sinergístico, "o efeito ativo e retroativo do trabalho ou esforço coordenado de vários subsistemas na realização de uma tarefa complexa ou função". Há, portanto, uma complementariedade inevitável no serviço cristão: o serviço que um indivíduo pode - e deve - prestar é importante para outro e para o serviço que esse outro presta e assim sucessivamente. Ninguém, portanto, trabalha sozinho ou para si mesmo. No entanto, para que esses serviços possam "se encaixarem" perfeitamente, Cristo deu dons aos homens.

Como Cristo deu dons aos homens, muitos tendem a medir o desempenho do exercício desses dons usando como padrão o ministério terreno de Cristo. Ou seja, buscam infalibilidade ministerial, estando sempre muito preparados para ferozmente criticarem todo erro que julgaram encontrar na pessoa-dom. É interessante que esses críticos plantonistas eles mesmos possuem dons (I Co 12 e 14) e abusam do direito de errarem - erros em diaconia, erros em profecia (profecias da carne), erros no ensino, erros no aconselhamento, etc. - e mesmo assim consideram-se em condições de criticar os erros dos outros. Isso me faz lembrar sobre a trave no olho: "Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão." (Mt 7.3-5) Obviamente, não estou me referindo aqui ao mau-caratismo de alguns que se intitulam e se promovem a si mesmos, sem sequer serem cristãos verdadeiros (como falsos profetas e falsos apóstolos, etc.). Estou me referindo às relações dentro do corpo de Cristo.

Outro tipo de erro muito comum, no que se refere especificamente ao ministério pastoral, é compará-lo com a atividade pastoril.  Comparar um pastor de gente com um pastor humano nos força, obrigatoriamente, a comparar uma pessoa com uma ovelha (animal) em todos os aspectos, tal e qual no primeiro caso. Daí, vamos acabar concluíndo que gente só serve para o abate (virar churrasco) e para produção (de lã e de leite); passou disso, não serviriam para mais nada.  Obviamente, isso é um absurdo!


O termo “pastor” é uma metáfora do Antigo Testamento, e, juntamente, com as demais expressões de liderança espiritual na Igreja, aplica-se ao cuidado amoroso, respeitoso e dedicado de um pastor em favor de sua comunidade local. Sobre essa atividade, as epístolas pastorais estão repletas de direção e recomendações acerca do serviço a ser desempenhado. Expressões como "admoestar" (exortar) sirgem com muita frequência; outras expressões como "suplicar" (em favor de todo os homens), "alimentar" (com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido; I Tm 4.6), "rejeitar", "ordenar e ensinar", "tornar-se padrão", "repreender" (na presença de todos), "não impor precipitadamente as mãos", e muitas outras. Não há nenhuma expressão, no entanto, que ligue o exercício do ministério pastoral com a atividade pastoril, diretamente transposta. Não há algo como "defenda o crente do inimigo", como querem alguns a partir de um erro crasso de interepretação bíblica (com base numa má exegese de João 10). Com relação ao inimigo, o ministério pastoral (pastor de gente) atua, no máximo, no ensino bíblico e na correção dos desvios, no tratamento disciplinar e na oração.

Quem nos guarda do maligno é o Senhor Jesus, guardando tanto os crentes como os pastores (que também são crentes)! Ele é o bom pastor (Ele mesmo disse isso), que dá a vida pelas suas ovelhas, como de fato Ele o fez, na cruz do calvário! Quem toma essa passagem de João 10 e aplica ao ministério pastoral pós-ascenção de Cristo precisa mostrar atualmente como um pastor humano, de seres humanos, vai dar a sua vida por outros seres humanos (dar a vida aqui, em João 10, é literal; é morrer por e no lugar de outro, de forma que o outro não precise morrer e nem venha a morrer). Fico aqui, "pensando com meus botões", se os mega-líderes e seus liderados condicionados a não pensarem, que tanto criticam outros com base nesse falsa exegese, podem avocar para si mesmos esta função, de morte vicária e redentora!  (veja mais em: https://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2018/02/a-podridao-do-sistema-religioso-que.html).

Pedro faz um acréscimo importante para o exercício do ministério pastoral: "Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho." (I Pe 5.1-3) Segundo o apóstolo, então, o pastorado de gente deve ser feito de forma espontânea, de boa vontade e como modelo dos irmãos.

A espontaneidade refere-se ao trabalho feito sem pressão, sem forçar a barra. O pastoreio é feito por prazer e devoção, não por pressão por lucros e dividendos, por crescimento e expansão do império pessoal de pastores-presidentes, bispos, apóstolos, etc. que pensam antes nas suas carteiras e ambições de poder do que pessoas. Quem pastoreia debaixo de pressão na verdade não pastoreia, pois tem seu foco mudado por conta das pressões religiosas monetarizadas; as pessoas, aqui, deixam de ser importates (e o pastorado refere-se a ter pessoas como foco do trabalho). Esses interesses escussos levam aos mega-ultra-plus-tabajara-líderes a colocarem gente doente na posição de liderança (de culto ou de atividades) pela "capacidade" que essa pessoa teoricamente possui em atrair gente (por exemplo, colocar sob imposição uma pessoa com síndrome do pânico na liderança de culto de libertação pela suposta capacidade de "fazer movimento" - coisa do neopentecostalismo antiblíblico - a despeito da negativa justificada do pastor local. Quem assim age, não pastoreia ninguém; só a si mesmo).

Como o leitor facilmente perceberá, isso nada tem a ver com a vontade de Deus! Isso está fortemente ligado com o outro requisito - "não por sórdida ganância". A motivação pastoral recomendada não é o lucro material! É a alegria de fazer a obra de Deus! Igreja que tem um pastor (mesmo que seja o mega-ultra-plus) ganancioso por dinheiro, biblicamente está sem pastor! Faço uma pergunta nesse ponto: observe a altíssima rotatividade da igreja "pastoreada" por quem vê cifrão em cada pessoa que chega; observe o sem número de divisões que essa igreja já sofreu, o número de líderes/liderados que perdeu e a quantidade de projetos que não deram certo. Você acha isso normal? Você acha que isso é culpa exclusiva do diabo? Você acredita na chapeuzinho vermelho, na branca de neve e nos três porquinhos? Isso acontece porque esses mega-ultra-plus, com foco na bufunfa e não nas pessoas, vão atropelando princípios bíblicos e consequentemente impedindo o progresso da igreja. Igreja bloqueada!  Quem está resistindo a essa igreja não é o diabo, é o próprio Deus! Sabe por quê? Veja: Quanta gente machucada, ferida e abandonada pelo caminho; gente boa, gente com qualidades e defeitos (GENTE), com dons e talentos, gente que confiou a vida ao mega-ultra-plus e foi descartada por não obedecer cegamente aos devaneios imperialistas do sujeito (que não diz "Amém, mein Führer!" para tudo o que o mega-ultra-plus fala)! Quanta gente foi - e é - criticada pelo mega-ultra-plus (e por alguns de seus seguidores apassivados, com cérebro na posição "off") como "bode", "falso isso, falso aquilo", "balaio de gato", etc. só porque não concordou se sujeitar ao espírito de dominação vigente! Há alguma justiça, biblicamente falando, nisso?

Sobre quem está resistindo a igreja, o pr. Francis Frangipane explica: "é o próprio Deus quem “resiste aos soberbos” (Tiago 4.6). Desta forma, se estivermos divididos nos nossos corações de outras igrejas, ou se estivermos de alguma forma nos autopromovendo na nossa atitude, estamos andando em orgulho. Conseqüentemente, o Espírito que se levanta para se opor aos nossos esforços não é demoníaco; é Deus. Deus não tolera orgulho, especialmente o orgulho religioso. E é essa característica religiosa do orgulho – através da qual nos ufanamos dos nossos feitos, ficamos inchados com o nosso conhecimento ou julgamos as outras pessoas – que faz com que o Deus vivo se posicione contra muitos dos nossos esforços para ganhar as nossas cidades para Cristo. O Senhor não desculpará nosso orgulho simplesmente porque cantamos três hinos aos domingos, e nos consideramos “salvos”. Deus resistiu ao orgulho de Lúcifer no céu, e se oporá ao nosso orgulho na terra. O mais triste de tudo é que o orgulho religioso foi tão misturado à nossa experiência cristã que nem mesmo conseguimos perceber que há algo de errado. Entretanto, sem dúvida é o pecado mais ofensivo manifesto na igreja. O Senhor não quer que os perdidos sejam enxertados em igrejas onde vão assimilar o veneno do orgulho na mesma mesa onde recebem a salvação." (recomendo fortemente que você veja essa mensagem em: https://www.revistaimpacto.com.br/quem-esta-resistindo-a-igreja/) Esses mega-líderes são prepotentes! São cheios de si! Gostam de apresentar seu currículo, suas realizações, para coagir e humilhar quem se atrever a debater suas idéias esdrúxulas! Humildade passa longe, muito longe da vida deles, apesar de enfatizarem "o quanto são são humildes" em suas prédicas. Agem como se tudo o que tivessem feito na vida não fosse uma simples concessão do Senhor. O mega-líder se esquece que JAMAIS qualquer cristão deve se vangloriar de coisa alguma, a não ser de suas fraquezas, porque até a mula de Balaão e o peixe de Jonas Ele já usou! Deus Todo-Poderoso usa quem Ele quer e, portanto, não há vantagem alguma em ser usado por Deus! Você dificilmente verá um mega-líder pedir perdão por qualquer coisa: eles se acham sempre certos!  

Note que, por fim e de forma muito coesa, vem a última característica: não dominador do rebanho, mas exemplo do mesmo. O conceito de pastor no Novo Testamento não é o de uma pessoa que conserva a totalidade do ministério em suas mãos, tendo ciúmes dele, esmagando toda a iniciativa dos membros da igreja. O ditador não vê nada disso. Ele é um mandão! É um orgulhoso! É um arrogante e prepotente! Um pastor não deve abusar do seu cargo, tornando-se ditador. Mas muitos não conseguem resistir a essa tentação, porque alimentam um grande orgulho carnal. São carnais e não espirituais, e só trazem descrédito à igreja e à comunidade cristã em geral. O pastor precisa ter uma vida tão significativa, que o rebanho o tenha como modelo, como exemplo, em toda a sua maneira de viver. Pergunto: o(a) irmão(ã) considera o mega-ultra-plus um exemplo a ser seguido? Você gostaria de ser e de viver como ele, biblicamente falando? Pois é...

Um pastor deve ser modelo em tudo. Em sua família (como pai, como filho e, como marido), em seu trabalho, em sua fé (zelo e conhecimento, amor fraternal e desinteressado, etc.), em seu modo de ser e de agir, em seus relacionamentos, etc. Na forma com que lida com o dinheiro e com o poder. E principalmente em sua fidelidade a Deus. Ser fiel a Deus e ao chamado de Deus para exercer o ministério pastoral "como Deus quer" pode, em casos extremos, envolver até a saída do pastor da Igreja. Isso acontece por várias razões, especialmente quando a igreja tem um mega-ultra-plus líder acima do pastor local fazendo oposição ao ministério pastoral bíblico (o qual não traz o crescimento e lucro esperados) impossibilitando a continuidade do exercício do ministério. Se insistir em ficar, trará danos para a congregação e para si mesmo, pois acabará se tornando "pastor PIV" (para inglês ver): não apita nada, não manda nada, tendo apenas aparência de líder. Ninguém vai respeitá-lo, ninguém irá honrá-lo, ninguém irá se submeter biblicamente falando a ele. Não poderá repreender ou corrigir ninguém segundo a Bíblia, não poderá exercer o ministério que Deus lhe confiou. (veja mais em: https://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2018/02/a-podridao-do-sistema-religioso-que.html). 

Quem está num ambiente assim, faz muito bem em pular fora. Essa ambiente deteriorado, sem pastor verdadeiro, se constituirá em cemitério espiritual. Quem insistir teimosamente, sofrerá por certo o dano de sua decisão irrefletida: pessoas doentes da alma, com aparência de fé, mas cujas atitudes e vida cotidiana negam isso. Gente amargurada, orgulhosa e pior: sem um pastor para cuidar delas! Meros cifrões. Meros geradores de grana para outros gozarem desses recursos. Sistema babilônico, já condenado por Deus: "Ouvi outra voz do céu, dizendo: Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos" (Ap 18.4). Acorda! Sai dela, povo meu!

Pense nisso! Graça e paz!

segunda-feira, 4 de junho de 2018

CRENTES IMUNES ÀS DOENÇAS: DEVANEIOS E DISPARATES!


Há uma tese teológica, que tem conseguido muitos adeptos atualmente, de que temos tanto direito à cura quanto ao perdão dos pecados a partir do momento em que somos salvos. Isaías descreve a obra da cruz; tomado isoladamente parece indicar que a cura e o perdão dos pecados são realmente assim. Os mestres desta doutrina ensinam que você está doente apenas porque não tem fé, ou que não entende as Escrituras, ou que o Diabo de alguma forma se aproveitou de você. Praticamente todos os evangelistas de cura dos últimos cem anos ensinaram uma variação disso e estão em pleno vigor agora. Esses mesmos evangelistas estão sempre tentando explicar por que nem todos são curados. Sempre se resume a ser a culpa da ovelha. Certamente não há problemas com os líderes ou a doutrina. 

Essa postagem visa apresentar o problema e rebatê-lo.

I. INTRODUÇÃO. 

A primeira coisa que devemos fazer é definir o termo “doença”. Segundo o dicionário Houaiss, esse termo é definido como sendo “alteração biológica do estado de saúde de um ser (homem, animal etc.), manifestada por um conjunto de sintomas perceptíveis ou não; enfermidade, mal, moléstia”. Essa definição é superficial. Lavín, em sua obra “FIBROMIALGIA SEM MISTERIO: Um guia para pacientes, familiares e médicos”, reconhece que não há uma definição universalmente aceita, enquanto define doença como “qualquer alteração no funcionamento do organismo que provoque sofrimentos e diminua a longevidade”

Há uma imensa multiplicidade de doenças que podem acometer o homem. Nenhuma parte do corpo humano está imune de ficar doente. Órgãos, células, tecidos, sistemas, aparelhos... tudo, literalmente, pode ter sua função alterada, quer por agentes externos (como radiação solar, microorganismos, substâncias ingeridas ou não ingeridas, absorvidas pela pele ou não, fraturas, luxações, etc.), quer por agentes internos (alterações genéticas, problemas congênitos, etc.). Até mesmo a psique não está imune, sujeita a uma imensa variedade de doenças e transtornos de ordem psicológica e/ou psicossocial. A CID – Classificação Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde – encontra-se em sua décima revisão (CID-10), elaborada por vários grupos de especialistas e peritos individuais, além da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Apenas para ilustrar a multiplicidade de doenças, segue a lista dos 22 capítulos que compõem a CID-10: I - Certas doenças infecciosas e parasitárias; II – Neoplasias; III - Doenças do sangue e órgãos hematopoiéticos e certas desordens que envolvem o mecanismo imunológico; IV - Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; V - Transtornos Mentais e Comportamentais; VI - Doenças do sistema nervoso; VII - Doenças do olho e anexos; VIII - Doenças do ouvido e processo mastóide; IX - Doenças do aparelho circulatório; X - Doenças do aparelho respiratório; XI - Doenças do aparelho digestivo; XII - Doenças da pele e tecido subcutâneo; XIII - Doenças do sistema músculo-esquelético e do tecido conjuntivo; XIV - Doenças do aparelho geniturinário; XV - Gravidez, parto e puerpério; XVI - Certas condições originadas no período perinatal; XVII - Malformações congênitas, deformações e anomalias cromossômicas; XVIII - Sintomas, sinais e achados clínicos e laboratoriais anormais, não classificados em outra parte; XIX - Lesão, envenenamento e outras conseqüências de causas externas; XX - Causas externas de morbidade e mortalidade; XXI - Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde e XXII – Códigos para propósitos especiais. Cada capítulo possui uma grande variedade de códigos para cada doença. Apenas para reforçar o conceito, a CID-10 traz um total de 1.575 doenças.

Pessoas de todos os países do mundo são acometidas pelas mais variadas doenças, independentemente de gênero, classe social, religião ou etnia. O website da OMS (http://www.who.int/gho/map_gallery/en/) possui dados sobre vários casos. Lembre-se: doenças diminuem a longevidade. 


II. DOENÇAS SOB PERSPECTIVA BÍBLICA.

As doenças nem sempre existiram. A partir do momento em que o pecado entrou no mundo, como resultado da desobediência a Deus, o homem ficou suscetível a todos os tipos de doenças e, consequentemente, à morte: “Porque és pó, e em pó irás te tornar.” (Gênesis 3:19)

Há diversos exemplos na Bíblia de homens de fé que ficaram doentes e até morreram dessas enfermidades. Um deles foi o profeta Eliseu, que padeceu de uma enfermidade que o levou a morte: “Estando Eliseu padecendo da enfermidade de que havia de morrer” (2Re 13.14). Outro foi Timóteo. Paulo recomendou-lhe um remédio caseiro por causa de problemas estomacais e enfermidades freqüentes: “Não continues a beber somente água; usa um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas freqüentes enfermidades” (1Tm 5.23).

“Ao final do seu ministério, Paulo registra a doença de um amigo que ele mesmo não conseguiu curar: “Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (2Tm 4.20). O próprio Paulo padecia do que chamou de “espinho na carne”. Apesar de suas orações e súplicas, Deus não o atendeu, e o apóstolo continuou a padecer desse mal (2Co 12.7-9). Alguns acham que se tratava da mesma enfermidade da qual Paulo padeceu quanto esteve entre os Gálatas: “a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto” (Gl 4.14). Outros acham que era uma doença nos olhos, pois logo em seguida Paulo diz: “dou testemunho de que, se possível fora, teríeis arrancado os próprios olhos para mos dar” (Gl 4.15). Também podemos mencionar Epafrodito, que ficou gravemente doente quando visitou o apóstolo Paulo: “[Epafrodito] estava angustiado porque ouvistes que adoeceu. Com efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Fp 2.26-27).” (Augusto Nicodemos, in: http://pulpitocristao.com/2016/03/crente-nao-fica-doente.html). 


III. A TESE DO EVANGELHO DA SAÚDE TOTAL E SUA ANTÍTESE. 

O advento da teologia da saúde divina, que diz que os crentes não podem ficar doentes porque isso representaria a ação do inimigo em suas vidas, forneceu a base doutrinária tão esperada para muitas Igrejas justificarem seu radicalismo quanto às doenças. Para muitos, os crentes adoecem e não são curados porque lhes falta fé em Deus, ou porque estão em pecado, ou porque estão possuídos por espíritos de doença. Por exemplo, o livro "Ele Veio para Libertar os Cativos" menciona episódios onde a Dra. Rebecca Brown trata doentes físicos a partir de diagnósticos espirituais. Aparentemente, a prática não-ortodoxa da medicina rendeu-lhe a cassação do direito de exercer a profissão (http://teophilo.info/analises/rebeccabrown.php#n62). Aqui, recomendo a leitura do excelente livro de Paulo Romeiro, “Super Crentes: O Evangelho Segundo Kenneth Hagin, Valnice Milhomens e os Profetas da Prosperidade”.
 
Isso é triunfalismo. O triunfalismo, segundo o dicionário Houaiss, é a "atitude excessivamente triunfante; sentimento exagerado de triunfo". Esse ensino gera o comportamento do "super-crente", da teologia da performance, onde o fiel é ""cabeça e não cauda", “amarra e desamarra o Diabo”, “pisa na cabeça da serpente”; "determina a cura, a aquisição da casa própria"; “profetiza restituição, bênçãos e vitórias" e "toma posse de todas as bênçãos" e ninguém o detém! É o evangelho que tem sua ênfase na luta contra o diabo, "o evangelho do "sim" que desqualifica o "não" da existência humana" ("What Has Wittenberg to Do with Azusa?: Luther's Theology of the Cross and Pentecostal Triumphalism", David J. Courey).  A base do “triunfalismo” é dizer que, a partir do momento em que o homem aceita a Jesus como seu único e suficiente Senhor e Salvador, não é mais possível que o homem passe a ter problemas na vida sobre a face da Terra, pois a sua comunhão com Deus, a sua salvação lhe traz uma posição de “triunfo”, de vitória sobre o diabo. Portanto, é impossível que o salvo venha a sofrer enfermidades ou quaisquer outras necessidades, em especial, as relativas à vida econômico-financeira (https://pentecostalismo.wordpress.com/2008/02/19/o-triunfalismo/ in: https://apenas-para-argumentar.blogspot.com/2015/06/cuidado-com-o-triunfalismo-cristao.html).

O problema é que o triunfalismo propõe soluções simplistas a problemas multifacetados, além de enfatizar a meritocracia ao invés da Graça. Nem tudo que acontece na vida do crente em Cristo possui uma única explicação ou forma de interpretação. Nem todas as suas adversidades são "por falta de fé" ou por causa do pecado. Há adversidades que acontecem para o amadurecimento da fé, para o aperfeiçoamento dos santos conforme a imagem do Senhor (I Pedro 2 e ss). Há adversidades que acontecem para a Glória de Deus. Há adversidades que acontecem sem nenhuma explicação aparente; explicação que só teremos SE for da Vontade de Deus e QUANDO for de Sua Vontade revelar-nos tal coisa. O piedoso Jó, a fiel Sunamita (II Reis 4:8-37; 8:1-6), Lázaro (João 11:4), o homem cego de nascença (João 9:1-3), os heróis da fé (Hebreus 11:35-38), etc. nos mostram que as adversidades podem ter vários propósitos e, portanto, explicações. Do mesmo modo, nos revelam que mesmo os filhos de Deus genuínos, fiéis, podem experimentar tais coisas em suas vidas, sem que isso seja por algum demérito espiritual ou moral. Algumas são até mesmo provas de Deus nas nossas vidas. Se Deus fez com que Israel caminhasse por 40 anos no deserto do Sinai, aumentando e muito o caminho para a Canaã, para provar Seu povo (Dt 8.2,3), porque nós suporíamos ser tratados de modo diferente, isto é, uma vida somente de benesses sem reveses?!

Uma frase atribuída ao pastor Augusto Nicodemos é muito apropriada: “apesar do ensino popular de que a fé nos cura de todas as enfermidades, uma breve consulta feita à capelania hospitalar de grandes hospitais do nosso país revela que há um número elevado de evangélicos hospitalizados — tradicionais, pentecostais e neopentecostais — sofrendo dos mais diversos tipos de males. A proporção de evangélicos nos hospitais acompanha a proporção de evangélicos no país. As doenças não fazem distinção religiosa.” (http://pulpitocristao.com/2016/03/crente-nao-fica-doente.html)

O ensino de que os cristãos devem ser pessoas imunes a todo e qualquer tipo de doença é parte integrante da teologia do reino agora. Esse "Reino Agora" ou "Teologia do Domínio" ensina que a salvação de Cristo também inclui a cura total e completa de todas as enfermidades, e o retorno do governo do homem a reinar na terra agora como foi nos dias de Adão e Eva antes da queda. Muitos realmente acreditam que a morte e ressurreição de Cristo realmente restauraram a terra ao seu estado de pré-queda e os cristãos agora simplesmente precisam governar e reinar para ver esse efeito. Eles chegam até a explicar que, se você está vivendo com diabetes, câncer, esclerose múltipla, etc., que você pode ser totalmente curado hoje, tudo que você precisa é fé. Quando você não recebe sua cura, eles simplesmente lhe dizem que você não tem fé suficiente. Isso é um ensinamento cruel e abominável. Devemos lembrar que a razão pela qual temos doenças e enfermidades hoje é um resultado direto da queda do homem – até mesmo uma simples fratura está aqui contemplado!

A cura divina é possível? Sim, lógico; mas a cura divina só acontecerá se o divino, isto é, Deus, assim o quiser. Pode ser que Ele não queira operar a cura divina, pode ser que Ele queira que a cura aconteça por meio das mãos dos médicos; pode até ser que Ele não queira curar por nenhum meio. Porém nada disso deve ser interpretado além do que é: se Ele curou fulano, foi por Sua soberana Vontade e Supremo poder e Misericórdia, não pelo mérito humano; se não curou, não foi necessariamente por demérito humano, nem porque não podia ser feito ou porque não amasse a pessoa para fazer tal coisa. O salmista afirma que a morte física do crente fiel é vista pelo Senhor com prazer (Sl 116.15), ou segundo Lutero "a morte dos seus santos é considerada de valor perante o Senhor". Deus considera a morte de seus santos como algo importante, conectada com Seus grandes e eternos planos; conectada com a Glória de Deus e com o cumprimento de Seus propósitos. O pensamento particular na mente do salmista parece ter sido de que como ele tinha sido preservado quando esteve aparentemente tão perto da morte, então isso era porque Deus viu que a morte de um de seus amigos era uma questão de tanta importância que deveria ocorrer somente quando o bem maior pudesse ocorrer por meio dela; Deus não iria decidir sobre isto apressadamente, ou sem as melhores razões; e que, portanto, Deus iria prolongar a sua vida ainda mais. Há além disso uma verdade geral implícita aqui, a saber, que o ato de remoção de um fiel do mundo é, por assim dizer, um ato de profunda deliberação por parte de Deus (Barnes' Notes on the Bible). EM TUDO O SENHOR NOS AMA E SEU AMOR JAMAIS POR NÓS JAMAIS SE ACABA!

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As doenças têm sua origem no pecado original, isso é um fato. Mas nem todas as doenças que acometem o homem são devido à prática do pecado; algumas são, outras não. Algumas doenças se devem a agentes microbiológicos patogênicos (bactérias, protozoários, fungos e vírus, por exemplo), que passaram a existir no mundo após a queda do homem (por exemplo, uma das hipóteses para a origem dos vírus é que eles seriam a evolução de "restos" de células: a degradação de pedaços de ácidos nucléicos celulares que posteriormente adquiriram os elementos constituintes de um vírus, capsid e envelope. Do ponto de vista bíblico, é possível teorizar que uma das consequências da queda foi a degradação destes pedaços de ácidos nucléicos de algumas células existentes, gerando os vírus).
(veja mais em: http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/virus_container/virus.html)

Outras doenças são causadas por desgaste natural do corpo humano (envelhecimento). Outras, por abusos e excessos praticados (alcoolismo, tabagismo, glutonaria, ingestão de sal, atividade física excessiva, ingestão de "bombas", etc). Outras, devido a uma série de problemas que ocorrem durante a formação do corpo humano no ventre materno (doenças congênitas) ou ligadas a hereditariedade (doenças hereditárias). Isso sem mencionar as doenças psíquicas... todas elas são oriundas, em última análise, do pecado original, mas podem ou não ter como causa na prática do pecado. Do mesmo modo, podem ter ou não como causa problemas espirituais.

Cristãos verdadeiros, pessoas de fé, eventualmente adoeceram e morreram de enfermidades, conforme a Bíblia e a história claramente demonstram. O canadense John Graham Lake (1870-1935), usado por Deus para realizar curas tremendas, morreu de derrame com 65 anos de idade. Isso significa que as doenças nem sempre representam falta de fé e que Deus se reserva o direito soberano de curar quem ele quiser.

A queda trouxe consequências terríveis para o homem e para a criação. Com a queda, a criação foi sujeita ao pecado, que manifesta-se das mais variegadas formas na própria criação: tsunamis, meteoros que caem na Terra, destruição da camada de ozônio, mudanças climáticas, destruição das lavouras por pragas, desertos, secas, terremotos, etc. Para o homem, diversas consequências passaram a existir também, como vírus mortais, bactérias, protozoários; doenças terríveis, como artrose, problemas cardiológicos, hepáticos, renais, etc. Não há nenhuma parte do homem, nenhum órgão, nenhuma célula, por mais simples que seja, que esteja imune a doenças e deterioração e isso tudo é resultado da queda. 

Tanto na criação quanto no homem, a consequência da queda (gerada pelo pecado, como vimos) pode ser resumida numa única palavra: MORTE. Deus havia prevenido ao homem que no dia em que ele pecasse, a morte passaria a existir na criação (Gn 2.17). O homem pecou, e a Palavra de Deus se cumpriu: a morte entrou na criação. Afirmar que Deus removeu definitivamente as doenças dos crentes em Cristo na cruz e que isto deve se manifestar na vida terrena é deste modo um erro de exegese, posto que não apenas as doenças têm origem no pecado original, mas também a morte. Com essa tese, o sacrifício vicário de Cristo passa a ter eficácia parcial – resolve as doenças, mas não a morte física, o que é um absurdo. 

É preciso entender a suficiência do sacrifício de Jesus na cruz (sim, o sacrifício do Senhor é suficiente - o que passar disso, é de procedência maligna!) sob o aspecto imediato e mediato. Isaías 53 diz que "por suas pisaduras fomos sarados" (Is 53.5), porém vemos Deus colocando na Igreja Neo-Testamentária "dons de curar" (I Co 12.28). Qual era a base espiritual dos "dons de curar"? O sacrifício de Cristo. Os dons de curar eram possíveis porque o Senhor Jesus Cristo havia sido sacrificado na cruz e eram (e ainda são) necessários porque mesmo o corpo dos genuínos crentes em Cristo era (e ainda é) passível de adoecer. Note que a ministração de cura é sempre feita "em Nome de Jesus", como Ele mesmo assim ordenou (Mc 16.18); a cura é o resultado da cruz. Note também que apesar do sacrifício de Cristo garantir a cura, havia na Igreja crentes doentes, que precisavam de cura. Assim, o suficiente sacrifício de Nosso Senhor garante inapelavelmente a realidade da cura (bem como um futuro corpo sem doenças), mas a realização dessa verdade na vida dos irmãos em Cristo não é necessariamente instantânea, automática.

Finalizando, é necessário afirmar que a cura divina é uma possibilidade real. Nada, em absoluto, deve ser dito em contrário. Porém, não há base para se afirmar algo como “cura total em vida”, “vida sem nenhuma enfermidade”, ou coisa do tipo. A própria morte física, comum a todos os homens, aponta para a continuidade da existência e atuação das doenças, tal como definida na introdução, na vida de crentes e não crentes. Quando o crente ressurgir, na ressurreição física do seu corpo, sua mortalidade passará à imortalidade e as doenças não mais afetarão seu corpo. E, por fim, na criação dos novos céus e nova terra, as doenças serão por fim aniquiladas. Isso é o resultado da vitória de Cristo na cruz e o pleno cumprimento, no mundo físico, da promessa de Isaías 53 e outros textos. 

Nossos espíritos foram regenerados (nascidos de novo) no momento da salvação, mas aguardamos a regeneração de nossos corpos, diz o Novo Testamento. De novo e de novo o Novo Testamento diz: "Crê no teu coração, confessa com a tua boca e serás salvo". Mas nem uma vez oferece tal promessa de cura. Deus cura pela Sua graça agora, a promessa de cura total é ainda futura para quando recebermos nossos corpos glorificados. Ninguém deve sentir-se excluído da Graça, ou desprovido de fé, por suas doenças e enfermidades (ou a dos entes queridos). Antes, deve buscar a Deus para ser curado (o que pode envolver o uso do sistema de saúde - médicos e tratamentos). Caso não o seja, não se preocupe: sua ressurreição corpórea acontecerá e você jamais sofrerá novamente, mas estará para sempre junto do Senhor num corpo glorificado, totalmente restaurado e imune às doenças! Doenças diminuem a longevidade, abreviando o tempo para que estejamos para sempre com o Senhor!

Graça e Paz!