quarta-feira, 18 de setembro de 2013

DESCONSTRUINDO UM JARGÃO: ENTENDENDO O "NÃO JULGUEIS" A LUZ DA BÍBLIA

"Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores.  Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?  Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis." (Mateus 7:15-20)

"... não julgueis para que não sejais julgados". Esse é um dos muitos argumentos que estão "na moda" de uma grande quantidade de crentes evangélicos atualmente; são especialmente vistos na internet, em comentários de postagens em blogs apologéticos ou em redes sociais, quando a matéria publicada "fere as suscetibilidades" desses crentes ao combater os falsos profetas (pastores, bispos e apóstolos da bufunfa, do "faz-me rir") e seus ensinos anti-bíblicos. Tais crentes, desse modo, assumem a figura de "defensores do indefensável". Outros argumentos, nessa linha do "politicamente correto", muito comuns:
  • "antes de julgarmos, devemos observar nossas vidas, se somos absolutamente inculpáveis diante do senhor, pois aquele que diz não ter pecado já está pecando!"
  • "[...] O diabo tem trabalhado neste mundo levando várias pessoas para o inferno, antes de ficarmos aqui falando mal do ministério dos nossos irmãos que cabe somente ao senhor Jesus aquele que morreu por nossos pecados julgar [...]"
  • "o que será dessas pessoas que, sem nenhum temor de deus falam mal, julgam, caluniam, criticam, difamam, perseguem e ridicularizam a igreja de Jesus, a qual ele comprou com seu sangue?"
  • "cuidado ao julgar fulano, pois ele/ela é escolhido/a do senhor. Ao invés de julgar, porque não vão pregar o evangelho genuíno do senhor Jesus?"
  • "cuidado com falar mal de um homem de deus como o fulano , você não é nada e nem ninguém, não julgueis para não seres julgados".

Alguns vão mais além, chegando mesmo a amaldiçoar os autores dessas matérias: "você vai para os quintos dos infernos por julgar o (m)ungido do sinhô..." e outras sandices do tipo. A questão é: será que realmente a Bíblia ensina que não se deve julgar? A proibição do julgamento é geral quanto a sua aplicação ou é específica? Devemos ou não julgar? Se sim, em que ocasiões? Antes de responder a essas perguntas, primeiramente vamos definir alguns termos importantes. 
  1. Juízo: faculdade intelectual que permite julgar, avaliar com correção, discernimento, bom senso; capacidade de ponderação. Operação mental que articula termos ou conceitos, por meio de uma atribuição afirmativa ou negativa de um predicado (P) a um sujeito (S), intermediados por um verbo (redutível ao verbo ser) com papel de cópula ou ligação, segundo o modelo S é P. 
  2. Julgamento: apreciação crítica, opinião favorável ou desfavorável sobre alguém ou algo; juízo, parecer. 
  3. Raciocínio: exercício da razão através do qual se procura alcançar o entendimento de atos e fatos, se formulam idéias, se elaboram juízos, se deduz algo a partir de uma ou mais premissas, se tiram conclusões.
  4. Premissas: cada uma das proposições que compõem um silogismo e em que se baseia a conclusão.
  5. Silogismo (gr. sullogismós,oû 'cálculo, conta, p.ext., conjectura, suposição, raciocínio'):  raciocínio dedutivo estruturado formalmente a partir de duas proposições, ditas premissas, das quais, por inferência, se obtém necessariamente uma terceira, chamada conclusão (p.ex.: "todos os homens são mortais; os gregos são homens; logo, os gregos são mortais").
  6. Dedução: processo de raciocínio através do qual é possível, partindo de uma ou mais premissas aceitas como verdadeiras (p.ex., A é igual a B e B é igual a C) a obtenção de uma conclusão necessária e evidente (no ex. anterior, A é igual a C).
A faculdade (capacidade) de juízo é algo particular da criação racional de Deus; todos os seres criados por Deus com capacidade de pensamento racional são capazes de exercer juízo, assim como Deus é capaz de fazê-Lo. Assim, os anjos e os homens têm essa capacidade, a qual pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal. Sem esta capacidade, Deus não teria criado seres livres, com capacidade de livre-escolha (livre arbítrio), de escolherem o bem, a pureza e a vida, ou o mal, o pecado e a morte:

"Formei-o judicioso, justo e livre; 
Quanto a ele podia, eu dei-lhe tudo
Estava em seu poder, co'o mesmo arbítrio, 
Cair no crime ou ter-se na virtude.
Ingrato! Fi-lo igual dos Céus aos anjos,
Dos quais uns na virtude se firmaram,
À rebeldia se arrojaram outros,
Ambos obrando em liberdade plena.
E como de obediência voluntária,
De verdadeiro amor, de fé constante,
Fariam prova se não fossem livres?
[...]
Homens e anjos formei de todo livres,
E livres serão sempre, inda que insanos
Queiram na escravidão envilecer-se"
(Paraíso Perdido, John Milton)
 
Assim como 1/3 (um terço) dos anjos do Céu escolheram seguir a rebelião de Satanás (Ap 12.4), assim também o homem escolheu dar ouvidos ao mesmo odioso e repulsivo ser. Ambos, porém, escolheram.  O que é escolher senão fazer opção entre duas ou mais pessoas ou coisas, com base num critério aprazível pré-determinado por quem escolhe? Ora, se há escolha, há manifestação de preferência; escolhe-se A em detrimento de B, sendo A e B distintos entre si. Essa escolha só pode ser realizada porque temos a capacidade de raciocínio e juízo. Entre duas ou mais opções, raciocinamos segundo regras apropriadas (premissas) e então comparamos as opções disponíveis com base nessa regra. Daí, realizamos um julgamento e emitimos um juízo, resultado dessa análise. Isso chama-se lógica.

Voltando ao exemplo, os anjos que escolheram seguir a Satanás fizeram mentalmente raciocinaram antes de fazer tal coisa. Eles entenderam que havia "potenciais vantagens", para eles, em seguir a Satanás e então compararam isso com as "pressupostas desvantagens", para eles, de continuarem obedientes ao Senhor. A partir disso, tomaram uma decisão, fizeram uma escolha - a mais terrível escolha da Criação: rebelaram-se contra o Amoroso e Bondoso Criador! Do mesmo modo, fizeram Eva e Adão no Éden, com uma única diferença: os anjos pecaram por sua livre e espontânea vontade – e portanto merecem a ira eterna de Deus (fogo eterno). Já o homem pecou porque foi seduzido por Satanás, dando ouvidos às suas vãs lisonjas, e por isso pode se arrepender e ser salvo. Na Graça do Senhor encontra refúgio o homem pecador!

Abre parênteses: No Céu não houve engano ou sedução, nenhum dos anjos que caíram estavam "enganados", ou "iludidos". Sabiam exatamente o que estavam fazendo: queriam que Satanás ocupasse o Trono de Deus no lugar do próprio Deus! O querubim ungido queria ombrear, assim, com Deus, como se a criatura pudesse ser de algum modo maior do que o Seu criador. Rebelados, tornaram-se consócios do diabo, porque assim desejaram, porque julgaram-se invencíveis em sua empresa contra o Onipotente. A si mesmos se impeliram para a depravação, e votados se acham a irremissível punição eterna. Assim, para sempre se perderam, sem nenhuma possibilidade de arrependimento. Fecha parênteses.

Assim, para evitar extensões desnecessárias, basta dizer que é inerente a natureza do homem exercer juízo, realizar julgamento. Dia-a-dia, em todas as situações que a vida nos apresenta, exercemos tal faculdade silogística, fazendo deduções. Quer digamos que duas ou mais coisas são equivalentes, iguais ou diferentes entre si, estamos julgando. Portanto, quando pretensamente afirmamos que tudo o que há em matéria de fé é igual (o famoso "todos os caminhos levam a... algum lugar"), que todos os líderes dessas "igrejas", com seus ensinos, são bons e úteis e em nada diferindo, em termos de qualidade intrínseca, aos demais, estamos realizando um julgamento: comparando analiticamente A e B, dizemos que A equivale a B e que, portanto, é irrelevante escolher A ou B em matéria de fé. Eis aí a primeira contradição nessa argumentação da turma do "não julgueis". Mas há mais.

Donde tão confusa turba retirou a recorrente argumentação do "não julgueis"? A Bíblia nos mostra: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão." (Mt 7.1-5) Assim, a dita turba, lendo esta porção das Escrituras, entende que a proibição do julgamento é geral: jamais, em hipótese alguma, deve o crente julgar qualquer pessoa, dita "irmã ou irmão", ou seu ensino, ou instituição religiosa "de crentes" (igreja-???), pois isto seria uma violação a ordem de Jesus aqui expressa. Assim, por exemplo, não podemos ser contrários ao apóstolo suado e seus ensinos e práticas "sudoréticas". Porém, se esta interpretação for a correta, ou seja, trata-se de uma proibição de aplicação geral, como quer a turba raivosa, então estamos diante de um gravíssimo problema:

1) O Senhor Jesus criou o homem com uma capacidade inerente de juízo e raciocínio e depois manda que o homem anule esta capacidade em matéria de questões de fé. Com isso, o homem em última análise não deve pensar, nem refletir, nem ponderar; deve aceitar tudo o que vier em termos de fé sem questionar a procedência do ensino e a essência do mesmo.

2) A Bíblia não é inerrante e infalível e, portanto, não tem utilidade alguma em termos de fé e prática cristã, pois está repleta de contradições. Daí, cada um pode expressar a sua fé cristã da forma que bem entender, porque não há nenhum parâmetro, nenhum guia, nenhuma diretriz, nada. O empirismo e a intuição bastam ao homem, que segue na tentativa de se aproximar de Deus como bem entende. Basta ao homem receber a instrução inerrante do sacerdote (seja ele pastor, missionário, bispo, apóstolo, padre, pai-de-santo, etc) e segui-la fielmente que terá acesso a Deus, ao final, logrará entrar no Empíreo.

3) A Bíblia é inerrante, mas a interpretação só é facultada ao "ungido do sinhô". Ele é quem recebeu de Deus o "poder especial" para interpretá-la da forma que melhor entender, segundo seu bel-prazer, sem obedecer nenhuma regra hermenêutica. Afinal, para que isso? Para que ter que estudar geografia, história, arqueologia, política, grego, hebraico, gramáticas, etc. se tudo isso ou vem no "pacote divino" (uma espécie de "faça você mesmo" celestial) para o ungido analfabeto de Bíblia? Ou é desnecessário tal coisa, pois o propósito de Deus com a escrita e preservação da Bíblia foi conferir à humanidade um livro de "rituais, poções e invocações energizadoras e ativadoras do sobrenatural", sem nenhum princípio moral, ético ou balizador. Ora, se é assim, não há nenhum problema em repetirmos os sacrifícios cruentos estabelecidos em Levítico (como é feito em certos terreiros...ops...igrejas afro-evangélicas), afinal esse tipo de culto agrada ao sinhô, pois "Assim Falou" Zaratus... ops, o Ungido!  

Como nenhuma das hipótese acima é verdadeira, somente resta uma única opção: ERRO! De fato, "o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios" (I Tm 4.1). Ou seja, essa história de "não julgueis", protegendo esses falsos profetas e seus falsos ensinos, ambos inspirados no Inferno, está completamente errada do ponto de vista bíblico! Isso é coisa da turba com "prurido no órgão auditivo", ou seja, da turba com comichão nos ouvidos, com "já-começa no ouvido", gente que há muito desviou seus ouvidos da verdade, voltando-se para fábulas: "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas." (II Tm 4.3)

Note que há ABUNDANTE ENSINO BÍBLICO combatendo os falsos mestres e falsos profetas, com suas heresias malditas e seu evangelho anátema. Só para citar alguns, recomendo que você ABRA A SUA BÍBLIA E LEIA as seguintes passagens: João 7:24; I Coríntios 5:12, 6:2-5, 11:31, 14:29; Mateus 7:15-20. Vejamos o juízo (capacidade de julgamento) em prática, claramente afirmando (julgando) o falso em detrimento do verdadeiro: II Coríntios 11:13-15,26; Gálatas 2:4; I Timóteo 1:7; Tiago 1:22; II Pedro 2:1; I João 4:1 (esse aqui é gritante!); Judas 1; etc.

Então, de que tipo de julgamento Jesus está falando? Jesus, em Mateus 7:1-5, está se referindo ao julgamento hipócrita, que se dá quando julga-se o erro que outrem comete quando o próprio comete o mesmo erro. Siga a leitura em Mateus 7 e facilmente você facilmente perceberá esse ensino. Veja como a Bíblia é inerrante e perfeita: Paulo ensina a mesmíssima coisa em Romanos 2: "Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?" (Romanos 2:1,3) Jesus nos deu ordem para nos acautelarmos do fermento dos fariseus e saduceus (Mt 16.6), que é a hipocrisia, ou seja, o ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade. No julgamento hipócrita, o padrão de comparação usado é sempre a vida que a pessoa vive. Na prática: "ô fulano, você está erradissimo nisso; eu não sei como você pode fazer tal coisa, eu não sou assim não!" Veja: isso não quer dizer que a pessoa não está errada, mas sim que a outra está tão errada quanto e que ela, a segunda pessoa, não é parâmetro para julgar ninguém. Note ainda que o texto fala de julgamento puro e simples, carnal e destruidor, baseado na hipocrisia, não da sadia e correta repreensão quando percebemos um erro em nosso irmão. Nesse caso, somos estimulados pela Bíblia a exortá-lo e corrigi-lo com amor (Mateus 18:15; Gálatas 6:1) nas instâncias necessárias!

Por sua vez, o julgamento dos falsos mestres, profetas, apóstolos e demais qualificados, bem como seus heréticos ensinos, tem uma base não pessoal, mas numa base bíblica sólida, ou seja, o parâmetro de comparação, para o julgamento, é a própria Bíblia. É, por exemplo, comparar o verdadeiro Evangelho com o falso evangelho, o qual deve ser sempre anatematizado, independente se for proferido por apóstolo, profeta, bispo, pastor ou até por um anjo (Gálatas 1:8,9). É, por exemplo, observar os frutos que o sujeito, o "ungidão", produz (Mateus 7:15-20) - seus ensinos anti-bíblicos (muitos chegam a negar a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo e a converterem em dissolução a Graça de Deus), sua vida sem evidências de regeneração ou novo nascimento (cheias de escândalos), gente que apascenta a si mesmo ("comeis a gordura, e vos vestis da lã; matais o cevado; mas não apascentais as ovelhas", Ezequiel 34:3), murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, bajulando as pessoas por causa do interesse, escarnecedores que andam segundo as suas ímpias concupiscências. Judas diz que estes "são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito" (Jd 1:19). Somos ordenados a provar se os espíritos são de Deus: "Irmãos, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora." (1 Jo 4.1)

Como diz o Pastor Augustus Nicodemus Lopes (http://noticias.gospelprime.com.br/nao-toque-nos-ungidos-do-senhor/), homens de Deus, os verdadeiros ungidos por Ele para o trabalho pastoral, não respondem às discordâncias, críticas e questionamentos calando a boca das ovelhas com “não me toque que sou ungido do Senhor” mas com trabalho, argumentos, verdade e sinceridade. “Não toque no ungido do Senhor” é apelação de quem não tem nem argumento e nem exemplo para dar como resposta. Do mesmo modo, afirmo que o mesmo se dá com o mais novo jargão da turba, o "não julgueis", tal como é usado, que só serve para alimentar e fazer proliferar ainda mais as heresias destruidoras e seus hereges transvestidos de ungidos que aí estão.

Concluindo:

"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos." (Oséias 4:6)

Hoje em dia, proliferam as heresias e hereges no seio evangélico, que fariam um Charles Taze Russell corar de vergonha, com tanta bobagem que se faz e se ensina em nome de Deus e da fé cristã. Essa imensa proliferação deve-se em parte aos propagadores desses ensinos, aos apó$tolo$ modernos e outras hierarquia$, que definitivamente tem transformado a "piedade em fonte de lucro"; parte deve-se aos próprios adeptos, mantenedores e defensores desses sujeitos, tratando-os como se fossem verdadeiros deuses do Olimpo; porque estão, muitos, atrás de uma graça barata, de um eu-vangelho, de uma fé "soft" e instantânea, não suportando a verdade de Deus. Assim, como a Bíblia diz, "Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira" (II Ts 2.11).

Sim, essas ditas igrejas apóstatas não passam das filhas de Babilônia espiritual, lugar de comércio de tudo, inclusive de almas; lugar onde os mercadores da terra se enriquecem com a abundância de suas delícias (Ap 12.3,11-13). Mas há, também, muito povo de Deus perdido nesses lugares. Essas pessoas não estão recebendo o devido ensino bíblico, tão necessário à vida espiritual do crente em Jesus, mas que estão ali, numa busca sincera por Deus; pessoas que saíram do mundo, convertidas, mas infelizmente não entraram ainda na Igreja do Senhor. O Espírito de Deus tem visitado corações no meio de toda essa apostasia, porque Ele deseja salvar esses que estão presos e iludidos na mentira e no engano. Ele está a clamar nos corações, dizendo insistentemente aos frequentadores de Babilônia "sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas." (Ap 12.4)

"Ouvindo esta semana certo programa religioso, ouvimos do seu apresentador, o guia espiritual, a seguinte expressão, referindo-se ao texto de Atos 17:26, que diz que Deus fez a raça humana de um só homem: "o apóstolo Paulo cometeu um erro quando disse que Deus fez a raça humana de um só homem". E disse mais. Disse que os outros apóstolos, que escreveram as suas epístolas, também cometeram erros. E afirmou que a reencarnação é a única doutrina que explica a presença do homem na Terra. Ora, meus leitores, quem é o homem, ou quem é esse líder religioso para dizer uma coisa dessas? Com que autoridade ele diz que Paulo cometeu um erro ao escrever suas epístolas? Este é um caminho perigoso, isto é, dizer que este ou aquele texto bíblico está errado. A bíblia sagrada não é um livro que contenha a palavra de Deus; ela é a palavra de Deus. Não foi ele quem a escreveu, mas o homem o fez, sob a sua inspiração. O livro dos salmos diz: "a tua palavra é a verdade". Paulo diz a Timóteo: "toda escritura é divinamente inspirada". Neste mundo não faltam homens ignorantes e arrogantes para dizer tamanhas asneiras. Eles se apresentam como os donos da verdade. Para eles a Bíblia está errada, ou contém erros e eles é que estão certos. E o pior de tudo não é isso, mas o fato de haver milhares de pessoas que acreditam no que eles dizem. Acreditam e seguem os seus ensinos cegamente [...] O que você, amigo leitor, deve fazer, é tomar muito cuidado para não ser levado pelo engodo de suas heresias, pois a Bíblia não contém erros; ela é a palavra de Deus; palavra fidedigna, infalível. Ela é inerrante. O que contém erros são as doutrinas desses falsos mestres. Não se deixe levar pela arrogância e pelas heresias desses falsos guias espirituais. Siga fielmente os ensinos da Bíblia Sagrada que você irá muito bem. Não aceite essas afirmações absurdas de que o apóstolo Paulo cometeu enganos quando escreveu suas epístolas." (Pr. Timofei Diacov, "ERROS NA BÍBLIA? ESSA NÃO!", disponível em http://www.jornalismogospel.com.br/modules.php?name=News&file=print&sid=4146)

Se você, querido leitor, está com sua vida presa nesses lugares e nesses ensinos, eu te dou um conselho: rompa com essas manipulações emocionais, com essas ameaças, feitiços e maldições lançadas por esses "Simãos Mágicos modernos" e LEIA A SUA BÍBLIA! Não leia ela com os olhos da sua "igreja", mas leia ela com os seus próprios olhos. Peça ao Espírito Santo que ilumine seu coração, ao ler a Palavra de Deus, e Ele abrirá seus olhos para as Verdades Eternas contidas em Sua Palavra. Ele ainda é o melhor intérprete das Escrituras Sagradas, pois Ele foi quem inspirou seus servos a escrevê-la, preservando-os de erros. A fé cristã-bíblica é antes de tudo uma fé estruturada, histórica, pois foi ao longo da história humana que Deus se revelou progressivamente ao homem, bem como foi assim que Ele revelou Seu maravilhoso plano para nós. Nossos irmãos, do tempo apostólico e dos séculos iniciais do cristianismo (I, II, III sécs. da era cristã), buscaram viver suas vidas segundo essa Palavra de Deus, pois esse foi o ensino de Jesus e dos Seus apóstolos. Façamos nós o mesmo, sigamos suas pegadas sem vacilar. A Bíblia deve ser a sua regra de fé e de conduta, não a palavra desses falsos guias espirituais: a Bíblia é inerrante e infalível; já os falsos guias há muito estão errados, verdadeiros náufragos da fé.

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O LUGAR DO AMOR DENOMINACIONAL NA FÉ CRISTÃ EVANGÉLICA


“No essencial, unidade, no não essencial: Liberdade. Em tudo o Amor”.

 “Porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que é em parte será aniquilado.” (I Co 13.9-10)

Batista, Metodista, Nova Vida, Vida Nova, Assembléia de Deus, Congregacional, Presbiteriana, Quadrangular, Comunidade Evangélica, Nova Aliança em Cristo, etc. São inúmeras as denominações religiosas evangélicas; desde as mais "clássicas", de longa tradição, até as mais recentes. Cada uma com seus próprios costumes e organização interna, nomenclaturas, liturgias e sistemas de governo; até com algumas pequeníssimas variações doutrinárias, oriundas do entendimento diferenciado de seus diversos fundadores. Contudo, todas elas são denominações cristãs evangélicas, porque preservam e perseveram naquilo que é essencial e caro a fé cristã, o que poderia ser escrito numa "declaração de fé harmonizada":

a) só Deus verdadeiro, um em essência, Trino em Pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo (Jo 15.26; Mt 28.19).
b) Sagradas Escrituras, a saber o Antigo e Novo Testamento que são plenamente inspirados pelo Espírito Santo de Deus e constituem nossa única regra de fé e conduta (2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21).
c) Jesus Cristo, o Filho, co-eterno com o Pai e o Espírito, que tomou a forma de homem no seio virginal de Maria, concebido do Espírito Santo, sem pecado original viveu livre de pecado, e se entregou à morte de cruz por nossa salvação; ressuscitou, ascendeu, e se sentou à destra do Pai, onde está intercedendo por nós como nosso único (Mt 1.21; Lc 1.35; Ef 1.7; Rm 4.25; Hb 7.25; Tt 2.13; 1 Co 15.25-28).
d) No iminente regresso de Cristo a reinar com Sua Igreja (At 1.11; 1 Ts 4.15-17).
e) No Espírito Santo, que convence o mundo de pecado, e opera o arrependimento e a regeneração nos crentes em Cristo, dando-lhes o poder para viver vitoriosamente (Jo 16.8-11; Rm 8.2).
f) Na personalidade de Satanás, chamado o Diabo, e seu presente controle sobre a humanidade não crente em Cristo, e sua obra maligna contra a Igreja (2 Co 4.4; 1 Pe 5.8).
g) Na salvação da alma, que se obtém unicamente pela fé em Jesus Cristo, não por obras, posto que estas são o resultado da salvação e não a causa dela (Ef 2.4-10).
h) Na Igreja verdadeira, o corpo de Cristo, que está formada por todos aqueles que confiam em Cristo como Salvador e têm sido regenerados pela obra do Espírito Santo (Ef 1.23; 2.22; 1 Co 2.13).
i) Na imortalidade da alma e seu estado consciente depois da morte (Lc 16.19-31).
j) Na ressurreição do corpo glorificado dos crentes em Cristo, para a felicidade eterna com Ele; e na ressurreição corporal dos que nesta vida tem rejeitado a Cristo, para tormento eterno (Ap 20.4-6; Jo 5.27-29).
l) No dever de todo cristão verdadeiro de anunciar aos outros o Evangelho e procurar conduzi-los à experiência da salvação em Cristo Jesus e no desenvolvimento da vida cristã (Mt 28.19,20).
m) Na manutenção da obra de Deus e no sustento de obreiros, por meio de nossos dízimos e ofertas (2 Co caps. 8 e 9; At 4.34,35; 1 Co 16.1-3; Ml 3.6-12).


Obviamente, como dito anteriormente, há pequenas variações caso-a-caso, dependendo da denominação. Por exemplo, a minha denominação inclui na lista acima:

n) No Batismo com Espírito Santo como bênção distinta do novo nascimento e na operação dos Dons Espirituais (At 1.8; 1 Co caps. 12 e 14).
o) O Batismo com Espírito Santo tem as línguas estranhas como sua evidência. A mesma evidência continuaram a acompanhar todos os que recebiam o Batismo com o Espírito Santo: a) Todos falaram em línguas (At 2.4); Todos falaram em línguas na casa de Cornélio (At 10.45,46); Todos falaram em línguas (At 19.6).
p) O falar em línguas não é somente uma evidência, é também uma bênção (1 Co 14.17).
q) No Princípio de Autoridade delegada por Deus, a homens que ele constituiu como Seus representantes na Igreja, e aos quais devemos honrar, respeitar e nos submetermos, de acordo com as Sagradas Escrituras (Rm 13.7; Hb 1.3; Is 14.12-14; Mt 6.13; 26.62-64).
r) No princípio de que Deus nos constituiu para o louvor da Sua Glória e Majestade, no louvor e adoração profética, na espontaneidade e alegria do Espírito Santo, seja com palmas, danças e expressões de louvor (Is 6.2; Sl 28.2; 63.5; 119.48; 134.2; 141.2; 47.1; 150; 95.6; Fp 3.3; Ef 5.18,19; Cl 3.16).
s) No poder de Deus para curar os enfermos conforme a obra de Jesus Cristo no calvário, na libertação dos oprimidos do Diabo, e no poder do nome de Jesus Cristo no que tange a cura e libertação (Mc 16.17.18; Is 53.4,5).
t) Na cooperação entre Deus e o homem na preservação da salvação; no exercício do livre-arbítrio, na preservação de Deus e na perseverança do homem em orar e vigiar, como o meio pelo qual ele terá a manutenção da sua salvação. Portanto, cremos que aquele que permanecer firme nos caminhos do Senhor será salvo (Jo 1.29; 12.32; 14.1-6; Ef 2.1,2; 1.4,5; Jo 3.16; Rm 2.11; 8.29,30; Tg 4.8; 1 Tm 2.4; Tt 2.11; Mc 16.16; Ap 22.17).

São ainda possíveis desdobramentos em cada cláusula, dependendo da denominação e do nível de detalhamento desejado. Por exemplo, é possível desdobrar a cláusula b) acima para incluir "cremos que as Escrituras são isentas de erro e constituem a completa revelação da graça divina para a salvação dos homens, o único fundamento da fé cristã e a suprema autoridade em matéria de conduta cristã" e "cremos que as Escrituras têm primazia sobre as tradições e experiências humanas."

Essas listas, chamadas "declarações de fé", foram, no passado, chamadas credos. Em linhas gerais, podemos definir credo como sendo uma fórmula doutrinária ou profissão de fé; conjunto de princípios, normas, preceitos, crenças por que se pauta uma pessoa, uma comunidade, partido, instituição etc. Há inúmeros credos cristãos, que já foram e, em alguns casos ainda são utilizados por algumas denominações, como o Credo Atanasiano, o Credo Niceno e o Credo Apostólico (conhecidos como "credos ecumênicos", ou seja, universal, geral, do mundo inteiro).  É importante nos lembrarmos de que não é necessária a adesão a um credo para que uma pessoa se torne cristã, mas, uma vez cristã, a pessoa tem que confessar a sua fé. Essa confissão é, em algum grau, um credo. Conforme cita   Heber Carlos de Campos em seu artigo "A Relevância dos Credos e Confissões" (http://www.monergismo.com/textos/credos/relevancia_credos.htm),

"Em tempos de tanta confusão teológica por que passa a igreja cristã neste final do século XX, não é aconselhável professar o cristianismo sem afirmar com clareza aquilo em que se crê. A igreja de Cristo sempre foi uma igreja confessante, porque a genuinidade da nossa fé tem que ser evidenciada naquilo em que cremos e confessamos. [...]  Tantas são as heresias e as tentativas de assalto à fé genuína que tornam-se necessárias a formulação e a confissão daquilo em que cremos, para que a igreja, na sua inteireza, não venha a ficar perdida, lançada de um lado para outro por quaisquer ventos de doutrina."

Com a Reforma, as igrejas logo sentiram a necessidade de formalizar a fé, apresentando sua interpretação sobre diversos assuntos que as distinguiam da Igreja Romana. Com o tempo, surgem outras denominações, que discordavam entre si sobre alguns pontos, o que gerou a necessidade de estabelecer princípios doutrinários próprios em credos e catecismos (do gr. katekhéo = "ensinar", "instruir", "informar"; cf. Lc 1.4; At 18.25; 21.21,24; Rm 2.18; 1Co 14.19; Gl 6.6). Catecismo é o conjunto de instruções sobre os princípios, dogmas e preceitos de doutrina religiosa, especialmente a cristã; também é o livro que contém essas instruções, expostas em perguntas e respostas. O autor Hermisten Maia Pereira da Costa, em seu artigo intitulado "Os credos da Reforma" (http://www.teuministerio.com.br/BRSPIGBSDCMCMC/vsItemDisplay.dsp&lsid=&objectID=C9F2EC3B-292E-4D9E-853183986D1DC489&method=display), postula que as declarações de fé "[...] precisavam ser, até certo ponto, completas e simples, para que o cristão não iniciado nas questões teológicas pudesse entender o que estava sendo dito, confrontar esse ensinamento com as Escrituras e assim compreender biblicamente sua fé."

Todas essas denominações, portanto, sempre convergiram naquilo que é essencial. São variadas sim, mas nem por isso não são cristãs, muito pelo contrário. A pluralidade de denominações é uma manifestação da multiforme graça de Deus, de modo que como há vários tipos de pessoas com seus temperamentos e variações, há também denominações para cada tipo de pessoa. Os crentes filiam-se a uma determinada denominação genuinamente cristã por identificação (quer com o líder, quer com a denominação em si - liturgia, amigos membros daquela denominação), ou mesmo por razões históricas (parentes foram ou ainda são membros daquela denominação, ou fundaram a denominação, etc). Em alguns casos, menos comuns, por razões doutrinárias (por exemplo, aceitação do Batismo no Espírito Santo). É importante dizer que removendo-se as pequenas diferenças, TODAS AS DENOMINAÇÕES são exatamente iguais. Independente desses pequenos detalhes, TODAS AS DENOMINAÇÕES genuinamente cristãs-evangélicas constituem a IGREJA de Cristo, a despeito dos problemas internos que TODAS enfrentam, invariavelmente. Na verdade - e é bom que isso fique bem claro - nós precisamos das diferenças para sobreviver.

Parênteses (1): Existiam (e existem!) escândalos, exageros, manifestações carnais, orgulho e muitas outras coisas no meio das mais diversas denominações. O problema é que as pessoas usam os defeitos de uma pessoa, de um grupo, ou de um culto, para caracterizar todo um movimento. E conseqüentemente rejeitam tudo, e combatem o movimento como um todo, perdendo com isso a contribuição e a comunhão com pessoas que não são imorais, arrogantes, ou fanáticas, que estão no movimento, e que buscam ao Senhor com coração sincero. Fecha parênteses.

Parênteses (2): Muitos pensam que a diversidade de denominações é sinal de desunião entre os crentes. Nada podia estar mais errado. Primeiro porque não é necessário a pluralidade de denominações para haver desunião. Segundo porque a pluralidade de denominações é reflexo, como foi dito, da multiforme graça de Deus; de forma geral, todas as denominações contribuem para a salvação das almas, como agências do Reino de Deus. Não há na Bíblia Sagrada nada que impeça a multiplicidade denominacional, tendo-se em vista que essa Multiplicidade não fere a Unidade necessária. Paulo, escrevendo aos Efésios, no cap. 4, fala acerca dos 07 Pilares da Unidade da fé ("Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós"). Em sua natureza a Igreja é indivisível, assim como Deus é indivisível. Portanto, a organização da Igreja em denominações não é uma divisão em natureza, vida ou essência, mas apenas quanto a governo, organização e administração. O teólogo Hans Kung escreveu que “a coexistência de igrejas diferentes não […] ameaça, por si mesma, a unidade da Igreja. A unidade somente corre perigo pela coexistência que não é cooperação, nem apoio, mas basicamente uma confrontação hostil”. Pode-se argumentar ainda que se houvesse apenas uma única denominação, a colheita de almas ficaria muito aquém daquilo que é realizado pelo conjunto mais amplo e variado, porque as diferenças e variedades humanas impossibilitariam a adesão quando não houvesse concordância com detalhes. Fecha parênteses.    

Analogamente, alguém escolhe um time de futebol para torcer por ele pelas mesmas razões - identificação ou razão histórica. Uma vez escolhido o time, desenvolve-se toda uma paixão, um amor àquele clube esportivo. Amor tal, que transforma simples torcedores em associados do clube, com direito à carteirinha. Amor tal, que leva à pessoa - e a família inteira, até o gato de estimação -  a vestir-se com as cores do clube e, em muitíssimos casos, com as camisas numeradas e com o nome do principal jogador do clube. Conhecem de cor e salteado o hino do clube, que está até como "toque musical" do seu aparelho celular. No dia que o time do coração joga, é dia sagrado. Todos correm para suas casas, para frente de seus televisores, vestem-se com o uniforme do time e passam a torcer, com muito vigor até, para o time, reclamando com (e até xingando o) árbitro da partida quando marca falta - existente ou não; não importa - contra seu time, e isso pela Tv. Quando seu time ganha, há festa; quando perde, parece que morreu um ente querido. RARAMENTE perdem uma partida! E isso até entre torcedores que professam fé!

Ora, do mesmo modo, comporta-se o homem diante de partidos políticos (um pouco menos, hoje em dia); das empresas onde trabalham (é o tal do "vestir a camisa" da empresa); dos sobrenomes familiares quando são tradicionais (família "A", "B", etc.), etc. O homem é, por assim dizer, um ser que ama, que se apaixona, pelo que faz, pelo que crê, pelo que se identifica, pelo que adere. Não há, salvo casos raros, adesão sem paixão, sem amor. Assim também dá-se com a filiação denominacional: quem se filia a uma determinada denominação cristã-evangélica passa a amar aquela denominação. Compra-se e veste-se a camisa da denominação, no subconjunto denominacional do qual é parte (jovens, mulheres, adultos, etc). Busca-se conhecer a história da denominação, como foi fundada e por quem. Se há um hinário, ou um catecismo, busca-se conhecer cada letra e ensino. 

Todos nós, crentes em Cristo, pertencemos a uma denominação. Como age um cristão sincero? Em primeiro lugar, ele se torna membro de alguma denominação religiosa porque sente necessidade disso. Ali é onde ele toma conhecimento de Deus, aprimora, começa a praticar o amor entre os irmãos e começa a demonstrar sua gratidão para com Deus. Então, começa também, a se desenvolver em seu coração o amor por Aquele que Ele nunca viu. Precisamos ser membros de alguma denominação pela qual nutrimos amor por ela e pelos irmãos e confiança em nossos líderes. Não pertencer a uma denominação não é uma alternativa, mesmo porque os sem-denominação se constituem, em última análise, em mais uma denominação (mais uma classificação), com seus erros e acertos e, exatamente como os crentes pertencentes às suas denominações, defenderão sua "denominação sem nome" (?!?), seu modo de ser Igreja e de viver a fé cristã.

Conforme cita o Pr. Alberto Wagner, "o denominacionalismo clássico é o aparelho estabilizador do corpo maior - a Igreja. Tal qual originariamente concebido, ele protege a Igreja da rivalidade e divisão enquanto promove a unidade visível do Corpo de Cristo. Haja vista a colaboração que todas as denominações tem feito ao reino de Deus ao longo de sua história. [...] Penso que ao desprezarmos a importância das denominações estaríamos destruindo uma estrutura que em muito nos beneficia e criando um problema para qual não teríamos uma solução melhor. Tornaríamos a igreja numa torre de babel; faríamos dela uma arena de rivalidades. Traríamos para ela o que os reformadores conseguiram evitar – o divisionismo. Se amamos a unidade então cooperemos num mesmo espírito: - Denominacionalismo não é rivalidade; - Com maturidade entendemos que as diferenças devem ser reconhecidas com humildade, amor e respeito; - As diferenças são socorridas pela liberdade de consciência e nossas limitações nos impõe uma estrutura denominacional; - Podemos cooperar com uma coexistência produtiva e amistosa nos protegendo de atitudes sectaristas e/ou sincretistas reconhecendo que somos limitados para viver a unidade perfeita. Esse entendimento nos humilha, mas também nos amadurece. - Não podemos criar uma união maior pelo caminho da divisão." ("DENOMINAÇÃO E DENOMINACIONALISMO", http://pibgram.webnode.com.br/news/denomina%C3%A7%C3%A3o%20e%20denominacionalismo/)


É importante dizer que cada denominação constitui-se na parte visível da Igreja invisível; amar a denominação, por assim dizer, PODE ser equivalente a amar a Igreja, desde que esse amor não torne-se em radicalismo e exclusivismo. Por outro lado, é impossível amar a Igreja invisível e por ela doar-se, sem amar a Igreja visível, com seus erros e falhas, expressa nas mais diversas denominações. Cada cristão verdadeiro, pertencente a cada denominação, constitui a Igreja invisível, sendo dela pedra viva. Há lugar para o amor denominacional na fé cristã? Sim, há. Podemos trabalhar para desenvolvermos e avançarmos a nossa denominação? Sim, podemos. Esse amor denominacional pode e deve ser cultivado, sempre com equilíbrio, de forma a não inviabilizar a integração e realização de trabalhos e programas em parceria com outras denominações genuinamente cristãs-evangélicas,  incorrendo assim em sectarismos. Todas as denominações têm o seu lugar e propósito no Reino, e todas juntas, cooperando em suas especialidades e vocações, sem divisionismos e intolerâncias, podem fazer grande diferença em termos de avanço do Evangelho. Afinal, todos cremos no que é essencial e podemos muito bem cooperarmos uns com os outros. Quanto ao não essencial, cada um é livre, desde que em tudo exista o amor e seja feito para a glória de Deus.

Um vivas a liberdade cristã!

Pense nisso! Deus está te dando visão de águia!