domingo, 20 de dezembro de 2015

E SE O SENHOR JESUS RESOLVESSE VISITAR UMA IGREJA...

Amados, essa postagem foi publicada originalmente no blog UMAP-VCA (http://umap-vca.blogspot.com.br/2009/09/jesus-visita-uma-igreja.html). Reproduzo aqui, para reflexão dos leitores.
Graça e paz!

----------------------------------------------------------------------------

Foi um encontro inusitado. Jesus estava passeando pelas ruas de Brasília, passou pela rodoviária do Plano, aquela multidão, ninguém o reconheceu. Viu um jovem a passos largos, bíblia embaixo do braço, se aproximou:
- Olá rapaz! Jesus aborda o jovem que apressa ainda mais o passo.
- Olá moço. Desculpe, estou com pressa. O jovem demonstrou desgosto pela interrupção do estranho.
- Tudo bem, eu que me desculpo pela interrupção. Jesus conhecia os seus pensamentos. Você está indo a algum lugar especial? - Estou indo para a igreja!
- Indo à igreja?
- É! Frequento a Igreja Pentecostal dos Milagres de Jesus... Pô, eu estou com pressa, o culto já começou, dá para dar licença. O jovem quase começa a correr, tentando se esquivar daquela situação desagradável com o estranho. Alguém que aborda o outro na rua, não deve ter boas intenções.
- Igreja Pente... (imagine a cara de Jesus nesse momento). Posso ir com você? - Ãããã... Vamos, não tem problema. Mas ai se alguém perguntar você fala que frequenta a minha célula.
- ...
Já na entrada do templo ambos são recebidos por um diácono que prontamente indica um local com cadeiras vazias.
- Quem é? Jesus pergunta apontando o diácono com a cabeça.
- É o Diácono Manoel.
- Ahhhh. Ele que cuida dos pobres e zela para que na igreja não tenha nenhum necessitado? - Hein???? O Manoel? Ele é diácono, não a Madre Tereza. Fica quieto senão ele vem aqui. Pô, nunca veio em uma igreja não? Senta ai...
- Na verdade ir a igreja é um conceito novo para mim, sempre preferi fazer parte do Corpo. Mas e você, como anda sua vida? O que... - Psssssiiiuuu. O jovem interrompe bruscamente a conversa. Fica quieto ai! O pastor tá pregando lá, tá vendo não?
- Mas, aqui não é a igreja? O local onde se reúnem os filhos de Deus? Onde a família do Pai celestial se junta em um só coração, compartilham suas vidas necessidades, se ajudam mutuamente? - Cara, de que planeta você veio hein??? Aqui é igreja, tá viajando? A gente vem, escuta a palavra, dá a oferta e vai embora. O jovem acha graça daquele estranho, com idéias totalmente novas e desconhecidas.
- Mas e quando vocês conversam? - No fim do culto ué! Caaara, vou acabar com problemas por causa dessa conversa. Sou aspirante e o Manoel tá me filmando lá da porta.
- Então quando acaba o culto é que a igreja se relaciona? O culto não é o momento no qual o meu ... o Corpo de Cristo manifesta a graça do Espírito? Um tem salmo, outro ensino, outro revelação... e todos falam para edificação mútua? - Vééééiiii. De onde você tira essas idéias malucas? Para você falar algo tem que ter 12 discípulos, ai se candidata a aspirante. Quando for promovido a oficial pode falar na célula. Meu, pelo menos fala que é da minha célula viu?? Você já me queimou mesmo com essa falação toda. Se ficar de boa eu te levo para conhecer meu líder ai você fala essas paradas com ele.
- Então, na célula vocês compartilham suas necessidades, dons e graça do Espírito? - Não rapá, a célula é para ganhar mais pessoas para Jesus!!!!
- Ganhar... para Jesus? E depois, o que fazem com quem vocês dizem que ganharam? - A gente põe eles para abrir novas células, lógico!
- Entendo, foi bom falar contigo. Jesus se levanta no meio da palavra e estende a mão ao jovem. - Ué não vai assistir o culto?
- Não, obrigado, não sou muito de assistir... vou lá fora cultuar.
O jovem fica triste, pois Jesus saiu antes do apelo e ele viu que perdeu a oportunidade de levar mais um para sua célula. Após o término do culto, a caminho da rodoviária do Plano ele vê Jesus, sentado, cercado de pessoas de má índole, conversando alegremente. Não consegue se segurar:
- Owwww, você não disse que ia sair da igreja para cultuar??? O que está fazendo então cercado desses mundanos pecadores????
Não leve essa história herética a sério. Todos nós sabemos que para Jesus o que fazemos não é novidade!

-----------------------------------------------------------------------

E se fosse na sua igreja, como o Senhor seria recebido? Qual seria o seu diálogo com Ele?
Será que não inovamos demais no culto e na igreja?

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

 

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

RAZÕES DE UM RACHA: ROBOÃO E SEUS CONSELHEIROS

"E FOI Roboão para Siquém; porque todo o Israel se reuniu em Siquém, para o fazerem rei. Sucedeu que, Jeroboão, filho de Nebate, achando-se ainda no Egito, para onde fugira de diante do rei Salomão, voltou do Egito, Porque mandaram chamá-lo; veio, pois, Jeroboão e toda a congregação de Israel, e falaram a Roboão, dizendo: Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai, e o pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos. E ele lhes disse: Ide-vos até ao terceiro dia, e então voltai a mim. E o povo se foi. E teve o rei Roboão conselho com os anciãos que estiveram na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhais vós que se responda a este povo? E eles lhe falaram, dizendo: Se hoje fores servo deste povo, e o servires, e respondendo-lhe, lhe falares boas palavras, todos os dias serão teus servos. Porém ele deixou o conselho que os anciãos lhe tinham dado, e teve conselho com os jovens que haviam crescido com ele, que estavam diante dele. E disse-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo, que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs? E os jovens que haviam crescido com ele lhe falaram: Assim dirás a este povo que te falou: Teu pai fez pesadíssimo o nosso jugo, mas tu o alivia de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai. Assim que, se meu pai vos carregou de um jugo pesado, ainda eu aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões. Veio, pois, Jeroboão e todo o povo, ao terceiro dia, a Roboão, como o rei havia ordenado, dizendo: Voltai a mim ao terceiro dia. E o rei respondeu ao povo duramente; porque deixara o conselho que os anciãos lhe haviam dado. E lhe falou conforme ao conselho dos jovens, dizendo: Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu ainda aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões. O rei, pois, não deu ouvidos ao povo; porque esta revolta vinha do SENHOR, para confirmar a palavra que o SENHOR tinha falado pelo ministério de Aías, o silonita, a Jeroboão, filho de Nebate." (I Reis 12:1-15)

O texto bíblico acima revela os acontecimentos que imediatamente antecederam a cisão de Israel em dois reinos, o reino do Norte (Israel), com as  tribos de Rubem, Simeão, Dã, Naftali, Gade, Aser, Issacar, Zebulom, Efraim e Manasses (capital: Samaria) e o reino do Sul (Judá), com as tribos de Judá e Benjamim (capital: Jerusalém). A grande nação, conquistada finalmente por Davi e de grande prosperidade material e espiritual na época de Salomão estava agora sendo dividida. Os livros de I e II Reis e II Crônicas vão mostrar o triste estado do povo de Deus, que culminará no cativeiro.  O Templo de Jerusalém, construído por Salomão em 7 anos, considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo, foi destruído por Nabucodonosor, rei de Babilônia, em 586 antes de Cristo, que levou todos seus tesouros para a Babilônia. Vale dizer que quando Salomão dedicou esse grandioso Templo ao Senhor, com a presença confirmatória do Shekiná, o próprio Senhor aparece a Salomão uma segunda vez e lhe advertiu sobre a possibilidade da destruição do Templo (I Reis 9:6-9). Isso sem mencionar que inúmeras vezes o Senhor adverte sobre Seu juízo e consequente cativeiro de Seu povo.

Porém, vamos nos ater por um momento ao texto de I Reis 12:1-15. Como facilmente se percebe, a história da divisão de Israel tem um componente espiritual e um componente humano. A bem da verdade, todas as coisas que acontecem no mundo físico tem um componente espiritual. Diga-se ainda que esse fato, de haver uma componente espiritual em todas as coisas que o homem faz, não elimina o livre-arbítrio humano: o homem faz o que quer fazer, o que entende como bem e o que entende como mal. O homem faz suas escolhas pessoais e coletivas. O homem não perdeu seu livre-arbítrio, sua capacidade de escolha, com a queda no Éden (como postulam os teólogos adeptos do calvinismo), ainda que todas as suas decisões ficaram passíveis de serem influenciadas pelo pecado, assim como todo o seu ser.

Voltando ao texto, esse componente humano de que falamos anteriormente é a decisão. A escolha que Roboão, rei de Israel, faz conscientemente acerca do pedido que lhe fora feito por Jeroboão e toda congregação de Israel de aliviar os altos impostos (tributos) que vinham sendo cobrados desde a época de Salomão. Diante desse pedido, o que Roboão faz? Ele vai consultar os anciãos que estiveram na presença de Salomão quando este ainda era vivo. Ele inicialmente faz, portanto, a coisa certa: ele consulta os anciãos, experientes conselheiros de Salomão.

É interessante notar o valor que a Bíblia dá aos anciãos. Por exemplo, no Antigo Testamento, o Senhor ordenou que Moisés ajuntasse 70 homens dos anciãos de Israel e seus oficiais, para auxiliarem Moisés na tarefa de "levar a carga do povo" (Nm 11.16,17). Eram os anciãos que faziam a parte prática da expiação por um morto desconhecido (Dt 21). Nos sacrifícios pelos pecados do povo, os anciãos tinham a tarefa de impor as suas mãos sobre a cabeça do novilho (Lv 4.15). Os anciãos decidiam e executavam o castigo quando um homem, após coabitar com uma mulher, a desprezava,  lhe imputando coisas escandalosas, e contra ela divulgava má fama ("não a achei virgem") (Dt 22.13-19). Julgavam também outras causas, como o dever de cunhado (Dt 25.7-9). O caos moral e espiritual apresentado no livro de Josué tem como uma das principais causas a morte de Josué e dos anciãos de Israel (Js 2.7-12). No Livro de Rute, aos anciãos foi apresentada a causa de Boaz como remidor (Rute cap. 4). No Livro de Esdras, é dito que "os olhos de Deus estavam sobre os anciãos dos judeus" (Ed 5.5). No Novo Testamento, no Livro de Atos, é dito que eram eleitos anciãos em cada igreja (At 14.23). Paulo e Barnabé levaram o caso do papel da circuncisão na salvação dos crentes aos "apóstolos e aos anciãos" em Jerusalém (At 15). Pedro ordena que na Igreja os jovens sejam sujeitos aos anciãos (I Pe 5.5). Até no Céu há anciãos (Ap 4)! Mesmo nos desvios do povo de Deus, quer no Velho quer no Novo Testamento, vemos em evidência a figura dos anciãos.

Roboão consultou corretamente o conselho dos anciãos. O problema é que ele "deixou o conselho que os anciãos lhe tinham dado, e teve conselho com os jovens que haviam crescido com ele". Ele não confiou no conselho dado pelos mais experientes, que já haviam vivido muitas coisas com seu pai Salomão; e resolveu consultar o conselho da moçada.Veja: ele podia ter até consultado o conselho dos jovens também; esse não foi o problema. O problema é que diante dos dois conselhos, ele resolveu seguir o conselhos dos jovens, que nesse caso específico era um conselho maligno. Roboão não sabia discernir qual era o conselho mais sábio dentre os dois e, assim, preferiu confiar na amizade em detrimento da experiência e maturidade. E isso culminou no "racha" de Israel.

Um mau conselho pode fazer muitos estragos, em todos os aspectos. Note: um conselho pode ser mau independentemente da intenção do conselheiro. É possível, hipoteticamente falando, que os jovens conselheiros de Roboão não deram o mau conselho por malícia, para ver Roboão se dar mal; apenas não tinham condições de aconselhar. Foram elevados à condição de conselheiros do rei por terem crescido com Roboão, por pura amizade, não por terem real condição de exercer essa função. E assim, como não tinham condições de aconselhar, mas eram conselheiros, o conselho daqueles jovens foi ruim. Note que Roboão teve, aqui, no mínimo dois erros: primeiro, levantou conselheiros que não tinham condição de sê-lo, por conveniência e amizade; segundo, sendo rei de Israel, não soube discernir qual conselho - dos jovens ou dos anciãos - era bom.

Infelizmente, hoje há muitos que, como Roboão, erram nas mesmas coisas! Quer na vida particular, quer na vida ministerial, estão a "levantar conselheiros" por amizade e conveniência, não por suas qualificações. Assim, por exemplo, a mulher que experimenta alguma crise em seu casamento vai buscar conselho com a amiga que vê o casamento como supérfluo (não como uma aliança). O homem, na mesma crise, elege como seu confidente e conselheiro o amigo leviano. O(a) jovem, em crise com sua sexualidade, vai buscar conselho com alguém que considera a questão à maneira do "tanto faz". O crente, diante de questões espirituais e emocionais, vai buscar conselho com o amigo descrente, confidenciando para ele suas mais profundas crises. O pastor levanta seu presbitério por conveniência (interesse financeiro, capacidade de controle, etc), desprezando os mais antigos que com ele estão desde o início da obra.

Outro ponto importante é o discernir o conselho. Às vezes, nem mesmo o conselho de um crente ou pastor é um bom conselho; já vi casos onde o conselho pastoral foi um desastre completo, que quase acabou em agressão física. Por outro lado, tem muita gente por aí, dentro e fora de Igreja, aconselhando com "segundas intenções". Como discernir se o conselho dado é bom ou mal? Primeiramente, é preciso ter maturidade. Se você é uma pessoa imatura, a coisa complica, porque o imaturo via de regra é levado por suas emoções, não pela razão. Ele não pondera, não reflete, não pensa, mas age na base do impulso. É preciso então averiguar se a decisão foi escolhida na base da auto-determinação, ou seja, o conselho será seguido se ele for exatamente de acordo com aquilo que a pessoa desejava ouvir do conselheiro, ou se o conselho será seguido porque é aquilo que a pessoa precisava ouvir do conselheiro. Há pessoas que nos aconselham segundo aquilo que sabem que queremos para nos agradar e nós tenderemos fortemente a fazer aquilo que nos agrada.

É preciso aprender a discernir os conselhos. Muitas pessoas se prejudicaram ouvindo "conselhos errados". Saber separar as coisas, por exemplo, conselhos bons dos maus, não é o bastante ainda. É preciso escolher entre um e outro. O Salmo 1 nos ensina como discernir o conselho - meditando na Palavra do Senhor. No conselho dos jovens a Roboão, ficou claro a contrariedade com a Palavra. A opressão jamais será algo da parte de Deus. Seguindo o conselho dos jovens, Roboão disse que iria oprimir ainda mais o povo, o que acabou causando o racha na nação. Relacionamentos desfeitos, famílias arruinadas, Igrejas rachadas, ministérios rachados... tudo porque "Roboão" resolveu seguir o caminho da opressão, da dureza, até da tirania; menosprezou o conselho dos anciãos e abraçou o dos jovens. "Puxe mais a corda", "leve ao extremo", "mine as forças"; vamos ver "até onde ele aguenta".  No texto em questão, o conselho dos anciãos a Roboão era para que ele tivesse sensibilidade de perceber que o povo estava cansado, vinha de um período difícil e precisava de um alívio. Roboão deveria tratar o povo com respeito, bondade, discernimento, ética, sensibilidade, sem discriminação, generosidade, verdade, paciência, humildade, justiça, sabedoria.

Note o conselho dos jovens a Roboão: oprima ainda mais este povo! Aumente os impostos! Lucro! Grana! Na cabeça daquela moçada, as pessoas valem o quanto pesam. Só tem valor se e por gerarem recursos para o reino. Não é à-toa que Tiago nos diz que "o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." (Tg 6.10) Há gente desviada da fé pela cobiça ao dinheiro! Há gente hoje que está a Casa de Deus, falando em nome de Deus, que na realidade está perdida de Deus! Perderam-se de Deus, perderam-se seguindo o caminho da opressão que o amor ao dinheiro exerce. Venderam seus ministérios, venderam sua ética! E hoje estão "fazendo da piedade fonte de lucro", ou seja, vendendo serviços religiosos! Isso precisa ser considerado com muito cuidado: tem gente perdendo a fé por causa de grana! Mais do que nunca, há uma pressão infernal em nossos dias para se ter sucesso na vida, e esse sucesso é medido por quanto dinheiro você tem! Pelo poder - financeiro, político, até espiritual - que a pessoa possui! Hoje, por exemplo, "pastor de sucesso" é pastor que "faz crescer" numericamente a Igreja - esses são ovacionados publicamente; são parabenizados e postos como "exemplo" para os demais. Não importa quantos princípios bíblicos o sujeito tenha quebrado para chegar a isso; não importa se ele vendeu a si mesmo e a mensagem. E o conselho - falado ou demonstrado - é o mesmo de Roboão: "traga lucro", "faça prosperar financeiramente o tesouro real", que com isso "você demonstrará que governa bem Israel". O texto bíblico não diz isso, mas talvez, hipoteticamente falando, é possível que o aumento dos impostos trouxesse mais regalias para aqueles jovens conselheiros e por isso eles deram tal conselho. Hipoteticamente falando... 

Quer um conselho? Cuidado com tais pessoas, que aconselham por interesses pessoais e à luz daquilo que seu coração anseia. Isso sempre acaba em problema, em crise, em racha. Há ações que trarão consequências que se estenderão por toda uma vida. Busque ao Senhor, medite na Palavra, aprenda a discernir o bem e o mal. Não seja como Roboão, mas dê ouvidos àqueles que segundo Deus transmitem a Palavra do Senhor para direcionar sua vida no Caminho santo. Não despreze um bom conselho, só porque você não concorda com ele; e não despreze uma pessoa, só porque não concorda com ela. Analise todas as coisas, retenha o que for bom!

Pense nisso! Deus está te dando visão de águia!

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A PROFECIA DE JOEL E AS LUAS DE SANGUE

"E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR." (Joel 2:30,31)

TODAS as profecias bíblicas têm seu cumprimento garantido por Deus. Se o Senhor prometeu algo, Ele é fiel e justo para cumprir cada promessa. Nenhuma das profecias bíblicas jamais caiu por terra, elas jamais deixaram de se cumprir. Algumas delas, ainda mais, são cumpridas em mais de uma ocasião na história humana; nesses casos, devemos sempre esperar ainda um cumprimento derradeiro e definitivo. Assim, por exemplo, é o caso do cumprimento das profecias de Daniel, como no caso da interpretação do sonho de Nabucodonosor da estátua feita de muitos materiais (Dn 2), da visão dos 4 animais (Dn 7), do carneiro e do bode (Dn 8) e das 70 semanas; de muitas das profecias de Ezequiel (como por exemplo Ez 37 comp. com Rm 11); de muitas das profecias de Isaías e de outros profetas, além de, é claro, das profecias registradas no Novo Testamento.

As profecias bíblicas, quando mal-interpretadas, isto é, interpretadas fora de seu contexto (porque a Bíblia é um livro de texto com contexto, sempre), geram no coração de muitas pessoas temor e assombro.  Por exemplo, com relação a Segunda Vinda de Cristo, inúmeras pessoas e grupos religiosos já tentaram (e alguns ainda tentam) predizer a data deste grandioso evento profético (em desobediência clara a Marcos 13:32): em 1533 o pregador anabatista Melchior Hoffmann anunciou o retorno do Senhor para o 15º aniversário da sua morte; em 1843 o pregador metodista William Miller anunciou o apocalipse para 3 de abril, depois 7 de julho, depois 21/03/1844 e por fim para o dia 22 de outubro de 1844, levando 50.000 pessoas a aguardarem a vinda do Senhor - a não-vinda ficou conhecida como "Grande Decepção" (Jean-Yves Leloup; O Apocalipse de João. Ed. Vozes, 2014). Ressalte-se que muitos venderam suas propriedades, deixaram seus empregos e casas e muitos abandonaram suas denominações; multidões ficaram na rua esperando o cumprimento da profecia para aquela data marcada e nada aconteceu.  

Desse desapontamento de 1844, surgiram as Testemunhas de Jeová, que vez por outra vem tentando inutilmente descobrir a data do fim. Mais modernamente, em janeiro de 1992, mais uma tentativa vazia de agenda o fim do mundo - "Jesus voltará no ano de 2007 num dia de sábado" - é o que foi dito pela pastora, hoje apóstola Valnice Milhomens. Harold Camping, líder da seita americana Family Radio, "agendou o fim" para 21/05/2011, quando então 200 milhões de pessoas seriam arrebatadas; minutos após o Arrebatamento, começaria um juízo final de cinco meses, de acordo com o versículo bíblico Apocalipse 9:5, e após esses cinco meses (21 de outubro de 2011), esse mundo seria destruído com fogo (Camping na verdade reagendou o fim do mundo em várias ocasiões, como por exemplo para 06/09/1994; nada acontecendo também neste dia, Camping marcou nova data para 3 de abril de 1996 mas, como das outras vezes, Jesus também não voltou). Como a profecia do Harold Camping para esse dia não se concretizou, ele remarcou o fim do mundo para 21 de outubro de 2011. Nada aconteceu, novamente.     

Esses "secretários de Deus",  que tentam em vão marcarem datas para o fim do mundo, estão baseados em interpretações errôneas das Escrituras; alguns, contudo, tem como base eventos catastróficos na natureza ou na sociedade. Assim, por exemplo, o evento natural conhecido como "Luas de Sangue" (como lhe chamam os leigos) fez com que alguns pastores, sacerdotes e fiéis cristãos "indubitavelmente" ensinem que o quarto e último eclipse da tétrade lunar cumprirá as profecias bíblicas do Apocalipse. O fenômeno, registrado pela primeira vez a 15 de abril de 2014, repetiu-se no dia 8 de outubro, voltou a ocorrer a 4 de abril de 2015 e  28 de setembro de 2015, completando o que se chama uma tétrade lunar, o que deveria marcar o início do fim do mundo para esses cristãos. Assim, para o pastor norte-americano John C. Hagee, o fenômeno tem relação com as profecias registradas no Livro de Joel 2:30,31 e de Apocalipse 6:12.O que aconteceu? Novamente, o mundo não acabou.

Qual é o problemas desses agendamentos? Será que as profecias envolvidas não são verdadeiras? A resposta é não; todas as profecias bíblicas são verdadeiras, como dito no início desse texto. O problema está, então, na interpretação dessas profecias. Vale a pena, então, reexaminarmos a profecia de Joel cap. 2, e buscar primeiro compreender como se deu e como se dará o seu cumprimento, à luz da história bíblica e da própria Bíblia. Assim, portanto, na História Bíblica, julgamentos particulares sobre reis e nações são freqüentemente descritos em termos tais como corretamente pertencem ao juízo geral e conflagração dos céus e da terra. As expressões utilizadas em Joel cap. 2, em seu sentido literal, falam do impedimento da luz vinda do sol e da lua conjuntamente, o que pode dar-se tanto por eclipses como por qualquer outra causa, como talvez, no momento aqui referido, pela prodigiosa quantidade de fumaça proveniente da queima das cidades, vilas e aldeias em redor, e também da própria Jerusalém, que, sem dúvida, foi suficiente para obscurecer os luminares celestes por algum tempo.

Por outro lado, é bom constatar que essa profecia está ligada indubitavelmente ao derramamento do Espírito Santo sobre toda carne - "E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões, e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito." (Jl 2.28,29) Conforme o apóstolo Pedro, o cumprimento dessa profecia de Joel deu-se no dia de Pentecostes em Atos cap. 2. Porém, não houve o cumprimento de toda ela, pois ainda resta cumprir a outra porção da profecia - "E farei aparecer prodígios em cima, no céu; E sinais em baixo na terra, Sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se converterá em trevas, E a lua em sangue, Antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor" (At 2.19,20). Segundo o Jamieson-Fausset-Brown Bible Commentary relata,  essa porção se cumpriu antes da destruição de Jerusalém segundo Flávio Josefo [Josephus, Wars of the Jews - http://www.gutenberg.org/files/2850/2850-h/2850-h.htm]. É interessante destacar que essa porção tampouco aconteceu nos dias do derramamento do Espírito na Rua Asuza, no séc. XX, onde mais uma vez esta seção específica da profecia de Joel teve seu cumprimento, do derramar do Espírito. Isso nos leva a crer que a seção da profecia de Joel 2:30,31 que fala sobre os prodígios no céu e sinais na terra - sol se convertendo em trevas e lua em sangue - ainda se cumprirá na história humana, "antes de chegar o grande e terrível dia do Senhor".

Conforme o Matthew Poole's Commentary registra sobre esse texto de Joel, "o sol se converterá em trevas", ele será grandemente obscurecido; enquanto isso, "a lua se converterá em sangue", quer por eclipse, ou pela intervenção de vapores gerados nos locais onde há grande matança e efusão de sangue. Esta profecia foi cumprida em parte na devastação de Jerusalém, mas deve ser cumprida integralmente e, finalmente, no dia do juízo, e na consumação do mundo. Já para o Gill's Exposition of the Entire Bible, a frase "o sol se converterá em trevas e a lua em sangue" seria uma figura de linguagem, representando a imensa quantidade de nuvens de fumaça decorrentes da queima de vilas e cidades quando da destruição de Jerusalém pelos Romanos. Para esses dois comentários bíblicos, a mudança de coloração nos dois grandes luminares é resultado de nuvens de poeira e outros detritos, resultantes de terríveis batalhas na Terra; a mudança na coloração seria, portanto, segundo a ótica de quem olha da terra para o céu, que vê os luminares à luz das condições da terra. É possível que a profecia aponte para eventos físicos reais, como eclipses não-usuais; essa é a posição defendida no comentário Cambridge Bible for Schools and Colleges. Nesse caso, a mudança dos luminares seria resultado de eventos cosmológicos, sendo a visão de quem olha sem nenhum tipo de obstáculo. Esse comentário, contudo, afirma ser possível também tratar-se, mesmo que parcialmente, de obscurecimentos não-usuais do sol ou lua por distúrbios atmosféricos.

Como explicar o fenômeno que ocorreu em 2014 e 2015? Do ponto de vista físico é bem simples: uma lua de sangue é um eclipse lunar total, quando a Terra fica entre a Lua e o Sol. Como a Terra bloqueia a luz do Sol, a única coloração que emerge através da atmosfera terrestre é vermelha, lançando uma cor vermelho-sangue sobre a Lua. O astronômo italiano Giovanni Schiaparelli calculou que a ocorrência das tétrades varia ao longo dos séculos. Num intervalo de 300 anos há diversas tétrades lunares, enquanto noutros 300 anos não há nenhum. Por exemplo, os anos entre 1852 e 1908 não houve nenhuma tétrade, enquanto nos próximos 3 séculos teremos 17 tétrades (contando entre os anos de 1909 a 2156). (http://www.centrometeoitaliano.it/astronomia-spazio/eclissi-totale-di-luna-della-tetrade-in-arrivo-8-ottobre-20191/) A cor vermelha deve-se à luz que atravessa as camadas da atmosfera da Terra e se desviam para dentro da sombra. A principal luz que se desvia nessa direção é a luz vermelha que, no momento do eclipse, atinge a superfície lunar. Esse efeito ondulatório é chamado de dispersão de Rayleigh.

E espiritualmente, há alguma explicação? Sim, sem sombra de dúvida. A primeira explicação encontramos no Livro de Salmos: "Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos." (Sl 19.1) Ou seja, as tétrades anunciam a existência, beleza, magnificência, poder, grandiosidade, inteligência e amor do Supremo Criador do Universo, de Deus, o Soberano do Universo! Elas mostram que a criação não é fruto do acaso ou do caos, mas sim é obra de Um Ser Pessoal e Inteligente - e muito acima da criação que Ele fez. Elas mostram a criatividade e, porque não, o bom humor de Deus! E não só as tétrades apontam para Ele; mas toda a criação evidencia de forma gritante a existência do Supremo Criador, Aquele por quem são todas as coisas, Jesus: "Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele." (Cl 1.16,17)

Há mais alguma explicação espiritual, que possamos reconhecer para este fenômeno, segundo as Escrituras? Sim, há. Ela se encontra em Lucas 21:11: "E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu". Ou seja, são "sinais no céu". Sinais que antecedem a Vinda do Senhor. Vale lembrar o que o Senhor nos exortou: "E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas." (Mt 24.29) Ainda não chegamos naqueles dias preditos por Nosso Senhor. Mas estamos caminhando para eles, sem dúvida alguma.

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

SEXO E CASTIGO: O QUE É AMAR O PECADOR?

 
10 Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. 11 E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus. (I Coríntios 6)

Devassos (gr. pornoi, envolvendo toda uma classe de práticas sexuais reprovadas por Deus), idólatras, adúlteros, efeminados (gr. malakoi), sodomitas (gr. arsenokoitai, homossexuais), ladrões, avarentos... práticas que desagradam a Deus, pecados do ponto de vista bíblico, ao ponto de impedir que a pessoa que os comete e neles insiste, como prática de vida, herde o reino de Deus. O texto é bem direto nesse ensino, sendo o mesmo do Antigo Testamento, o que revela o pensamento de Deus sobre estas práticas, reprovando as mesmas.
 
Até aqui, esse assunto está bem consolidado no âmbito da fé cristã bíblica. Milhares de comentaristas cristãos,  de hermeneutas, de teólogos, de pastores e lideranças das mais diversas denominações, com os mais diversos títulos e experiências acadêmicas e com Deus, vem ensinando há séculos exatamente o que o apóstolo Paulo ensinou no início da Igreja, com ampla concordância nos mais variados manuscritos existentes e reconhecidos. E o ensino é um só: não entrarão no reino de Deus os que tais coisas praticam. Ponto.

Porém, após mencionar toda uma classe de pecados que impedem a entrada no Reino de Deus, Paulo continua sua exortação aos Coríntios, dizendo que aqueles irmãos tinham sido exatamente isso - sodomitas, adúlteros, devassos, efeminados, etc. Esta era a descrição da maneira que viviam antes de nascerem de novo! E somente deixaram de sê-lo porque na vida daqueles irmãos agiu o poder de Deus, operou neles a salvação, qual seja a lavagem da água pela Palavra de Deus, santificados e justificados "em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus". Mas como esse poder agiu na vida dessas pessoas? Ora, pelo Evangelho, que é poder de Deus para salvação de todo o que nele crê (Rm 1.16)!
 
O que é Evangelho? Qual é a mensagem do Evangelho? Esse ponto é crucial. Se não entendemos o que é o evangelho e o que ele ensina, jamais alcançaremos a salvação. O que a Bíblia diz sobre isso? "E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, E dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho." (Marcos 1:14,15) O texto diz que Jesus pregava o evangelho. E no que consistia a pregação do evangelho de Jesus? O que ele dizia? Ele dizia que o tempo estava cumprido, e o reino de Deus está próximo, chamando as pessoas ao arrependimento e à fé no próprio evangelho! O que Jesus queria dizer com "o tempo está cumprido"? Que tempo é esse que havia chegado ao final? Jesus responde: "Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João." (Mt 11.13) Ou seja, o tempo que estava cumprido era o tempo da profecia dos profetas e da lei!

Precisamos entender que a Lei de Deus foi dada ao homem para acabar com a auto-justificativa humana, com o orgulho humano que a si mesmo vê-se como muito bom, correto e perfeito, não como um meio de salvação. A Lei é ruim? De modo algum! Paulo diz que ela é santa, e o mandamento santo, justo e bom. A lei é espiritual. Porém, ninguém jamais consegui cumprir a Lei (com exceção de Jesus, o Deus que se fez carne); somos carnais e não conseguimos cumprir a Lei de Deus. Para ser justificado com base na Lei, que é espiritual, era preciso cumpri-la na integralidade, algo impossível para quem desde o Éden está morto espiritualmente em delitos e pecados. É impossível um morto espiritual poder cumprir algo puramente espiritual! O próprio apóstolo assevera: "Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado." (Rm 3.19,20 - grifo adicionado). A Lei mostrou que somos pecadores inveterados, escravos do pecado, mesmo que não gostemos dele! Portanto, o resultado da tentativa humana em cumprir a Lei será sempre o mesmo: pecado! Fracasso! É exatamente essa a mensagem dos profetas - vocês não cumpriram a Lei, as maldições da quebra da Lei estão sobre vocês! A Lei condena, encerra toda humanidade debaixo de pecado; os profetas, falando no lugar de Deus a Palavra de Deus confirmam a transgressão da humanidade!
 
Jesus, portanto, dizia que esse tempo - da lei e dos profetas - estava cumprido! Noutras palavras, acabou! Chega de tentar cumprir a lei, porque vocês não vão conseguir de jeito nenhum! Acabou a chance! Pára tudo! Vocês tentaram, tentaram, tentaram e não conseguiram! Eu deixei que vocês tentassem cumprir a Lei, mas ninguém conseguiu! Agora chega, acabaram as tentativas! O que fazer diante disso? Só tem uma coisa a fazer - confessar-se como fracassado! "Senhor, eu tentei cumprir a Lei, mas quebrei a cara! Eu achei que podia, que era bom, que dava conta, mas acumulei fracasso sobre fracasso, pecado sobre pecado! Senhor, eu sou todo errado! Eu sou um fracasso espiritualmente falando, porque fui incapaz de cumprir a Tua Lei!" Isso, querido(a) leitor(a), é o que a Bíblia chama de arrependimento! Arrependimento não é remorso, nem promessa de acerto ou melhoria de vida; arrependimento é primeiramente mudança de opinião com relação a sua própria pessoa; depois, com relação às práticas diante de Deus! Arrependimento é ver-se pecador inveterado, erro ambulante, cujos esforços pessoais em tentar viver segundo a vontade de Deus são pecado! No arrependimento você enxerga com clareza seu real estado espiritual; as justificativas e desculpas, o orgulho e a auto-suficiência são aniquiladas! 
 
Ora, se eu não consigo cumprir a Lei, sou pecador e portanto meu único destino é a morte, porque o salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Deus, eu mereço a morte; mais ainda, eu estou morto para ti e de forma eterna (pois jamais cumprirei a Lei de Deus, por mais que me esforce para fazer isso)! "Perfeito!", diz Deus no céu, "é isso mesmo!" Nesse ponto é que entra a fé no evangelho. A fé naquilo que Deus faz por você, sem que você faça coisa nenhuma, a não ser crer em Deus. E o que Deus fez, por mim e por você? Deus enviou o Seu filho unigênito, para carregar sobre si os nossos pecados, para levar sobre si todas as nossas maldições! Jesus carregou sobre si, na cruz, os nossos pecados e maldições, recebendo o castigo que era nosso - a morte! Ele morreu de morte de cruz! Foi crucificado, considerado pecador, considerado transgressor da Lei, sem jamais tê-la transgredido! Porém, ao terceiro dia Ele ressuscitou e vivo está! Assim, eu ponho a minha fé nesse sacrifício eterno feito pela minha vida, em meu lugar; enxergo Nele, no Crucificado, o justo castigo pelo pecado que há em mim! E assim, recebo o perdão dos meus pecados - sem ter que tentar cumprir nada, apenas crer! Nele eu morri pela fé; assim Nele também ressuscitei, pela fé, para andar em novidade de vida! A isso, Deus chama na Bíblia de Graça, de favor imerecido, favor prestado a mim, por Deus, sem que eu faça nada por merecê-lo nem possa fazer nada para pagá-lo!
 
Deus amou o mundo, diz o Senhor Jesus em João 3:16. Deus amou o homem pecador! Deus odeia o pecado, mas ama o pecador! E o amor de Deus não ficou na teoria, não ficou no discurso; Deus amou de forma extravagante, intensa, ilimitada, ao ponto de dar Seu Único Filho pelo homem distante e Dele afastado por seu pecado. Deus estendeu a Sua mão para o homem; o Deus santo abaixou-se em Cristo Jesus para salvar justamente aquele que vivia sua vida de forma alienada desse Deus! Jesus, Deus que se fez carne, era chamado de amigo de pecadores, porque estava sempre junto deles, buscando salvar-lhes, sem se contaminar com suas práticas e com seu modo de vida. Penso que esse grande exemplo de Deus, de como odiar o pecado e amar o pecador, deve nortear a nós, como Igreja de Cristo, no trato com a humanidade perdida. Odiar o pecado, ou seja, não concordo e não pratico isso de forma alguma; mas amar o pecador, estendo-lhe a mão da Graça e do perdão que um dia foi estendida a cada um de nós.
 
Tristemente, entendemos muito pouco esse tão badalado princípio que frequentemente levantamos como uma bandeira de vida. Entendemos muito pouco o que seja amar o pecador, não damos a chance de se arrependerem, nem demonstramos graça com eles - especialmente com aqueles pecadores que se enquadram em nossa classe de "maiores pecadores" - os pecadores que praticam pecados ligados à área sexual. Colocamos muitas barreiras pessoais, muitos obstáculos, no trato com os adúlteros, com os sodomitas, com os homossexuais, mais do que no trato com outros pecadores, como maldizentes, como ladrões, avarentos e idólatras, dentre outros. O pior é que nós mesmos sabemos o que é isso, isto é, sermos pecadores - Paulo diz que é justamente isso que nós éramos no passado! Será que já nos esquecemos da nossa antiga natureza? Da nossa antiga realidade pecadora? Da vida que levávamos antes de Cristo nos salvar?
 
Recentemente, o pastor John Gibson, de 56 anos, de Nova Orleans/EUA, professor do New Orleans Baptist Theological Seminary, entrou em depressão ao aparecer na lista dos usuários do site de traição "Ashley Madison". Mesmo pedindo perdão para a família acabou se suicidando. O Presidente do Seminário, Chuck Kelley, disse em seu site sobre o pastor que "ele foi particularmente conhecido por seus atos de bondade à família do seminário. John foi o bom vizinho por excelência [...[ John era amado pelos alunos por causa de seu amor para o ministério e para com eles". (http://hollywoodlife.com/2015/09/09/ashley-madison-suicide-married-baptist-pastor-john-gibson/)  Gibson foi descrito por aqueles que o conheciam como uma pessoa calorosa, amorosa que levou os ideais cristãos de altruísmo e caridade a sério. E a lista de irmãos apanhados em flagrante adultério parecer ser bem extensa: "De acordo com a publicação, o diretor do Centro de Estudos Estatísticos LifeWay Research, Ed Stetzer, estima que cerca de 400 pastores, presbíteros, diáconos e líderes de diversos ministérios eclesiásticos, deveram renunciar o seu cargo nas próximas semanas, após seus nomes aparecerem na lista de usuários da Ashley Madison." (http://padom.com.br/lideres-evangelicos-aparecem-na-lista-de-site-de-adulterio-ashley-madison/) 
 
Diante dessa tão triste notícia do suicídio do pastor John, não posso deixar de pensar no sofrimento e desespero que ele deve ter experimentado. O peso da culpa que se formou sobre sua vida. A enxurrada de pensamentos que invadiram sua mente: "Agora acabou John! Você foi pego em seu pecado! Não há mais chance para você! Ninguém perdoará você, você jamais será aceito novamente! Você desgraçou sua família, sua igreja; você traiu ao Senhor e a todos aqueles que confiaram em você! É o seu fim!" Ele deve ter se lembrado de como a igreja lida com essa classe de pecado - com paus e pedras; assim, escolheu o caminho da morte para não ter que encarar àqueles que um dia chamaram ele de irmão, de amigo, de pastor. E assim tirou a própria vida!
 
O pastor John viveu durante um tempo uma vida dupla. Foi seduzido por sua própria concupiscência, pelo pecado que assedia, e acabou experimentando o prazer secreto do adultério. Ele pecou, sim é verdade, e acabou colhendo a terrível consequência do pecado. Porém, fico aqui pensando com meus botões o que poderia ter acontecido SE a igreja (de forma geral, ok? Não nenhuma especificamente) amasse verdadeiramente o pecador. Por certo, o pastor seria disciplinado - porque disciplina é bíblico e correto, talvez até fosse suspenso por um tempo do ministério - mas seria ACEITO como irmão, como sempre foi antes do fato. E estaria vivo. 
 
Ora, quando nós, Igreja, olhamos para nós mesmos, o que nos impede de cometer o mesmo pecado, de cair no mesmo erro - ou até em outros? Onde fica o ensino "aquele que cuida estar de pé, cuide para que não caia"? NENHUM DE NÓS, CRENTES EM CRISTO, está imune de cometer pecado! Todos nós podemos cair! Logo, duas coisas são necessárias: primeiro, buscar a cada dia mais e mais "arrancar o meu olho e meu braço" que me fazem pecar (Mt 18.9), isto é, evitar a todo custo contato com aquilo que me faz pecar (por exemplo, se o que te faz pecar é o site pornô e você não resiste acessá-lo enquanto navega, sugiro se livrar da internet!). Depois, exercermos misericórdia e bondade com aqueles que caem no pecado, levando-os ao arrependimento e a fé novamente.Estendo isso àqueles que estão numa luta interior sincera para se livrarem de algum pecado que assedia. Se a pessoa está lutando contra o pecado, se ela deseja seguir a Cristo, preciso ajudar - e não atrapalhar. Claro que terei cuidado com ela e comigo também, para não acabar envolvido no pecado. Claro que enquanto a luta perdurar, não poderei confiar certas responsabilidades àquela pessoa. Mas posso amá-la com o amor de Deus, posso ajudá-la com conselhos e orações. Até com ouvidos, escutando seus dramas de vida.  O que não podemos fazer é adotar a postura do "caiu, já era! Perdeu, mano!"
 
Concordando com essa postura, Thomas Rainer, presidente da LifeWay Research, ligado aos Batistas do Sul, escreveu: "os pastores devem 'acompanhar' aqueles que reconhecem o adultério e 'aborda-lo com graça'. Ser cheio da graça não significa que minimizamos os pecados do adultério, a mentira e a traição. Mas é muito triste e trágico quando os cristãos na lista estão com medo e sem esperança que os não crentes na lista. Temo que alguns cristãos tomaram uma atitude legalista e de juízo quando a graça deve prevalecer [...] O objetivo do ministério para com aqueles que têm cometido adultério é “a restauração do corpo da igreja”, acrescentou Rainer, reconhecendo que a disciplina da igreja como um caminho potencial para a restauração. “Pode levar meses, inclusive anos” para curar estas feridas. “Os pastores e outros lideres da igreja devem estar preparados para fazer diante a este longo prazo“, expressou". (http://padom.com.br/lideres-evangelicos-aparecem-na-lista-de-site-de-adulterio-ashley-madison/) Isso é amar o pecador! Amar aquele que é o meu próximo como a mim mesmo; afinal, quem não gostaria de receber amor, graça, perdão e misericórdia da Igreja? Eu poderia muito bem estar no lugar dessa pessoa! 
 
Todos os pecados são sérios, não apenas os de cunho sexual. Todos os pecados são terríveis e todos tem o potencial de nos impedir a entrada no reino de Deus. Quem já foi perdoado do seu pecado, sabe o que é ficar preso numa prática maligna e não poder contar para ninguém, com medo das reações; sabe também o que é experimentar o poder, a graça e o perdão de Cristo, manifestos diretamente por Ele e indiretamente, quando na vida de Sua Igreja. Nós fomos exatamente isso - sodomitas, efeminados, adúlteros, fornicários, necromantes, feiticeiros, devassos, incestuosos(as), zooerastas, ladrões, maldizentes, etc. Mas fomos lavados. Mas fomos santificados. Mas fomos justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus. Deus não deixou de nos perdoar; não devemos deixar de estender esse mesmo perdão a quem dele hoje precisa e busca por ele!
 
Se você, querido(a) leitor(a), está com sua vida presa em alguma dessas práticas e deseja ser livre, deseja ser salvo, deseja a Cristo, convido você a fazer uma visita a nossa Igreja. Nós temos aprendido que Deus é bondoso para com todos e que Ele deseja usar Seu povo como instrumento de cura e salvação. Temos aprendido que não somos nem melhores nem piores que ninguém, que somos todos ex-pecadores que viveram um dia presos nos mesmos pecados e que por isso mesmo somos tão carentes de Deus como qualquer pessoa. Se estamos hoje livres, salvos, perdoados, justificados não foi por nosso mérito pessoal, mas foi pelos méritos de Jesus! Foi somente pela fé, a mesma fé que pode ser gerada em seu coração pelo Senhor. Você escutará uma mensagem forte baseada na Palavra de Deus; você não ouvirá nenhuma palavra que acaricie seu ego ou minimize seu pecado, mas sim uma palavra de poder para libertar sua vida! Mas experimentará também um ambiente de amor e de tratamento espiritual. Chega de carregar em silêncio uma carga pesada de culpa e de acusação, pois Nosso Senhor assim prometeu: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve." (Mt 11.28,29) 
 
Se você estiver longe, morar em outro país, você pode me contatar por e-mail (prricardoksf@yahoo.com.br), querendo desabafar, pedir um conselho, oração... caso você precise de um amigo, enfim. Pode também procurar uma Igreja Cristã verdadeira que aceite cuidar da sua vida. Deus, o Pai, que é Amor, ama você e Seu Espírito direcionará sua vida para um lugar onde Ele possa tratar de ti. Saiba que a promessa de salvação é para você também, a promessa de vida abundante, a promessa de liberdade do pecado e a promessa de comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito. A Igreja é o seu lugar, não deixe o diabo dizer o contrário! A IGREJA É O SEU LUGAR, O SEU LAR ESPIRITUAL. Tenha fé, creia em Deus, creia no Evangelho! Deus abençoe a sua vida, em Cristo Jesus!
 
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!          
 
 

 
  

terça-feira, 15 de setembro de 2015

"MINHA MÃE ME ODEIA": FAÇA COMO JABEZ E SEJA LIVRE DA PRISÃO DO ÓDIO!

"E foi Jabez mais ilustre do que seus irmãos; e sua mãe deu-lhe o nome de Jabez, dizendo: Porquanto com dores o dei à luz. Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares muitíssimo, e meus termos ampliares, e a tua mão for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido." (I Cr 4.9,10)

Esta mensagem, ministrada domingo passado, inspirada por Deus em I Crônicas 4:9,10, abordou a terrível relação de ódio que há entre mães (ou pais) e seus filhos. Na internet, há muitos "desabafos" de pessoas que viveram (e ainda vivem) esta situação em seus lares, casas e corações. Cada um deles mais repleto de dor e sofrimento que o outro, relatos muito sérios. Pessoas que relatam ter ódio, nojo pela mãe/pai; outros que relatam uma vida de espancamento, humilhação e tortura, dentre outros.

Como pastor, tenho ouvido pessoalmente a triste confissão de pessoas que relatam os mesmos abusos, a mesma violência, o mesmo ódio e a mesma tristeza e angústia com a situação. Pessoas que não conseguem seguir em frente com suas vidas, que não conseguem viver a vida de forma plena, por conta de dores e traumas do passado que bloquearam sua alma e suas emoções. 

Estes relatos tem recebido nesses sites respostas a título de "conselhos" nem sempre bíblicos, nem sempre de acordo com os princípios de Deus, o que pode gerar ainda mais "estragos", agravando a situação que já é muito ruim.  Pessoas anônimas que apóiam, que incentivam ainda mais a destruição da vida de terceiros, os quais conhecem apenas pelos textos postados.

Assim, eu sinceramente espero que esta mensagem possa abençoar a sua vida. Você, que está procurando ajuda nesta área, convido você a ouvir esta mensagem, permitindo que Deus ministre graça e paz à sua vida. Ao mesmo tempo, deixo aqui meu e-mail como pastor (prricardoksf@yahoo.com.br) e o espaço aqui, para comentários, caso você deseje entrar em contato, pedir um conselho ou oração, ou simplesmente comentar algo. Quero dizer que Deus te ama e tem um plano de amor para sua vida; sua história, por pior que seja, por mais complicada que possa ser, pode ser mudada pela ação sobrenatural e poderosa do Espírito Santo. Mais do que desabafar, Deus quer que você seja livre dessa carga pesada que você carrega por tanto tempo!

Que Deus abençoe a sua vida, em nome de Jesus!

PARTE 1: 

 PARTE 2:



quarta-feira, 24 de junho de 2015

PASTORES BIVOCACIONADOS: ERRO DE ORDENAÇÃO OU DE INTERPRETAÇÃO?

"Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia  (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?); Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo". (I Tm 3.1-7)

 Esse texto, parte integrante da I Epístola de Paulo a Timóteo, é reconhecido no âmbito da Teologia como se constituindo nos pré-requisitos para que um crente em Cristo Jesus exerça a atividade pastoral e juntamente com as epístolas de II Timóteo e Tito (com alguns excertos em II Coríntios e noutros livros da Bíblia, no Antigo e Novo Testamentos), se constituem na base bíblica para a Teologia Pastoral, parte integrante da Teologia Prática.  Teologia Pastoral é "teologia", porque tem principalmente a ver com as coisas de Deus e sua Palavra. É "pastoral" porque trata dessas coisas divinas no aspecto que pertence ao pastor. É "prática" porque se relaciona com o trabalho do pastor tal como ele é, nomeado para influenciar os homens, aplicando-lhes os ensinamentos das Sagradas Escrituras.

Assumindo que o pastor tem sido chamado por Deus para o sagrado ofício; que ele tenha sua mente equipada com a ciência da teologia e com um sistema de doutrinas; que ele aprendeu os métodos de interpretação da Palavra de Deus corretamente; que ele é hábil nas leis designadas por Cristo para o governo da sua Igreja; e que ele tem estudado a arte da retórica sagrada, - assumindo tudo isto, a Teologia Pastoral visa ajudá-lo no grande trabalho prático de trazer toda a sua preparação para a edificação do povo do Senhor e da salvação dos homens. O seu objetivo é, considerando os ministros como homens já bem educados, é ajudá-los na arte sagrada de trazer almas para Cristo e treiná-las para a glória de Deus.

I. Pastor Bivocacionado: O que diz a Bíblia? Primeiro, às Escrituras!

Segundo o Rev. Thomas Murphy, D.D., ex-pastor da Frankford Presbyterian Church, em Filadélfia, em sua obra "Pastoral Theology: The Pastor in the Various Duties of His Office" (1877), "os ensinos imortais nas Epístolas de Timóteo e Tito devem ser o modelo e a substância de toda teologia pastoral". Portanto, vamos nos analisá-las mais detidamente por um instante, a fim de obtermos o saber sobre este tema. Vejamos então. Quem aspira (deseja, almeja) a nobre função pastoral, segundo Paulo, deve ser:
  1. (i) irrepreensível (gr. anepileptos, "inculpável"). Para que os bispos não se vejam privados de autoridade, Paulo ordena que se faça uma seleção daqueles que desfrutem de excelente reputação e sejam eximidos de qualquer nódoa extraordinária.
  2. (ii) marido de uma mulher. A única exegese correta é a de Crisóstomo, que o considera como uma expressa proibição de poligamia na vida de um pastor.
  3. (iii) vigilante (gr. nephaleos, "sóbrio").
  4. (iv) sóbrio (gr. sophron, "auto-controlado ou moderado", "discreto", "temperado").
  5. (v) honesto (gr. kosmoios, "ordenado, ou seja decoroso - de bom comportamento, modesto"). 
  6. (vi) hospitaleiro (gr. philoxenos, "amante de hóspedes"). 
  7. (vii) apto para ensinar (gr. didaktikos, "que tem didática", "que sabe ensinar"). Tanto pela posse de conteúdo quanto pela capacidade de transmitir esse conteúdo, no caso a Palavra de Deus. Sobre isso, comenta o Pr. Josemar Bessa em seu blog "O Calvinista": "não é suficiente que uma pessoa seja eminente no conhecimento profundo, se não é acompanhada do talento para ensinar [...] Os que são incumbidos de governar o povo devem ser qualificados para a docência." (http://www.ocalvinista.com/2011/01/qualificacoes-para-o-pastorado-joao.html).
  8. (viii) não dado ao vinho (gr. paroinos, "tardando em vinho", "bêbado", aquele que permanece perto, continuamente ao lado ou na presença de vinho). A imagem é de um homem que sempre tem uma garrafa (odre) na mesa indicando seu vício. 
  9. (ix) não espancador (gr. plektes, "espancador", "briguento"). "A interpretação de Crisóstomo é correta, a saber, que os homens inclinados à embriaguez e à violência devem ser excluídos do ofício episcopal." (Pr. Josemar Bessa, op. cit.)
  10. (x) não cobiçoso de torpe ganância (gr. aischrokerdes, de aischrós = imundo, vergonhoso, desonroso, indecente + kerdos = ganho, o lucro). É descaradamente ganancioso, avarento, excessivamente aquisitivo especialmente na busca de acumular riquezas, um buscador de ganho de formas vergonhosas. Descreve um homem que não se importa como ele ganha dinheiro nem como ele faz isso. Aischrokerdes adequadamente descreve muitos que não se importam como ganham dinheiro, desde que consigam ganhá-lo.
  11. (xi) moderado (gr. epieikes, "gentil", "paciente").
  12. (xii) não contencioso (gr. amachos, "pacífico", "abstendo-se de combates"). Inimigo de contendas. Descreve alguém que "sabia como suportar as injúrias pacificamente e com moderação, que perdoava muito, que engolia insultos, que não se amedrontava quando se fazia necessário ser corajosamente severo, nem rigorosamente cobrava tudo o que lhe era devido. A pessoa que é inimiga de contendas é aquela que foge das demandas e rixas, como ele mesmo escreve: "Os servos do Senhor não devem ser contenciosos" [2 Tm 2.24]." (Pr. Josemar Bessa, op. cit.)
  13. (xiii) não avarento (gr. aphilarguros, "não amante de prata").
  14. (xiv) que governe bem a própria casa (gr. "proistamenon idiou oikou kalōs"). Vem do gr. "proistemi", "estar diante, isto é, (na hierarquia) para presidir, ou (por implicação) para praticar - manter, governar". Deve governar a própria casa e fazer isso de forma bem feita. Dá a idéia de uma família bem ajustada, onde todos os membros se submetem e obedecem o líder, o pai de família, como é confirmado pelo restante do texto.
  15. (xv) não neófito (gr. neophutos, "nova planta", "novo convertido", "noviço"). Não pode ser alguém falto de experiência ou maturidade; inexperiente, ingênuo, imaturo (emocional e espiritualmente).
  16. (xvi) bom testemunho dos que estão de fora [da igreja, isto é, dos não-crentes] (gr. "kalēn marturian tōn exōthen"). Fala do testemunho pessoal para com aqueles que não são crentes. Sobre isso, comenta o Pr. Josemar Bessa: "O apóstolo, porém, quer dizer que, no que concerne ao comportamento externo, mesmo os incrédulos devem esforçar-se por reconhecer que ele [o crente] é uma boa pessoa. Pois ainda que sem causa caluniem todos os filhos de Deus, todavia não podem afirmar que alguém seja perverso quando na verdade leva uma vida boa e inofensiva na presença de todos. Essa é a sorte de reconhecimento de retidão que Paulo está a referir-se aqui." (Pr. Josemar Bessa, op. cit.)
Agora, deixe-me fazer uma pergunta: onde está escrito aqui, ou possa ser interpretado, que um pastor só o é de fato e de direito se tiver como única vocação o ministério pastoral? Onde está escrito, na Bíblia, que um pastor não pode ter uma dupla vocação? Ou o tal do "sola scriptura" só vale quando é de interesse pessoal? Pergunto isso porque tenho visto - e ouvido (sic) - uma série de argumentos, postagens, blogs, etc. que defendem que um pastor não pode trabalhar secularmente, que o pastor que assim age é "menos pastor" que aqueles que só exercem ministério pastoral. De onde - de que passagem bíblica - tiraram isso?? De onde concluíram que um pastor que exerce ministério de tempo integral é "a pessoa mais ocupada do mundo", enquanto aquele que exerce ministério em tempo parcial (porque trabalha secularmente) "é relaxado, de vida mansa"? Onde está escrito que um pastor univocacionado é mais pastor que um bivocacionado? Qual dos pré-requisitos paulinos acima explicados afirma isso?

 Permita-me apresentar um fato: PAULO FAZIA TENDAS (At 18.3) paralelamente enquanto exercia o ministério dado pelo Senhor para ele. O texto diz que esse era o ofício de Paulo (do gr. techne, "habilidade", "ocupação". Techne se refere à capacidade de produzir um objeto por meios racionais, habilidade de produção manual, à arte, à especialidade no trabalho. Para mais, ver revistas.pucsp.br/index.php/hypnos/article/download/18042/13402). Por que ele fazia tendas? Não deveria ele, o apóstolo Paulo, se dedicar unicamente ao ministério? Afinal, não é o próprio apóstolo que escreve em I Co 9.14 que "assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho"? Então Paulo estaria desobedecendo a ordem do Senhor?

 Em Atos 18:3, fica claro que Paulo trabalhava para seu próprio sustento, como tinha feito em Tessalônica, para que pudesse manter-se acima das suspeitas de auto-interesse em seu trabalho como mestre da Palavra (1Co 9.15-19; 2Co 11.7-13) (Ellicott's Commentary for English Readers). Embora Paulo tivesse direito ao apoio financeiro das igrejas que ele plantou para seu próprio sustento, e das pessoas a quem ele pregou (cf. I Co 9.14 e outros textos), ele trabalhou em sua vocação. Um trabalho honesto, pelo qual um homem pode obter o seu pão, não é para ser olhado com desprezo por ninguém (Matthew Henry's Concise Commentary). Paulo trabalhou num ofício secular, para seu próprio sustento e para aqueles que com ele estavam, também em Éfeso (At 20.34). O apóstolo não tinha vergonha do trabalho honesto como um meio de subsistência; nem considerava com qualquer menosprezo um ministro do evangelho trabalhando com suas próprias mãos. Assim, Maimônides (no Tract. Talin. Torah, Capítulo I., Seção 9), diz: "o sábio geralmente pratica algumas das artes, para que não seja dependente da caridade dos outros" (Barnes' Notes on the Bible). Paulo, que estudara grandes temas e obtivera grande conhecimento com Gamaliel, chamado por Cristo para o apostolado, aprendera desde jovem uma profissão, como todo jovem judeu, e a exercia de bom grado.

 Note que após Paulo explicar aos Coríntios o mandamento do Senhor sobre o sustento do ministro cristão, ele, a partir do vers. 15,  explica que abriu mão desse direito: "Mas eu de nenhuma destas coisas usei, e não escrevi isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta minha glória [...] Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo para não abusar do meu poder no evangelho". Ou seja, o mandamento do Senhor para a Igreja é que esta sustente seus pastores financeiramente, com dobrados honorários se governarem bem e forem mestres da Palavra (I Tm 5.17) e isso é tido como um dever da Igreja e um direito do ministro por força do mandamento; porém, o ministro cristão pode abrir mão desse direito, renunciando ao mesmo, se assim desejar, em prol do próprio Evangelho que ele prega! E isso era considerado por Paulo como "glória pessoal" cf. comenta Expositor's Greek Testament!

A bem da verdade, não há nada na Palavra de Deus que inviabilize ou impossibilite que um pastor seja bivocacionado, como vimos. Outros textos podem ser analisados e a conclusão será a mesma. 


II. Minha Chamada Pessoal para o Ministério da Palavra. 

Sob pena da acusação de parecer justificar-me, esse princípio paulino é parte integrante de meu testemunho pessoal, algo que foi-me concedido pela graça do Senhor Jesus e do qual muito o glorifico! Permita-me contar um pouco desse testemunho:

Eu nasci com uma doença congênita chamada "coarctação da aorta". Para quem não sabe, essa patologia refere-se ao estreitamento da aorta de modo que dificulte a irrigação das partes inferiores, fazendo com que as artérias torácicas internas e as intercostais anteriores e posteriores - estas ramos diretos da aorta-, se anastomosem para manter a circulação nas porções inferiores do corpo. Por conta dessa doença, eu quase não tive infância; quando corria e brincava, como toda criança, sentia dores fortíssimas na perna (porque o fluxo sanguíneo era muito reduzido) com terríveis câimbras à noite. Essa doença me impedia de progredir nos estudos (faltava muitas aulas, por diversas consultas em médicos e hospitais, minha rotina como criança). Cheguei a perder (reprovar) a 1a. séria primária. Assim, com 8 anos para 9 anos de idade, fui internado no Instituto Estadual de Cardiologia Aluísio de Castro, no RJ, para ser ter a coarctação corrigida cirurgicamente, algo que foi um sucesso: removeram 5cm da seção estenosada da aorta e substituíram por um tubo de dracon. Após esse período, retornei para a minha vida infantil e escola. E Deus me abençoou com inteligência: daí para frente, nunca mais perdi série alguma! Todas as séries eu me saí muito bem, com boas notas.

Encontrei (ou fui encontrado por, rs) o Senhor Jesus aos 17 anos de idade. Aos 18, fiz vestibular para a UFRJ e orei ao Senhor, pedindo que Ele fizesse Sua vontade em minha vida, que se fosse da vontade Dele que eu passasse no vestibular. E assim Ele me permitiu ser aprovado para Engenharia Química (curso de doido, diriam alguns, rsrsrs). Quando o médico que me acompanhou durante a infância soube da minha aprovação, exclamou: "e esse menino ainda passou no vestibular!", tamanhas eram as incertezas que haviam quanto a minha vida pós-cirurgia. Iniciei o curso e foi muito bom!

Aos 19 anos, num culto da Igreja que eu frequentava, de linha Pentecostal, no bairro de Vila Isabel/RJ, após a pregação, o pastor convidou aqueles que queriam receber oração uma oração à frente. Eu fui. Estava ali para agradecer todas as bênçãos e para pedir ao Senhor que me ajudasse no curso superior escolhido. Um irmão, ao orar por mim, foi usado pelo Senhor e disse que eu seria pastor. Não entendi nada! Eu, pastor? Interessante que quando esse irmão abriu os olhos e viu diante dele um garoto, ficou se questionando se aquilo que havia dito tinha sido do Senhor mesmo ou dele. Até hoje quando lembro a expressão de espanto do irmão fico rindo sozinho! Ao sair do culto, atônito ainda com tudo aquilo (foi a primeira vez que passei por essa situação, nunca tinha visto isso antes), vi o pastor da Igreja saindo com um baita carrão, muito bonito (e caro) e ouvi comentários do tipo "é, vale a pena ser pastor! Olha o carrão dele!". Meu coração se encheu de revolta com aquele comentário! Naquele mesmo momento, disse ao Senhor ali na rua que "se fosse Ele mesmo que havia falado comigo sobre o tal ser pastor, eu aceitaria com uma condição: ter meu sustento próprio, sem receber dinheiro da Igreja; que nisso eu glorificaria Seu nome. Que Ele me desse todo o necessário para que eu nunca precisasse ter nada da Igreja". Nada de riqueza nem ostentação, mas uma vida sossegada diante de Deus.

 E Deus honrou meu pedido, era de Deus mesmo aquela palavra que o irmão profetizou para mim há 23 anos! Acabei conhecendo meu atual pastor e Igreja. Eu queria muito fazer seminário - não para ser pastor, mas para aprender mais a Palavra (desde a minha conversão Deus colocou um amor por Sua Palavra em minha vida. Eu queria aprender, até porque ficava muito chateado quando no evangelismo alguém perguntava alguma coisa que eu não sabia responder!) Foi quando Deus agiu mais uma vez: Ele colocou no coração do meu pastor em criar um seminário teológico, em 1997: A Escola Ministerial Rhamá! Deixando a modéstia de lado, penso que eu fui um dos melhores alunos do curso! Meu Deus, como aprendi e como gostava (e ainda gosto) de aprender!  Acabei sendo o primeiro pastor ordenado pela Igreja Batista Reviver, hoje Igreja Batista Ministério Reviver, junto com a esposa do pastor, hoje Pra.Valdinéia, no ano de 2001. (Veja mais em: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2014/05/a-igreja-batista-ministerio-reviver.html) Deus havia cumprido a Sua palavra em minha vida, dita pela boca do seu servo 9 anos antes! E, com a mudança do meu pastor para a cidade de Barra Mansa, na região sul-fluminense, fui empossado pastor-titular da Igreja sede, no RJ, pastorado que exerço com muita alegria e ações de graça! Assim, minha chamada para o ministério deu-se após eu já ter sido abençoado por Deus com uma profissão!

 Apenas para argumentar (ad argumentandum tantum, rs), como ministro da Palavra, já discipulei e batizei inúmeros irmãos em Cristo, resgatando vidas das trevas, do pecado, do diabo e dos vícios. Formei (e formo) obreiros para a Seara do Mestre (diáconos, professores de Escola Bíblica, evangelistas e pastores). Atualmente, sou Diretor e Mestre do Seminário Teológico que estudei, hoje Escola Teológica Reviver; autor de diversas matérias (apostilas) de cunho teológico, bíblico e profético além de professor de várias disciplinas. Criei esse blog, que Deus tem usado para abençoar vidas nos mais diversos países do mundo. Minhas ovelhas são fortes na Palavra e incentivadas a estudarem e porem em prática os princípios bíblicos em suas vidas e famílias. Sou amado e querido por elas. Estou sempre disposto a aconselhar e não me nego a receber ninguém em meu gabinete. Sou tido por meus irmãos (e até por não crentes) como uma pessoa séria, de princípios e bom testemunho (bom testemunho dos de fora), tanto na vida moral (meu sim é sim e meu não é não mesmo) como em minha vida profissional (tenho o mais alto título acadêmico concedido pelas Leis brasileiras - o doutorado). Alguns crentes me consideram "pastor linha dura" (rsrsrsrs), porque não temo em repreender, em exortar, em corrigir, em chamar pecado pelo nome e não "passar a mão" sobre o pecado de ninguém.  Meu ministério consiste em forte ênfase em mudança de vida (conversão genuína e não aparência), crescimento e edificação na fé pela Palavra e pelo bom testemunho, aconselhamento e ensino. Creio nos dons e carismas do Espírito Santo como algo para os dias atuais, mas não sou tolerante com "circo gospel" em nome de Deus.  Creio no batismo com o Espírito Santo como experiência distinta da salvação. Creio na restauração da Igreja ao padrão neo-testamentário (Atos não apenas como história, mas como padrão doutrinário). E isso sem ser pesado para a Igreja!

III. Ministério Bivocacional e a Igreja.   

Por fim, mas não menos importante, creio à luz da Palavra que um pastor de tempo parcial não é menos pastor que um de tempo integral. Não é vagabundo, nem preguiçoso, nem um "pastor de fim de semana", como maldosamente alguns comentam, fazendo pouco caso dessa classe de ministro cristão. Pastores que exercem seu ministério em tempo parcial são tão dignos, tão pastores como os demais. Aliás, permita-me uma correção: um pastor bivocacionado pode estar recebendo um salário por seu trabalho secular, mas ele é um pastor em tempo integral! Eu, em todos os momentos, sou pastor e exerço meu ministério; algumas vezes numa área, outras vezes noutra. Alguns irmãos, por não conhecerem a Palavra e estarem cheios de preconceitos e doutrinas de homens, fazem julgamentos muito pesados e inapropriados sobre a questão e, como de praxe, interpretam os textos bíblicos à luz desses preconceitos. Há muitos mitos que cercam esse tema de um pastor bivocacionado: alguns dizem que se um pastor bivocacionado tem fé suficiente, ele simplesmente largará o emprego e confiará em Deus para satisfazer suas necessidades. Outros dizem que se ele for um bom pregador, terá uma igreja bem grande; e se for pastor de uma pequena congregação ele é bivocacionado porque não é pastor de uma igreja (mito do tamanho de igreja: igreja se mede, segundo esse mito, pela quantidade de pessoas).   

Rev. Ray Gilder, coordenador nacional da SBC Bivocational and Small Church Leadership Network (Rede de Lideranças Bivocacionais e Pequenas Igrejas da Convenção Batista do Sul), em seu artigo intitulado "8 Reasons to Be a Bivocational Pastor", assim pergunta: "Qual é o mérito de alguém criticar um homem que está disposto a trabalhar o dobro para que poder sustentar sua família e dar liderança pastoral para a igreja por ele pastoreada?" O mais interessante é que para o pastor Frank Page, presidente do comitê executivo da SBC, "o modelo de igreja bivocacional é o melhor caminho para fazer discípulos no séc. XXI" (http://www.bpnews.net/43375/bivocational-church-model-best-page-says). Ainda segundo Page, "alguns diriam que 35 mil das nossas 46 mil igrejas, talvez mais do que isso, estão nas duas categorias de pequena igreja (com 125 membros ou menos) ou bivocacional". Reconhecendo a importância do ministério bivocacional, Rev. Bobby Welch, Presidente da Southern Baptist Convention (Convenção Batista do Sul), durante a East Tennessee Bivocational Evangelism Conference, disse que  "uma vez que quase metade das nossas igrejas Batistas do Sul são lideradas por pastores bivocacionais, eu acredito que é hora de nós reconhecê-los e honrá-los" (http://www.bpnews.net/20354). 

É ululante que um pastor bivocacionado precisa ser ainda mais disciplinado do que um alguém com vocação somente na área pastoral. É preciso muita disciplina, mas isso não é nada impossível; nada que com treinamento e perseverança não possa ser alcançado. Uma grande vantagem do ministério bivocacionado é na formação e no treinamento de lideranças. Uma igreja onde o pastor exerce seu ministério full time tem a tendência a ser uma igreja onde o pastor é absoluto em tudo - só ele prega, só ele dirige reunião, só ele aconselha, só ele ensina, só ele evangeliza, só ele visita, só ele faz tudo - até por pressão da própria igreja, que vê seu pastor como uma espécie de "empregado da igreja", "profissional de púlpito" (óbvio que isso é uma tendência, não uma regra geral). Já em Igrejas pastoreadas por ministros bivocacionados, muito dificilmente o pastor será o "faz tudo", nem será pressionado a sê-lo. Por necessidade, os cristãos têm de se envolver no ministério porque o pastor bivocacionado não pode fazer tudo (cf. Rev. Ray Gilder, as pessoas não vêem o pastor como superman - http://www.lifeway.com/Article/pastor-bivocational-minister-demands-benefits) e os membros aceitam esse fato; isso é muito positivo, porque mobiliza a Igreja e faz com que mais pessoas da membresia se sintam verdadeiramente úteis e desenvolvam também seu chamado e ministério. Daí, o pastor precisa capacitar pessoas dentro dos seus ministérios e delegar funções, desenvolvendo equipes ministeriais, exercendo verdadeiramente a liderança (não chefia) da Igreja. (leia: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2009/12/entendendo-natureza-e-o-papel-dos-cinco.html)

Finalmente, concluindo, diante das dificuldades e ameaças que a Igreja enfrenta no séc. XXI,  "[...] especialmente em tempos onde pastores são muitas vezes vistos com suspeita, quero evidenciar que esse direito [de ser sustentados exclusivamente pela Igreja] pode ser renunciado ou relativizado por motivos nobres e estratégicos, o que também está de acordo com o ensino apostólico (2 Co 9.15)", explica o pastor Sérgio Augusto de Queiroz em seu artigo "Fabricando tendas e edificando vidas: Uma reflexão sobre o chamado ministério "bivocacional"" (http://www.cristianismohoje.com.br/artigos/especial/uma-reflexao-sobre-o-chamado-ministerio-bivocacional). "[...] Não se trata, repito mais uma vez, de lutar contra o modelo tradicional relacionado ao ministério pastoral, mas de investir em um modelo paralelo de liderança cristã baseado na experiência do apóstolo Paulo, como uma alternativa teologicamente sã, eclesiologicamente viável e missiologicamente eficaz, para um mundo onde a cosmovisão cristã vem perdendo força em razão do pluralismo religioso e do laicismo estatal" (pastor Sérgio Augusto de Queiroz, op.cit.)

Eu glorifico a Deus por poder servi-Lo! Tenho honrado ao Senhor com minha vida, trabalho e ministério e naquele dia receberei Dele o galardão; eu e todos aqueles que O serviram fielmente conforme o chamado divino que receberam!  

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

domingo, 21 de junho de 2015

UMA PALAVRA ACERCA DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência. (Art. 208, Código Penal)

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;  
(TÍTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais.  CAPÍTULO I - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS: Constituição da Rep. Fed. do Brasil, 1988)
______________________________________________________

Para começar essa argumentação, já de saída, eu EXPRESSAMENTE AFIRMO que, como pastor cristão-protestante, sou RADICALMENTE CONTRÁRIO A QUALQUER TIPO DE VIOLÊNCIA, especialmente aquela que tem como motivação a fé religiosa. Não há nenhuma lógica ou racionalidade ou legalidade, quer no mundo secular, quer no espiritual, na prática da violência em nome da fé (e em qualquer violência, diga-se de passagem). Violência não deveria haver sequer no mundo, mas infelizmente a humanidade tem a tendência para a prática do mal desde o pecado original no Éden. Hoje, olhando a Terra, vemos ela "corrompida diante de Deus, e cheia de violência [...] cheia da violência dos homens" (Gn 6.11,13) tal qual fora naqueles dias.

A Bíblia Sagrada, regra de fé e conduta dos cristãos protestantes, condena a violência como pecado e, portanto, resultado do distanciamento do homem de Deus. Sobre isso, ensina o salmista que "o Senhor prova o justo e o ímpio; a sua alma odeia ao que ama a violência" (Sl 11.5). Salomão afirma que "a violência dos ímpios arrebatá-los-á, porquanto recusam praticar a justiça" (Pv 21.7). O profeta Ezequiel nos revela que o coração do querubim da guarda, no processo de se tornar em Satanás, se encheu de violência (Ez 28.16). Por sua vez, conforme o profeta Oséias, "só prevalecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar, e o adulterar; há violências e homicídios sobre homicídios", situação que ele atribui a realidade de que "na terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus" (Os 4.1,2), uma palavra atualíssima para nossos dias.  Ressalte-se que o Senhor Jesus jamais incentivou a violência, sempre condenando-a como pecado, nem mesmo quando esta se voltou contra ele próprio! Segundo a Bíblia: "E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém. E mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém. E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia". (Lucas 9:51-56)

Esse texto do Evangelho de Lucas, aliás, é bem apropriado. Os samaritanos eram descendentes dos Babilônicos, dos Cuteus, dos de Avá, dos de Hamate e de Sefarvaim (II Rs 17.24), enviados para a cidade de Samaria que estava devastada e despovoada, com uma leve mistura de sangue judaico (II Cr 30.6; 34.9). Por conseguinte, eram uma espécie de raça aparentada dos judeus, e os habitantes da Judéia referiam-se a eles pelo nome de cuteanos.  Por sua natureza mista, foram rejeitados nos serviços do templo, quando do retorno do cativeiro babilônico e em 409 a.C., orientados pelo sacerdote Manassés (excluído de Jerusalém por Neemias por ter casado ilegalmente com a filha de Sambalate, horonita), obtiveram a permissão do rei persa Dario Noto de erigir um templo no monte Gerizim. Uma vez iniciada essa adoração, imediatamente ficam em posição de rivalidade, como seita cismática, e sua história posterior apresenta as características usuais desse antagonismo. Recusavam toda e qualquer hospitalidade aos peregrinos a caminho de Jerusalém, assaltando-os e maltratando-os no decurso da jornada. No tempo da revolta dos macabeus, os samaritanos se inclinaram perante a tempestade, e seu templo, no monte Gerizim, era dedicado ao Zeus Xênio (que posteriormente foi destruído por João Hircano, em 128 a.C.). Muita inimizade havia entre os samaritanos e os judeus. Entre os anos 6 a 9 d.C., os samaritanos espalharam ossos no Templo de Jerusalém, por ocasião da Páscoa. Em 52 d.C., samaritanos massacraram um grupo de peregrinos galileus em En-ganim. Os judeus consideravam os samaritanos como cismáticos, sendo o ponto principal de discórdia o templo no monte Gerizim como local de adoração.

Os discípulos queriam fazer descer fogo do céu para consumir aquela aldeia de samaritanos. Aquelas pessoas não quiseram receber os mensageiros que o Senhor Jesus enviou. Os discípulos juntaram a isso toda a animosidade que havia entre judeus e samaritanos e assim concluíram que o único remédio era a destruição daquelas pessoas e cheios de zelo propuseram isso ao Senhor, algo prontamente rejeitado por Jesus, apesar do tratamento rude dispensado. O Senhor os apelidou de Filhos do Trovão (Mc 3.17) pelo temperamento iracundo deles. Jesus os repreendeu, pois percebeu em João e Tiago uma grande dose de ressentimento pessoal e ostentação misturado com o zelo por Ele. Destruir os homens estava na contramão do Seu propósito encarnacional - salvar os homens. Algo que os homens precisam atualmente considerar: "O homem pecaminoso está sempre pronto a destruir, a matar, a queimar, a provocar confusão, a cometer atos de violência, até mesmo em nome da justiça. Jesus, no entanto, sempre rejeitou a violência dos homens. Todos os seus milagres foram atos de misericórdia, jamais de destruição; Ele veio para aliviar o sofrimento, não para aumenta-lo. Os verdadeiros seguidores de Jesus não podem ser homens violentos. Este mundo ainda necessita aprender esta grande lição" (Novo Testamento Interpretado Vers. por Vers.; R.N. Champlin, Ph.D.)

É bom dizer que aqueles que se chamam cristãos (protestantes e católicos) são alvo de perseguição religiosa em diversos países do mundo. Os cristãos, aliás, são alvo de perseguição por sua fé desde os séculos I e II d.C. pelo império Romano. Cristo foi condenado à crucificação por Pôncio Pilatos, prefeito da província romana da Judéia. De fato, onde houver alguém que se comprometa a seguir a Jesus de coração, ali haverá um cristão perseguido. O site Portas Abertas possui uma lista que relaciona 50 países segundo o grau de perseguição que os habitantes cristãos mais enfrentam (disponível em https://www.portasabertas.org.br/cristaosperseguidos/). Portanto, um cristão, como vítima de perseguição, sabe reconhecer o alto valor da liberdade de fé e de culto, tal como estabelece a Constituição do Brasil e suas leis. Sabe o quão caro e valioso é poder cultuar a Deus sem ter o culto interrompido com violência e os fiéis levados presos ou fuzilados, os bens confiscados, taxados de inimigos do Estado. Portanto, um cristão NÃO PODE, EM HIPÓTESE ALGUMA, usar de violência ou promovê-la contra adeptos de outras religiões, infringindo a Lei que os protege como a nós. Todos são iguais perante a Lei, de forma que Lei protege aos adeptos de todas as religiões no livre-exercício de sua fé. O Brasil não possui uma religião oficial, graças a Deus, ou viveríamos aqui o mesmo terror que experimentamos noutros países! Vale dizer que a transgressão da Lei é crime - algo que os cristãos também reconhecem como algo muito sério: aos olhos de Deus toda a humanidade é transgressora de Sua Lei, pois todos pecaram e destituídos foram da glória de Deus (Rm 3.23). Daí que Cristo morreu por nós, perdoando os pecados dos que Nele crêem, perdoando a transgressão para com a Lei de Deus e tornando justo todo aquele que Nele crê.

No dia 14/06, a menina Kailane Campos, de 11 anos, vestida a rigor conforme preconiza sua religião, o candomblé, recebeu uma pedrada na cabeça, além de ser ofendida com xingamentos, após participar de uma reunião, no bairro de Vila da Penha. A agressão teria sido feita supostamente por evangélicos. A agressão foi registrada na 38ª DP (Brás de Pina) como crime de intolerância religiosa e lesão corporal, segundo noticiou o site Gospel Prime (http://noticias.gospelprime.com.br/evangelicos-apedrejam-menina-candomble/. Acesso: 21/06/15).  Eu considero o episódio como lamentável e me coloco no lugar da menina e de sua família: eu não gostaria em hipótese alguma de ter um membro de minha família alvo de pedradas só porque seu credo religioso desagrada outra pessoa. Eu, como pastor, já fui também alvo de pedradas e de amêndoas durante um culto que fazíamos num terraço, em Quintino; a pedra atingiu a cabeça de minha esposa! Aliás, tenho familiares e amigos de diversos grupos religiosos, e como pastor me relaciono muito bem com todos eles! E digo: as pessoas que cometeram essa barbárie precisam ser detidas pela polícia o quanto antes. Precisam ser punidas, INDEPENDENTE DA FÉ QUE PROFESSEM ou nenhuma fé! Não é aceitável, sob qualquer argumento que seja, esse fato ou fatos semelhantes! Não há justificativa religiosa, ética ou moral que aprove isso!

Porém, permita-me argumentar mais um pouco. Até que essas pessoas que cometeram essa brutalidade sejam presas pela polícia e a história seja esclarecida, nada há que comprove que a agressão foi realizada por evangélicos. A mídia tem tratado isso como se já estivesse sido determinado inequivocamente a autoria da agressão que foi feita por pessoas dessa religião, mas isso ainda não foi comprovado nem estabelecido pela Justiça. Sobre isso, Paulo Teixeira, em seu artigo "A pedrada na menina do candomblé e a crucificação dos evangélicos: Por que a ocorrência está ganhando enorme repercussão?" comenta: "Ninguém, nem mesmo a polícia, sabe quem são os agressores, todavia, indiscriminadamente, insiste-se em dizer que os mesmos são evangélicos, supostamente por estarem com bíblias nas mãos [...] Tem-se notado que ilicitudes assim, veladamente ou explicitamente, são sempre atribuídas ao segmento evangélico, levando muitos a estigmatizá-lo como um grupo intolerante." (http://artigos.gospelprime.com.br/candomble-intolerancia-evangelicos-pedrada-menina/. Acesso: 21/06/2015, 1h10min). Eu não atribuí a pedrada que minha esposa levou a um grupo religioso específico, simplesmente porque não posso ter certeza disso. Seria irresponsabilidade minha acusar o grupo A ou B sem a devida prova! Assim, acusar os evangélicos sem haver provas pode acabar gerando um aumento da animosidade, fomentando em pessoas desequilibradas reações agressivas contra Igrejas Evangélicas.

Eu, minha mãe, minha esposa e meus irmãos de fé não gostaríamos em hipótese alguma de sermos agredidos ao sairmos da Igreja após o nosso culto cristão. Tenho certeza que todos os irmãos de outras denominações concordarão comigo. As Igrejas já sofrem perseguição no Brasil e no RJ, sendo alvo de xingamentos e ameaças por vizinhos de outros credos (sou testemunha disso: sou vizinho de muro de uma Igreja Assembléia de Deus e vejo a perseguição que movem contra os irmãos. Quando a Igreja funcionava na Rua Oscar em Quintino/RJ, durante um culto, vi um sujeito iracundo interromper o culto de nossa Igreja e xingar meu pastor, Pr. Kennedy Fábio, e ameaçar bater nele. Depois, nos mudamos para a Rua Cupertino 395 e ali também aconteceu coisa semelhante. Depois nos mudamos para Vila da Penha, e agora eu como pastor da Igreja cansei de sofrer ameaças. Além de eu mesmo já ter sido inúmeras vezes afrontado, como crente e como pastor, desde piadinhas de gente sem noção, na rua e até no trabalho, até ameaças físicas. E estou certo que não sou o único crente e pastor a passar por isso).

Outro ponto importante, que deve ficar claro, é que o termo "evangélicos" é genérico, envolvendo mais de um grupo confessional que muitas vezes não guardam relação entre si nem no governo, nem na liturgia, nem na interpretação da Bíblia. Assim, cada Igreja é uma Igreja diferente, com liderança própria, com governo próprio, sem necessariamente haver uma relação de dependência.  É PRECISO DAR NOMES AOS BOIS. Foi estabelecido inequivocamente a autoria por alguém que professa ser evangélico? Qual o grupo a que pertence ou diz pertencer? É bom que fique claro que muita gente que se diz evangélica não o é, de fato nem de direito. Muita gente acha que é evangélico porque simpatiza com uma Igreja. Só que é preciso muito mais do que isso para ser evangélico de verdade. Aqui, pontuo o ser evangélico como ser alguém realmente convertido (e portanto comprometido com) a essa fé. Ser membro de uma Igreja é um processo variável que depende da denominação (Batista, Assembléia, Metodista, etc), mas no geral é algo que só se dá após provas da conversão pessoal por meio da aceitação de Cristo como único e suficiente salvador pessoal, do testemunho de vida, do abandono dos vícios e do pecado espontaneamente, por vontade própria, e pelo batismo nas águas, após um processo de discipulado, onde a cada momento verifica-se se a pessoa realmente converteu-se a Cristo genuinamente. Vou dar um exemplo: nenhum praticante de adultério, nenhum ébrio, nenhum devasso, etc. é considerado evangélico sem provar, pelos seus frutos pessoais, a transformação de sua vida pelo poder do Evangelho. Daí, não é batizado nas águas e nem aceito como membro da Igreja. Nenhum ex-adepto de outra religião é considerado evangélico e recebido como membro da Igreja sem renunciar sua antiga religião, se quiser fazer parte da Igreja (os evangélicos são monoteístas, crendo num único Deus, o Deus da Bíblia, que se revelou ao homem), o que não impede que assista ao culto evangélico.

Abre parênteses 1: Esse ponto é muito importante, pelo que vou enfatizá-lo: nem todo mundo que se diz evangélico é evangélico verdadeiramente. Além dos muitos simpatizantes que seu autodenominam evangélicos sem o serem, há aqueles que vivem suas vidas religiosas independentemente do ensino de suas lideranças. Isso é um fato notório que vem desde a época do imperador Constantino, que fez o desfavor de obrigar que adeptos de outras religiões entrassem para a Igreja à força. São pessoas que vivem em rebelião contra Deus e contra a Palavra de Deus; muitos são excluídos da membresia da Igreja quando descobertas as suas práticas. Porém, outros vivem dissimuladamente, escondendo quem verdadeiramente são; continuam na prática do pecado, dos vícios, do mundanismo de forma encoberta e na Igreja fazem cara de santo.  Outros, observam apenas aquilo que agrada-lhes da fé cristã, descumprindo o demais. Todos os dois grupos são hipócritas, falsos crentes. Um pastor cuida apenas dos fiéis em sua atividade pastoral, daqueles que se submetem a Cristo; os rebeldes não se submetem nem a Cristo, nem a pastor humano, nem a Bíblia, nem a regra denominacional. Fecha parênteses 1.

Abre parênteses 2: Há radicalismo verdadeiro no mundo religioso-cristão? Sim, infelizmente há. Por exemplo, há pastores que insistem em partir para a violência contra pessoas que não professam a mesma fé, desrespeitando primeiramente o próprio Deus a quem dizem servir e depois ao próximo, a quem Jesus ordenou que amássemos. Coisas como desrespeito a símbolos religiosos - o "chute na santa", ou ataques a centros espíritas ou a templos de religiões afro-brasileiras, DEVEM SER COMPLETAMENTE REPUDIADAS POR AQUELES QUE SÃO CRISTÃOS VERDADEIROS. Do mesmo modo, depredação de templos religiosos estão RADICALMENTE FORA DAQUILO QUE A BÍBLIA ENSINA.  Como protestantes, temos o direito de crer de forma diferente das outras religiões e credos; temos o direito de expor as nossas crenças e de fazermos proselitismo ("evangelismo") das mesmas, isso é garantido pela Constituição do Brasil. Mas outras religiões e credos têm o mesmo direito e nada, em absoluto, deve ser feito para alterar isso. O católico, o espírita, o budista, o protestante, enfim todos têm direito a expressarem suas IDÉIAS, suas CRENÇAS, a fazerem PROSELITISMO, de forma a fazem novos adeptos, inclusive de MUDAREM DE RELIGIÃO, se assim lhes for conveniente. NINGUÉM, EM HIPÓTESE ALGUMA, DEVE SER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA POR SUA CRENÇA RELIGIOSA. Debates de idéias, ortodoxia, fundamentalismo bíblico não devem ser confundidos com violência, com depredação de patrimônio particular ou de objeto de culto religioso; estes - os debates - são sempre bem-vindos. A Bíblia nos exorta - a nós, crentes em Cristo, a "estarmos sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós" (I Pe 3.15). Condenar o pecado - e o conceito de pecado é bíblico, pertencente a fé cristã, é correto; amar o pecador, buscando com zelo e mansidão mostrá-lo o seu pecado e a solução para o pecado, que é Jesus, também pertence a mesma fé. Esse blog JAMAIS INCITA OU INCITARÁ A VIOLÊNCIA, mas sim o pensamento, a reflexão e a argumentação bíblico-teológica (ou até mesmo científica, social, etc se assim for conveniente e interessante) à luz daquilo que a Bíblia verdadeiramente ensina o que, infelizmente, nem sempre é praticado pelas igrejas e religiões. Esse blog é de orientação bíblica-ortodoxa, não-ecumênico, não-relativista, bordando a práxis da humanidade sob esse ponto de vista. Fecha parênteses 2. (http://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2012/08/radical-ou-biblico-moderado-ou-liberal.html)

É preciso que os agressores da menina Kailane Campos sejam presos pela polícia e condenados segundo o rigor da lei brasileira. É preciso determinar ainda se agiram sozinhos ou a mando de alguém - a autoria da agressão. Porém, é preciso ficar bem claro que os verdadeiramente evangélicos, que seguem verdadeiramente a Bíblia e são verdadeiramente convertidos à Cristo JAMAIS ATACARIAM QUALQUER PESSOA. Os evangélicos são um povo que busca viver em paz com todos, obedecendo as leis e respeitando as autoridades. São pessoas de todos os escalões da sociedade, que muito contribuem pelas obras e pela pregação do Evangelho para recuperação de drogados, de prostitutas, para a restauração familiar e redução da violência em todos os níveis. O interesse dos evangélicos é na salvação de todos os homens por Cristo Jesus, segundo o que estabelece essa fé religiosa; salvação que se dá unicamente pela conversão à Cristo a partir da pregação da Palavra de Deus e do convencimento do pecado, da justiça e do juízo pelo Espírito Santo. Para isso, pregamos o Evangelho, boas novas de salvação, a todos os homens independente de nacionalidade, raça, cor, credo e religião, conforme a ordem de Nosso Senhor registrada em Marcos 16:15,16 e Mateus 28:19,20, sem escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; sem impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso e sem vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso.

Os que se dizem evangélicos e agridem, incitam ódio, podem se chamar como quiserem. Mas não são evangélicos. Quem afirma isso é o Evangelho, é o próprio Cristo.

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!