sábado, 29 de dezembro de 2012

ANO NOVO, VIDA NOVA!


Rompe a aurora, vai-se embora
Mais um ano de labor;
Não temamos, prossigamos
A lutar com mais ardor.

Cada dia Cristo, o Guia,
Nos renove o coração;
Temos gozo, bom repouso,
Confiando em sua mão.

Do pecado resgatados,
Pertencemos a Jesus;
Nova vida, santa lida,
Temos nós por sua cruz.

Hinos santos entoemos
E louvemos ao Senhor!
Vem do arcano mais um ano
Que anuncia seu favor!

O ano findo nunca mais veremos;
O ano novo hoje recebemos!
Vê, vê, o belo dom que Deus nos dá!


(Hino "Ano Novo", Cantor Cristão)

Mais um ano se finda. Mais um ano de labor, de trabalhos, de jejuns, de orações, de estudos nas Escrituras; ano cheio de intensidade, de ações e reações, de emoções intensas, de muitas lutas, de vitórias e derrotas, de planos realizados e de planos não realizados, de lágrimas e de alegria. Sim, a retrospectiva desse ano não é muito diferente, para o cristão, da retrospectiva dos demais anos, desde o ano que recebeu o Senhor Jesus em sua vida como Senhor e Salvador. Se olharmos para o passado, veremos as muitas lutas e provações, mas também as muitas e ricas bênçãos, geradas pela multiforme graça de Deus. Nós, crentes em Cristo, podemos olhar para trás e contarmos as muitas bênçãos! Você está terminando o ano triste por causa das intensas batalhas? Muitas procelas? Muitos tumultos, agitações, intranqüilidades e guerras por todos os lados? Você está terminando o ano julgando que todo o seu trabalho, todo o seu esforço foi vão? Então, como diz o antigo hino, "conta as muitas bênçãos, dize-as duma vez, Hás de ver surpreso quanto Deus já fez."     

Diz a Palavra de Deus que o caminho do cristão "é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." (Pv 4.18). A luz da aurora é a claridade que aponta o início da manhã, antes do nascer do Sol. São os primeiros raios de luz, que quebram a escuridão da noite e marcam o início de uma nova manhã. Jesus disse que nós, cristãos, somos a luz do mundo; devemos portanto resplandecer a nossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a nosso Pai, que está nos céus (Mt 5.14-16). Somos como a Lua, que não tem luz própria, mas que reflete a luz do Sol; assim refletimos não a nossa própria luz, mas a luz de nosso Senhor refletida em nós, assim como a glória de Deus fazia o rosto de Moisés reluzir diante dos filhos de Israel (Jo 9.5; Ex 34.35).  No ano de 2012 tivemos o nosso brilho, o nosso resplendor, apesar das trevas que tanto militaram contra nós. Cumpriu-se o que está escrito: "a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela." (Jo 1.5)

A luz da aurora é a primeira luz, não a plenitude de luz. Não é o brilho em plenitude, mas os primeiros fachos. É preciso que a nossa vida prossiga na luz, para isso devemos cada vez mais andarmos na luz, até que a luz invada cada canto escuro de nossa vida. Da física, sabemos que a luz se propaga em linha reta. O caminho da luz é reto, não há desvios nele; é um caminho perfeito, pois é o caminho de Deus. Deus é o Pai das luzes e Jesus é o Sol da Justiça. Toda luz vem de Deus, vem de Jesus e essa sempre nos leva a andarmos em retidão, de acordo com a Palavra de Deus. Não há tortuosidades em Deus, não há subterfúgios, atalhos ou quebra-galhos! As tortuosidades que ainda apresentamos são por causa da nossa natureza humana, não por causa da luz. Há uma diferença de meios onde a luz se propaga: ela vem perfeita de Deus para nós, mas uma vez em nós ela pode ser alterada antes de sair de nossa vida em direção ao mundo. Quando recebemos a luz, essa luz precisa ser absorvida espiritualmente, gerando transformação de vida, para que então possa ser refletida. Quando isso acontece, refletimos exatamente aquilo que Deus tencionou que refletíssemos Dele. Porém, para que isso aconteça, dependemos da submissão ao Espírito Santo, de forma que Ele gere Jesus em nós. Somente Nele, em Cristo, recuperamos a imagem do Deus invisível. Quanto mais do caráter de Cristo temos em nós, mais próximos da imagem de Deus nos tornamos e melhor reletimos isso ao mundo; quanto menos Dele possuímos, menos nos parecemos com o Pai. Assim, dependendo do grau de transformação de vida que possuímos, refletimos com mais ou menos fidelidade a imagem de Deus. Esse fenômeno, de diferenças entre a luz recebida e a luz emitida, chama-se refração.

A luz pode sofrer refração dentro de nós, saindo com um ângulo diferente do ângulo de entrada. Na física, é por isso que vemos "quebrado" um lápis mergulhado em água: por causa da refração, resultado da diferença entre os meios onde a luz se propaga - o ar e a água. Por causa dessas diferenças é que vemos tantas controvérsias acerca da Palavra: vemos "torto" aquilo que é reto! A Palavra nos foi dada por Deus de forma definitiva, mas a iluminação - a capacidade de entender a Palavra de Deus como ele verdadeiramente é - é gradual; além disso depende do quanto temos de Jesus em nós. Quanto mais temos de Jesus, mais somos parecidos com Ele e menos diferenças há entre o Senhor e nós; assim, passamos a ter um mesmo entendimento da Palavra. Essas diferenças perdurarão, contudo, até a nossa transformação final: "quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado.  Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido." (I Co 13.10,12)

Ainda não somos capazes de ter essa plenitude de luz em nós. Ainda não é dia perfeito, a nossa vida ainda não está como o Sol de meio-dia, no máximo de sua luz. Mas já temos muita luz e devemos andar, cada um de nós, de acordo com a luz que já recebemos. E quanto mais da luz de Deus tivermos, mais responsáveis devemos ser com relação as coisas de Deus. Essa luz nos foi dada para melhor servirmos aos propósitos de Deus, para melhor exercermos o nosso papel de membros uns dos outros e do Corpo mísitico de Cristo na face da Terra. Devemos ter o cuidado de não acusar, constranger e condenar os que não possuem a luz que possuímos; devemos igualmente termos o cuidado de ouvirmos aos nossos irmãos, pois nem todos temos a mesma luz em todas as diferentes áreas da vida cristã. É sempre possível termos mais luz em uma área do que em outra, nenhum ministro e nenhum ministério ou igreja tem toda a iluminação de Deus em todas as esferas e, deste modo, nossos irmãos podem ser canais de Deus para transmitir luz para nossas vidas.

Precisamos muito do renovo de Deus todos os dias. Renovação do coração, ou renovação de mente, é a chave. Essa renovação vem pela transformação do entendimento. Nós, cristãos, precisamos ter uma mente capaz de transformação. As experiências com Deus passadas, o que já experimentamos do Senhor deve ser considerado um marco em nossa vida, para a partir desse marco prosseguirmos em direção a Cristo, olhando firmemente para Ele. A Bíblia nos fala de um caminho a ser percorrido, não uma posição estática. Há uma carreira proposta, a qual precisamos correr; há um caminho a prosseguir, uma jornada a completar. Por isso Paulo nos diz: "Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante,  prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus." (Fp 3.13,14) É preciso avançar e para isso devemos nos desvencilhar de tudo o que nos impede de irmos em frente. Deus tem muitas coisas grandes e firmes ainda pendentes para nos revelar, há muito ainda o que prosseguir e o que realizar na Obra de Deus e Deus realizar em nossas vidas. A conversão foi o início de tudo; daí prosseguimos até o batismo com Espírito Santo, mas paramos nas experiências que recebemos. Há dons do Espírito importantíssimos, mas que não buscamos porque estamos parados apenas na evidência do batismo, achando que ele só se resume a falarmos noutras línguas. Recebemos o batismo, mas ficamos no Cenáculo, nos alegrando mutuamente com a nova experiência com Deus e nos edificando pelo falar em línguas, quando Deus espera que a experiência do batismo com o Espírito Santo produza em nós a intrepidez necessária para sermos testemunhas de Cristo aos perdidos. Jesus prometeu que nós realizaríamos as mesmas obras que Ele realizou e ainda maiores do que Ele, porém sequer chegamos no nível das obras do Mestre! (Jo 14.12) Estamos muito longe do plano de Deus para nós! Não podemos nos conformar com o que já temos recebido; é preciso buscar mais de Deus e assim seguir em frente, de forma que cada palavra do Senhor a nosso respeito venha se cumprir integralmente!

O ano que se finda, como diz o hino, nunca mais veremos novamente. O que passou, passou. Não há como voltar ao início de 2012 e recomeçar tudo de novo. Tudo fica para trás e, pela misericórdia de Deus, um novo ano vai surgindo, cercado de projetos e esperanças. Grandes coisas haverão de ser reveladas por Deus aos Seus filhos. O plano de Deus para nós está firme, o caminho que Ele traçou permanece reto. A carreira continua proposta por Deus para que a percorramos. Qual é o nosso papel no plano de Deus em 2013?  Sigamos em frente! Busquemos intensamente ao Senhor em 2013, para que saibamos a Sua vontade para nós individualmente e enquanto igreja. A nossa redenção está cada dia mais próxima; a volta de Jesus cada vez mais iminente! A seara é imensa e sequer tocamos nela, estamos acomodados e sossegados! Porém há de vir o Espírito do Senhor incendiando a nossa vida, trazendo arrependimento e mudança de vida, gerando santidade e reavivando a nossa fé, nos motivando a ir adiante!

No relógio do mundo material, o ano de 2013 começa após exatamente a meia-noite de 31 de dezembro de 2012. No relógio de Deus, o ano novo começa quando o novo de Deus é gerado em nossa vida. O mesmismo de 2012 pode se repetir em 2013 ou não. O ano novo pode trazer vida nova ou repetir a pasmaceira do ano que ficou para trás, pode ser realmente novo ou apenas repetição do velho. Depende de você!

Que a luz de Deus possa brilhar em nós, ainda mais e mais; que possamos apresentar, em espírito e em verdade, a nossa vida como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional - culto reflexivo e prático, não assisitido mas ministrado por cada um de nós a Deus. Que a nossa mente seja mais e mais transformada, de forma a estar cada vez mais semelhante à mente de Cristo, que pensava em fazer a vontade de Deus acima da Sua própria e assim o fazia, com entendimento renovado sobre nossa chamada e vocação cristãs e sobre a vontade de Deus para nós, para que em 2013 possamos experimentar essa vontade - boa, agradável, e perfeita - de forma prática, em nossas  vidas, em nome de Jesus!

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

VAI E NÃO PEQUES MAIS, MAS TENHA UM NOVO VIVER NO ESPÍRITO DO SENHOR!

"Então os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no meio,  disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.  Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?  Isto diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo.  Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse- lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra.  E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.  Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé.  Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?  Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais." (Jo 8.3-11)

Este texto bíblico, extraído do Evangelho de João, fala muito aos nossos corações. Trata-se de um dentre muitos episódios do ministério terreno de Nosso Senhor Jesus, no qual ficamos pasmados e maravilhados diante de Sua grandeza de caráter, de Sua grandeza pessoal e espiritual. Esta maravilhosa passagem é reconfortadora, a partir dela podemos ter esperança e fé que a nossa vida tem imenso valor para Deus, mesmo que religiosamente e espiritualmente ela não esteja sendo vivida da forma correta; mesmo que não sejamos um padrão de moral e de bons costumes.

Ali estava uma mulher apanhada em flagrante adultério. Não era um suspeita. Não era um caso hipotético, ou fruto da imaginação perversa dos homens. Não, ela foi pega no ato. Em grego, αὐτοφώρῳ μοιχευομένη, no ato do adultério. Foi pega no flagra, sem chance de apelação, sem chance de argumentação. Não há explicações a serem dadas quando somos flagrados no ato, porque contra fatos não há argumentos. Talvez ela, ao ser flagrada, tenha tentado fugir junto com o seu amante secreto. Esse deve ter corrido um bocado, ou quem sabe fosse alguém muito influente e poderoso, já que em momento nenhum o texto do Evangelho de João fala nele. Quem sabe não seria um escriba, ou um fariseu, pessoas religiosas e influentes daquela época. Ou talvez fosse somente um qualquer. Não importa; o fato é que ali, capturada e subjugada estava a adúltera.

Vamos agora, por um momento, nos colocar no lugar daquela mulher. O prazer que ela sentia no adultério havia dado lugar a uma grande quantidade de emoções poderosas. Vergonha, humilhação, medo... Imagine ser pego no ato, na hora H! Pior: pega no ato pelos homens mais "santos", mais religiosos daquela época; pega por aqueles que em hipótese alguma entenderiam ou suavizariam aquilo que ela fizera. Homens zelosos, cheios de zelo de Deus e das coisas de Deus. Homens que conheciam a Lei de Deus, ou Lei de Moisés, porque a Lei de Deus foi entregue a Moisés no deserto. Não havia chance alguma para aquela mulher e ela sabia disso; seu coração batia forte, seu sangue
estava cheio de adrenalina: primeiro por ser flagrada em adultério, depois pelas consequências disso, que lhe enchiam a mente. Sim, a consequência... ela sabia qual era a consequência... ela conhecia o que a Lei de Moisés previa nesses casos, ou pelo menos ouviu isso muito claramente quando foi apanhada: "Tragam esta mulher pecadora, adúltera, indigna para fora da cidade... cada um pegue uma pedra... e assim vamos cumprir a Lei, vamos extirpar o pecado do nosso meio...".

Dura lex, sed lex, a lei é dura, mas é a lei. De certo ponto de vista, aqueles homens não estavam errados. De fato, a Lei ordenava a morte em caso de adultério: "O homem que adulterar com a mulher de outro, sim, aquele que adulterar com a mulher do seu próximo, certamente será morto, tanto o adúltero, como a adúltera." (Lv 20.10) É muito provável que o próprio marido daquela mulher estivesse no meio da turba zelosa e irada; talvez, quem sabe, tenha sido ele quem flagrou sua mulher no ato do adultério. Os fariseus e escribas conheciam muito da Lei, tinham decorado cada preceito, cada situação. Porém, apesar de exímios conhecedores dos preceitos, eles desconheciam os princípios misericordiosos envolvidos na Lei e interpretaram a passagem segundo suas próprias intenções malignas.  A verdade é que eles não tinham nenhum interesse na vida daquela mulher ou mesmo no que ela fizera. Eles não estavam se importando com que o que viesse a acontecer com ela. Ela era apenas um instrumento, na concepção deles, para apanhar o Mestre em contradição, "para terem de que o acusar". Seus corações estavam cheios de ódio pelo Senhor. E, assim, estava a mulher, desgraçada e humilhada, cheia de pavor diante de uma multidão irada, trazida agora aos pés do Rabi, do Mestre, que não teria outra alternativa a não ser ratificar o veredito - senão não só a ela, mas Ele também seria apedrejado!

Que situação! Se Ele não permitisse a morte dela, seria acusado de quebrar a Lei de Moisés, ficando desacreditado e réu de juízo. O que você faria nessa situação? Muitos condenariam a mulher para se salvarem. Há, na verdade, muitas pessoas como essa mulher, que vivem debaixo de um peso enorme de condenação. Pessoas que foram condenadas por religiosos, condenadas por transgredirem, por pecarem e serem apanhadas no flagra. Gente que sabe o que fez, que tem consciência de que pecou. Gente que foi excluída, que foi tornada pária por um grupo do qual outrora fazia parte. Gente que foi marginalizada, colocada a margem, na sarjeta da vida. Inúmeras pessoas se acham por todos os caminhos das nossas cidades, do nosso país exatamente como esta mulher – amargurados, desiludidos, fracassados, feridos ou endurecidos. Nesse contingente, há casos para todo tipo de pessoas. Do endurecido ao desprezado, do chafurdado na lama pelo engano do pecado ao desesperado para sair dele, mas sem ninguém para estender a mão. Pessoas que nunca foram crentes, nunca experimentaram o amor de Deus por elas. Há também pessoas que caíram em erros considerados “sem volta” por sua igreja, como o adultério. Foram disciplinados, escrachados, alijados da comunhão e, não raro, se excluíram ou foram excluídos. O problema é que, em seus casos específicos, não foi Deus o autor do juízo sumário, mas o zelo religioso.

O Senhor Jesus, contudo, não condenou aquela mulher. Ele abaixou-se começou a escrever no chão com o dedo. O que Ele escrevia é desconhecido para nós; pareceu bem ao Espírito Santo não nos revelar o teor dessa escrita. Teria Ele escrito no pó a acusação contra aquela mulher, indicando assim que diante da Graça e da Misericórdia de Deus as acusações são como pó? Não sabemos. O fato é que sua atitude deve ter causado espécie na turba enfurecida. Eles insistiram! "E então, Mestre, como vai ser? O que o Senhor diz? Estamos esperando sua resposta! Não temos o dia todo!" Havia uma grande pressa: pressa para condenar, para exercer o juízo! Quando estamos fixados numa idéia não aceitamos esperar "nem mais um minuto", não aceitamos repensar nossa cadeia de raciocínios nem rever nossas teses. Quando o gatilho da emoção dispara, ficamos aprisionados num turbilhão de sentimentos e reações, incapazes de pensar livremente. A atitude do Senhor, internamente e externamente, perturbou muito os agitados algozes. Como poderia aquele homem estar tão sereno, tão tranquilo, tão em paz diante de uma multidão tão cheia de ódio, tão pronta a agir com violência?

A multidão, impaciente e ensandecida, insistiu na pergunta: "e então Mestre? O que o Senhor tem a dizer sobre isso?" Jesus então se põe de pé e lhes responde de uma maneira tremenda: "Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra." A resposta do Mestre foi libertadora, paralizando a emoção negativa e libertando o raciocínio, fazendo com que aqueles homens olhassem para si mesmos, para o próprio interior, repensando sua fé e espiritualidade à luz daquela afirmativa. "Examine-se pois o homem", é o que diz as Escrituras. Nenhum daqueles homens tinha condições de fé e de santidade para agirem no espírito do que a Lei preconizava. Como apedrejariam aquela mulher, sendo eles mesmos passíveis de morte - pois eram tão ou mais pecadores do que ela? A Lei é santa, mas os executores da Lei não eram santos. Nem mesmo os velhos tinham a vida necessária para aquela atitude e assim cada um foi embora, cabisbaixo, pensativo. Se fossem aplicar a Lei como queriam anteriormente, teriam que lançar pedras cada um sobre si mesmo, nenhum deles escaparia da condenação da Lei. Quantas vezes estamos nós mesmos presos ao mesmo cárcere emocional que aquela multidão... quantas vezes estamos sedentos de justiça, queremos que a justiça se cumpra a qualquer preço, mas nos esquecemos de que se Deus for cumprir a justiça, ninguém escapa. Por isso, Deus age com misericórdia, esperando que o pecador - réu e/ou juiz - arrependa-se do seu pecado e volte-se para Deus, de forma a receber o perdão pelos pecados.

Misericórdia não é bonachice. Não é acobertar o erro, ou negar a sua existência. Não é dizer "ah, isso não é nada!" Não! Deus considera cada atitude nossa que é fora da Vontade de Deus para nós, expressa na Bíblia, como pecado. Adultério é pecado. Fornicação é pecado. Homossexualismo é pecado. Inveja é pecado. Fofoca é pecado. Bebedice é pecado. Idolatria é pecado. A Bíblia assim declara: "Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia,  a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos,  as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus." (Gl 5.19-21; ver também Rm 1.18-32) Misericórdia é a ação bondosa de Deus, que nos perdoa as nossas transgressões, se as reconhecermos e confessarmos. Misericórdia é mostrar o pecado e a única solução para ele - Jesus! Misericódia é estender a mão para ajudar quem não merece. Jesus reconheceu que aquela mulher havia relmente pecado, tanto que disse que ela não deveria continuar pecando. "Vai e não peques mais", foi o que Ele disse. Nisso vemos a grande misericórdia de Deus: O Senhor liberou a adúltera, deixou que ela fosse embora, de volta para a sua casa, não debaixo de uma condenação, mas de uma grande exortação: "não peques mais"! Viva a sua vida sem pecado. Não seja mais uma adúltera. O adultério que você havia cometido é pecado, não volte a fazer isso novamente, para seu próprio bem.    

A Igreja deve combater o pecado não para condenar o pecador, pois ele já está condenado por sua própria atitude. A Igreja deve combater o pecado para resgatar o pecador, para mostrar-lhe que é terrível o estado em que ele se encontra, mas que em Jesus há solução para qualquer tipo de pecado que o pecador possa ter cometido! Ou seja, o combater o pecado serve para libertar o pecador da sua prisão! Por isso, em todas os sermões, sempre enfatizo que em Cristo há a solução, que Ele mesmo é a solução para o pior e mais vil pecador! A Igreja é lugar de despertamento e de arrependimento, com isso é lugar também de restauração e salvação! O homem precisa conhecer como Deus o vê, para poder conhecer o amor de Deus por ele! Deus vê a humanidade perdida, debaixo de pecado; mas Deus dá a cada homem a chance de recomeçar, de nascer de novo, de ter nova vida em Cristo! Chance de ter um novo viver no Espírito do Senhor, de Reviver!   

Talvez você esteja vivendo extamente como aquela mulher. Marginalizado, cercado de acusadores e de suas condenações. No fundo do seu coração você sabe que a vida que você tem levado é pecaminosa diante de Deus. Você sabe que isso que você faz é pecado. Você ouviu a Verdade, mas não sabe como fazer para ser livre. Já tentou de um tudo, buscou em todos os lugares, fez todos os sacrifícios e oferendas as mais diversas divindades, de acordo com o "receitado" pelos "médicos de alma", para tentar consertar o problema, mas foi tudo em vão. Buscou todas as experiências para saciar a sua alma, mas ao final de tudo ela está mais faminta do que nunca! Você foi pego no ato - por seu conjuge, por sua família, por seu chefe... e está se perguntando: e agora? O que vou fazer? Mergulha de cabeça nos prazeres da vida, nas orgias, nas drogas, na prostituição, no sexo irracional e animalesco... só para fugir de si mesmo, daquilo que você se tornou, daquilo que você fez. Talvez você esteja até mesmo pensando em se matar, em dar cabo da sua vida, pois está pensando que essa é a última solução honrosa que você tem. Afinal, talvez você diga, tudo acabou mesmo. Já não
tem mais jeito, já não tem mais remédio. Ninguém mais vai acreditar em você agora, é o pensamento que não sai de sua mente.  

Ou quem sabe você até um dia foi crente, mas pecou e quando isso aconteceu você foi expulso da Igreja, ou quem sabe você mesmo saiu, porque as acusações do diabo foram terríveis. Talvez você tenha cogitado em ir à Igreja, mas o diabo lançou sobre uma terrível acusação; daí você passou a praticar os mais baixos pecados, porque pensa que já está condenado ao inferno por toda a eternidade, portanto a única alternativa que resta é aproveitar seus dias na terra. Quem sabe você tem pensado em voltar à comunhão da Igreja, mas há sempre a voz acusadora do diabo, dizendo que você é indigno, que ninguém vai te receber, enfim, que não tem mais volta. Talvez você se ainda se lembre dos irmãos, da alegria e do amor que desfrutava antes da queda, mas o pecado te impede de voltar a Deus e a Igreja.

Isso tudo não passa de pura mentira do diabo! Quer você nunca tenha sido crente, quer já tenha sido e se desviou, Deus ama você! Independente do que você possa ter feito, independente do quão profundo você desceu no abismo da podridão da vida, Deus lhe ama! A Bíblia assim declara: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (Jo 3.16) Você, que está sedento, precisando de uma gota d'água de vida, de esperança, de fé, venha para Cristo! Ele prometeu não apenas matar a sua sede de vida, mas fazer dentro de você uma fonte de muitas águas, de rios de água viva! "Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna." (Jo 4.14) Não estou falando de um copo d'água ungido, não é isso. Estou falando de algo completamente novo, sobrenatural, incrível e maravilhoso que o Senhor deseja fazer em sua vida! Você pode ter um novo começo! Você pode nascer de novo, espiritualmente falando! Você pode obter gratuitamente o perdão dos seus pecados, basta crer no Salvador e entregar a Ele a sua vida! Jesus pode mudar a sua vida por completo! Venha sem medo, sem reservas; Ele jamais rejeitará você! Ele mesmo disse: "Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.  Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.  E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia.  Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia." (Jo 6.37-40)

O diabo, querido leitor, veio senão para roubar, matar e destruir a sua vida; Jesus veio para que você tenha vida e a tenha em abundância! Ora, Jesus não deixou de perdoar. Ele quer perdoar você, novamente. Isso mesmo, no-va-men-te. Os seus pecados, o Senhor levou sobre si na cruz do Calvário. Portanto, venha até Ele, venha pecador como tu estás. Se você ouve uma voz dizendo "vem! volta! Vá a Igreja!", essa voz é a voz de Jesus, repleta de graça sem par! Já ouves, querido leitor, Ele a clamar? A voz de Jesus a chamar-te? Entrega-lhe, pois, o teu infeliz coração e gozo terás! Se longe de Deus meu amigo tu estás, porque permaneces assim? Se a morte chegar, que surpresa fatal; muito triste será o teu fim! Entrega-lhe o teu infeliz coração, querido(a) leitor(a)! Se vives tristonho sem gozo e sem paz, é mau o caminho em que vais; escuta a voz que te dá salvação, Jesus te dará Seu perdão! Venha, e você ouvirá do Bom Mestre: onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou? Bem, eu também não te condeno; vai-te, e não peques mais! Venha refazer sua aliança com o Senhor! Ele te chama para te restaurar, para te renovar, para te encher com o Espírito Santo!

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!