segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

PERDOE E ESQUEÇA: A PALAVRA DE ORDEM PARA TEMPOS DO FIM

"Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também." (Cl 3.12,13)

Essa é a instrução do apóstolo Paulo aos crentes da igreja de Colossos. Eles deveriam suportar uns aos outros e perdoar uns aos outros. Suportar e perdoar são o resultado direto primeiramente do revestimento dos crentes de benignidade, humildade, mansidão e longanimidade e em segundo lugar do ato supremo do Senhor, que nos perdoou.

É verdade cristalina que um cristão não deve fazer mal a ninguém conscientemente; não deve agir para prejudicar o próximo, independente de ser também cristão ou não. Não deve ser vingativo, nem executar nenhum tipo de vingança pessoal contra quem quer que seja. Deve procurar, dentro de suas possibilidades pessoais, viver em paz com todos os homens; para isso, é fundamental que o seu caráter seja  um caráter transformado por Cristo, ou seja, um caráter misericordioso, benigno, humilde manso e longânimo. Porém, especialmente - e principalmente - no caso de ser também cristão, ou seja de irmãos em Cristo, mais ainda deve haver tal atitude! Se devemos tratar assim os de fora, muito mais os que são de dentro, os domésticos da fé!

Porém, o fato é que com a proximidade da consumação dos tempos e consequentemente da manifestação do "homem do pecado", do iníquo, mais e mais as relações humanas estão se deteriorando, se degenerando. A vida humana, em nossos dias, nunca teve um valor tão baixo - um homem mata outro homem por qualquer razão e mesmo sem razão alguma e aqueles que vêem o corpo inerte, sem vida, caído na sarjeta nada sentem por aquele que foi morto! Matam-se crianças - até bebês - vítimas de toda sorte de violência (sexual e física) e os assassinos são muitas vezes os próprios familiares. Matam-se mulheres e homens, independente de cor e credo, de posição social ou nível educacional, quer por vingança, quer por queima de arquivo, quer em assaltos, quer por pura paixão (os crimes passionais). "No beco escuro explode a violência" e não apenas "no meio da madrugada" (como cantam os Paralamas do Sucesso, na composição de Hebert Vianna, "o Beco"), mas a qualquer hora do dia ou da noite, mas "nada perturba o meu sono pesado, nada levanta aquele corpo jogado, nada atrapalha aquele bar ali na esquina, aquela fila de cinema, nada mais me deixa chocado".

Enquanto nos "becos da vida", dos subúrbios, esquinas e vielas, explode a violência, outro tipo de violência também explode: a corrupção. Esta explode nos altos círculos de poder, em Brasília e nos Estados. Explode nos gabinetes de governadores, de prefeitos, de vereadores; explode na Câmara de Deputados, no Senado Federal e até na Presidência da República! Explode na evasão de divisas, no crime de lesa-pátria tão comum no País e no mundo; explode na malversação do dinheiro público, no crime de usura, no peculato; na indicação de políticos para cargos dirigentes de órgãos da administração, no tráfico de influências, no favoritismo em defesa do interesse próprio, na inescrupulosa ineficiência do Estado - "criando dificuldades para vender facilidades", como diz o ditado popular. Na gestão incompetente, realizada por no mínimo incompetentes - sem formação, habilidade ou atitude necessárias ao desempenho correto da função- , da coisa pública - educação, saúde, segurança, tecnologia, etc.

Toda essa violência que há no mundo é resultado do estado espiritual do mundo: "Sabemos que [...] todo o mundo está no maligno" (I João 5:19). Como argumentei noutra postagem (MORTE OU VIDA: QUAL VOCÊ ESCOLHE?) o mundo está como um morto sepultado, enterrado até a cabeça no maligno. Tal é essa malignidade, tal é o estado do mundo defunto - em alto estado de putrefação, exalando todo fedor oriundo de sua decomposição, que cada vez mais sentimos o odor da morte. E a intensidade desse cheiro só vai aumentar, lamento dizer. Não há nada que possa ser feito para reverter esse estado: o Criador já assinou o atestado de óbito! Não adianta colocar políticos "cristãos" no poder, não adianta operações disso-e-daquilo, não adianta polícia, não adianta nada! Nada, em absoluto, mudará o estado do mundo, pois este escolheu irrevogavelmente para si mesmo servir e seguir o "deus deste século", Satanás. Não há como vencer o sistema em âmbito territorial geofísico ou geopolítico. A violência avançará em todas as áreas, de forma a instalar o caos em todos os países. A crise - seja ela financeira, social, na saúde, na educação, na segurança, na família, na religião, etc - só aumentará mais e mais - em todos os países - até chegar a níveis quase insuportáveis!  

Como o sistema do mundo "tá dominado, tá tudo dominado" pelo diabo, ele avança suas estratégias e artimanhas, com todo poderio do inferno, contra a a Igreja de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a noiva do Cordeiro. Ele sabe que esta é a única referência, ainda sobrevivente, da Verdade de Deus. A única que pode, pelo poder do Espírito Santo, resistir-lhe firme na fé; a única que tem o poder de Cristo para anunciar o Evangelho a todo homem, libertando-o desse sistema maligno opressor.

Essa estratégia de Satanás contra a Igreja é principalmente "de dentro para fora". Lamentavelmente, Satanás tem alcançado posição no seio de muitas igrejas, semeando heresias destruidoras - como a falsa e demoníaca "teologia da prosperidade", além do sincretismo religioso e do falso misticismo - verdadeiras abominações introduzidas na igreja (veja mais em: QUANDO A IGREJA GERA NÁUSEAS EM DEUS: PARTE 1), com suas falsas curas e falsos milagres. Além de causar escândalos de todo o tipo e assim minar a imagem da Igreja, bem como fomentar a multiplicação de blasfêmias contra o Nome de Cristo, essa ação de Satanás causa confusão no meio dos cristãos, especialmente da atual geração que tem uma preguiça gigantesca de ler e estudar a Bíblia - crentes que estão firmes na fé igual graxa no rolamento. É triste dizer, mas há uma grande grupo de pessoas que dizem ser cristãos mas que, na verdade, nem de perto tocam nas orlas do manto de Cristo. Gente mimada que não aceita repreensão. Não aceita correção. Gente que quer oba-oba, quer milagre, quer pentecoste, quer rolar no chão, quer profetada! Crentes "Leite com Pêra"! Graças a Deus, esse tipo de estratégia não encontra espaço nas ainda Igrejas sérias, que prezam pelo ensino da Palavra de Deus.

Há, no entanto, outra forma tão destruidora quanto a primeira, que por sua virulência, é capaz de penetrar EM QUALQUER IGREJA. Me refiro ao ato de Satanás semear desavença e desconfiança dentro da congregação. Esse estratégia é a mais complicada de se combater, porque ela envolve o sentimento, as emoções que uma pessoa nutre por outra ou por outras. Aqui, Satanás faz com que pequenos erros cometidos ganhem proporções "tsunâmicas", maximizando os erros e separando pessoas. Pessoas que fazem uma confusão imensa em cima do que você prega, ensina e até posta na internet (com ênfase nas redes sociais), distorcendo os fatos para justificar suas teses separatistas. Satanás quer fazer com que os irmãos se estranhem uns aos outros, causando divisão; para isso, geralmente ele semeia insatisfação (contra a liderança na maioria da vezes) e desconfiança (nos reais propósitos da liderança ou de um irmão). As pessoas facilmente levam as coisas para o lado pessoal e com muita frequência são partidaristas: se você "mexe" com alguém que elas estimam mais do que você, pronto. Geralmente esse tipo reclama de grupinhos panelinhas, mas são os primeiros a promoverem tal coisa. Gente que dá lugar a Satanás dentro da igreja e não sabe, fazendo qualquer coisa virar polêmica e motivando assim contendas contra irmãos. Esquecem que o Senhor ABOMINA quem semeia contenda entre irmãos (Pv 6.16-19). Tudo na igreja, desse modo, dá margem para polêmicas e confusões. Se você prega, gera polêmica; se disciplina, gera polêmica; se muda a expressão facial, gera polêmica; se pede ofertas, gera polêmica. Esse assunto de ofertas então é FONTE QUASE INESGOTÁVEL de polêmicas na Igreja, muito por causa dos escândalos.

Abre Parênteses (1): Obviamente, TODAS AS CONTRIBUIÇÕES no Novo Testamento são voluntárias (veja em: DÍZIMOS E OFERTAS: DO ANTIGO PARA O NOVO TESTAMENTO). PORÉM, isso de maneira nenhuma pode servir como desculpa ou justificativa para a avareza. Jesus diz que é do interior do coração que surgem todos os pecados e entre eles inclui a avareza (Mc 7.20-23). O próprio Senhor nos manda acautelar-nos contra a avareza, "porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" (Lc 12.15). Nenhum avarento herdará o Reino de Deus - "Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os AVARENTOS, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus." (I Co 6.9,10) Infelizmente, há pessoas que usam as Verdades Bíblicas como suporte ideológico para suas ações antibíblicas e pecaminosas. Avareza é idolatria (Ef 5.5), querido(a) leitor(a) e quando você usa a liberdade em Cristo ligada à contribuição como uma justificativa para sua avareza você está acrescentando pecado sobre pecado. A liberdade, poderíamos dizer, é um trampolim de lançamento para mergulhar no mar infinito da bondade divina, mas pode tornar-se inclusive um plano inclinado sobre o qual escorregar rumo ao abismo do pecado e do mal e, assim, perder também a liberdade e a nossa dignidade. Usar a graça como trampolim para o pecado é equivalente a cair da graça. A nossa liberdade cristã deve ser usada na prática do bem, nunca do mal. Fecha Parênteses.

Um dos objetivos mais importantes de Satanás é levar-nos ao desentendimento, em especial no lar, mas também na igreja. E quando houver desentendimento, a prioridade estava invertida, mais voltada ao que nós desejamos do que ao que DEUS requer. Contendas enfraquecem a igreja como também tornam a mensagem sem crédito. Como membros da igreja visível e obreiros na vinha do Senhor, todos os cristãos professos devem fazer tanto quanto possível para preservar a paz, e a harmonia e o amor na igreja. Notai a oração de Cristo: “Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, O és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste.” (João 17:21) Deus é desonrado pelos que, professando a verdade, alimentam entre si divergências e discórdias. Satanás é o grande acusador dos irmãos, e todos os que assim procedem se acham alistados ao seu serviço.

Esses melindres e ressentimentos, esse criticismo exacerbado bem como essa desconfiança infundada (em lugares onde há transparência na aplicação dos recursos) precisa acabar. Inimizades, porfias, discórdias, dissensões e facções estão classificadas como obras da carne e, portanto, como impeditivas para alguém herdar o Reino de Deus (Gl 5.19-23). Estas são sempre muito bem dissimuladas com tratamentos “fraternos” e “piedosos”, na melhor das hipóteses! Há aqueles que nunca se submetem, que desacreditam todas as iniciativas antes de começar, que criticam tudo e todos, sempre duvidando do caráter e da bondade de seus líderes a despeito da transparência da vida dos mesmos e da transparência da administração da obra. A causa da Igreja de Cristo - o Evangelho e a Glória de Deus - deve ser tida como superior até mesmo às nossas idéias e opiniões pessoais e deve motivar a paz no seio da Congregação. Devemos ter em mente que contendas, dissensões, facções, porfias e inimizades IMOBILIZAM A IGREJA, impedindo-a de avançar o Reino de Deus e a si mesma, podendo até causar o fechamento de suas portas!

Houve erros? Onde não há erros? Há pontos a melhorarem? Quando não houve? Todos que pensam que fariam melhor, reproduzirão os mesmos erros - e outros tantos - se e quando tiverem oportunidade de agir. Para não imobilizamos a nós mesmos e a igreja em melindres e desconfianças, Paulo nos dá em Colossenses 2 ações que devemos ter: suportar e perdoar. Suportar vem do grego anechomai que significa "tolerar, sofrer, levantar, sustentar, carregar". Essa palavra é muito forte: Paulo diz que eu devo sofrer o meu irmão! Devo ser tolerante com ele apesar dos erros que ele venha a cometer! Devo buscar levantá-lo toda a vez que ele estiver caído e mesmo carregá-lo até ele conseguir andar sozinho de novo! Isso quer dizer que meu irmão tem suas fraquezas e seus erros, assim como eu tenho os meus; portanto, devo estender-lhe a minha mão, colocando-me em posição para ajudá-lo da melhor maneira que eu puder. Mais ainda, não devo romper a comunhão com ele a despeito dos seus erros. Isso não quer dizer "fazer vista grossa" ou não disciplinar quando for necessário; não quer dizer "para meu/minha amiguinho(a)/queridinho(a) tudo; para quem não é, os rigores da lei" como muita gente faz. Quer dizer que devo servir de amparo, de suporte para o outro, nos revestindo (ou seja, tornando a nos vestir) de misericórdia, de humildade (não são apenas os outros que são difíceis… nós também), de mansidão (firmeza com brandura), de paciência (esperar pelo outro como o Senhor espera por nós). Com a palavra "anechomai", Paulo mostra para nós que devemos nos esforçar pelo próximo a ponto de sofrer, aguentar uma situação difícil ou desagradável, aguentar tribulação, perseguição e até mesmo tolerar uma pessoa causadora de situação constrangedora por amor a Cristo.

Paulo vai além: ele diz que também devemos "perdoar uns aos outros". Perdoar vem do grego charizomai, de onde vem a raiz charis, graça. Perdoar é portanto um ato de graça, só possível a quem vive a graça de Cristo em sua vida. Enquanto neste mundo, onde há tanta corrupção em nossos corações, às vezes surgem discussões e dúvidas. Mas é nosso dever perdoar uns aos outros, imitando o perdão através do qual somos salvos. Perdoar o outro se tivermos queixas (gr. momphe) contra ele. Meu Deus, como é fácil termos queixas uns contra os outros! E como é difícil perdoarmos e esquecermos delas! Tem gente que diz perdoar, mas nunca esquece dos erros cometidos, lançando-os em rosto sempre que podem! Não é à-toa que o perdão deve ser feito "assim como Cristo vos perdoou", ou seja, perdão verdadeiro, que diz "apago as tuas transgressões e dos seus pecados não me lembro" (Is 43.25). Perdão verdadeiro envolve esquecimento da transgressão, "apagar da memória o erro", caso contrário não é perdão. Já imaginou se Cristo ficasse nos lançando em rosto nossos pecados? Quem perdoa não fica fazendo "inventário de erros" (porque ano passado você errou assim e assado, e blá blá blá...); perdoou, acabou! Não existe mais o erro! Foi apagado para sempre, não existe mais dívida!

Suportar e perdoar são palavras de ordem de Deus para os crentes de todas as épocas, incluindo principalmente a nossa. Quanto mais cresce a violência, mas as relações interpessoais se estremecerão. Jesus chega ao ponto de dizer que "nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão" (Mt 24.10).

"Há pessoas que entra na comunhão do Corpo de Cristo com exigências... julgamentos... rigidez... Tudo o que não acontece de acordo com a sua vontade é considerado um fracasso... Não devemos entrar na comunhão da igreja com exigências, mas com gratidão, porque Deus já pôs o fundamento da nossa comunhão. Ele nos uniu num só corpo, o Corpo de Cristo... Agradecemos a Deus o que Ele fez por nós. Agradecemos porque Ele nos deu irmãos que (como nós próprios) vivem sob seu chamado, seu perdão e suas promessas. Não nos queixamos daquilo que Deus não nos dá, mas agradecemos o que ele nos dá diariamente. Por acaso não basta o que nos é dado: irmãos que, em pecado ou em tribulação, ficam ao nosso lado sob Sua bênção e graça? A comunhão cristã, a que é dada por Deus, não pode ser menor quando um irmão peca, quando a igreja enfrenta circunstâncias difíceis, ou quando ocorrem divergências. Continuamos sendo irmãos, todos sob a graça... Lá, onde o nevoeiro matutino dos ideais se dissipa, nasce fulgurante o dia da comunhão cristã". (Dietrich Bonhoeffer, “Vida em Comunhão”)

Vamos nos assentar e ficar reclamando uns dos outros? Vamos ficar "lambendo nossas feridas"? Dizendo que algo foi feito de forma errada, porque não concordamos da maneira como foi feito, e com isso não seguir mais avante? Vamos imobilizar a Igreja? Vamos "parar tudo" e fechar as portas? Enquanto discutimos filosoficamente se devemos ou não avançar, o Islã é a religião mundial que mais avança no mundo ocidental, em especial na América Latina e na Europa. Garanto a quem quer que seja que nenhum adepto do Islã fica teorizando se deve ou não expandir o Islã, se deve ou não abrir mesquitas noutros países, se deve ou não contribuir financeiramente para isso segundo os projetos do Imam ou do Aiatolá! A Igreja cristã só terá êxito em sua missão quando os crentes aprenderem a suportar e perdoar uns aos outros como algo tão comum quanto beber água, quando entenderem que a Causa de Cristo é superior até a eles mesmos - o que pensam, o que acham, o que sentem ou mesmo suas vidas individuais. O testemunho dos mártires, no passado e hoje, está aí mesmo para quem tiver dúvidas!

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!