"Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso." (II Co 6.14-18)
Jugo: peça de madeira assentada sobre a cabeça dos bois para atrelá-los a uma carroça ou arado; canga. O termo grego é "heterozugeo", "unido de forma diferente", aparecendo apenas aqui, no Novo Testamento. No entanto, na Septuaginta (LXX), o termo aparece também em Levítico 19:19, onde o termo heterozugeo é usado na proibição de acasalamento entre animais de espécies diferentes. A palavra hebraica é rabah, "híbrido" (Levítico também usa rabah para proibir as pessoas de ter relações sexuais com animais,18:23, 20:16). Desse modo, o jugo se refere a estar acoplado a algo ou alguém de tal forma que a sua conduta, ações e comportamento será determinado por aquele a quem você está unido. É por isso que um boi mais jovem é posto no mesmo jugo que um boi mais velho por ocasião do arado: o boi mais jovem pode ser ensinado como arar pelo boi mais velho e mais experiente. Porém, segundo Deuteronômio 22:10, não era permitido que animais de espécies diferentes fossem colocados sob o mesmo jugo para arar a terra.
De acordo com o Comentário Bíblico de Ellicott para Leitores em Inglês (Ellicott's Commentary for English Readers), alguns em Corinto viam com indiferença o casamento entre pagãos e cristãos e o amizades íntimas entre adoradores de Afrodite e de Cristo; daí Paulo combater tal prática em sua epístola. A bem da verdade, Paulo não está trazendo nenhuma revelação aqui; não é nenhuma novidade, do ponto de vista bíblico, o erro dos relacionamentos mistos. Note que Abraão fez seu servo JURAR "pelo Senhor Deus dos céus e Deus da terra" que este não tomaria mulher para seu filho Isaque "das filhas dos cananeus", mas somente mulher que pertencesse à sua terra e à sua parentela (Gn 24.2,3). Mais tarde, Deus SOLENEMENTE PROÍBE aos Seus filhos e filhas, aos filhos de Israel, se aparentarem com os moradores de Canaã: "Quando o SENHOR teu Deus te houver introduzido na terra, à qual vais para a possuir, e tiver lançado fora muitas nações de diante de ti, os heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus, sete nações mais numerosas e mais poderosas do que tu; e o SENHOR teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás; não farás com elas aliança, nem terás piedade delas; nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos; pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do SENHOR se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria." (Dt 7.1-4) A predição da apostasia se cumpriu literalmente por conta da desobediência a essa ordem, como lemos no livro de Juízes: "Habitando, pois, os filhos de Israel no meio dos cananeus, dos heteus, e amorreus, e perizeus, e heveus, e jebuseus, tomaram de suas filhas para si por mulheres, e deram as suas filhas aos filhos deles; e serviram aos seus deuses. E os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do SENHOR, e se esqueceram do SENHOR seu Deus; e serviram aos baalins e a Astarote." (Jz 3.5-7)
Neemias aplicou esse mandamento de uma forma muito intensa na vida daqueles que retornaram do cativeiro babilônico, que haviam se casado com "mulheres asdoditas, amonitas e moabitas" e que justamente por isso "filhos falavam meio asdodita, e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo": "E contendi com eles, e os amaldiçoei e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os fiz jurar por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos, e não tomareis mais suas filhas, nem para vossos filhos nem para vós mesmos." (Ne 13.23-30) Esdras, de igual modo, condenou a prática dos casamentos mistos, ordenando que as mulheres estrangeiras fossem despedidas por seus maridos (Edras caps. 9 e 10).
Uma simples leitura desses textos bíblicos supracitados revela o efeito do jugo desigual sobre o cristão: ele faz com que este acabe deixando o Senhor, voltando-se para práticas e/ou religiões que o Senhor condena. O resultado do jugo desigual, além disso, se estende da pessoa que nele se envolve até seus filhos, que acabam tendo uma criação mista, sendo ensinada com valores meio cristãos meio pagãos. Assim, o crente acaba por ver-se sob a influência dos valores do mundo, tão malignos e diabólicos, com suas falsas religiões e visões de mundo. O perigo espiritual é, portanto, óbvio.
Há inúmeros casos de relacionamentos íntimos mistos (sociedade, casamento, etc) nos quais NENHUM DELES a parte cristã foi ou é pleno(a) ou feliz. Há sempre o elemento mundano envolvido. Há cônjuges crentes que vivem às lágrimas pedindo socorro e ajuda por conta de violência doméstica (verbal ou física), ou porque uma das partes insiste em viver seu mundanismo no lar (bebidas, jogatinas, vícios de comportamento, filmes e palavreado impróprios e profanos, etc), de pouca ou nenhuma consideração com seus sentimentos, valores e princípios, ou porque criam dificuldades (ou até proíbem) o livre exercício da fé cristã! Crentes que gostariam de ser mais usados na Obra de Deus, gostariam de participar mais das atividades da Igreja... até de se consagrarem mais ao Senhor... de lerem sossegadamente suas Bíblias sem terem que ouvir xingamentos e palavrões ou toda a sorte de imoralidades... Sobre isso, comenta o Pr. Samuel Vieira: "Uma pessoa sem Deus pensa e age de forma diferente daquele que ama a Deus. O crente pensa nas coisas relacionadas à missão e ao reino de Deus, enquanto o homem sem Deus, busca fazer as coisas para sua carne. Mesmo que o que fazem não seja, necessariamente ruim ou eticamente condenável. O problema é a motivação. O lazer do cristão é diferente, as férias possuem objetivos diferentes e as prioridades são diferentes. No domingo de manhã, o crente quer ir para a Escola Dominical, o descrente, para o clube; No carnaval, o crente quer ir para o retiro, o descrente, para a folia." (fonte: http://revsamuca.blogspot.com.br/2013/09/o-que-voce-acha-de-namorar-uma-pessoa.html)
Os efeitos do jugo desigual se manifestarão, mais cedo ou mais tarde! Sobre isso, o ir. Jailson apresenta em seu blog "Gloriosa Paz" o seguinte testemunho: "Guardo comigo uma palavra “dura” de um pastor; - quando (novo convertido) me envolvi num jugo desigual. (Buscas fora do ‘arraial’ são perigosas à vida espiritual do cristão!), ele me disse: “Estas construindo um belo castelo, contudo seu alicerce é muito raso, e a qualquer momento poderá desabar”. Adivinhem o resultado? Foi o que aconteceu num breve espaço de tempo." (fonte: http://jailson-ferreira.blogspot.com.br/2012/05/profetas-ou-profetizadores.html). O Livro de Provérbios fala acerca da mulher estranha, cujos "destilam favos de mel, e o seu paladar é mais suave do que o azeite", "mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois gumes. Os seus pés descem para a morte; os seus passos estão impregnados do inferno." A exortação bíblica para o fiel é grave e categórica: "Longe dela seja o teu caminho, e não te chegues à porta da sua casa. Para que não dês a outrem a tua honra, e não entregues a cruéis os teus anos de vida; para que não farte a estranhos o teu esforço, e todo o fruto do teu trabalho vá parar em casa alheia; e no fim venhas a gemer, no consumir-se da tua carne e do teu corpo. E então digas: Como odiei a correção! e o meu coração desprezou a repreensão! E não escutei a voz dos que me ensinavam, nem aos meus mestres inclinei o meu ouvido!" (Pv 5.1-13)
"Não escutei a voz dos que me ensinavam, nem aos meus mestres inclinei o ouvido": como isso é atual! Raramente o aconselhamento pastoral dá resultado, porque a pessoa insiste em se iludir, em se enganar, com os argumentos mais estapafúrdios possíveis: "Não sei se ele é crente, estou namorando a pouco tempo e ainda não tive condições de verificar isto... Ele(a) não é crente, mas é um(a) cara/menina legal...Creio que ele (a) está aberto (a) ao Evangelho...Eu lhe falei que só namoraria pessoas crentes, e então ele(a) aceitou o Evangelho...Ele é mais cavalheiro que a maioria dos rapazes que eu conheço...Ele(a) não é crente porque não quer ser hipócrita..." e por aí vai. Esses argumentos são verdadeiras fortalezas mentais, dificílimas de destruir! Sofismas malignos! Aliás, esse papo furado de "aceitou o Evangelho" é clássico: quando a paixão se instala, a pessoa promete mundos e fundos para manter junto de si o objeto da paixão. É obvio que se o descrente está apaixonado pela pessoa crente, como não possui qualquer compromisso espiritual, facilmente concordará em “se converter e se batizar”, mas será que realmente esta pessoa teve uma experiência com Jesus e entendeu o plano de Deus para sua vida? Em geral, tais compromissos mostram-se superficiais, logo após o casamento. De forma tremenda, o texto de Provérbios faz uma afirmação de "arrancar sabiá do toco": "No meio da congregação e da assembléia foi que eu me achei em quase todo o mal." (Pv 5.14) Noutras palavras... no meio da Igreja!
Portanto, os seres humanos estão num relacionamento desigual - num jugo desigual - quando não compartilham da mesma visão de mundo, da mesma fé em Cristo e dos mesmos valores (morais, espirituais, éticos, etc). O resultado disso é, invariavelmente, muita luta, muito problema, muita ansiedade, muita aflição e... pecado e separação de Deus. Há alguns que realmente abandonam a fé por conta do relacionamento desigual, voltando-se para o paganismo do cônjuge; outros, por sua vez, tentam manter a fé em meio à enxurrada de problemas que aparecem. Em geral, acabam saindo da Igreja ou frequentando-a muito pouco, com pouco ou nenhum envolvimento.
O mesmo raciocínio se aplica às sociedades e amizades. Sobre isso, o Pr. David Wilkerson, que hoje está no Senhor, aborda em seu sermão "Seus Amigos, Assunto Para Deus!" o caso das amizades íntimas, alguém com quem compartilhamos a nossa alma, que têm influência em nossa vida. As amizades íntimas com ímpios, conforme demonstra cabalmente o pastor, culminarão inevitavelmente em afastamento de Deus. Ele mostra o que acontece com cada filho de Deus que desenvolve afinidade com uma pessoa amarga e injusta. Há três terríveis conseqüências: (1) Você Será Atraído Para os Problemas ou Para a "Guerra" Pessoal de Outra Pessoa - e Se Arrependerá Disto! (nesse caso, acabará confortando ou encorajando a alguém que está em rebelião, tomando partido contra o Espírito Santo e fazendo da pessoa co-participante do pecado desta pessoa), (2) Você Acabará Ignorando Todas as Advertências Proféticas e Todo Aconselhamento Bíblico! e (3) A Última e Mais Trágica Conseqüência da Afinidade Com Um Amigo Mau é a Ira de Deus Sobre Você! (veja o sermão na íntegra, em português, em: http://www.tscpulpitseries.org/portuguese/ts980914.htm) (Copyright © 2000 by World Challenge, Lindale, Texas, USA). Em síntese, devemos preservar nosso relacionamento com Cristo, pois esse relacionamento é superior a qualquer outro existente! Todos os relacionamentos nos quais consideremos nos envolver, não podem se constituir num empecilho ao nosso relacionamento com o Senhor!
Por fim, a despeito desta aplicação não estar envolvida no ensino de Paulo, é preciso deixar claro que há relacionamentos entre pessoas que mesmo professando teoricamente a mesma fé, ainda assim estão num relacionamento desigual. Por exemplo, o relacionamento amoroso-sentimental entre um crente que crê no cessacionismo e outro que crê na contemporaneidade dos dons espirituais. Nesse caso, a crença de cada um, irredutível a um denominador comum, faz com que haja desigualdade nesse relacionamento. Consumando-se o relacionamento, haverá tensão no lar: qual igreja frequentar? Como orarão juntos? E quanto ao entendimento das Escrituras, como será?
Concluindo: o jugo desigual é um mal a ser evitado. Quem se envolve num relacionamento com um filho ou filha de satanás, irá mais cedo, mais tarde, ter problemas com seu sogro. E aí, chorar não adianta, porque o mal está consumado. Por isso, é bom pensar antes, é bom ouvir antes, é bom deixar os impulsos e carências carnais de lado e priorizar o que é para ser priorizado. Casamento, segundo a Bíblia, é indissolúvel; só a morte pode separar um casal. Sabedores disso, muitos cônjuges oprimidos em seus casamentos desiguais passam a fazer oração de feiticeiro, pedindo pecaminosamente - em vão, é bom que se diga - que Deus mate o outro cônjuge. A realidade é que aqueles que amam a Jesus e se casam com ímpios, jamais terão a experiência da plenitude de um casamento como Deus planejou. Nunca experimentarão a verdadeira intimidade de estarem unidos nos vínculos do amor de Jesus. Verdadeiras alianças só podem ser construídas debaixo do altar do Senhor. Não há como Deus abençoar aquilo que Ele já disse que é errado diante Dele! Depois do mal consumado, não há mais volta, não há mais como reparar o mal. E a consequência virá: "Quanto ao ímpio, as suas iniqüidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido. Ele morrerá, porque desavisadamente andou, e pelo excesso da sua loucura se perderá." (Pv 5.22,23) Quantos aprisionados por Satanás! Quantos mortos-vivos espirituais - e até mortos fisicamente, porque se envolveram com quem não devia, e acabaram assassinadas, estupradas, etc! Perdidos pelo excesso da loucura!
Se você, querido(a) leitor(a), está num relacionamento desigual e pode ainda ser livre, faça-o imediatamente! Não seja teimoso(a), não seja obstinado(a), pois isso com certeza terminará mal! Tenha fé no Senhor: Ele tem para sua vida uma pessoa do Seu coração, que será uma benção para você! Deus quer - e tem - o melhor para você em todas as áreas; creia no Senhor Jesus!
Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!
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