domingo, 17 de setembro de 2023

RESGATANDO O CONCEITO BÍBLICO SOBRE A SALVAÇÃO EM JESUS CRISTO: PARTE 4

 


⁶ Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus.
(Êxodo 3:6)

Eu sou. Assim Deus se apresentou a Moisés. O Deus de Abraão; do filho de Abraão, Isaque, e de Jacó, filho de Isaque, ancestrais de Moisés. Esses três homens já haviam morrido quando Deus falou com Moisés e, mesmo assim, Deus disse que era o Deus deles, porque para Deus eles continuavam existindo! Eles estavam mortos fisicamente, mas vivos diante do Deus Vivo! Deus é Deus de vivos, não de mortos (Lucas 20:38)!

A Bíblia nos mostra os acontecimentos que se deram. Mostra como os filhos de Jacó, neto de Abraão, foram parar na terra do Egito. Jacó teve duas esposas e destas teve 12 filhos (2 de uma e 10 de outra) e, como era de se esperar, havia inveja e disputa entre eles (assim como havia entre suas mães). A poligamia (um homem ter mais de uma esposa) era prática comum naquele tempo, só vindo a ser abolida séculos depois (hoje ainda em alguns povos ela é permitida); entretanto, precisamos compreender que esse ato nunca foi ordenado por Deus: o ideal de Deus para o homem é a monogamia (“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” - Gênesis 2:24). A poligamia é, portanto, um dos catastróficos resultados da queda do homem em relação a Deus, produto do pecado de Adão. Todas as relações poligâmicas que a Bíblia registra invariavelmente acabaram em problemas!

Parênteses: a história da salvação desenrola-se em um mundo caído. Diferentemente em produções românticas idealizadas por nós, ao registrar como os fatos vão se sucedendo, a Bíblia não esconde em momento algum a nossa terrível natureza pecaminosa. Nós somos pecadores, como estamos vendo ao longo dessa série de estudos; isso é fato cabal que se constitui em pano de fundo ao longo da Bíblia. Assim foi nos dias bíblicos, assim é hoje também. Quanto mais o tempo passa, mais e mais distantes ficamos de Deus e, assim, mais e mais a nossa natureza pecaminosa se revela por meio dos nossos atos de pecado, em todas as áreas da esfera humana; nenhuma área da nossa vida é imune ao pecado. Isso nos mostra de forma cabal que precisamos de um Salvador, que possa nos resgatar dessa condição tão maligna.     

A história de Moisés é bem conhecida a nós. Ao longo dos tempos, já foi por inúmeras vezes representada em filmes, como "Os Dez Mandamentos" (com o ator Charlton Heston no papel de Moisés), e na animação "O Príncipe do Egito" (onde o ator Val Kilmer faz a voz de Moisés e também a de Deus). Os filmes mostram, ainda que de forma incompleta, os acontecimentos que se deram por ocasião do nascimento de Moisés (alguma data em torno do séc. XV-XIV a.C.): a perseguição e morte promovida pelo líder máximo do Egito, Faraó, contra os filhos primogênitos das escravas hebréias (que eram mais férteis que as mulheres egípcias, tornando-se para Faraó uma ameaça ao seu país, conforme podemos ler em Êxodo cap. 1), quando então Faraó ordenou às parteiras hebréias que todos os meninos recém-nascidos fossem mortos. A Bíblia nos diz que as parteiras temeram a Deus e não agiram segundo a ordem de Faraó, que então deu ordem aos egípcios que matassem todas as crianças filhas dos hebreus (Êxodo 1:22). Mostra como um menino hebreu recém-nascido no Egito (com 3 meses de vida) foi colocado por sua mãe em um cesto no rio e, então, foi encontrado pela filha de Faraó, que teve compaixão dele e, posteriormente, quando já grande, passou a ser filho da filha de Faraó, tendo ela dado a ele o nome de Moisés ("porque das águas o tirei", Êxodo cap. 2), passando a ser educado na cultura e religião egípcia, por um período de 40 anos.

Posteriormente vemos Moisés matando um egípcio que feria a um escravo hebreu e, por medo de ser morto por Faraó, acaba fugindo para o deserto. Lá, ele acaba se tornando pastor de ovelhas, função que ele desempenha por 40 anos. Sim, isso mesmo: Moisés passa 40 anos aprendendo a ser um "filho do Egito", cercado de tudo que havia de bom naquela época; passa então mais 40 anos aprendendo a ser pastor de ovelhas no deserto, local de perigos e escassez. Foi uma descida muito acentuada do palácio do Faraó para o deserto, e quarenta anos de vida de pastor foram um estranho contraste com o futuro brilhante que antes parecia provável para Moisés. Moisés nasceu para ser o libertador de Israel, mas nenhuma palavra foi dita sobre ele até os oitenta anos de idade. Somente depois desse período é que Moisés será chamado por Deus para ser o libertador do povo hebreu, dos descendentes de Abraão, do Egito. 

Ao ser chamado por Deus de forma sobrenatural (por meio de um arbusto, uma sarça, que mesmo pegando fogo não se queimava), Moisés então retorna ao Egito e, juntamente com seu irmão Arão, inicia seu ministério como libertador do povo de Deus. A história mostra como se deu essa libertação: Deus, por meio de Moisés, operou no Egito sinais, prodígios e maravilhas, no que convencionamos chamar de "Dez Pragas". É interessante notar que Deus, ao enviar estas pragas, mostrava que Deus era realmente o grande Eu Sou, ou seja, o Deus único e verdadeiro: cada praga evidenciou não apenas o Poder e a Autoridade de Deus, mas também quebrou a soberba do Egito (tido como a maior nação de sua época) e da inutilidade dos muitos deuses que o Egito cultuava, pois todo o culto a esses deuses não foi capaz de impedir ou de reverter o que o Único Deus estava fazendo:

1. A praga do sangue (o Nilo se transforma em sangue) (Êxodo 7:14-25). Essa praga demonstrava a inutilidade do culto a Hapi, deus-Nilo (que era o principal objeto de adoração, intimamente ligado a Osíris, e até mesmo a Amon, celebrado em hinos com os títulos mais extravagantes de honra), impotente diante da transformação das águas do Nilo e da mortandade dos peixes que nesse rio viviam. O rio, que era também cultuado como um deus, passou a cheirar mal e os egípcios não podiam beber das águas desse rio, nem utilizar essas águas para abluções (purificações rituais), para lavar roupas e para fins culinários. Eles sofrem de sede, de impureza forçada, do horror do sangue ao seu redor, até mesmo em suas cisternas. Novamente, seus peixes são mortos. O peixe era um dos seus principais alimentos, talvez o principal alimento das pessoas comuns; e o rio era a principal fonte de onde o suprimento de peixes era obtido. Assim, por 7 dias, os egípcios experimentaram fome, sede, roupas sujas, falta de banho, nojo e "impureza religiosa". Vale dizer que outros deuses ligados ao Nilo, como Sobek, deus-crocodilo, também eram atingidos nessa praga.

Parênteses: Assim como os egípcios fizeram do Nilo o meio de destruir as crianças hebraicas (Êxodo 1:22), de modo que os pais hebreus odiavam beber dele, como se estivesse manchado com o sangue de seus filhos, o mesmo acontece agora.  

2. A praga das rãs (Êxodo 8:1-9): Os egípcios cultuavam a deusa conhecida como Heqet, que era associada a imagem dessas rãs, tendo corpo feminino e cabeça de rã. As próprias rãs eram animais sagrados para os egípcios, que as consideravam símbolos de poder procriador. Nessa praga, houve uma multidão incontável de rãs, tantas que a Bíblia declara que elas cobriram a terra do Egito. Elas surgiram do rio e infestaram as cidades, as casas, os dormitórios, as camas, os fornos e os amassadeiras. Não havia como escapar deles. Entraram tanto no palácio real como na cabana do camponês; eles penetraram nas câmaras internas; pularam nos sofás e nas camas; poluíram os utensílios de cozimento e contaminaram a água e a comida. As rãs eram horríveis à vista, irritantes aos ouvidos, repulsivas ao toque. Sua presença constante em todos os lugares tornava-os um tormento contínuo.

Parênteses: Os animais sagrados podem não ser mortos intencionalmente; e mesmo o seu massacre involuntário não era raramente punido com a morte. Ser atormentado por uma multidão de répteis que não poderiam ser mortos, mas nos quais dificilmente seria possível não pisar, e que, sempre que uma porta era aberta, eram esmagados, era uma severa prova para os sentimentos religiosos do povo, e tendia a desprezar a própria religião.

3. Praga dos Piolhos ou Mosquitos (Êxodo 8:16-19): Até aqui, os feiticeiros egípcios haviam produzido imitações das pragas de Deus. No entanto, a Bíblia declara que esta praga eles não puderam imitar. Acabaram reconhecendo que se tratava "do dedo de Deus". Esses piolhos (ou mosquitos, conforme permite interpretar a palavra hebraica usada) atacam não apenas as partes expostas da pele, mas especialmente as orelhas, as narinas e os olhos, onde causam grandes danos. Aqui estavam envolvidos os falsos deuses Vatchit e Baal-Zebube. 

4. A Praga das Moscas (Êxodo 8:20-24): Sugere-se que a praga era uma espécie de besouro (um kakerlaken, da família das baratas), que é prejudicial tanto para as pessoas dos homens, como para os móveis e acessórios das casas, e para as colheitas nos campos. Como todos os besouros, esse inseto era sagrado e não podia ser destruído, sendo emblemático do deus-sol, Rá, especialmente na sua forma de Khepra, ou “o criador”. Os egípcios foram obrigados a submeter-se a tal praga sem tentar diminuí-la, e naturalmente veriam a praga como um sinal de que o deus-sol estava zangado com eles. Vale dizer que esses insetos não invadiram a região do Egito em que habitava o povo de Deus, mostrando assim que Deus zela pelo Seu povo: "²² E naquele dia eu separarei a terra de Gósen, em que meu povo habita, que nela não haja enxames de moscas para que saibas que eu sou o Senhor no meio desta terra. ²³ E porei separação entre o meu povo e o teu povo; amanhã se fará este sinal". (Êxodo 8:22,23). Aqui estavam também sob juízo o culto aos falsos deuses Vatchit e Baal-Zebube.

5. Peste nos animais (Êxodo 9:1-7): Era uma peste bovina, ou morte no gado; que, no entanto, ao contrário da maioria dos distúrbios semelhantes, atacou o maior número de animais domesticados – cavalos, burros, camelos, bois e ovelhas. Portanto, foi “muito doloroso” (Êxodo 9:3). Os cavalos eram altamente valorizados pelos egípcios. Isso causou grande perda aos proprietários egípcios; eles empobreceram o povo de Deus, confiscando seus bens e tornando-os escravos; agora Deus os tornaria pobres. Note o que diz a Bíblia: "³ Eis que a mão do Senhor será sobre teu gado, que está no campo, sobre os cavalos, sobre os jumentos, sobre os camelos, sobre os bois, e sobre as ovelhas, com pestilência gravíssima. ⁴ E o Senhor fará separação entre o gado dos israelitas e o gado dos egípcios, para que nada morra de tudo o que for dos filhos de Israel. ⁶ E o Senhor fez isso no dia seguinte, e todo o gado dos egípcios morreu; porém do gado dos filhos de Israel não morreu nenhum" (Êxodo 9:3,4,6). Vale dizer que no Egito eram adorados diversos deuses que tinham a forma de animais, como Amom e Ápio e Hator. Assim, além de demonstrar que esses deuses não existiam mas que não passavam de produto da religiosidade egípcia, essa praga foi também um golpe sério na economia daquela poderosa e soberba nação, bem como sobre seu governante tão soberbo quanto ela.

6. Praga das Úlceras (Êxodo 9:8-11): Era um distúrbio cutâneo grave, acompanhado de pústulas ou úlceras. Sua severidade é marcada pela afirmação de que “¹¹os magos não podiam parar diante de Moisés, por causa da sarna; porque havia sarna nos magos, e em todos os egípcios” (Êxodo 9:11). Havia nele uma advertência muito solene; pois o mesmo poder que poderia afligir o corpo com "furúnculos e manchas", isto é, com uma doença cutânea grave acompanhada de úlceras pustulosas - poderia também (deve ter sido sentido) feri-lo com a morte. Mais uma vez, Deus mostrou que todo o suposto poder sobrenatural que o Faraó e os magos egípcios diziam ter não passava de mera enganação e altivez de coração: eles não passavam de seres humanos, limitados e impotentes diante do Deus Vivo, enquanto seus deuses não eram nada. Aqui, a fé egípcia nas falsas divindades Sekhmet, Imhotep e Serápis era revelado como inútil, pois não tinham poder algum para salvar os egípcios dessa praga. 

7. Praga da Chuva de pedras (Saraiva) (Êxodo 9:18-35): "¹⁸ Eis que amanhã por este tempo farei chover saraiva mui grave, qual nunca houve no Egito, desde o dia em que foi fundado até agora. ²³ E Moisés estendeu a sua vara para o céu, e 1o Senhor deu trovões e saraiva, e fogo corria pela terra; e o Senhor fez chover saraiva sobre a terra do Egito. ²⁴ E havia saraiva, e fogo misturado entre a saraiva, tão grave, qual nunca houve em toda a terra do Egito desde que veio a ser uma nação. ²⁵ E a saraiva feriu, em toda a terra do Egito, tudo quanto havia no campo, desde os homens até aos animais; também a saraiva feriu toda a erva do campo, e quebrou todas as árvores do campo" (Êxodo 9:18, 23-25). Essa chuva de pedras trouxe destruição terrível: matou homens e gado; o milho acima do solo foi destruído, e apenas foi preservado o que ainda não havia sido cultivado, além de estruturas físicas como casas e estábulos. Novamente a economia e a fé dos egípcios em deuses que não eram deuses fora abalada, mostrando que os "deuses" egípcios Geb, Nut, Amon e Osíris não eram reais.

8. A praga dos gafanhotos (Êxodo 10:3-15): Onde os gafanhotos pousavam, devoravam todas as coisas verdes, até mesmo arrancando as folhas das árvores. Gafanhotos, o “grande exército” de Deus, como são chamados em outros lugares (Joel 2:25), foram o instrumento escolhido, para que mais uma vez o julgamento viesse do céu, e que fosse exatamente adequado para completar a destruição que a chuva de saraiva havia produzido: "¹³ Então estendeu Moisés sua vara sobre a terra do Egito, e o Senhor trouxe sobre a terra um vento oriental todo aquele dia e toda aquela noite; e aconteceu que pela manhã o vento oriental trouxe os gafanhotos. ¹⁴ E vieram os gafanhotos sobre toda a terra do Egito, e assentaram-se sobre todos os termos do Egito; tão numerosos foram que, antes destes nunca houve tantos, nem depois deles haverá. ¹⁵ Porque cobriram a face de toda a terra, de modo que a terra se escureceu; e comeram toda a erva da terra, e todo o fruto das árvores, que deixara a saraiva; e não ficou verde algum nas árvores, nem na erva do campo, em toda a terra do Egito. " (Êxodo 10:13-15). O impacto sobre o Egito das pragas foi tão grande que diante do aviso de Moisés sobre esta praga os próprios servos de Faraó disseram a ele que o Egito estava destruído (vers. 7). No entanto, Faraó não quis ouvir. Os gafanhotos vieram e destruíram a folhagem - plantações, vegetais, arbustos, árvores - até a casca das árvores frutíferas sofreram - os caules foram feridos, os galhos menores foram completamente descascados e “embranquecidos” (Joel 1:7). A exemplo dos demais, além dos notórios impactos à infraestrutura da nação, tratava-se adicionalmente de um juízo sobre os falsos deuses egípcios Sobek, Rá, Shu, Geb e Osíris. 

9. Escuridão (trevas) (Êxodo 10:21-23): “Eles não se viram”, somos informados, “por três dias” (Êxodo 10:23). A escuridão era aquela que “poderia ser sentida” (Êxodo 10:21). Tal continuação sobrenatural da absolutamente impenetrável “escuridão das trevas” causaria a qualquer homem um sentimento de intenso alarme e horror. Para os egípcios, seria particularmente doloroso e terrível. Rá, o deus-sol, estava entre os principais objetos de seu culto. Segundo a tradição judaica, nesta escuridão eles ficaram aterrorizados com a aparição de espíritos malignos, ou melhor, com sons e murmúrios terríveis que eles faziam; no entanto, não há registro bíblico que demonstre a veracidade de tal tradição.

10. Morte dos primogênitos (Êxodo 11:1-7,12:29,30): Em todas as famílias em que o filho primogênito era do sexo masculino, essa criança foi atingida pela morte. O filho primogênito do Faraó, herdeiro de seu trono, foi levado; e assim em todas as outras famílias. Nobres, sacerdotes, comerciantes, artesãos, camponeses, pescadores – todos sofreram igualmente. Na linguagem bíblica, “não havia casa onde não houvesse um morto”. E as mortes ocorreram “à meia-noite”, na hora mais estranha, na hora mais silenciosa, na escuridão mais profunda. A morte atingiu os seus primogênitos, a alegria e a esperança das suas famílias. Eles haviam matado os filhos dos hebreus, agora Deus matava os deles. Imagine o grito que ecoou pela terra do Egito, o longo e alto grito de agonia que irrompeu de todas as habitações!

É interessante notar que em todas as pragas Deus enviou Moisés a Faraó, para avisá-lo sobre o que aconteceria caso Faraó se recusasse a permitir que o povo de Deus fosse liberto da escravidão. Até a nona praga, faraó se endureceu e não quis deixar o povo ir; somente com a décima praga que Faraó, humilhado, permitiu que o povo saísse livre. Deus sempre avisa antes de executar Seus juízos, dando oportunidade de que nós, pecadores, nos arrependamos; nesse caso, Deus nos perdoa e nos recebe de bom grado. No final das contas, o que Deus espera é que cada um de nós possamos, diante das advertências de Deus, nos arrependermos dos nossos pecados e então nos voltarmos para Deus, que é rico em perdoar.

Moisés tem um papel muito importante no desenrolar do plano de Deus para a nossa salvação. Moisés foi escolhido por Deus para ser o Seu agente que traria liberdade ao Seu povo, que era escravo no Egito. Assim, nós também somos escravos no mundo: somos escravos do nosso pecado, como disse o próprio Senhor Jesus (João 8:34). Como escravos, não podemos nos libertar sozinhos, mas precisamos desesperadamente de alguém que nos liberte do nosso algoz. 

As dez pragas mostram que Deus irá, invariavelmente, julgar todos os homens caso não se arrependam dos seus pecados. Independente de nome, de poder humano, econômico, político ou religioso; de ser assíduo na religião e nas boas obras ou não; de ser gente boa ou não; de ser membro de Igreja ou de qualquer religião ou de nenhuma religião; de crer na existência de Deus ou não; de considerar a Bíblia ou não. Todos, grandes e pequenos, hão de comparecer perante o Supremo Juiz de todos os homens (Apocalipse 20:12). 

No entanto, há um ponto importante em relação a décima praga, que traz importante revelação sobre a salvação que Deus preparou para nós. Na décima praga, Deus mandou que os filhos dele tomassem um cordeiro sem defeito algum, macho, por família, e que matassem esse animal para dele comerem. O sangue desse cordeiro deveria ser espalhado nas ombreiras e nas vergas das portas nas casas onde ele fosse comido. Segundo o que Deus disse a Moisés, "¹² E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e em todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor. ¹³ E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito" (Êxodo 12:12,13). O sangue, na porta, seria a marca que preservaria todos aqueles que estivessem naquela casa de serem acometidos pela décima praga. Foi assim instituída a Páscoa do Senhor: "²¹ Chamou pois Moisés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: Escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa. ²² Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e passai-o na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. ²³ Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará o destruidor entrar em vossas casas, para vos ferir" (Êxodo 12:21-23). 

Jesus, então, é o cordeiro de Deus (Jo 1.29) sem defeito nem mancha (I Pedro 1:18-20). Como cordeiro, macho, Ele foi imolado em favor do povo, na cruz do Calvário, levado até lá para morrer como "ovelha muda, perante seus tosquiadores": "Ele foi maltratado, humilhado, torturado; contudo, não abriu a sua boca; agiu como um cordeiro levado ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não expressou nenhuma palavra" (isaías 53:7 comparar com Mateus 26:63; 27:12; Marcos 15:5). Não teve em nenhum momento sequer qualquer de seus ossos quebrados, apesar das surras intensas que levou, tanto com o uso do chicote quanto das mãos violentas dos soldados romanos, quer com os cravos que foram usados para fixá-lo na cruz, quer por meio da lança do soldado que perfurou seu lado, quando já estava morto (Sl 34.20; João 19:31-37).

Note a evolução da revelação do plano de Deus: A intenção de Deus era que todos (cada uma das famílias) experimentassem a salvação. No início era um cordeiro por família (Êxodo 12:3,4). O conceito se expande e aqui vemos um cordeiro para toda a nação (João 11:49-52) e, finalmente, um cordeiro para o mundo inteiro (João 1:29). Ao cremos em Cristo, somos incorporados à família da fé (Gálatas 6:10; Efésios 2:19). 

Deus, no Antigo Testamento, passou por cima dos egípcios, matando todos os primogênitos daqueles que não tinham a marca do sangue do cordeiro. No Novo Testamento, o mesmo se repete e se repetirá, com uma exceção: não serão apenas os primogênitos, mas todos que não tiverem a marca do sangue de Cristo, oferecida de GRAÇA e pela GRAÇA a toda humanidade há mais de 2.000 anos! MAIS DE DOIS MIL ANOS DE OFERTA DE SALVAÇÃO! MAIS DE DOIS MIL ANOS DE CHAMADA AO ARREPENDIMENTO E A FÉ! Ninguém, jamais, poderá queixar-se de falta de oportunidade, recusando insistentemente os apelos de Deus. Deus avisa, Deus chama, Deus da chance, é paciente, é tolerante. Preservou as Escrituras, moveu homens para por ela morrerem; moveu novamente para que ela fosse traduzida do latim para a linguagem do povo, popularizando-a; moveu de novo, pela internet, onde há milhares de versões dela, blogs, estudos, comentários... tudo disponível, tudo acessível. Enviou Seu Espírito, para convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. Quem quiser conhecer a Verdade, portanto, poderá fazê-lo.  Mas tudo tem um fim. Tudo tem um limite. Foi assim desde o princípio e assim será também no fim. Essa é a mensagem da Páscoa: vida e morte, fé e incredulidade, salvação ou perdição. 

Veja: nada impediu Deus de agir no Antigo Testamento. O Egito viu as maravilhas de Deus, independente deles quererem ou não. Assim também será com o mundo atual: ele verá Deus agir, independente de Nele crer ou não, independente dos deuses que cultue, de sua cultura ou dos avanços científicos, militares e políticos que alcance. Isso é questão somente de tempo. Eu digo que tempo é um luxo que nós, pecadores, não temos; a qualquer hora podemos ser chamados a comparecer diante de Deus. Teremos o Sangue do Cordeiro, Jesus, sobre nossa vida, para apresentar a Deus ou não? Somos redimidos dos nossos pecados ou não? Cremos em Jesus como Senhor e Salvador de nossas vidas ou não?

Pense nisso! Deus te abençoe e te guarde!   

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