quarta-feira, 12 de junho de 2019

VOCÊ TEM A MARCA DA SALVAÇÃO?

E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens que suspiram e que gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio dela.
E aos outros disse ele, ouvindo eu: Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais.
Matai velhos, jovens, virgens, meninos e mulheres, até exterminá-los; mas a todo o homem que tiver o sinal não vos chegueis; e começai pelo meu santuário. E começaram pelos homens mais velhos que estavam diante da casa.
E disse-lhes: Contaminai a casa e enchei os átrios de mortos; saí. E saíram, e feriram na cidade.
Sucedeu, pois, que, havendo-os ferido, e ficando eu sozinho, caí sobre a minha face, e clamei, e disse: Ah! Senhor DEUS! dar-se-á caso que destruas todo o restante de Israel, derramando a tua indignação sobre Jerusalém?
Então me disse: A maldade da casa de Israel e de Judá é grandíssima, e a terra se encheu de sangue e a cidade se encheu de perversidade; porque dizem: O Senhor abandonou a terra, e o Senhor não vê.
Pois, também, quanto a mim, não poupará o meu olho, nem me compadecerei; sobre a cabeça deles farei recair o seu caminho.
Eis que o homem que estava vestido de linho, a cuja cintura estava o tinteiro, tornou com a resposta, dizendo: Fiz como me mandaste.

(Ezequiel 9:4-11)


INTRODUÇÃO

Marca: desenho, inscrição, nome, número, selo, símbolo, carimbo etc. que se coloca sobre um artigo para distingui-lo de outros, ou como indicação de propriedade, qualidade, categoria, origem. 

Sempre houve duas marcas na Palavra de Deus - uma marca sobre os justos e uma marca sobre os desobedientes. O conceito de duas marcas remonta a Caim e Abel. Quando Caim ficou com raiva e matou Abel, o Senhor colocou uma marca sobre ele. Esta marca não era uma marca desejável, mas ainda assim era uma marca que colocada sobre o rebelde Caim (Gn 4.15). Esta não era a marca de Deus marcando um dos seus filhos fiéis e verdadeiros, mas era a marca de um assassino. Foi uma marca de transgressão contra a lei de Deus. A ideia de uma marca não é algo novo na Bíblia; começa em Gênesis e continua por toda a Escritura, até o livro do Apocalipse.

Uma marca sobre os justos e os maus e o destino de cada um deles é claramente retratado na história do êxodo do Egito. Existem os dois grupos de pessoas - aqueles que estavam seguindo e obedecendo a Deus e aqueles que seguiam os costumes e tradições dos homens. Os filhos de Israel tinham um sinal ou marca de libertação sobre suas casas, para que o anjo da morte passasse: “Porque o Senhor passará para ferir os egípcios; e quando Ele ver o sangue no lintel e nos dois batentes da porta, o Senhor passará a porta e não permitirá que o destruidor entre em suas casas para ferir vocês” (Êxodo 12:23). Assim foi para o povo de Deus. Para aqueles que seguiram e obedeceram às instruções do Senhor, eles foram preservados do anjo destruidor. Mas foram apenas aqueles que tinham a marca de libertação de Deus que foram salvos. Se houvesse algum dos filhos de Israel que não possuísse a marca de Deus, eles não estariam protegidos e o primogênito deles pereceria com o desobediente. Os egípcios também tinham uma marca, mas esta marca não os salvou, marcou sua destruição. E aconteceu que à meia-noite o Senhor feriu a todos os primogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó, que estava sentado em seu trono até o primogênito dos cativos que estavam nas masmorras, e todos os primogênitos dos animais domésticos (Êxodo 12:29). Foi uma marca da morte. 

Por que eles tinham essa marca de morte? Foi porque eles não receberam a marca da libertação de Deus. Todos os que recusarem ou negligenciarem a marca de proteção de Deus receberão a marca da morte como os egípcios fizeram. Não era que os egípcios não soubessem. Eles sabiam. Moisés e Arão haviam advertido fielmente o faraó e as notícias haviam chegado ao ouvido do servo mais humilde. Havia mesmo aqueles que se juntaram aos israelitas e foram preservados, e esses indivíduos tornaram-se parte da “multidão mista” (Êxodo 12:38). Havia duas marcas então, e há duas marcas agora.

Esta marca de Deus com a qual Ele marca aqueles que são Seus não é uma marca literal a ser recebida, mas uma marca de caráter. As marcas geralmente são simbólicas, e isso é certamente verdade com relação a marca de Deus. É uma marca de caráter, uma marca do coração. O Senhor vê mais profundo do que o homem. O homem está sempre olhando para os externos, mas Deus não olha para as aparências externas, os olhos de Deus penetram nas profundezas e intenções do coração e da alma.

I. A BÍBLIA NOS ENSINA QUE DEUS MARCA DISTINTIVAMENTE AQUELES QUE A ELE PERTENCEM.

Deus mandou que os anjos saíssem pela cidade a marcar algumas pessoas, em suas testas, dentre todos os moradores da cidade (v.4). Aquela marca (heb. lit. “tau”) seria um sinal para os seres angelicais que executariam o juízo de Deus. Quem tivesse a marca, seria poupado; quem não tivesse, seria exterminado. Havia, assim, dois grupos de pessoas que pertenciam a um grupo maior. Em toda a história bíblica, há sempre um grupo menor dentro de um grupo maior, onde só o Senhor sabe quem faz parte desse grupo, aos quais Deus reconhece e trata de forma distinta. Pessoas que são marcadas de uma forma especial e sobrenatural.

Dentre aquele grupo maior - os moradores da cidade - havia um grupo que era marcado na testa pelos anjos. O que havia de especial naquelas pessoas para receberem a marca, enquanto outras não? Essas pessoas estavam perturbadas e aflitas, tristes e com os pecados cometidos em Israel: Ser marcado na testa remete-nos ao pensamento, isto é, a maneira de pensar e, portanto, de viver daquelas pessoas. Essas pessoas eram aquelas que suspiravam e que gemiam por causa de todas as abominações que se cometiam no meio da cidade. Ou seja, aquelas pessoas realmente se importavam com os valores de e com a opinião de Deus sobre elas e sobre tudo o que estava acontecendo!  O pensamento deles era cativo a Deus. Eles pensavam e suspiravam pelo próprio Deus. Aquela marca era o reconhecimento de Deus da transformação de vida daquelas pessoas: “Eu conheço aqueles que são meus” (II Tm 2.19).  ELES ERAM JUSTOS PARA COM DEUS!


II. SOMENTE OS JUSTOS PARA COM DEUS RECEBEM A MARCA DISTINTIVA DA PARTE DE DEUS. 

A justiça de Deus, em nós crentes em Cristo, hoje, é imputada pela fé. Diz a Palavra de Deus que "o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei" (Romanos 3:28). Quando cremos em Jesus como Nosso Senhor e Salvador, nossa justiça passa a ser a justiça da fé, sendo nós gratuitamente justificados: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3.24). Essa jutificação nos traz paz com Deus, com quem antes estávamos em situação de inimizade: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Rm 5.1). Isso é ponto pacífico.

No entanto, é preciso considerar o seguinte: aquele que é justificado por Deus é também aquele que foi santificado; é aquele que foi reaproximado de Deus. Houve uma transformação em sua vida, de forma que sua maneira de viver agora é outra - é nova criatura, as coisas velhas são passadas. Ele experimentou o novo nascimento e isso evidencia-se de forma prática. Tudo aquilo que Deus faz em nossa vida - incluindo a salvação - tem evidência prática, no modo de agir, de falar e de viver. Se não há essa evidência, não houve a operação de Deus. Sendo direto, se não houve transformação de vida, não houve novo nascimento; consequentemente não houve salvação e tal pessoa continua escrava do pecado e em inimizade com Deus. 

Temos justiça para com Deus quando cremos Nele. Isso envolve viver como Ele espera que vivamos, pois “o meu justo viverá pela fé” (Hb 10.38). SE EU CREIO EM DEUS, SE SOU SALVO EM CRISTO, DEVO VIVER CONFORME ESSA FÉ. A vontade de Deus é que sejamos santos em toda a nossa maneira de viver (I Pe 1.15,16). A santificação só é possível porque há uma mudança da nossa natureza (II Co 5.17), gerada no novo nascimento pelo Espírito Santo, por ocasião da fé em Cristo. 

O que é santificação? Santificação é o abandono do pecado e da rebeldia para com Deus e cultivo de uma vida piedosa, das virtudes cristãs (II Tm 3.5). Não é se isolar do mundo, não é ser xiita radical no trato com as demais pessoas ou ser legalista. Mas sim é viver diariamente sob a Graça Justificadora, em plena certeza de fé, e descansando completamente na obra da Cruz. Aqui vale citar a explicação do pr. Caio Fábio sobre a santificação: "Para Ele (Jesus) santificação era o caminho do amor e da misericórdia; e não uma lista de coisas a se fazer ou deixar de fazer. Santo, para Jesus, é aquele que não julga o próximo; que anda mais de uma milha com o inimigo; que dá a capa para cobrir o frio do adversário; que não passa ao largo quando vê um homem caído na estrada; que dá água com amor aos irmãos... como se fossem profetas ou o próprio Jesus quem bebesse; que trata o diferente, o estranho, como se fosse Jesus; que veste o nu, abriga o órfão, acolhe o desamparado, abre a alma ao faminto, e não se esconde seu semelhante. Para Jesus, o santo não fala de santidade, mas de vida. Sim, para ele, o santo é quem crê; é quem busca a verdade, a justiça e a humildade. Santidade, para Jesus, é simplicidade; é se satisfazer com "uma só coisa"; é gratidão e contentamento. E, conforme Jesus, o santo é alguém livre para ir onde quer, para amar a quem ninguém ama, para transgredir a Lei a fim de tirar...mesmo que seja um boi... do buraco no qual caiu, ainda que o dia seja sábado. Nossa visão de santificação é pagã, é farisaica, e cheia de justiça própria. Sim, o que chamamos de santificação é exatamente aquilo que os fariseus ensinavam: ser zeloso da lei" (disponível em: https://caiofabio.net/caio-por-que-voce-nao-fala-em-santidade). Ele afirma com muita clareza: "O modo como a “santidade” foi compreendida pela maioria da cristandade é algo que, se praticado, enlouquece qualquer pessoa. Temos dois mil anos de “histórias de santidade cristã” que são atestados de enfermidade e conturbação mental". O caminho da verdadeira santidade, no Novo Testamento, é um caminho de esvaziamento da justiça própria. 

Note, portanto, que nenhuma pessoa verdadeiramente salva ira viver de forma desobediente, uma vez que a justiça, ou retidão, de Cristo, lhe é imputada pela fé; assim, certamente irá viver de acordo com a retidão transferida a ela. HÁ UMA NOVA NATUREZA NELA, DIFERENTE DA CAÍDA. Ela vence o mundo, com suas concupisciências, pela fé. Ela creu e crê em Cristo e em Sua obra na cruz: são todo suficientes para ela e, assim, ela vive a vida como dom de Deus. Ela olha o pecado e não tem prazer nele; mesmo que cometa pecado, ela não terá prazer duradouro nele, pois sua alma pertence a Deus. O arrependimento brotará em seu coração e ela invariavelmente voltará novamente para Deus. E, por meio da fé, paulatinamente a vitória de Cristo se manifestará na sua vida. 

Aqui reside a fé na Obra da Cruz, conforme ensina o pr. Caio Fábio: O verdadeiro santo se sabe não-santo. E não se angustia com o fato de sua imperfeição histórica, visto que ele sabe que a vida na Terra é um processo, e que ele ainda não alcançou, em si mesmo, tudo aquilo que ele já sabe que em Cristo é seu. Assim, esquecendo das coisas que para trás ficam... ele prossegue para o alvo. A Cruz removeu todas as conseqüências do pecado, diante de Deus, para todo aquele que crê que Jesus é Suficiente! Significa que não peco mais? Ora, nem de longe. Eu sou o principal dos pecadores; justamente por isso, também sou o mais certo do benefício da Cruz em meu favor. (disponível em: https://caiofabio.net/neurose-de-santidade)

A natureza caída não consegue submeter-se a Deus, a nova natureza em Cristo não consegue submeter ao pecado (ainda que existe uma possibilidade de cometer pecados). Se alguém está debaixo do pecado nunca conseguirá obedecer a Deus. Se alguém É VERDADEIRAMENTE SALVO não conseguirá viver na prática do pecado nem amar o pecado, mas seu prazer estará em fazer a vontade de Deus. Assim como é impossível para o não-salvo obedecer a Deus, assim é impossível para alguém salvo obedecer ao pecado (I Jo 3.4-9). Quem não se entregou a Cristo, não está "nem aí" para o modo que vive, salvo sua moral pessoal decaída na qual ele mesmo determina o que é certo/errado e o que pode/não pode. 

Tristemente, essa moral decaída é quem governa o modo de viver de não-convertidos e de até alguns "ditos convertidos", nesse caso transformada em legalismo.  E essa moral está cada vez mais "amoral", posto que os homens estão excluindo cada vez mais a Cristo e Sua cruz de suas vidas... agindo como se Deus não existisse ou como se Ele não ligasse a mínima para suas atitudes. Basta uma rápida olhada no mundo e no meio "gospel" e facilmente se constatará o que eu digo. O que se vê é somente aquilo que Paulo declara sobre o estado espiritual, manifesto na vã maneira de viver, do mundo caído: "Como está escrito:Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos" (Romanos 3:10-18). A triste constatação é que muitos dos ditos onvertidos - mesmo ditos pastores e donos de igreja - nunca se converteu de verdade. 


III. A MARCA DA SALVAÇÃO TRAZ LIVRAMENTO DO JUÍZO DE DEUS.

Todos os de Israel que não receberam a marca de Deus foram mortos – velhos, moços, virgens, crianças, mulheres – a começar pelo santuário (vv.5,6; I Pe 4.17). Ninguém sem a marca foi poupado, nem mediante a intercessão de Ezequiel (v.8). O ser angelical que estava com o estojo de escrevedor disse ao Senhor: fiz como me mandaste! (v.11) Ou seja, está cumprido!

Assim como nos dias de Ezequiel, vem dias sobre a Terra que farão com que os homens, sem a marca de Deus em sua testa, peçam a morte para si por causa da intensidade do sofrimento sobrenatural que passarão (Ap 9.1-6). Estas pessoas, sem a marca de Deus, são aquelas que receberão a marca do Anticristo (Ap 13.16-17; 14.9-10). OU RECEBEMOS A MARCA DE DEUS PARA SALVAÇÃO OU A MARCA DO DIABO PARA CONDENAÇÃO. A ESCOLHA É NOSSA.   

CONCLUSÃO:

Assim como na libertação dos filhos de Israel do Egito havia duas marcas, então na libertação final do povo de Deus deste mundo iníquo haverá duas marcas distintas. Haverá a marca da desobediência que os egípcios tiveram, e haverá a marca de libertação que as pessoas verdadeiras de Deus terão (Apocalipse 14: 9,10).  VOCÊ JÁ RECEBEU A MARCA DE DEUS?

SERMÃO MINISTRADO EM 19/03/2017. 



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