quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O PAPEL DA IGREJA E A VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO

Desde domingo passado, ao meio-dia, o Rio de Janeiro vive uma guerra urbana sem precedentes. Bandidos de toda cepa (virulenta, diga-se de passagem) vem aterrorizando a população carioca: fecham ruas e fazem arrastão; param carros, ônibus e vans, mandam os passageiros descerem (em alguns casos) e com gasolina queimam completamente o veículo e, atirando para todos os lados, ferem pessoas de bem, que lotam as emergências dos hospitais cariocas. Foram 26 ataques a veículos e postos da polícia em 15 bairros do Rio e de mais sete municípios. Universidades e escolas sem aulas.

Hoje, pela manhã, policiais do Bope, da Core e fuzileiros navais com rosto pintado, além de blindados da Marinha fecharam boa parte de um bairro carioca - a Vila da Penha. As autoridades dizem que a razão dos ataques é uma reação da bandidagem às UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) e à transferência de presos para presídios federais, em especial o de Catanduvas/SC. Essa é a justificativa oficial.

Porém, há outra justificativa que especialmente nós, crentes em Cristo, já conhecemos (ou deveríamos conhecer) há muito tempo: a causa da violência é o pecado. Violência e pecado são diretamente proporcionais: aumente um, e o o outro aumentará proporcionalmente.

A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência (Gn 6.11). Esse é o relato de Gênesis, escrito por Moisés. Aquela terra estava corrompida (do hb. shachath), ela estava depravada, estragada, em decomposição. Terra pervertida, devassa, má. E isso fez com a terra se enchesse de violência. Violência! Em hebraico, a palavra violência significa: "atos maldosos, maltratos, imaginações danosas, crueldade." Todo o derramamento de sangue, todos os crimes, estupros, etc, que ocorreram naqueles dias, foram frutos de uma raiz de violência existente nos corações e nas mentes das pessoas! A sociedade inteira - cada homem, cada mulher, cada pessoa - estava nas garras de formas mentais de violência!

Este mesmo princípio de violência atua em nossos dias, produzindo as mais diversas manifestações. Por exemplo, a falta de perdão (e consequentemente o rancor - uma aversão profunda ou ressentimento amargo contra alguém). Quantos de nós - mesmo crentes - não guardamos rancor contra alguém? Quantos de nós não perdoamos jamais aquela pessoa que nos causou um grande mal? Quantos de nós não estamos presos em nossos próprios rancores?

Veja também a "guerra" entre pastores e Igrejas. Pastores contra pastores, na mídia, e isso por sórdida ganância, por disputas de poder, por orgulho religioso. Obreiros que odeiam pastores e pastores que não perdoam obreiros. Igrejas que incentivam o ódio, com campanhas de "oração imprecatória no monte""Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si" (I Jo. 3:15). Você pode freqüentar a igreja domingo a domingo, dar dízimos e ofertas milionárias e ser uma boa pessoa. Você pode não usar drogas e álcool. Você pode evitar a pornografia e a promiscuidade sexual. Será que alguém praticou um terrível mal contra você - alguém a quem você nunca perdoou? Se você guarda odioso rancor contra alguém, então você é um assassino aos olhos de Deus!

Permita-me ir mais além: se pecado é transgredir (desobedecer; deixar de cumprir; infringir; violar, postergar) a Palavra de Deus, então estamos aumentando o pecado a cada dia em nosso meio. Sim, porque hoje o que mais há é transgressão; sim, porque em geral os crentes deixaram de combater a transgressão e, em alguns casos, até a incentivam. Por exemplo, quando substituímos Deus por Mamom, "santificando" a cobiça, a usura, a ganância, com a famigerada teologia da prosperidade, estamos contribuindo para que a transgressão fixe moradia e gere família nos corações dos homens. Quando, ao invés de combatermos a transgressão com a Palavra, a usamos para justificá-la. Os seus profetas são levianos, homens aleivosos; os seus sacerdotes profanaram o santuário, e fizeram violência à lei (Sf 3.4), é o clamor do Espírito da Palavra!

Abre parênteses: Hoje, as igrejas não combatem mais o pecado. Combater pecado não agrada os ouvintes, massageando-lhes o ego e, assim, não produz novos membros-dizimistas (as raríssimas igrejas que combatem o pecado estão cheias - de anjos - sentados nos bancos...). A pregação tornou-se auto-ajuda barata, revestida com roupagem gospel. Faça a si mesmo esta pergunta: Há quanto tempo não ouço uma pregação que me deixe chateado comigo mesmo? Há quanto tempo não me sinto culpado diante de Deus? Há quanto tempo entro e saio de igrejas com meu pecado secreto, e ele continua lá, sossegado e em segredo, exatamente como estava antes de ir em tal igreja? Fecha parênteses. 

Segundo o registro no livro de Ezequiel (28:16), o querubim da guarda tornou-se Satanás por causa de sua multiplicação do comércio, que encheu o seu interior de violência! a King James Version traduziu o termo "comércio" por merchandise, uma ferramenta de marketing. O termo em hebraico é rkullah, que também pode ser traduzido por tráfico. Obviamente, o querubim não foi um "mercador celestial". O verbo rakal, do qual se deriva o substantivo, literalmente significa "intrometer-se sobre, de um para outro" (para comércio ou fofoca). O substantivo derivado rakil - encontrado 6 vezes no Velho Testamento, um em Ezequiel 22:9 - significa "caluniador, difamador" ou "mexeriqueiro, boateiro, fofoqueiro". "Multiplicar o comércio" faz que o interior se encha com violência! Com certeza você conhece gente assim, não é mesmo?

Abre colchetes: Nós, crentes em Cristo, erramos muito quando deixamos de combater a fofoca, tanto em nossas vidas, como no seio da igreja. Todas as vezes que permitimos que a fofoca se instale na igreja, permitimos que a mesma se encha de violência, acarretando sua profanação (desconsagração e desonra), lançamento da presença de Deus e, por fim, em morte espiritual (Ez 28.16). Nada pior do que uma igreja profanada e morta, cheia de crentes violentos e fofoqueiros, sem vida com Deus. Fecha colchetes.

Qual é o nosso papel, como igreja de Cristo, então? É ser luzeiro do mundo, é ser sal da terra. O sal tem se tornada insípido - daí os ímpios volta-e-meia pisarem a igreja e os crentes, sem dó nem piedade, tanto na mídia, como através de projetos de lei e até mesmo fisicamente. Ser sal salgado, cheio de sabor, cheio de NaCl ("Nós andamos com Cristo na luz") 100% puro. Luz brilhante, que atrai centenas e até milhares de cupins em tempo de calor! Pregando a Verdade, pregando o Reino de Deus e a Sua Justiça! Anunciando ao mundo o retorno do Nosso Rei, Jesus! Anunciando que há uma alternativa ao pecado, à violênciam, ao inferno: Jesus! Vivendo em honestidade e santidade, cheios de boas obras, diante de Deus e dos homens! Esse é o nosso papel enquanto igreja: ser uma comunidade profética, falando de Deus aos homens!

Mas há também outro papel para a igreja: é o papel sacerdotal. A Bíblia diz que somos nação santa, sacerdócio real (I Pe 2.9). E o que faz um sacerdote, senão falar dos homens a Deus? Como sacerdotes, precisamos interceder diante de Deus pelos homens, pelos perdidos, pelos miseráveis pecadores que estão caminhando a passos largos para o inferno! Clamar ao Senhor por Sua misericórdia, por Sua Graça, para que as almas possam ser salvas! Clamar ao Senhor, para que restaure a nossa nação!

Vou repetir: CLAMAR. Marcha disso, grito daquilo, ato profético, tremelique daquilo outro não serve espiritualmente para nada! Eleger esse ou aquele político é vazio contra as hostes espirituais da maldade! O que a Bíblia nos manda, e com bastante veemência, é clamar a Deus! Chega de cultos repletos de orações egoístas, "Senhor me dá isso, me dá aquilo", "Senhor, meu isso, minha aquilo", chega de olhamos apenas para os nossos próprios problemas, para o nosso próprio umbigo. Chega! Chega de cânticos-mantras! Chega de adulação ao falso, do culto à personalidade, de estrelismos gospel; chega de mentiras na Casa de Deus! CHEGA! BASTA!

Ou nós, igreja, paramos agora com a meninice, nos arrependemos e nos voltamos para Deus, ou as consequências só piorarão! A violência só aumentará, livremente, sem oposição e com ajuda nossa, até que comece a nos tragar! "E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra." (II Cr 7.14)

Pense nisso. Deus está te dando visão de águia!

5 comentários:

  1. Verdadeiramente essa tem sido a situação da igreja e dos crentes.Faz-se necessário que o arrependimento tenha lugar em nossas vidas.Se assim não for,como escaparemos nós?Se continuarmos deliberadamente em pecado,só restará uma terrível expectação de fogo a nos consumir.Pecado cava um tremendo abismo entre nós e Deus.Sendo assim a quem haveremos de clamar por socorro?Ele,somente Ele é o nosso socorro sempre e bem presente na hora da angústia.É hora sim,de por um fim no oba-oba,em jargões que não mudam a vida e orar sem cessar.Do céu esperamos e do céu cremos que virá a resposta.Vamos,sim,nos resguardar,mas não devemos nos desesperar.Temos Um Deus que tem tudo em Seu controle e que não se assusta com guerras,guerrilhas,traficantes e coisas semelhantes."Muitos confiam em carros e cavalos nós porem faremos menção do Nome do Senhor".Ele é o Guarda de Israel e Ele não dorme e nem dormita.

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  2. Verdadeiramente faz-se necessário uma mudança radical no nosso modo de ser igreja.Mais do que nunca precisamos nos arrepender.Se assim não for "como escaparemos se negligenciarmos tão grande salvação"Nossas vidas precisam de uma chacoalhada e quem sabe essa não é a hora.Não podemos viver deliberadamente em pecado.Pecado cava um grande abismo entre nós e Deus.Não podemos pensar que indo à igreja somos mais santos ou que ficaremos impunes.Que Deus nos perdoe por tanta displicência.

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  3. Está mais que na hora do povo que se diz de Deus,acordar.É cômodo demais irmos à igreja só aos domingos.E o pior, só olharmos para os nossos probleminhas.Acredito que Deus está nos chocoalhando.Ou melhor dizendo,olhando para ver se a figueira tem figos.Somente Deus que deseja a nossa co-participação,pode ordenar este caos que aí está.Quando muitos se garantem na força humana,na inteligência de homens ,nos esportes,na educação para deter a violência,(embora tudo isso tenha o seu lugar)nós sabemos que Paz verdadeira só o Senhor pode dar.

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  4. Amém, Pr Ricardo, concordo plenamente que a violência está literalmente ligada ao pecado; e a omissão da igreja em tratar o pecado e ensinar o povo a conhecer a Deus de verdade e não somente falar da graça da salvação, pois sobre nós cabe uma responsabilidade muito maior. Muito me alegro em ler posts e ouvir pregações que me despertam para o arrependimento e me faz refletir para a vida a qual o Eterno Deus me chamou, para o Reino de Deus na terra, Reino de justiça. Se cada um de nós, membros do corpo do Messias, nos despertar em arrependimento, oração e clamor, faremos diferença em nossa sociedade. Que o Eterno de Israel o abençõe !!!

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