quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
A PODRIDÃO DO SISTEMA RELIGIOSO QUE TOMOU CONTA DA IGREJA DE CRISTO
"Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno." (I Jo 5.19)
O mundo jaz no maligno, é o que afirma o apóstolo João, o discípulo amado de Jesus. Noutras palavras, o mundo está como um morto sepultado, enterrado até a cabeça no maligno. Assim, estão mortas, exalando mau cheiro, as instituições humanas e humanizadas que pertencem ao mundo. Por mais aparência de piedade que possam possuir, por mais aparência de vida que procure exibir estão mortas em si mesmas. Já não tem vida; a vida delas se esvaiu como num sopro. Não adiantam liturgias, paramentos, regras doutrinais, títulos eclesiásticos, evocações ou coisas semelhantes a estas porque não trazem vida ao cadáver. Do mesmo modo, não adianta invocar os nomes daqueles que estão vivos, ou dizer-se enviado pela Vida e em prol da vida, se o óbito a muito já foi declarado.
Die Religion ... Sie ist das Opium des Volkes. De fato, a religião possui efeito entorpecente sobre as pessoas que dela fazem uso. Porém, isso não quer dizer que a religião tenha alguma vida em si mesma, ou seja capaz de gerar vida em seus sacerdotes e adeptos. Não, a religião - qualquer que seja ela - não gera vida porque não é viva e nem provém da vida. É tão somente a fútil tentativa dos mortos em entrar em contato com a Vida.
Essa morte entrou onde seria mais improvável: na Igreja de Cristo sobre a terra. Se espalhou sistematicamente e em todos os sistemas que outrora eram vivos. A morte entrou no mundo pelo pecado, diz o apóstolo Paulo (Rm 5.12). Onde há pecado a morte entra, e onde a morte entra acaba a vida. Mas a ação da morte sobre a instituições não se dá instantaneamente. Não. A morte vai estendendo suas garras de trevas lentamente sobre o que é vivo. Vai matando aos poucos, lentamente. Vai sufocando, asfixiando. Por isso mesmo, é difícil de detectar a ação da morte. Não raramente, percebe-se quando já é tarde, quando o processo é irreversível.
Quais são os sintomas da morte? Os sintomas são muito variados, tanto em quantidade quanto em complexidade. É possível no entanto listar alguns:
1) Ruptura dos laços de amor fraternal: "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros." (Rm 12.10) Esse é o primeiro sintoma da morte. A comunhão cristã é trocada por relacionamentos de conveniências, ou seja, o que motiva o relacionamento é o egoísmo, o que a outra pessoa pode me dar, o que eu posso obter dela, como eu posso usá-la para alcançar meus objetivos. As pessoas passam a valer o quanto pesam, não mais pelo que são. "Irmão" vira mero jargão religioso, porque não há irmandade de verdade. Tudo vira um jogo. Jogo de bajulação, jogo de interesses, jogo até de cartas marcadas. Ninguém se importa mais com a vida de ninguém, com o estado espiritual, emocional ou até mesmo físico. Usam-se as pessoas independente de como estão espiritualmente, porque ao final o que interessa é "encher Igreja" - Igrejas cheias de pessoas vazias.
2) Fim da Democracia: Nisso dá-se a contribuição dos famosos "donos de Igreja", dos "Moisés do Novo Testamento", "fundadores de ministérios com base numa visão". "Temos que seguir a visão; a visão é inegociável", diz o mega-líder. A visão é inegociável, mas a Bíblia passa a ser totalmente negociável. Os valores bíblicos são deturpados segundo uma exegese defeituosa, que sempre dá preferência à liderança portadora da visão. O líder, dono da visão, é tratado como uma espécie de papa: é inerrante em tudo que faz; tudo o que fala, todas as suas ordens e decisões, são "inspiradas pelo Espírito Santo". Com isso, o processo de tomada de decisão na Igreja fica 100% na mão do "ungido visionário". Não há debate de idéias, não há busca de consenso. Afinal, a decisão do mega-líder "vem de Deus"; Deus, por sua vez, só fala com esse líder e não fala com mais ninguém. Os outros todos - obreiros da Igreja - são incapazes de ouvir a Deus por si mesmos, precisando sempre da mediação do líder autorizado divinamente, como Moisés no Antigo Testamento, o qual é frequentemente citado pelo mega-líder para justificar seu comportamento ditatorial (veja uma análise completa sobre isso em: https://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2017/04/dominando-ou-sendo-exemplo-apascentando.html). O problema é que no Novo Testamento isso mudou: no Novo Testamento, para quem não sabe ainda, Deus não escolheu apenas um, mas um corpo. No Novo Testamento, todos podem e devem ouvir diretamente de Deus, sem intermediários humanos. Todos são sacerdotes - o sacerdócio universal dos crentes, verdade bíblica redescoberta por Lutero na Reforma Protestante.
No Concílio de Jerusalém, vemos que as decisões da Igreja eram coletivas, por um colegiado (que tomava decisões e não existia somente para inglês ver, pois ninguém "apita nada"). O texto é muito claro e não deixa dúvida: "Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão. Havendo grande debate, Pedro tomou a palavra [...] E toda a multidão silenciou, passando a ouvir a Barnabé e a Paulo [...] Depois que eles terminaram, falou Tiago [...] Então, pareceu bem aos apóstolos e aos presbíteros, com toda a igreja [...] Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós [...]" (Atos 15:-28) É só ler o que está escrito: todos reunidos - presbiteros, apóstolos e igreja - para discutirem acerca do problema surgido; todos podendo falar, todos ouvindo a todos. QUANDO - E SOMENTE QUANDO - obtiveram consenso entre eles é que os apóstolos e presbíteros, DE COMUM ACORDO, OBTIDO APÓS O DEBATE, decidiram enviar dois representantes à Antioquia para comunicar a posição obtida. SÓ ENTÃO É DITO que "pareceu bem ao Espírito Santo e a nós". Mas para o mega-líder é de outro jeito: "pareceu bem ao Espírito Santo E A MIM, e ai de quem discordar!". Quem discorda é bode, é rebelde, problemático, carnal, é das trevas, não entrou na visão, radical e por aí vai. Um crente em Cristo que genuinamente discorde das decisões estapafúrdias pode ser tido como "empecilho para o crescimento da Obra". Um crente vira impeditivo para Deus crescer a Igreja! Onde isso existe na Bíblia? Na Bíblia não, mas na cabeça do "Führer" sim! Prato cheio para opressão religiosa, para culto a personalidade e todo tipo de erro! E os puxa-sacos de plantão dirão: Amém, mein Führer!
3) "Fritada" com os contrários: Ou "cozinhar o galo em banho-maria". Cortar recursos. Cortar apoio. Cortar contato. Cortar o suporte. Quando alguém tenta apontar algo diferente, o "Godfather" se sente contrariado. Nessa hora, muitos optam por fritar quem pensa diferente. Nesses casos, o que acontece no dia-a-dia é que ninguém discorda do "chefão". Muitos até mentem, ou omitem a própria opinião, para evitar o confronto. Viram "vaquinhas de presépio" com medo de serem repreendidas, de serem perseguidas, de perderem seus cargos e posições que tanto lhes causam vislumbre. Ou então as pessoas tornam-se agradáveis na superfície, mas cheias de desconfiança e hostilidade no fundo. O resultado é um ambiente de Igreja que mais parece uma masmorra: frio e inóspito. Nojento. Hipócrita. Quem insiste, ou será removido sumariamente ou será frito. Terá suas funções esvaziadas pelo mega-líder, por meio de decisões e articulações "com endereço certo", paulatinamente.
Quem mina o outro, tem como objetivo cansá-lo e reduzir sua influência e liderança ao mínimo. O líder minado, se não "pular fora", se tornará uma espécie de "rainha Elizabeth": não apita nada, não manda nada, tendo apenas aparência de líder. Ninguém vai respeitá-lo, ninguém irá honrá-lo, ninguém irá se submeter biblicamente falando a ele. Não poderá repreender ou corrigir ninguém segundo a Bíblia, não poderá exercer o ministério que Deus lhe confiou.
Acrescente-se a isso a insinceridade, manifesta na articulação "por detrás dos panos" para substituir o "líder problemático". Se alguém aceitar, pronto: vamos substituir o sujeito! Vamos mandar "uma carta demissória" dele para a igreja, substituindo-o por outro que esteja em conformidade com as diretrizes do mega-líder. Isso é o "fim da picada"! Não há nenhum traço de cristianismo nisso! Onde ficam os valores cristãos como sinceridade, verdade, honestidade, fidelidade, fraternidade, espiritualidade, fé, etc.?
Quem concorda com isso, que diz amém para essa deturpação, deveria deixar sua Bíblia em casa, porque a bem da verdade ela não está servindo para nada. É apenas peso na bolsa, algo a ser carregado. Na prática, essas pessoas já trocaram a Bíblia há muito tempo pela palavra inerrante do mega-líder!
4) Quem sai, vira bode: É o famoso "saiu do nosso meio porque não eram dos nossos". O interessante é que o sujeito "era dos nossos" até o dia que decidiu sair, rompendo com essa morte espiritual! É muita malandragem junta! O mega-líder frita, pressiona, pressiona, leva o sujeito ao limite! Porque não tem coragem de agir na luz - vai aparecer sua malandragem - age nas trevas, longe dos olhos e ouvidos da igreja! Aí o sujeito em questão, alvo do iracundo mega-líder, decide acabar com o circo e rompe com tudo, saindo do sistema. O resultado é: saiu porque não era dos nossos! Mau líder! Caso seja pastor, vira a antítese do bom pastor! Inapto para o Reino ("pôs a mão no arado e olhou para trás")! Afinal, é preciso "desconstruir" a espiritualidade do "bodão" para justificar a própria! Quem sai, aqui, está sempre errado! Vai ser arder no mármore do inferno; até lá, vai sendo devidamente tostado na igreja e nos grupos e redes sociais para os membros da igreja! Diante disso, digam os puxa-sacos do mega-líder: Amém, mein Führer!
Vale dizer que o Bom Pastor, de João cap. 10, é o próprio Jesus e nunca nenhum pastor ou líder humano. João 10:11 é muito claro: "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas." Não há nenhuma aplicação apostólica desse texto para homens na Bíblia. Jesus declara ser o bom pastor. Com isso ele alude a uma tradição difundida no Antigo Testamento, segundo a qual Javé é concebido como o bom pastor do rebanho, que é seu povo, Israel (cf. Jr 23.1-4; Ez 34; 37.15 e ss; Zc 11; 13.7 e os Sl 23 e 80). Trata-se na verdade de mais uma exegese defeituosa e tendenciosa, que visa apenas a interesses escusos. Quem sai é mau, é mercenário, é lobo; já o mega-líder é o "bão pastô". Digam os puxa-sacos: Amém, mein Führer!
Porém, vamos supor, APENAS SUPOR, que a exegese errada está certa: que quem sai está errado, é mau. Na parábola do Bom Pastor, Jesus diz que quem sai é o mercenário: "O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa." (Jo 10.12) Vejamos: (1) Mercenário: que age ou trabalha apenas por interesse financeiro, por dinheiro ou algo que represente vantagens materiais; interesseiro, venal. Não se enquadra no perfil de quem sai por ser fritado e minado por ter opiniões embasadas na Bíblia que contrariam os interesses escusos, mas se enquadra perfeitamente no perfil do mega-líder; (2) "Não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas", ou seja, não é o bom pastor (que é Jesus) de quem são as ovelhas. Será que as ovelhas (os crentes) pertencem a algum homem??? Quando muito, estão sob cuidados humanos, nunca sob domínio de posse; (3) "Vê vir o lobo", ou seja, vê vir os falsos profetas (Mt 7.15); ele foge com medo das falsas profecias e do falso poder dos falsos profetas. Portanto, o texto NÃO SE APLICA, aos pobres líderes que estão mais fritos do batata-frita no fast food pelo mega-líder, que saem da igreja para preservar o pouco que ainda resta de sua dignidade e de sua integridade espiritual e emocional. Quem assim interpreta esse texto, forma um pretexto que só serve para ir para o cesto.
Esse é o sistema que tomou conta da Igreja de Cristo. Tomou conta dos corações e almas, cegadas pelo brilho do carisma do mega-líder. Como diz Marilia de Camargo Cesar, "quando a fé se deixa manipular, pessoas viram presas fáceis de toda sorte de abuso. A confiança autêntica e sincera em Deus é gradualmente substituída pela submissão acrítica aos desmandos de lideranças despreparadas", em sua obra "Feridos em Nome de Deus". Muitos irão ainda se ferir nesse sistema maligno, especialmente os mais sinceros em sua fé por Deus. Abuso espiritual, onde o nome de Deus é usado por alguns para subjugar, para diminuir outros física, material e emocionalmente outros mais fracos. Ser tachado de rebelde, insubordinado, fora da visão de Deus, etc., apenas por ter resistido a uma ordem por discordar dela, é uma das formas de abuso. Abuso e manipulação, com imposição da maneira dos outros pensarem.
A descrição do mega-líder no blog "Verdades que Libertam" é perfeita: "O tipo de liderança exercida por manipulação leva um bom tempo para ser percebido. O agente manipulador costuma ter uma personalidade onipotente e egoísta, de alguma forma narcísica. [...] Um líder manipulador recusa a tolerar qualquer discordância porque a vê como uma ameaça à sua autoridade imposta. Exige submissão à sua autoridade a todo o custo. Não admite ser contrariado. [...] Pratica política maquiavélica dentro de suas organizações. Gosta de destruir ou subjugar quem apresenta divergência. Estabelece regras (ou princípios ético-morais) e procedimentos que tendem a dar-lhe maior controle. Reprime a certos indivíduos, esperando que os outros aprendam com esses exemplos. Ele chama isto de "tratamento". [...] (fonte: http://evangelhoaverdadequeliberta.blogspot.com.br/2015/05/reconheca-as-caracteristicas-de-lideres.html. Acesso: 02/03/2018)
Esses mega-líderes são prepotentes! São cheios de si! Gostam de apresentar seu currículo, suas realizações, para coagir e humilhar quem se atrever a debater suas idéias esdrúxulas! Humildade passa longe, muito longe da vida deles, apesar de enfatizarem "o quanto são são humildes" em suas prédicas. Agem como se tudo o que tivessem feito na vida não fosse uma simples concessão do Senhor. O mega-líder se esquece que JAMAIS qualquer cristão deve se vangloriar de coisa alguma, a não ser de suas fraquezas, porque até a mula de Balaão e o peixe de Jonas Ele já usou! Deus Todo-Poderoso usa quem Ele quer e, portanto, não há vantagem alguma em ser usado por Deus! Você dificilmente verá um mega-líder pedir perdão por qualquer coisa: eles se acham sempre certos!
Se você, querido(a) leitor(a), está nessa situação, meu conselho é que você procure se libertar o quanto antes! Esse sistema maligno pode acabar com sua fé em Cristo, porque faz com que você inconscientemente ponha sua fé no homem. Nenhum homem é inerrante, nenhum homem, por mais ungido que seja, pode ser tido como Moisés. Isso não existe na Nova Aliança! Na Nova Aliança, a Igreja é guiada por um coletivo de líderes. Sempre haverá um que se destaca, alguém em quem o Espírito Santo põe o seu carisma. Mas todos são importantes e devem ser ouvidos. Eles não foram escolhidos para serem “senhores” de seus irmãos, mas seus “modelos” (1 Pe 5.3). O que é um modelo? É um padrão para outros seguirem. O que notamos também é que em cada cidade havia uma pluralidade de presbíteros. O Espírito Santo foi preciso em cada ocasião onde o termo está em conexão com a igreja de cada localidade. Essa pluralidade foi estabelecida para que a igreja não fosse propriedade de nenhum homem. Eles deveriam caminhar juntos e depender juntos da direção do Espírito Santo, conferindo uns com os outros passo a passo. É importante notar ainda, que a igreja não vivia ao redor desses homens, como se eles fossem o centro; o centro era a igreja; eles eram auxiliares dos obreiros – toda a igreja. A evidência disso, é que as cartas apostólicas escritas às igrejas, nunca foram endereçadas a algum presbitério local, mas sempre à igreja como um todo.
Igreja é mais que denominação. Fé, liberdade, verdade, sinceridade, honestidade, personalidade, individualidade, caráter bíblico, etc. são valores cristãos que devem ser preservados! Não deixe que o sistema roube-os de você! Não permita que sua fé sucumba e sua alma saia ferida em instituições de nicolaítas, de subjugadores e dominadores do povo!
Pense nisso. Deus te abençoe!
2 comentários:
(1) Reservo o direito de não públicar criticas negativas de "anônimos". Quer criticar e ter a sua opinião publicada? Identifique-se. Outra coisa: não publicarei nenhuma crítica dirigida a pessoas; analise a postagem e então emita seu parecer, refutando-a com a apresentação de referências, se assim for o caso (2) Discordar não é problema. É solução, pois redunda em aprendizado! Contudo, com educação. Sem palavrão nem termos de baixo calão! (3) Responderei as críticas na medida do possível e segundo o meu interesse pessoal (4) Não serão aceitos, em hipótese alguma: mensagens com links que dirigem e façam propaganda a sites católicos, espíritas, ateus, ortodoxos gregos, judaizantes, adeptos de teologia da prosperidade, religiões orientais, liberais, nem nenhum outro que negue Jesus Cristo como Senhor, Deus, único e suficiente Salvador. Estende-se essa proibição a mensagens que propaguem essas idéias/crenças e que queiram debater e provocar discussões.
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ResponderExcluirIgreja com dono humano é filha de Babilônia .Ditadura não combina com a igreja de Cristo . Por que ser escravos de homem ,se para liberdade fomos chamados? Fora com os dominadores do rebanho! Fora com suas ameaças e citações bíblicas de acordo com suas conveniências .Nicolaitas !
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