domingo, 11 de fevereiro de 2018
O QUE A BÍBLIA TEM A DIZER ACERCA DO SUICÍDIO DE CRENTES?
I. INTRODUÇÃO:
O suicídio é o ato de tirar voluntariamente a própria vida. Trata-se de um termo que deriva de dois vocábulos latinos: sui (“de si mesmo”) e caedĕre (“matar”), ou seja, matar-se a si mesmo. Outra definição possível é "auto-assassínio", a qual é aceita por muitas religiões.
O suicídio é um evento trágico com fortes repercussões emocionais para seus sobreviventes e para as famílias de suas vítimas. Mais de 44 mil pessoas nos EUA se mataram em 2015, a maioria entre pessoas dos 45 e 54 anos; homens estão especialmente em risco, com taxa de suicídio aproximadamente quatro vezes superior à das mulheres, segundo o veículo Psychology Today. No Brasil, entre 2011 e 2015, houve 55.649 casos; o problema igualmente afeta mais os homens (79% dos casos). Conforme a Revista Galileu, "o meio mais utilizado é o enforcamento: 66,1% entre os homens e 47% as entre mulheres, seguidos por intoxicação exógena e armas de fogo, consecutivamente. Já em relação às tentativas de suicídio, as mulheres são maioria (69%) e 31,1% tenta mais de uma vez. Entre 2011 e 2016 ocorreram 48.204 tentativas e o principal meio é envenenamento ou intoxicação (58%)" (fonte: http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2017/09/numero-de-suicidios-aumentou-12-no-brasil-mostra-ministerio-da-saude.html).
O suicídio é um fenômeno que ocorre em todas as regiões do mundo. Estima-se que, anualmente,
mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio e, a cada adulto que se suicida, pelo menos outros 20
atentam contra a própria vida. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio
representa 1,4% de todas as mortes em todo o mundo, tornando-se, em 2012, a 15a. causa de
mortalidade na população geral; entre os jovens de 15 a 29 anos, é a segunda principal causa de morte (fonte: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf)
Por que uma pessoa busca acabar com sua própria vida? As razões são variadas e complexas, envolvendo frustrações, crises emocionais intensas (como fim de relacionamentos), problemas financeiros, problemas sociais, desgraças pessoais, sentimentos de impotência e de temor diante de fatos aparentemente insolúveis e/ou de grande repercussão, alcoolismo, drogas, etc. Em muitos casos, o suicídio também está ligado a sentimentos de desesperança e inutilidade. Há patologias da alma que tornam o indivíduo portador suscetível ao suicídio, como depressão severa, transtorno bipolar, esquizofrenia, personalidade Boderline (caracterizada por emoções instáveis, padrões de pensamento perturbados, comportamento impulsivo e relações intensas mas instáveis com outras pessoas), anorexia nervosa, dentre outros.
"Eu deveria me matar?" é a pergunta que um sem número de pessoas já se deparou ou se depara. Para Albert Camus (1913–1960), o suicídio é o único problema filosófico realmente sério, conforme ele relata em sua obra "O Mito de Sísifo". Camus vê essa questão de suicídio como uma resposta natural a uma premissa subjacente, a saber, que a vida é absurda de várias maneiras. Sua filosofia do absurdo nos deixa com uma imagem impressionante do destino humano: Sísifo empurrando sem parar sua rocha até a montanha, apenas para vê-la voltar para baixo cada vez que ele ganha o topo (daí vem a expressão "trabalho de Sísifo", empregada para denotar qualquer tarefa que envolva esforços longos, repetitivos e inevitavelmente fadados ao fracasso).
Ainda refletindo sobre o tema, do ponto de vista da sociologia, é possível identificar pelo menos três abordagens explicativas para o suicídio: a altruísta, o egoísta e o anômico. Estas abordagens foram inicialmente desenvolvidas pelo sociólogo francês Emile Durkheim. O suicídio anômico é bem representado em situações de anomia social, ou ausência de regras que mantenham a coesão social, enquanto o egoísta acontece quando as pessoas se sentem totalmente separadas da sociedade, com o rompimento dos laços junto a grupos sociais, tais como famílias, grupos escolares, grupos esportivos e/ou grupos religiosos (por exemplo, o suicídio de jovens por conta do jogo Baleia Azul). Já o suicídio altruísta (ou filantrópico) dar-se-ia em razão de profundos laços com a sociedade, como no caso dos Kamikazes japoneses.
Infelizmente, o suicídio tem cada vez mais se tornado comum entre cristãos. O ano de 2017 foi o ano em que mais se viu pastores e obreiros se suicidando. Um total de 4 servos de Deus tiraram, numa atitude extremada, a própria vida (fonte: http://apenas-para-argumentar.blogspot.com.br/2018/01/socorro-sou-pastor-e-preciso-de-ajuda.html). A questão a ser abordada aqui, portanto, é se há algum ensino na Bíblia acerca do suicídio. A Bíblia aprova ou dessaprova o suicídio? O que acontece, espiritualmente falando, em termos da eternidade, com aquele que se suicida? Há salvação espiritual e eterna para um suicida?
II. O SUICÍDIO NA BÍBLIA:
Antes de mais nada, devemos ressaltar que o termo "suicídio" aparece na Bíblia Sagrada em duas únicas passagens, em sua forma verbal: A primeira, em João 8:22 ("Então, diziam os judeus: Terá ele, acaso, a intenção de suicidar-se? Porque diz: Para onde eu vou vós não podeis ir."). A segunda em Atos 16:27 ("O carcereiro despertou do sono e, vendo abertas as portas do cárcere, puxando da espada, ia suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido.") O termo vem do grego "anaireo heauton" e "apokteino heauton", "matar a si mesmo". No entanto, há exemplos de pessoas que cometeram suicídio, tanto no Antigo Testamento, quanto no Novo Testamento. Judas Iscariotes é um exemplo: tirou a própria vida, enforcando-se e precipitando-se de forma a ter suas entranhas derramadas após ver o grande erro que havia feito ao trair Jesus por 30 moedas de prata (Mt 27.5; At 1.18). No Antigo Testamento, o primeiro caso que surge é o de Sansão. Outros casos que se destacam são o de Saul e de Aitofel.
O caso de Sansão é talvez um dos mais complexos. Diz o texto bíblico que Sansão, com os ohos vazados e sem a unção de Deus que lhe fortalecia, por conta da artimanha da filistéia Dalila que o traíra e rapara sua cabeça (profanando assim o voto de nazireu que Sansão tinha com Deus desde recém-nascido), entregue aos seus inimigos que dele zombavam, pediu ao Senhor que lhe desse sua força uma última vez a fim de que pudesse se vingar dos filisteus (Jz 16.20-31). O Senhor ouviu seu pedido: Sansão se agarra às duas colunas do meio, em que se sustinha a casa, e fez força sobre elas, causando desabamento e matando-se a si mesmo e aos seus inimigos. O versículo 30 é marcante: "E disse: Morra eu com os filisteus. E inclinou-se com força, e a casa caiu sobre os príncipes e sobre todo o povo que nela estava; e foram mais os que matou na sua morte do que os que matara na sua vida". Ou seja, Sansão sabia que seu ato causaria não apenas a morte dos filisteus, mas também a sua própria morte ("Morra eu e com os filisteus"). A dificuldade aqui é que Deus sabia, por Sua onisciência, da intenção de Sansão e concede-lhe o pedido. Para piorar as coisas, Sansão aparece na galeria dos heróis da fé, no cap. 11 de Hebreus, como um exemplo de fé a ser seguido.
Os demais casos são bem simples. o rei Saul se suicidou porque não queria ser escarnecido pelos adversários, pois os considerava impuros: “Então, disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada e atravessa-me com ela, para que, porventura, não venham estes incircuncisos, e me traspassem, e escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não o quis, porque temia muito; então, Saul tomou da espada e se lançou sobre ela.” (I Sm 31.4). Temos também o caso de Aitofel: “Vendo, pois, Aitofel que não fora seguido o seu conselho, albardou o jumento, dispôs-se e foi para casa e para a sua cidade; pôs em ordem os seus negócios e se enforcou; morreu e foi sepultado na sepultura do seu pai.” (II Sm 17.23).
É interessante observar que não houve, nos casos citados acima, qualquer juízo de valor por parte do autor sagrado. Isto é, não há um registro de "aprovação" ou de "reprovação" das atitudes desses homens, típicas em outros momentos, a não ser nos casos de Sansão e ainda assim de uma forma indireta, interpretativa, e de Judas (também indireta). Não há algo como "e fez o que era mau aos olhos do Senhor", ou "cometendo pecado", etc. ligado ao suicídio desses homens bíblicos. INTERPRETATIVAMENTE, podemos dizer que há uma reprovação implícita no suicídio de Judas, de Saul e de Aitofel.
No caso de Sansão, a despeito dos demais, parece haver aprovação. Isso faz com que a avaliação moral do ato do suicídio esteja ligada à motivação do mesmo. No caso de Sansão em seu suicídio altruísta, conforme as categorias de Durkheim, a motivação principal era a continuidade do julgamento de Israel por este juiz bíblico, trazendo livramento momentâneo à nação. Assim lemos: "Sansão julgou a Israel, nos dias dos filisteus, vinte anos" (Jz 15.20). Deus, portanto, havia concedido a Sansão, mais uma vez, aquilo que o capacitava para exercer seu ministério como juiz de Israel: a unção do Espírito Santo, objetivando assim o bem da nação. Vale dizer que Sansão só ficou no estado em que ficou por conta de sua concupiscência sexual, do seu pecado. E sabemos que o pecado, uma vez consumado gera a morte (Tg 1.15). Ou seja, Sansão ao pecar havia já selado seu destino; Deus apenas permitiu-lhe um fim nobre, honrado e útil, fazendo o bem assim tanto ao Seu servo quanto à Israel.
Já nos casos de Saul, Aitofel e Judas as motivações são totalmente erradas, consequência da vida pecaminosa que levaram. Pecaram, trazendo sobre si mesmos as consequências dos seus pecados, desceram ao fundo do poço. Suas razões, para o suicídio, foram egoístas, a exemplo de suas vidas e ministérios.Suicídios egoístas se enquandram bem em muitas causas listadas no 4o. parágrafo desse texto, excetuando-se, é claro, as causas patológicas.
III. O DESTINO ETERNO DO SUICIDA:
Aplicar-se-ia o quinto mandamento aos suicidas - "não matarás"? Considerando a etimologia e o ato em si, sou da opinião que sim. Ou seja, quem comete suicídio egoísta (e anômico) está descumprindo a Lei de Deus e, assim, incorrendo em pecado. Isso não se aplica, contudo, ao suicídio altruísta, que visa a proteção e bem-estar de outras pessoas (como soldados em tempos de guerra, policiais e bombeiros, salva-vidas, pais em defesa de sua família, etc.), ou em virtude da perseverança na fé (como fizeram - e farão - os mártires cristãos, entregando a vida para serem mortos por causa de Cristo). No caso do suicídio altruísta, o princípio subjacente é aquele que o próprio Senhor Jesus aplica a si mesmo: "Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos." (Jo 15.13)
Mas e quanto ao destino eterno de suicidas? O destino eterno de suicidas é um assunto em franco debate no meio cristão, especialmente o de confissão protestante. O que acontece espiritualmente com o crente quando este tira a sua própria vida?
Inicialmente, é bom que fique claro que a deliberação acerca do destino eterno de alguém que morre não é uma tarefa que Deus concedeu ao homem. Podemos, como cristãos, à luz da Bíblia, dizer qual é o caminho que conduz a salvação - Jesus, o caminho, a verdade e a vida -; contudo, não é possível dizer se alguém que morreu foi para o céu ou para o inferno (a despeito de ter ido para um desses dois lugares). Será que essa pessoa não teve um encontro com Jesus "à noite", como Nicodemos? Basta um único momento de fé posta em Jesus, como foi com o ladrão na cruz, para que a pessoa seja salva. Um momento de fé em Cristo fez com que o Senhor perdoasse uma vida inteira de pecados que esse ladrão cometera - "hoje mesmo estarás comigo no paraíso"!
Voltando à pergunta, novamente, no caso do suicídio altruísta, nos parece assunto resolvido. Um crente que tira a sua vida com objetivo de salvar a vida de outros não comete pecado e, portanto, não há o que se questionar NO QUE TANGE A ESSA QUESTÃO, única em análise.
Mas e quanto ao suicida egoísta? Esse comete pecado. A questão é: pode um derradeiro gesto de pecado selar para sempre o destino eterno de um crente? Essa é uma questão importante, debatida há séculos por dois grupos principais de teólogos cristãos: os Arminianos, baseados nos postulados do holandês Jacobus Arminius (1560 - 1609), e os Calvinistas, baseados nas teses do reformador João Calvino. Em suma, sintetiza-se na resposta à pergunta: o crente é capaz de perder a salvação? Para os Arminianos, sim; o crente que comete suicídio egoísta teria perdido sua salvação em Cristo e portanto estaria condenado à perdição eterna. "O homem não pode continuar na salvação, a menos que continue a querer ser salvo", diriam esses irmãos; "a vontade do homem é ‘livre’ para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé."
Os arminianos concluem, muito logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode perder, subseqüentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a teologia arminiana é uma “teologia de obras” — pelo menos no sentido e na extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo.) Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda (ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo depende de sua contínua volição positiva até à morte! (fonte: http://www.monergismo.com/textos/arminianismo/cincopontos_arminianismo.htm)
Já para os Calvinistas, não. Os calvinistas sustentam muito simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo Senhor — e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo” —, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos ‘perseverarão’ pela simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou.
IV. CONCLUSÃO:
Que o suicídio não deve ser praticado por um crente em Cristo é a conclusão que obtemos. Os exemplos bíblicos, de forma geral, revelam o suicídio como prática contrária à vontade de Deus. De efato, olhando-se para as causas que levam uma pessoa a cometer suicídio, todas são fruto direto ou indireto do pecado, original ou atual. A única causa aceitável foi demonstrada, devendo-se ressaltar que trata-se DE UM ÚLTIMO RECURSO.
O que acontece quando um homem natural, que jamais conheceu a Cristo, tira sua própria vida egoísticamente, do ponto de vista do destino eterno? Sem Cristo, trata-se apenas de mais um ato pecaminoso. Assim, tal pessoa sela para sempre o seu destino, condenada a viver eternamente separada de Deus. O suicídio aqui só é determinante para a imutabilidade de seu estado relativamente à Deus; sua condenação deve-se ao fato de passar a eternidade sem o Senhor Jesus. Mas e quanto ao crente suicida que tira a própria vida egoísticamente? Nesse caso, trata-se de um assunto para Deus. Não vemos base bíblica para afirmar qualquer coisa nesse sentido, apenas base teológica; nesse caso, depende da soteriologia (doutrina da salvação) adotada, se Arminiana ou Calvinista. Consideramos, no entanto, o assunto em questão MUITO SÉRIO, afinal, trata-se do destino eterno.
Portanto, querido(a) leitor(a): NÃO COMETA SUICÍDIO!! Não importa o que esteja acontecendo com sua vida, JESUS É SEMPRE A RESPOSTA! A vida está arruinada? Olhe para Israel: a nação foi destruída pelos Assírios e Babilônicos, mas Deus a reconstruiu novamente! Ele pode reconstruir sua vida, do zero, do caos e da ruína, se assim for preciso! NADA, EM ABSOLUTO, É DIFÍCIL OU IMPOSSÍVEL PARA JESUS! ELE É O SENHOR SOBRE TUDO O QUE EXISTE! Entregue sua vida a Ele! Já entregou e o caos veio? Entregue de novo, de novo e de novo! Entregue todos os dias se precisar! Senhor, entra na minha casa; entra na minha vida! Entra nessa área! Não sobrou nada, nada ficou de pé! Mas, Senhor, te entrego ela mesmo assim! Caótica, arruinada! Casamento arruinado; emprego arruinado, cheio de dívidas; ministério arruinado; cheio de pecados e escândalos... não importa! JESUS É O SENHOR! Ele gosta de gente ferrada, destruída, doente, acabada; Ele veio para essa gente! Veio para você e para mim!
DISSE JESUS: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor." (Lc 4.18,19)
Pense nisso.
Graça e paz!
Um comentário:
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A Graça de Deus me surpreende a cada dia Somente Ele para avaliar a dor que leva alguém atentar contra sua própria vida. Jesus sabe o que o pecado causa ,o desastre , a tragédia .Daí poder socorrer quem passa por tamanho sofrimento e dar a libertação
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