segunda-feira, 29 de outubro de 2018

ELEIÇÕES, CONFUSÕES E DISSENSÕES ENTRE IRMÃOS, AMIGOS E FAMÍLIA


As eleições para Presidente da República, no Brasil, em 2018, polarizaram o país. Claramente, é fácil constatar que se formaram dois pólos, dois extremos, com relação aos candidatos: um pólo, defensor do candidato de direita com suas idéias; este, apresentado como "solução" para o "mal que grassa a nação", por si mesmo e por seus apoiadores, mal este identificado com o governo de 16 anos (4 mandatos, portanto) do Partido dos Trabalhadores (PT). Por sua vez, o outro candidato adversário político, ligado ao PT e portanto às suas idéias de esquerda, posicionado noutro pólo, como suposta alternativa contra o candidato de direita e, tal qual o chamam, sua "ideologia facista".

Essa polarização atingiu segmentos de toda a sociedade. Intolerância e extremismos estão por todos os lados! Há, por exemplo, famílias divididas por seus membros adotarem pólos diferentes como se fossem verdades absolutas. E, de forma inédita, até Igrejas estão sendo divididas! Acabou a paz no seio de muitas congregações por conta de polarizações nessas eleições! Irmãos sendo ofendidos e magoados, chamados de "falsos irmãos" por apoiarem um candidato diferente de seu pastor! Muitas pessoas decepcionadas com o Evangelho!

Veja algumas expressões de tristeza e inconformismo com relação ao comportamento da igreja, de irmãos e de pastores nas eleições, extraídas de rede sociais: 
  • "esse é o reflexo do Cristo que vocês pregam ? Amor? Respeito?"!  
  • sou mulher e evangélica [...] estou muito triste com os "líderes evangélicos " e com os "cristãos".
  •  O que mais, eu achei triste foi a religião se meter em política, defendendo, torturador. Eu não sou evangélica, mais sei o que está escrito na Bíblia. Sabe como eu vou definir alguns crentes agora? Me prove em quem você votou, eu te direi quem tu és. Respeito os evangélicos, porque nem todos são assim. Mais perderem um pouco a credibilidade. Muito triste, tinham que dar o exemplo.
  • Fui atacada por um que foi meu líder e professor de EBD na adolescência e hj é pastor. Nunca veio no meu inbox me dar uma palavra amiga ou saber se eu e minha família estávamos bem. Mas teve capacidade de mandar áudio de quase 5min em apoio a este candidato. Respondi com educação e exortação cristã meus motivos para não votar nele. E fui acusada de ter uma vida contrária a palavra de Deus e estar perdida. Estou vendo pessoas que cresceram comigo na igreja exaltando este homem. Meu marido acha que sou radical e estou errada de ser contra o candidato, ele tbm é cristão e já tivemos duras brigas por ele escolher a religiosidade ao zelo por nossa relação.
  • A igreja sairá menor e pior dessas eleições por conta de opções pessoais. Poucos foram os pastores que orientaram sobre política, e não falaram e indicaram políticos. Recebi uma ovelha de outra comunidade no culto de ontem à noite, pois na sua igreja só se falava em políticos...  
  • Como me faz mal não me sentir bem para ir ao culto ou mesmo as orações das quartas, parece que tiraram uma parte de mim!!!!!! 
  • eu cheguei a pensar em ir embora do Brasil pois está difícil acreditar no acontece hoje com os líderes, pensei que só eu estava na contra mão do que está acontecendo nas igrejas brasileiras nesse ano de eleição, ontem chorei angustiada pelo resultado.
  • eu me decepcionei demais com a Igreja Católica hoje ao ver um padre defendendo um candidato que prega tortura, quando o nosso Cristo foi torturado numa cruz. É incoerência demais. Cheguei ao ponto de duvidar do cristianismo.
  • Enfrentei questionamentos de colegas de escola, não-crentes, me perguntando: os evangélicos concordam com isso? Estão se referindo às falas de ódio e as mentiras de Fakenews. Estou respondendo que são "neo-evangélicos", com uma nova ética, totalmente estranha à bíblia.
  • Sou neta de pastor, tenho 4 tios pastores, meu lugar preferido sempre foi a igreja, mas já a algum tempo fui descobrindo o cabresto, a mistura nefasta da religião com o desejo pelo poder político, a ganância e a reprodução e manutenção acrítica do capitalismo. Fui reformulando minha religiosidade. Está quase impossível frequentar uma igreja. Os discursos são bizarros. Agora, nós estamos vendo a bomba explodir, mas a igreja não representa o discurso de Cristo faz tempo.
  • eu saí da igreja por não encontrar mais lugar pra mim nela. [...] Era pra sermos um povo diferente, referência, mas não somos. Não mais.
  • Tenho me sentido uma alienígena dentro da minha comunidade de fé que em massa apoia discurso de ódio [...]. Tristeza me define. Mas não consigo ver Jesus encarnado em nenhuma palavra sequer proferida por esse candidato. Por conta desse posicionamento da igreja, perdemos muitas vidas que realmente precisavam ser alcançadas. Peço à Deus que me guie.
  • como evangélica, estou me sentindo um peixe fora d'água no meio deles, pois dizem que é inadmissível, uma cristã votar no [...], não tenho nem vontade de ir na igreja mais.
  • Estou apavorada com o que estou vendo. Foi decretada a banalização do evangelho com essa postura da liderança evangélica.
Assim como esses, há muitos outros relatos semelhantes. Nem os fiéis pertencentes à Igreja Católica escaparam! Só Deus sabe o que acontecerá com cada uma dessas centenas, quiçá milhares de pessoas que se viram repentinamente num caos interior, provocado pelo choque de realidades que elas constataram. Isso afora os não-convertidos que presenciaram esse comportamento da igreja. Será que depois disso, estão eles mais perto da salvação do que antes? Será que o esforço evangelístico para alcançá-los tornou-se mais eficiente do que antes? O fato é que essas vidas, pelas quais Cristo morreu, poderão jamais serem salvas! E os crentes que se desviaram, poderão jamais retornar! 

A bem da verdade, essas eleições revelaram a apostasia de muitas denominações evangélicas. Sim, querido(a) leitor(a): salvo por algumas exceções, muitas denominações apostataram da fé - e isso há muito tempo! Apostataram quando trocaram Cristo e Seu Reino pelo reino desse mundo, com seus líderes e benefícios. Apostataram quando a Bíblia Sagrada passou a ser considerada, na prática, um livro secundário para as questões de fé e de vida, superada pela palavra dos "ungidos" - profeteiros, apóstolos, pastores, presidentes, bispos, etc. Apostataram quando incorporaram o mundo, seus princípios e técnicas e metodologias como princípios, regras e ações internas e externas. Fizeram G12, MDA, etc. não para ganharem almas para Cristo, mas para aumentarem o número de pessoas e dízimos em suas denominações, para expandirem seu poderio religioso e político! E por falar em poder político, venderam a Cristo novamente, abrindo púlpitos para políticos fazerem campanha! Como foi proibido pelo TRE, pastores (e crentes em geral) se tornaram verdadeiros "cabos eleitorais" de candidatos, deixando de pregar a Cristo e o Evangelho para fazer campanha para político A ou B! 

Infelizmente, é possível constatar que muitas denominações não dão a mínima para o Evangelho! Não dão a mínima se as pessoas estão indo para o inferno - ou se a própria denominação está indo, porque do jeito que a coisa vai, tá difícil! Não dão a mínima para os perdidos, que não entregaram suas vidas ao Senhor; nem dão a mínima para os desviados, para os irmãos afastados por causa das lambanças que a própria igreja comete! Sim! Muita gente hoje está desviada é por responsabilidade da própria denominação, a qual não vive o que prega! Que tem discurso bonito, mas vida zero - isso quando tem discurso, porque hoje a tônica é "dá teu dinheiro e ganhe o mundo em troca" - pastores se tornaram especialistas em pedir grana! Quem não dá é classificado como maldito, ladrão, roubador de Deus... nunca é abençoado, nunca é amado, nunca é acolhido! Para esses caras, a bênção de Deus é conseguida se pagar um preço em grana - na cabeça deles, "Deus só abençoa quem dá"! Mas eles não estão sozinhos nisso: quem se sujeita a esse tipo de coisa, quem fomenta e sustenta essa prática, está tão errado e perdido quanto seus líderes! Dinheiro para luxúria!

Somos a terceira maior igreja do mundo e precisamos de 100.000 crentes para sustentar um missionário dentro da Janela 10-40. Investimos, em média, somente R$ 1,30 por pessoa por ano para missões transculturais (fonte: http://www.jocum.org.br/a-grande-omissao). Se cada crente brasileiro investisse em média R$ 10,00 mensais em missões transculturais, que seria 100 vezes mais que o investimento atual, poderia multiplicar a força missionária em 100! Mas estão interessados nisso? NÃO! Não investem nem para ganharem os perdidos da esquina da igreja! A atividade mais "largada de mão" de uma igreja é a atividade de evangelismo (e missões)! NINGUÉM quer saber! O pessoal gosta de reuniaozinha de fofoquinha! Gostam de "reunião informal" de jovens! Gostam de "cultinho", onde via de regra alguém vai pedir grana, uma pessoa e/ou grupo vai "aparecer" cantando na frente para os outros assistirem e um sujeito vai falar abobrinha no púlpito!  

Bíblia? Esquece! "Isso é muito difícil de viver, pastô!" é a "desculpa esfarrapada" de quem não quer viver o Evangelho! Note como essas denominações apoiaram um candidato em detrimento de outro nessa eleição, sob a justificativa de uma aparente defesa da ideologia cristã! Ora, se a justificativa é a ideologia, então não deveria ser votado NENHUM NEM OUTRO! Ambos apoiam ideologias não-cristãs! O aborto não é prática cristã, por exemplo, mas o armamento pessoal também não é! Ou vamos puxar o gatilho, vamos "sentar o dedo" em nome de Deus, agora??! Na verdade, esse ideologismo dito "cristão" da igreja (e dos candidatos) é DESCULPA ESFARRAPADA! Primeiro, porque muitos não vivem o que pregam - pregam contra o adultério e o divórcio, mas pessoalmente "manda ver"! Pregam contra a cobiça, mas são os primeiros a incentivá-la! Segundo, porque não há na Bíblia uma hierarquia de valores: para Deus, fornicação é tão pecado quanto a fofoca e a mentira! Se o aborto é um problema para a igreja, a liberalização de armas de fogo também deveria o ser, porque em ambos os casos há mortes não-naturais envolvidas!

A bem da verdade, essas eleições foram usadas por Deus para mostrar a todos os homens o verdadeiro estado que se encontra a igreja. Deus não tem problema com isso: na Bíblia Ele mostra abertamente, para quem quiser ler, os pecados do Seu povo e de seus servos. O fato é que depois dessas eleições não dará mais para negar a triste realidade de que a igreja é um corpo dividido. Isso ficou bem claro: a igreja rapidamente dividiu-se por conta de suas paixões políticas. Isso significa que cada um escolheu um candidato diferente? Não, antes fosse isso. Isso significa que as opções políticas diferentes fizeram com que irmão se levantasse contra irmão, com ira, ódio e animosidade. Ofensas foram trocadas - irmãos ofendidos em suas denominações e fora delas, por outros irmãos e até por pastores. Não satisfeitos em vivermos entre "inimizades, porfias, [...] discórdias, dissensões, facções" (Gl 5.20), tratamos os irmãos em Cristo de quem discordamos com um nível de agressividade, arrogância, desrespeito e falta de amor realmente espantosos para seguidores de Jesus, o Príncipe da Paz. 

Recomendo forte e urgentemente que as denominações que apostataram da fé nessas eleições - ou que pelo menos manifestaram sua apostasia nesse pleito eleitoral - se reconciliem com Deus. Se arrependam e voltem ao primeiro amor.  Vocês, que portam o nome de Cristo, parem de envergonhar o Evangelho! Lembrem-se do porquê vocês estão nesse mundo: para a Glória de Deus! Daí, vivam como verdadeiros cristãos fazendo tudo para a glória de Deus: "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus. Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus; assim como também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos." (I Co 10.31-33)

Adicionalmente, é preciso considerar que mesmo famílias não escaparam desse espírito divisionista que atacou a sociedade brasileira: famílias de cristãos e não-cristãos foram igualmente rachadas por essa paixonite política. Pais contra filhos, filhos contra pais, maridos contra esposas, irmãos contra irmãos, amigos contra amigos... um caos! Filhos que "botaram o dedo" na cara de seus pais, agindo de forma totalmente desrespeitosa! Muita gente desfez amizades antigas por conta de brigas políticas, que começaram nas redes sociais na internet; brigas que se estenderam até o ambiente familiar. Veja alguns exemplos:

(1) "Amigos de infância brigando, ofendendo-se, excluindo um ao outro do convívio pela internet e, nos casos mais graves, até da relação pessoal. O motivo? Discussões sobre política nas redes sociais, especialmente a respeito das eleições. E nem familiares escapam das brigas, que acabam por interferir na relação real das pessoas." (fonte: https://www.correiodoestado.com.br/politica/amigos-e-familiares-entram-em-confronto-na-internet-por-causa-das-elei/230024/. Acesso: 29/10/2018)

(2) "A guerra nas famílias durante as eleições: Clima de intolerância marca também as brigas entre parentes, e expõe a violência e o desrespeito nos conflitos geracionais."  (fonte: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-guerra-nas-familias-durante-as-eleicoes. Acesso: 29/10/2018)

(3)  "Acirramento eleitoral em 2018 já causa até expulsão de casa por divergência política. Como consequência direta do acirramento político, esses ambientes de diálogo viraram palco de rupturas em relações familiares e de amigos. Por conta das discussões, há casos até de pessoa expulsa de casa por divergências eleitorais, enquanto outra foi proibida de visitar parentes." (fonte: http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/eleicoes-2018/acirramento-eleitoral-em-2018-ja-causa-ate-expulsao-de-casa-por-divergencia-politica/. Acesso: 29/10/2018)


O que faremos? Eu recomendo fortemente que aqueles que se envolveram em todo tipo de agressão e de ofensas, quer nas redes sociais, quer fisicamente, procure os ofendidos e se reconcilie com eles. E, em tratando-se de cristãos, recomendo fazer isso depressa, pois a vida espiritual, com Deus, ficará estagnada - podendo deteriorar - caso o perdão e a reconciliação não ocorram: "Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo." (Mateus 5:23-26) 

A verdade é que a ofensa àqueles que amamos pode gerar o ódio. Pelo fato de terem dado sua afeição, lealdade, serviço e confiança, a ofensa penetra com mais força em suas almas e exige mais reparos do que se tivesse sido feito por um conhecido ou por um estranho. Pequenas ofensas podem inflamar feudos familiares ou conjugais, apesar de que coisas tão insignificantes teriam sido facilmente ignoradas em outros relacionamentos. É um fato lamentável da perversidade do homem que ele geralmente mostra menos misericórdia com a família e os amigos do que com estranhos. Portanto, reconciliar envolve, da parte do ofensor, a sinceridade e a humildade de reconhecer seu erro, além do amor pela pessoa que ofendeu. Não há possibilidade de reconciliação se esses elementos não estiverem presentes. O irmão ofendido, diz Provérbios, é mais difícil de conquistar do que uma cidade forte e as contendas são como ferrolhos de um palácio
(Pv 18.19). A versão King James Atualizada é bem clara a esse respeito: "
É muito mais difícil reaver a amizade de um irmão ofendido que conquistar uma cidade fortificada; e as discussões são como as grandes portas trancadas de um castelo."

A sabedoria aqui é a de evitar ofensas com irmãos, especialmente com os da igreja (Ef 4:3,16; Rm 14:16-19; Tg 3:18). Considerando que uma relação íntima é difícil de ser restabelecida pelas ofensas feitas, o melhor é evitá-los. Use de grande cautela ao lidar com amigos, de forma a evitar que se cruze a linha que destrói ou fira o relacionamento, especialmente na igreja.

O foco da fé cristã está invariavelmente posto no amor, primeiramente em Deus e então no próximo, como se lê:  "Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo." (Lc 10.27) Não dá para ser cristão e não considerar o próximo como tão importante como a si mesmo, valorizando-o e respeitando-o em sua individualidade e particularidade. Não dá para ser cristão amando a Deus, a quem não vemos, e não amando o próximo, a quem vemos.  

Pense nisso. 
Graça e paz!

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