domingo, 16 de dezembro de 2018

A PERIGOSA RELAÇÃO DE PODER NA RELIGIÃO: JESUS É NOSSA LIBERDADE TOTAL

"Uma relação de poder se forma no momento em que alguém deseja algo que depende da vontade de outro. Esse desejo estabelece uma relação de dependência de indíviduos ou grupos em relação a outros. Quanto maior a dependência de A em relação a B, maior o poder de B em relação a A. Essa dependência aumenta à medida que o controle de B sobre o que é desejado por A aumenta". (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_de_poder)

Poder e dependência caminham juntos. Como descrito acima, a relação de poder surge quando há uma relação de dependência; quanto maior a dependência, mais intensa é a relação de poder. Uma das formas de poder é o poder coercitivo, quando há imposição de vontade por ameaças e punições. Por meio do poder coercitivo a relação de dependência é assegurada e fortalecida, criando-se um ambiente de medo da punição asseverada por meio de ameaças pelo "dominador".

Desde os priscas eras, as religiões são utilizadas como instrumento de dominação, onde as relações em seu âmbito dão-se, via de regra, por meio do exercício de poder de um indivíduo tido como "especial" sobre um conjunto de outros indivíduos adeptos àquela religião. Esse "indivíduo especial", ser humano como outro qualquer, é assim visto pelos demais por seus "atributos sobrenaturais" que lhe conferem uma espécie de "garantia divina" de suas ações; afinal, esta pessoa é tida como "divinamente autorizada" naquilo que fizer, quer para o bem de seus "discípulos"/"irmãos" quer para o mal destes. Esse "líder reconhecido e autorizado por Deus", com autenticidade assegurada por sua "performance sobrenatural", pode "abençoar" ou "amaldiçoar", pode "trazer a cura" ou "trazer a doença" sobre aqueles que o seguem segundo a sua conveniência. Isso o torna "inquestionável", "acima de qualquer suspeita" naquilo que fala e faz.

Muitos, infelizmente, por suas condições pessoais de saúde física e/ou emocional, ou mesmo pelo interesse em servir a Deus, se tornam presas fáceis desses "líderes místicos". Pessoas com vários tipos de doenças, muitas desenganadas pela medicina secular, ou mesmo deprimidas por qualquer razão, acabam procurando nas religiões a solução para seus problemas. Há aquelas que, por outro lado, tem um desejo de se relacionar com Deus de alguma maneira e acabam procurando uma determinada religião para aprenderem como fazer isso. Pessoas que geralmente tem experiências sobrenaturais (nas religiões espíritas, diz-se possuírem uma "mediunidade"; no cristianismo, "um chamado"; no hinduísmo/budismo, "desenvolver a espiritualidade", etc.) e querem entender o que vivenciaram com "mestres" ou mesmo que desejam se tornar "mestres" daquela religião - querem se tornar pais/mães-de santo, médiuns, pastores, sacerdotes, padres, médiuns, etc., que buscam na religião um refúgio, proteção, apoio, respostas e orientação. É nesse ponto onde se tem início a construção da relação de poder e de dependência a qual pode acabar em várias formas de abuso; esse abuso é frequentemente mantido em silêncio por exercício do poder coercitivo. 

Uma das formas de abuso relatada na literatura é o abuso sexual. Outra é o assédio sexual. Tanto o assédio quanto o abuso estão presentes em várias religiões diferentes, sob diversas justificativas ideológicas. Relativo ao catolicismo, segundo DOYLE (2003) desde 1984 o abuso sexual por parte do clero católico vem atraindo a atenção do público. O abuso é minimizado de maneira geral pelas afirmações que inicialmente negam sua ocorrência, ou desqualificam a vítima perante o agressor e à instituição na qual exerce a liderança religiosa. Há relatos, acusações (verídicas e inverídicas) e casos de abuso sexual cometidos por pais-de-santo, pastores, monges, etc., incluindo na crônica jornalística: o do pastor (fonte: https://noticias.gospelmais.com.br/pastor-abusa-de-cinco-adolescentes-e-diz-que-foi-ordem-de-anjo-duas-estao-gravidas-do-milagre.html), o do padre, em Goiás (fonte: https://noticias.r7.com/cidades/padre-abusa-de-menor-deficiente-em-sauna-de-go-06062016), do monge budista chinês (fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/08/monge-budista-e-investigado-por-ma-conduta-sexual-na-china.shtml) e por aí vai. 

A notícia jornalística mais recente é a do médium espírita conhecido como João de Deus, da cidade de Abadiânia, no interior de Goiás, acusado por mais de 300 mulheres que afirmam terem sido vítimas de abuso sexual por parte do religioso durante tratamentos espirituais (fonte: https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2018/12/14/justica-decreta-prisao-de-joao-de-deus-apos-denuncias-de-abusos-sexuais-em-abadiania.ghtml). O médium teve sua prisão preventiva decretada pela justiça goianiense. O grande desafio será provar que houve abuso, na hipótese de realmente ter acontecido tal coisa (https://odia.ig.com.br/brasil/2018/12/5603133-investigacao-sobre-joao-de-deus-se-concentra-em-15-casos-diz-delegado.html). Se ele é ou não culpado das acusações, quem vai decidir é a justiça brasileira. E acima dela, a divina.

O fato é que quando o abuso realmente acontece, infelizmente muitas vítimas de abusadores optam em não denunciar o abuso sofrido. Muitas fazem isso por medo de represálias por conta das ameaças que os religiosos abusadores fazem. Observe que a relação de poder e dependência pode ser opressora para o dependente; por sua vez, quem detém o poder pode usá-lo como arma ao seu lado. Imagine o seguinte caso hipotético, com foco na religião qualquer que seja ela): uma pessoa qualquer teoricamente usada por Deus para fazer milagres e que é, por isso mesmo, "idolatrada" pelos seus seguidores, tida como infalível. Na mente dos seguidores, esse líder tem muito poder espiritual. Agora, se esse líder, usando-se da percepção que seus seguidores tem dele, começa a fazer ameaças (como "reverter a cura realizada", ou "colocar doenças em quem não tem" ou "destruir a vida da pessoa" ou "amaldiçoar" ou "matar a família") para encobrir algum erro conhecido, capaz de denegrir sua imagem, seus seguidores crerão nele! Isso infelizmente é muito comum de acontecer em círculos religiosos, especialmente aqueles excessivamente místicos, cheios de rituais - "pirotécnicos" ou não, "individualizados" ou "gerais" - ditados pelo líder religioso! Isso pode se replicar não só na religião, mas em qualquer relação de poder e dependência. 

Fico aqui pensando que Deus está no céu olhando para isso tudo e não está gostando do que vê. Deus que está tendo Seu santo nome associado a uma infinidade de erros, crimes, pecados, mandos e desmandos, pelos mais diversos ditos "homens de deus", como se Ele fosse o autor ou o incentivador dessas coisas. Por certo, quem passa por um abuso sexual terá traumas por anos a fio, sem falar que a fé em Deus de quem passa por um abuso sexual cometido no âmbito da religião ficará abalada. Assim, quem comete este crime o faz tanto contra a vítima quanto contra Deus e ambos exigirão a justa punição do autor, cada um a seu tempo. A Bíblia Sagrada nos mostra que um dia Deus haverá de julgar toda a humanidade, cada um segundo as suas obras (Rm 2.6; Ap 20.12), quer sejam religiosas ou não, quer sejam pastores, padres, pais de santo, monges, médiuns ou qualquer outra denominação religiosa aplicável. Ninguém ficará de fora desse julgamento naquele dia, nem vivos nem mortos!

Para você, que frequenta uma religião, meu conselho é que você tenha muito cuidado! Independente da religião e do deus que professa, os líderes que ali estão são seres humanos que nada tem de divinos e que, portanto, estão sujeitos a cometerem abusos de toda a sorte, até mesmo os de cunho sexual. Um bom sinal que é hora de você colocar "suas barbas de molho" é quando o líder começa a fazer exigências pessoais descabidas, com ou sem ameaça de maldição (os famosos "sacrifícios" ou "votos de fé", como por exemplo fazer um trabalho espiritual que envolve elementos que você reconhece como errados). Se a "lâmpada" do seu "desconfiômetro" acender por qualquer razão, atenção! Deus tem bom-senso e criou o bom-senso em nós e por isso mesmo nada vai te obrigar a fazer que contrarie esse bom-senso. 

Lembre-se: Deus não precisa que você dê nada a Ele! Pense: se Ele criou tudo, você acha que Ele realmente precisa de algo seu? Você acha que Ele vai mandar você sofrer qualquer tipo de abuso em Seu nome pelo líder religioso? Você acha que Deus quer isso para "provar sua fé"? Ou você acha que Deus vai mandar você ser massacrado pelo líder religioso? Ele criou você! Olhe o que Ele diz em Sua Palavra, a Bíblia: "Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, ou de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?" (Miquéias 6:7,8) Viu o que Ele pede de você? Justiça, benignidade e humildade! O Deus que a Bíblia apresenta, querido(a) leitor(a), ama você! Ama ao ponto de ter enviado Seu Filho, Jesus, para morrer em Seu lugar! Isso mesmo: Deus, sabendo que você tinha que morrer por causa dos seus pecados, enviou Seu filho para ser seu substituto na morte! Hoje, crendo em Cristo, você não precisa morrer eternamente; só vai morrer uma única vez - a morte de todos os mortais, no seu corpo. Sua alma viverá, seu espírito Deus renovará e no seu corpo tudo novo se fará! 

Saber que tendo a Cristo vou morrer uma única vez é fonte de consolo e segurança. Mesmo que a pessoa venha a ser portadora de alguma doença mortal - e que não seja curada por Deus com ou sem o uso da medicina - com Cristo, a morte dela será o fim de toda a dor e sofrimento no corpo físico e na alma. Todos nós queremos viver, Deus nos criou para a vida; porém, a morte já não assusta mais quando eu tenho a Cristo como Senhor e Salvador da minha vida. Com Ele, ainda que morto, viverá; o Senhor há de ressuscitar-me um dia: "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?" (João 11:25,26) 

E mais: com Cristo, eu não preciso procurar líder religioso nenhum para ser curado, ou abençoado, ou prosperado. Primeiro porque Jesus é o único intercessor entre Deus e os homens (I Tm 2.5), segundo porque em Cristo já fomos abençoados com todas as bençãos espirituais necessárias: "Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo" (Efésios 1:3). E quanto as bênçãos materiais? Essas, Jesus garantiu que o Pai sabe o que nós precisamos para viver e o Pai é bondoso e misericordioso. Se for de Sua vontade, Ele dará; mas saiba que dando ou não dando tal bênção (como a cura), Ele continua te amando e um dia limpará dos seus olhos todas as lágrimas. Mesmo que seja difícil, Ele sempre nos ajudará a carregarmos nossa cruz!


Ter Jesus, portanto, é ter vida plena, vida em abundância! Vida livre e leve, sem o fardo religioso, sem um líder religioso ditador por me explorando e/ou abusando de mim. Não preciso apresentar sacrifícios de fé. Não preciso fazer campanhas ou peregrinações. Não preciso possuir ou carregar objetos consagrados. Não preciso de ritual nenhum. Adorar a Deus com Jesus é fácil e ao mesmo tempo difícil: fácil, porque não preciso de ritos nem músicas nem lugares especiais, difícil porque precisa ser em espírito e em verdade, do fundo do coração com amor a Ele. 

 Creia em Jesus! Ele disse: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também." (João 14:1-3) Ele não disse que te daria um lugar na religião, mas na casa do Pai, junto ao Pai e a Ele.

Pense nisso!
Que a Graça do Senhor Jesus e o Amor de Deus Pai seja contigo!

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Referências:


DOYLE, Thomas P. Roman Catholic clericalism, religious duress, and clergy sexual abuse. Pastoral Psychology, v. 51, n. 3, p. 189-231, 2003.

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