domingo, 16 de setembro de 2018

ENTENDENDO A PROFUNDIDADE DO VERDADEIRO ARREPENDIMENTO

Então falou Samuel a toda a casa de Israel, dizendo: Se com todo o vosso coração vos converterdes ao Senhor, tirai dentre vós os deuses estranhos e os astarotes, e preparai o vosso coração ao Senhor, e servi a ele só, e vos livrará da mão dos filisteus. Então os filhos de Israel tiraram dentre si aos baalins e aos astarotes, e serviram só ao Senhor. Disse mais Samuel: Congregai a todo o Israel em Mizpá; e orarei por vós ao Senhor. E congregaram-se em Mizpá, e tiraram água, e a derramaram perante o Senhor, e jejuaram aquele dia, e disseram ali: Pecamos contra o Senhor. E julgava Samuel os filhos de Israel em Mizpá. (I Samuel 7:3-6)

Israel havia pecado contra o Senhor, servindo aos falsos deuses, enquanto a Arca do Senhor estava em Quiriate-Jearim. Eles haviam se afastado de Deus e por isso Deus se afastou deles; 20 anos de afastamento! Para haver o retorno da presença de Deus, era preciso remover a causa do afastamento: os baalins e astarotes, no coração de Israel, os falsos deuses que estavam concorrendo com o Deus de Israel pela adoração do Seu povo.  Falsos deuses na vida é algo profundo, algo ligado à profundeza do coração. Não é algo meramente superficial e passageiro, mas algo que marca a vida e dita regras de comportamento. 

I. O VERDADEIRO ARREPENDIMENTO ENVOLVE O REAL ABANDONO DAQUILO QUE DEUS REPROVA EM NOSSA VIDA.   


Para remover os falsos deuses (atitude exterior), era preciso primeiro preparar o coração (uma atitude interior). Não adiantava fazer uma coisa sem fazer outra (e vice-versa). Não adianta participar de uma reunião que fale sobre Deus, se isso entra por um ouvido e sai pelo outro. Muitas vezes durante um culto ou reunião Deus age, movendo o interior dos ouvintes; aí a pessoa vem na frente após o apelo e recebe uma oração. Deus fez tudo para preparar o coração pela mensagem e pelo louvor. Porém, nota-se que a vida não muda em nada, pois faltou tirar os falsos deuses. Faltou arrependimento.

Por outro lado, há situações onde somos convencidos apenas intelectualmente da verdade, numa mera ação mental que reconhece a lógica, mas sem o testemunho do Espírito Santo. Não há contrição, não há esse mover interior para que o coração esteja preparado. Dessa forma, nada mudará em nossa vida.  A letra nos convenceu intelectualmente a nível de alma, mas o espírito resistiu ao Espírito Santo e à vida de Deus! Não adianta só sentir-se tocado por Deus, tem que saber o que Deus quer mudar em sua vida, o que está ocupando o lugar que Deus quer ocupar. Quando ele toca no seu coração, Ele mostra o que precisa ser removido – algo que está concorrendo com Deus por todo seu afeto e paixão, algo que deve ser entregue voluntariamente ao Senhor. O falso deus pode não ser necessariamente pecado, às vezes é uma coisa lícita: um prazer, um hobby, um costume, trabalho, etc. Falso deus é tudo aquilo que ocupa o lugar de Deus em nossas vidas; tudo aquilo que damos mais atenção e consideração do que o Senhor.

A atitude correta quando Deus move a nossa vida é: “Senhor, tudo que Deus pedir hoje, eu entrego” e assim entregar mesmo, sem rodeios, de forma direta (se não, todo aquele mover de Deus é perdido, não gera fruto permanente).  Todos podemos acabar colocando algo no lugar de Deus em nossa vida, mas para remover é preciso primeiro localizar essa coisa e depois se arrepender. Abrir a vida de verdade para Deus, permitindo que o Senhor mostre aquilo que você precisa abrir mão por Ele e abandonar realmente isso. Servir a Deus de todo coração, mandamento do Senhor, não é trocar a fidelidade por bênçãos, mas servir a Deus por Ele mesmo. Ele precisa ser a fonte de nosso prazer, de nossa satisfação; todas as demais coisas - se lícitas - vem em segundo lugar; se ilícitas, devem ser removidas.  

II. O VERDADEIRO ARREPENDIMENTO ENVOLVE PROFUNDO QUEBRANTAMENTO DE ALMA. 

Após tirar os deuses estranhos e prepararem o coração, Israel tirou água e derramou-a perante o Senhor (Lm 2.19). As águas eram tiradas do fundo do poço (15m ou mais de profundidade, dependendo do local). Nós não sabemos o que há no profundo do nosso interior. Para tirar águas, é necessário furar o poço (entrar no fundo do coração). O que há no fundo do seu coração?

Vivemos a maior parte da nossa vida superficialmente; pensamentos e meditações são superficiais; falamos superficialmente com Deus e com os outros. É preciso cavar o poço, ir mais fundo, o que realmente queremos de Deus, qual é o verdadeiro anseio do nosso coração. Todos temos sede, mas alguns de nós nunca cavam o poço até encontrar água e, assim, não matam a sede e vão levando a vida. Porém, todos que furarem o poço encontrarão águas!

Note, porém, que eles tiraram água do fundo do poço e a derramaram em terra! Isso era um desperdício do ponto de vista pessoal! A atitude que toca no coração de Deus são aquelas que são feitas não para benefício próprio. Quantas vezes oramos a Deus para outras pessoas ouvirem e verem como somos espirituais. Quantas vezes pegamos água e não derramamos! Água precisa ser tirada do fundo do coração e então desperdiçada (não voltar mais, porque não é para benefício próprio). Água que é tirada só para Deus, derramada diante de Deus, não tem utilidade particular, não vai ser usada para outra coisa. Mas se é dada somente para Deus, nunca será jogada fora! A atitude da mulher do vaso de alabastro é um exemplo (Mc 14.3-9): “É um desperdício!”, disseram alguns que assistiam a cena. “Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua” (Jesus). E ela não sabia disso, antes de agir! Deus retribui aquilo que damos para Ele em adoração. 

Quando os comunistas tomaram conta da China, o Pr. Watchman Nee teve oportunidade de deixar o país. Mas ele preferiu ficar com o seu povo, compartilhando o sofrimento deles. Foi preso por 20 anos pelos comunistas; do ponto de vista humano, ele jogou a vida dele fora. Porém, sem ele saber, o Espírito Santo fez com que seus muitos e maravilhosos ensinamentos fossem reunidos, editados, traduzidos, publicados e distribuídos em todo o mundo, enriquecendo e edificado milhares de cristãos em muitas igrejas e muitas nações. Morreu pouco tempo depois de sair da prisão, aos 68 anos. Os guardas acharam sua confissão debaixo do travesseiro: “eu creio em Jesus Cristo que morreu e ressuscitou por nós”. Manteve até o fim a sua fé; seu tesouro ficou guardado no céu. A água que foi jogada diante de Deus, foi por Deus recolhida! Nunca pense que sua vida não tem valor para Deus. Derrame seu coração, tire para fora aquilo que há no mais profundo do seu ser para o seu Senhor. Deus precisa ouvir você dizer, o amor é falado! 

III. O VERDADEIRO ARREPENDIMENTO ENVOLVE CONFISSÃO NUMA BASE VERDADEIRA. 

Israel confessou o seu pecado. O texto diz: “[...] jejuaram naquele dia e ali disseram: pecamos contra o Senhor”. Precisamos aprender a confessar os nossos pecados! Não é confessar quando falamos em geral: “Oh Senhor, perdoa-nos porque somos fracos”, “perdoa-nos porque todos nós somos pecadores”. Isso não passa de apresentar desculpas. Confissão é sem rodeios, sem meias-palavras, sem desculpas! 

Confissões não são acusações: “Senhor, eu pequei por causa de fulano”, “Senhor, eu pequei, mas dá um jeito naquele filho teu porque não tem quem aguente”. As confissões na Bíblia falam de um profundo sentimento de vergonha, de sequer olhar para a outra pessoa. Eles confessavam olhando para baixo, encurvados (Ed 9.5,6). 

Deus é misericordioso, mas Ele exige que reconheçamos a nossa a iniquidade (Jeremias 3:12,13). Quando Deus toca em certas coisas na nossa vida, às vezes precisamos voltar 20 anos ou mais e falar “há uma coisa que eu nunca reconheci”. Tem coisas que precisam ser reconhecidas. Conforme Isaías 59:12,13, aprendemos que a confissão envolve “dar nomes”. “Desculpa qualquer coisa” não é válido. Seja específico!

“Não destes ouvidos à minha voz” - essa é uma queixa recorrente de Deus com relação ao Seu povo. Quando Deus tratava com a rebelião do povo, Ele falava do que é fundamental (apesar dos 10 mandamentos), que é não ouvir a voz de Deus, não amar a Deus e não dar atenção para Deus. Com certeza, se colocarmos nosso coração diante de Deus aquilo que Ele mais irá tocar será nossa frieza, a pouca importância que damos para ficarmos na presença de Deus em detrimento de outras coisas. Isso é fundamental (Jeremias 3:22-25).

Um arrependimento profundo é a primeira marca de um verdadeiro avivamento espiritual! Não existe avivamento sem arrependimento, confissão de pecados e retorno da vida para o Senhor!

Pense nisso! Graça e paz!

(mensagem pregada dia 22/05/2014)

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