O Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, São Cristóvão/RJ foi totalmente destruído pelo fogo no dia 02/09/18. Fundado por Dom João VI no dia 6 de agosto de 1818, duzentos anos de história perdidos em poucos minutos. 20 milhões de itens de acervo, a maioria carbonizada. O que causou o incêndio, ainda nãos e sabe. Pode ter sido um balão, pode ter sido curto-circuito, pode ser criminoso, etc. Estão investigando as causas e talvez encontrem uma.
Agora, surgem várias explicações para o descaso de anos a fio, governo após governo, com o Museu. O orçamento era insuficiente, o repasse de recursos federais diminuiu, a Cedae não verificou os hidrantes... várias justificativas. Porém, o dano é irreparável: não há como reaver o que foi consumido pelo fogo; não dá para recuperar o patrimônio original que perdido. Talvez seja possível reparar a estrutura do prédio, muito provavelmente serão doados novas obras para compor seu patrimônio. O governo diz que vai liberar recursos (aliás, não faltaram políticos para tirar uma "casquinha" da situação). Mas o que foi, jamais será novamente.
Muitas lições podem ser tiradas desse episódio, para todos, quer governo, quer população, quer brasileiro, quer seja outro povo e nação. Eu destaco a seguinte: as prioridades tratadas como eventualidades hão de cobrar seu preço altíssimo, frequentemente impagável, mais dia menos dia. Prioridades devem ser tratadas como tal, nunca como algo secundário que possa ser deixado para depois (popular "empurrar com a barriga"), pois é bem provável que isso não venha a ser possível.
Quais são as nossas prioridades? Podemos pensar nisso de diversas maneiras, sob diferentes óticas. Minha proposta é analisarmos sob a ótica bíblica e, para isso, nada melhor que consultarmos alguém que viveu todo tipo de experiência possível - Salomão.
"Disse eu no meu coração: Ora vem, eu te provarei com alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade.
Ao riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve esta?
Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne (regendo porém o meu coração com sabedoria), e entregar-me à loucura, até ver o que seria melhor que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu durante o número dos dias de sua vida.
Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.
Fiz para mim hortas e jardins, e plantei neles árvores de toda a espécie de fruto.
Fiz para mim tanques de águas, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.
Adquiri servos e servas, e tive servos nascidos em casa; também tive grandes possessões de gados e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém.
Amontoei também para mim prata e ouro, e tesouros dos reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens; e de instrumentos de música de toda a espécie.
E fui engrandecido, e aumentei mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.
E tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho.
E olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando, tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol.
Então passei a contemplar a sabedoria, e a loucura e a estultícia. Pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram.
Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas.
Os olhos do homem sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; então também entendi eu que o mesmo lhes sucede a ambos.
Assim eu disse no meu coração: Como acontece ao tolo, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria? Então disse no meu coração que também isto era vaidade.
Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo!
Por isso odiei esta vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é vaidade e aflição de espírito.
Também eu odiei todo o meu trabalho, que realizei debaixo do sol, visto que eu havia de deixá-lo ao homem que viesse depois de mim.
E quem sabe se será sábio ou tolo? Todavia, se assenhoreará de todo o meu trabalho que realizei e em que me houve sabiamente debaixo do sol; também isto é vaidade.
Então eu me volvi e entreguei o meu coração ao desespero no tocante ao trabalho, o qual realizei debaixo do sol.
Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, conhecimento, e destreza; contudo deixará o seu trabalho como porção de quem nele não trabalhou; também isto é vaidade e grande mal.
Porque, que mais tem o homem de todo o seu trabalho, e da aflição do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol?
Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade.
Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus.
Pois quem pode comer, ou quem pode gozar melhor do que eu?
Porque ao homem que é bom diante dele, dá Deus sabedoria e conhecimento e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte, e amontoe, para dá-lo ao que é bom perante Deus. Também isto é vaidade e aflição de espírito." (Eclesiastes 2:1-26)
Nos versos 1-3, Salomão decide-se entregar-se por completo na busca pela felicidade. Ele convida sua alma a entregar-se por completo à experiência da alegria! Há quem diga que a satisfação de uma pessoa, seu bem-estar, está ligado àquilo que possui e faz. Todos os homens se esforçam para terem coisas importantes e para serem reconhecidos pelos seus feitos. A vida de Salomão foi gasta na realização de grandes obras, não com coisas insignificantes. Ele “empreendeu”, “edificou”, “plantou”, “fez”, “comprou”, “possuiu”, “juntou” ao ponto de se engrandecer com tudo o que realizou! Todos os desejos pessoais desse homem foram satisfeitos, nenhum ficou sem ser realizado. Tudo o que ele quis, ele teve. Teve a vida cheia de prazeres e delícias, de bens e da satisfação de começar algo e terminar (v.10).
Contudo, ao ponderar no seu estado interior diante de tudo o que alcançou, Salomão constatou que tudo o que ele havia realizado, tudo o que ele havia envidado seus esforços, não passavam de “vaidade e correr atrás de vento”. Ou seja, nada disso realmente deu a vida dele um significado, um propósito, algo duradouro. Ao final, todas as alegrias e prazeres se mostraram passageiros. Com isso, Deus nos ensina que nossas reais necessidades não serão satisfeitas com aquilo que é material. Podemos fazer como Salomão, chegar ao máximo de todas as posses e realizações, contudo ao final o vazio em nossa vida permanecerá.
Viver uma vida de incessante e obstinada busca para “ter destaque” e/ou “ter coisas” é, no fundo, correr atrás de vento. O trabalho, por exemplo, uma das necessidades humanas, existe para o homem e não o homem para o trabalho. Há quem de tanto trabalhar construa uma vida sem relacionamentos (Ec 4.8). Porém, infelizmente, há aqueles que tendo relacionamentos, troca-os por uma vida de trabalho sem fim. Pessoas abrem mão de casamento, de filhos, de família e até do desenvolvimento de uma fé sadia - verdadeiras prioridades - porque concentram todas as suas forças na busca do sucesso financeiro e/ou profissional. É claro que precisamos todos trabalhar, mas não podemos sacrificar nossa família, por exemplo, no altar do trabalho/sucesso profissional, ou no altar da diversão e dos prazeres. A vida passa com rapidez. Há um número de dias de vida determinado para cada um de nós, independente de religião, cor, status social, etc. Lamentavelmente, você há de passar, um dia. Seus pais, esposa/esposo e filhos (ou amigos, irmãos, pastor, etc.) também hão de passar, antes ou depois de você. Ninguém estará sempre disponível e alcançável, pode ser que quando você procurá-los eles já não sejam mais alcançáveis - mesmo estando todos vivos. Querido(a): SUA FAMÍLIA PRECISA DE VOCÊ! SEUS FILHOS PRECISAM DE VOCÊ! SEU CONJUGE PRECISA DE VOCÊ!
Parênteses: Aqui, vale o mesmo para (1) pastores sérios que priorizam ministério em lugar da família e até de Deus; para (2) donos de igreja/ministérios que priorizam seus bolsos e seu sucesso religioso em detrimento das pessoas que os seguem; (3) dos "judas de plantão", que priorizam o ego, o "estar num púlpito pregando" - "amam os primeiros lugares", como disse Jesus -, ao invés do amor e amizade que um dia lhes foi devotado; (4) de crentes, que priorizam suas vidinhas pequenas, "pecadinhos" secretos e seus probleminhas pessoais auto-impostos do que o Reino de Deus; (5) os(as) "beatos(as) de igreja", que priorizam o templo e a religião mas que estão nem aí para as pessoas (pessoas são meios para um fim, não o fim em si mesmas), sejam elas "os irmãos" ou até mesmo família e conjuge. Fecha parênteses.
Essas buscas são infindáveis pela incapacidade da coisa em si saciar o vazio interior que existe na alma humana. São verdadeiras prisões existenciais para aqueles que se deixam consumir por elas. Quanto mais temos, mais desejamos; quanto mais alcançamos, mais longe queremos chegar. Nunca nos encontramos numa posição saudável de equilíbrio, de “Chega! O que tenho me basta!” ou “Sou feliz e satisfeito com o que alcancei!”. Somos criados para a eternidade, portanto aquilo que é gera apenas prazer e alegria momentâneos não pode nos satisfazer, nos preencher.
“Porque todos os seus dias são dores, e o seu trabalho é desgostoso; até de noite não descansa o seu coração.” (v.23) Durante o dia, vive atribulado; seu trabalho não traz a realização que ele espera e necessita. Nem na hora de dormir sua mente não descansa, ele não consegue dormir. Vive tenso, preocupado. Já não é mais uma pessoa alegre, sua fé quase virou conformismo. Mais um pouco, e você culpará a Deus por sua situação.
No final das contas, essa dedicação sem limites à segurança financeira e ao sucesso profissional se revelará em pura e simples vaidade. Algo fútil, temporário, perda de tempo. Algo vão, vazio, firmado sobre aparência ilusória. O que edificarmos, o que construirmos, o que ganharmos com todo nosso esforço ficará para outrem, que vier depois de nós, seja sábio ou tolo. Mesmo o ganho gerado por um trabalho feito com sabedoria, conhecimento e destreza será dado como porção para quem não se esforçou nada. Será ele quem vai usufruir, ou vai destruir tudo. O empenho humano não pode ser recordado, retido ou passado a outro. NINGUÉM LEVA NADA PARA O ALÉM-TÚMULO.
“Que fará o homem que seguir o rei? O mesmo que outros já fizeram”. Salomão descobriu que a sabedoria humana era preferível à ignorância e loucura, embora a sabedoria humana não torne um homem feliz. Sabedoria aqui é puramente humana (Ec 7.16-18), que vive em preocupações para evitar qualquer coisa que atrapalhe o prazer (eliminando todas as chances de fracasso). No final, dá no mesmo lugar que o tolo.
DEUS, O SUPRIDOR DE TODAS AS NECESSIDADES E FONTE DO PRAZER INESGOTÁVEL (vv.24-26). Após examinar as fontes humanas de prazer e a vida de busca pelas mesmas, e o mesmo resultado ser alcançado por quem não prioriza os prazeres em sua vida, ele conclui que ao final o esforço humano é inútil. Tudo vem igualmente da mão Deus. PORTANTO, É A DEUS QUEM O HOMEM DEVE BUSCAR E CONFIAR – ESSA É A VERDADEIRA PRIORIDADE HUMANA. Comer, beber, gozar o bem do trabalho... Deus nos deu isso tudo, por Sua bondade e Graça. Se o agradarmos – Se Ele for a fonte do prazer, se Ele for a razão da nossa existência, Se Nele estiverem todas as nossas fontes (Sl 87.7) - Dele receberemos a sabedoria, conhecimento e prazer. (v.25)
Quem não prioriza o cônjuge e a família, poderá ficar sem elas. Quem usa pessoas e ama as coisas perderá as pessoas e as coisas. Quem não investe seu tempo e vida naquilo que realmente é prioridade constatará, estupefato, que desperdiçou sua vida com aquilo que é vento. Quem não prioriza Deus hoje, poderá chegar a situação de não mais ser possível fazê-Lo no dia crítico. Poderá ouvir do próprio Jesus a terrível constatação da realidade - "nunca vos conheci". Há fogo eterno destinado aos homens no pós-vida. O fogo físico nada poupa, independentemente do valor histórico ou social ou científico ou econômico; quanto mais devemos esperar do fogo eterno!
Lembre-se: Deus é fogo consumidor. Portanto, reveja hoje as prioridades de sua vida, para que você não seja surpreendido(a) hoje e principalmente naquele grande dia!
Pense nisso! Graça e paz!
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