domingo, 30 de setembro de 2018

VOCÊ POSSUI A MENTE DE CRISTO?

Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo. (1 Coríntios 2:16)

O argumento de Paulo em 1 Coríntios 2 é este: Ninguém pode entender a Deus. Ninguém pode compreender plenamente seus planos, seus sentimentos, seus pontos de vista, seus desígnios. Ninguém por natureza, sob a influência do sentido e da paixão, está disposto a investigar sua verdades, ou amá-los quando eles são revelados. Mas o cristão é influenciado por Deus. Ele tem o seu Espírito. Ele tem a mente de Cristo, que tinha a mente de Deus. Ele simpatiza com Cristo, ele tem seus sentimentos, desejos, propósitos. E como ninguém pode entender Deus completamente por natureza, então ninguém pode entender aquele que é influenciado por Deus e não é de se admirar que os homens considerem a fé cristã como loucura, e o cristão como um tolo.

O cristão, assim, deveria possuir a mente de Cristo. Isto é, deveria possuir a mesma lógica de pensamento e de raciocínio que o Senhor possui. Afinal de contas, como explica Paulo, o cristão possui o Espírito de Cristo nele, influenciando-o e direcionando-o no Caminho, na Verdade e na Vida. Diante disso, um cristão deveria acima de tudo concordar com o que Seu Senhor concorda e discordar daquilo que Ele discorda. Estranha-se, portanto, quando um dito cristão tem pensamentos e lógicas contrários ao Seu Senhor. Infelizmente, é exatamente isso que se vê atualmente: pessoas ditas cristãs com estruturas de pensamento e discursos díspares do pensamento de Cristo. Pessoas cheias de fortalezas de pensamento, muitas auto-impostas por preconceitos e idéias pré-concebidas e muitas outras impostas por suas lideranças denominacionais. 

Que a religião é algo altamente opressor e negativo isso é um fato. Quem mergulha de cabeça numa religião acabará fanático e dissociado do mundo real, porque a religião tem o poder de dominar e escravizar a mente humana.  Veja, por exemplo, o que acontece com os adeptos das seguintes religiões: islã, cristianismo, judaísmo e do hinduísmo, só para citar algumas. Pessoas cometem toda sorte de atrocidades contra si mesmas e contra seu semelhante "em nome de Deus", como se vê na Jihad e como se viu na Inquisição, por exemplo. 

É interessante notar que o nome de Deus, dentro da religião dita cristã, é usado com frequência para justificar tudo aquilo que Deus condena. E infelizmente essa prisão chamada "religião" vai crescer em poder e influência, e muito, nos últimos dias. Nosso Senhor Jesus, que nunca comungou com religião nenhuma nem fundou religião nenhuma, disse: "Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus." (Jo 16.2) Assim, os cristãos seriam explusos das sinagogas e mortos em favor de "Deus" nos dias antigos; nos dias presentes, serão perseguidos e explusos das denominações e casas de culto e nos dias futuros...serão mortos em nome do deus da "religião cristã"! Isso não está longe de acontecer: já hoje, o ódio (essa é a palavra) entre ditos "cristãos" é uma realidade que só tende a crescer; ódio por tudo (pelo político preferido, pelo dominador-presidente fundador e dono de igreja/ministérios, pela denominação preferida, etc.). Basta dar uma rápida olhada nas redes sociais e você constatará essa triste realidade! Idiota, burro, imbecil, tapado, ladrão, etc. são as mais brandas palavras usadas por ditos cristãos uns contra outros, demonstrando intolerância e violência. Isso quando não estão "alfinetando" uns aos outros! Qual é o fundamento ou princípio ético que legitime alguém dirigir-se pessoal e diretamente a uma outra pessoa para insultá-la, menosprezar seu trabalho, rotulá-la, e ainda chamar outras pessoas para participar do achincalhe público por rede social - ainda mais sendo cristão??

Olhando para isso tudo, fico a pensar que estamos muito longe do ideal cristão de vida, de comportamento e de relacionamento que Cristo e seus apóstolos estabeleceram na e para a Igreja. Estamos muito aquém desse ideal de ter a mente de Cristo. Quando muito, temos a mente do líder denominacional, do político querido, etc. É incrível isso! Como pode um dito cristão defender causas e posições claramente anticristãs?!? Como pode defender ideologias claramente antibíblicas?!? Mente de Cristo ou de manada, seguindo outros cegamente, adotando o comportamento de uma pessoa ou grupo sem fazer uma avaliação crítica e independente? Vamos impor ditos valores cristãos a toda uma população de pessoas, a toda uma nação, independente da fé que professem? Vamos "cristianizar o país", desapropriando templos pagãos e forçando conversões em massa sob ameaças estatais, como na época de Constantino? 

Sobre isso, comenta o pr. Antonio Carlos Costa: "Nunca vi nada mais ineficiente, sem fundamento teológico e bizarro do que a pauta moralista da igreja, nesse ano de eleição. Qual legislação, presidente da República, passeata, é capaz de mudar a orientação sexual de uma pessoa, fazer com que não se embriague com a cachaça que é vendida na esquina, modificar seu desejo de montar uma família poliafetiva etc.? O cristianismo é cético quanto à possibilidade de não cristãos se comportarem como cristãos. Uma coisa é você ir às ruas para fazer o Estado cumprir o que lhe cabe fazer, outra, é legislar sobre moral privada." Ele prossegue, argumentando acerca do comportamento dos ditos evangélicos nas redes sociais: "O que me impressiona é ver evangélicos que não dão conta de uma leve ofensa ou discordância de pensamento nas redes sociais, que -recusam-se a não abortar o embrião do respeito ao próximo-, exigirem de não cristãos altíssimo compromisso com a ética cristã. Você quer influenciar a cultura? Defenda suas ideias com fervor, mas não trate a ninguém com estupidez nas redes sociais." (https://web.facebook.com/AntonioCarlosAlvesdeSaCosta/posts/2176008139280001?comment_id=2176438505903631&notif_id=1538218252916525&notif_t=feed_comment_reply).

Para o Pr. Antonio Carlos Costa, estão usando politicamente a igreja e o glorioso nome de Cristo. Eu concordo com essa análise. Estão usando o cristianismo para promoverem o que o cristianismo condena, tanto partidos políticos, quanto denominações religiosas. E com isso, milhões de brasileiros não cristãos estão escandalizados com a forma desinibida mediante a qual evangélicos defendem causas anticristãs cristianizadas. O problema não é político, mas sim teológico. O Brasil quer saber em qual espécie de Deus a igreja crê. Nossos interesses políticos não podem estar acima do compromisso com a causa do evangelho! Mas o efeito manada está em pleno vigor!

Querido(a) leitor(a): nada tenho em comum, portanto em comunhão, com qualquer ideologia cristianizada que contraria os princípios e valores que amo e creio. Não dou a mínima para bandeiras e siglas, para títulos e posições, mas sim para o que Cristo ensina. Meu estado de convertido me leva a aceitar o que Cristo aceita e a repudiar aquilo que Ele repudia. Faço isso com tudo, quer com minha vida pessoal, quer com denominações e seus ensinos, quer com políticos e suas idéias, quer com qualquer idéia, comportamento, conceito, valor ou tese apresentada. Como cristão, devo buscar discernir - entender - todas as coisas. A mente de Cristo não é uma mente passiva: ela está, constantemente, buscando obedecer a Deus, viver para Deus e cumprir as tarefas que Deus lhe dá. 

Compartilho contigo meu testemunho pessoal quanto a isso: já tive que sair de denominação religiosa porque o líder máximo da mesma passou a comportar-se como dono e a exigir obediência absoluta e irrestrita! Passou a exercer domínio sobre todos, caindo em pecado de traição visando remover-me secretamente da posição por (a) discordar de suas posições e (b) por, segundo ele, não fazer a igreja crescer. Sempre fui taxado de radical nessa denominação, por querer ensinar a Bíblia e segui-la e por não fazer vista grossa com pecado em nome de um crescimento numérico. Ora, se a Bíblia diz que um presbítero não deve dominar sobre a Igreja de Cristo, esta atitude não deve ser tolerada, ainda mais com o agravante mencionado! Igreja é lugar de sinceridade, creio eu.  Acabei saindo por não haver mais como ficar; saí, contudo, em paz e seguro de minhas convicções. Depois de um certo tempo, alguém me falou que eu deveria ter ficado e lutado por minha posição. Igreja é local de briga, eu pergunto? Local de confusão? Um cristão deve usar armas carnais para triunfar, para fazer valer sua posição? Isso estaria de acordo com a mente de Cristo? Paulo não nos recomenda sofrermos o dano? Ele não disse: "O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros. Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?" (1 Co 6.7) Sofri e sofro o dano, como cristão e ministro do evangelho que sou! Se temos a mente de Cristo, devemos aprender a conviver com as perdas pessoais para a glória de Cristo, especialmente quando o nome de Cristo e da fé cristã estão em jogo.

Ter a mente de Cristo, portanto, é compartilhar a atitude de Cristo, que disse: “E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada” (João 8:29). Como agora você vive no plano espiritual, dependa constantemente do Espírito, o seu Consolador sempre presente, para o alertar, lembrar, sugerir idéias, palavras e ações; para o encorajar e motivar; ou para o controlar e refrear. Busque a Sua direção em todas as suas decisões. Nos sufocantes detalhes da vida, procure olhar de relance momento após momento e quase inconscientemente afim de ver o Seu sorriso, Sua desaprovação ou o Seu questionamento sobre o que você está fazendo ou considerando. Assim como o timoneiro de um barco olha constantemente para o seu compasso e para as estrelas a fim de checar o seu curso e assim como o piloto consulta a todo instante os mostradores do painel do avião, olhe também constantemente, com os olhos da fé, para o Espírito e sinta a Sua aprovação, preocupação ou desaprovação.

Aprenda, por fim, a ser humilde. Quem tem a mente de Cristo não se considera "a última bolacha do pacote": “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fp 2.5-8).

Pense nisso. Graça e paz!

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