quinta-feira, 12 de agosto de 2010
A RELEVÂNCIA PROFÉTICA DA CARTA AOS CRENTES DA IGREJA DE LAODICÉIA
No texto base nosso Senhor Jesus, a partir de João, escreve e envia uma carta ao anjo da Igreja de Laodicéia, exortando-a sobre o estado espiritual que ela se encontrava. Historicamente, a cidade era um próspero centro comercial (quando a cidade foi destruída por um terremoto, em 60 d.C., ela rejeitou ajuda do império romano para sua reconstrução), importante centro bancário e de troca de moedas, possuía vestes de lã negra polida, raríssima na época, e pós medicinais oftalmológicos. Contudo, não possuía suprimento de água permanente. A água tinha que ser levada por canos, vinda das cidades vizinhas de Hierápolis e Colosso. A água vinda de Hierápolis era quente, oriunda de fontes termais; já a de Colosso era fresca. Contudo, ambas chegavam mornas em Laodicéia, devido ao fenômeno da transferência de calor.
A despeito de existirem várias Igrejas na Ásia nos dias em que o texto de Apocalipse foi escrito, as cartas só foram redigidas às sete listadas em Apocalipse. O motivo, com certeza, está na relevância profética destas Sete Igrejas, sendo representativas das demais, conforme indicado no número total de Igrejas, não apenas do seu tempo, mas do presente e futuro. O ponto central é que esta carta (bem como as demais) foi escrita para tratar do estado espiritual dos crentes que constituíam aquela Igreja, conclusão óbvia uma vez que qualquer Igreja é composta por pessoas.
Apesar da importância do estudo da escatologia bíblica, este artigo abordará os princípios bíblicos contidos na Carta à Igreja de Laodicéia, imprescindíveis para a vida cristã tanto no período em que foi originalmente escrita, quanto nos nossos dias. Toda a Palavra de Deus é “regra de fé e de conduta” para todos os que protestam ser cristãos, o que inclui a missiva em questão.
I. 1º PRINCÍPIO: JESUS CONHECE A REALIDADE ESPIRITUAL DAS NOSSAS OBRAS.
Ao lermos os versículos 15 e 16 do texto base, constatamos que o Senhor conhece a real intensidade da nossa espiritualidade, que é demonstrada pelas obras que praticamos. Ele nos diz: “Conheço as tuas obras - nem frio, nem quente: morno”. A mornidão espiritual é exprimida pela manifestação de duas sensações “senoidais” muito comuns, que se alternam continua e periodicamente entre “pico e vale”: de dedicação e de apatia na Obra de Deus, de ânimo e desânimo com a Igreja: “Um dia, feliz; outro dia, não quer saber de mais nada”. Nesta situação, a Obra de Deus é feita na medida da conveniência, ou seja, quando é possível, quando não atrapalha, quando tudo já estiver terminado, quando não houver mais nada para fazer, e ainda restar alguma vontade.
Essa atitude é a marca de um coração dividido entre dois pensamentos, entre dois mundos (I Rs 18.21; Is 29.13; II Co 10.5). Jesus espera de nós inteireza de coração, tanto na adoração quanto no serviço cristão, caso contrário a nossa duplicidade de vida somente servirá para provocar vômitos ao Senhor (I Rs 8.23; Tg 1.7,8; 4.8).
II. 2º PRINCÍPIO: JESUS CONHECE A REALIDADE ESPIRITUAL DE NOSSA PROFISSÃO DE FÉ.
De acordo com os versículos 17 e 18, a mornidão espiritual é devida ao estado de aparente segurança física e material, sentimento que era comum aos moradores de Laodicéia. É possível interpretarmos erroneamente a nossa situação espiritual a partir da situação terrena. Veja o que o pensamento dos crentes de Laodicéia: “Sou rico, estou vestido como rei e tenho saúde. Tenho tudo, não me falta nada. Logo, espiritualmente, estou muito bem”. Cristo, contudo, não aprova este pensamento auto-suficiente, arrogante e cheio de vanglórias. Ele diz: “és um coitado, e miserável, e pobre, e cego e nu”. Por isso, Ele aconselha os crentes de Laodicéia, a:
a) Comprar Dele ouro refinado no fogo, para serem verdadeiramente ricos. Somente com ouro puro, que é símbolo da Glória de Deus, e que crente de Laodicéia não possui em sua vida, o homem pode ser rico para com Deus. (Pv 13.7; Ez 28.4-6; Lc 12.15-21)
b) Comprar Dele vestes brancas, para cobrirem a nudez (Lm 1.8). As vestes espirituais do salvo são brancas. Fala de santificação como processo, ou seja, da santificação dia-a-dia, da separação contínua do sistema e valores deste mundo (Zc 3.3-5; Ez 16.8; Ap 16.15).
c) Comprar Dele colírio, para que vejam. Só assim os crentes de Laodicéia serão libertos da cegueira espiritual (Is 42.19,20) tornando-se então capazes de ver a verdade de Deus (Is 35.5).
III. 3º PRINCÍPIO: JESUS NOS ADVERTE SOBRE AS TERRÍVEIS CONSEQÜÊNCIAS DE NOSSO ESTADO ESPIRITUAL
O contexto do versículo 20 aponta para a realidade da presença de Cristo no culto dos crentes laodiceanos. Tratava-se de um culto vazio, meramente exterior, uma fraude espiritual, onde Cristo não era presente sequer na vida dos crentes, graças a mornidão espiritual dos mesmos (Is 1.13,14; I Ts 5.19). Mas o que causa a mornidão? Em última análise, é causada por uma crescente apostasia! Veja os textos bíblicos de Ez 8.6 comparado com Ez 10.18,19. Tenha sempre em mente que um abismo chama outro abismo (Sl 42.7)!
a) Imagem dos Ciúmes à porta do altar (Ez 8.3,5). É o primeiro estágio da apostasia. Espiritualmente, refere-se àquilo que fortemente disputa o nosso amor e atenção com Deus, cuja influência é tal que está posta na porta do altar de Deus, no lugar de adoração – o nosso coração! É tudo aquilo que nos faz pensar duas vezes quanto ao envolvimento com Deus e com sua Obra; tudo aquilo que disputa o lugar de Deus em nosso coração. Se permitirmos, estas coisas, aparentemente boas (como o lazer), acabam roubando nosso prazer em estar na Casa de Deus, de ir ao culto, de participar ativamente das atividades que se referem a Deus (Sl 27.4; 122.1; Tg 4.5 comp. I Co 10.22 comp. Êx 34.14; Hb 10.25). Acabam produzindo um perigoso esfriamento da fé, possibilitando que o crente espiritualmente passe ao segundo estágio de apostasia.
b) Pinturas abomináveis nas paredes da Casa de Deus (Ez 8.10). É o segundo estágio da apostasia. Aqui, o incenso, isto é, a importância dada, é queimado na Casa de Deus àquilo que é diabólico. A importância dada às coisas desse mundo é tal que as “pinturas do mundo” passam a estar fixadas no coração dos crentes, em detrimento dos Princípios do Reino de Deus. São as famosas “concupiscências da carne” (Tg 1.14,15). Por exemplo, o namoro moderno promíscuo (“ficar”, "sexo livre no namoro"), o comprometimento com a impiedade dos amigos ímpios, com as festinhas promíscuas, as orgias, etc (I Jo 2.15,16; II Tm 3.1-4).
Aqui, os crentes tornam-se "...mais amigos dos prazeres que amigos de Deus." Eles possuem certa medida de amor por Deus. Mas este amor é frequentemente sobrepujado e contaminado pelo amor pelos prazeres do mundo. Paulo está falando daqueles que vão no encalço dos prazeres de iniqüidade! Neste segundo estágio de apostasia, derivado do primeiro, não há ruptura física com a congregação, mas sim ruptura espiritual: é possível continuar a viver a vida “evangélica”, participando de cultos dominicais, sem se importar com os valores éticos e morais da Palavra de Deus. É possível viver de aparências, em hipocrisia, representando um papel de santidade, sem ter este valor arraigado no homem interior.
Observe: aquilo que era apenas uma concessão inocente na inversão de prioridades, no primeiro estágio, passou a abarcar elementos malignos agora. A inversão com base em concessões continua...
c) Mulheres chorando por Tamuz na entrada da Casa de Deus (Ez 8.14). Trata-se do terceiro estágio da apostasia. Aqui, o crente dá brechas mais extensas ao diabo, porque sua mente e suas emoções ficam quase completamente dominadas pelo fascínio do mundo. Neste estágio, já não importa mais o que está acontecendo no interior do Templo, não importa mais o culto, não importa mais o Senhor – não passam de mera obrigação. O coração está a bater fortemente pelo mundo, e as lágrimas do inconformismo com o cristianismo e com a Igreja brotam interiormente no coração e exteriormente nos olhos destas pessoas. Por exemplo, é fácil encontrar vários jovens e adolescentes, que ficam a lamentar pelos cantos da Igreja por causa de relacionamentos mistos (luz e trevas) e que não saem da porta do Templo, trocando olhares furtivos com o mundo, apaixonados por ele.
d) Adoração ao sol de costas para templo (Ez 8.16). Último estágio da apostasia. Espiritualmente, significa desprezo pelo Senhor em detrimento daquilo que Ele criou. Não há mais vínculo afetivo e de fé com o Senhor e com seus discípulos. Aqui, o crente retorna para o mundo fisicamente, totalmente cativo pelo inimigo (Ec 11.9,10; Jó 13.26; Sl 103.1-5; II Tm 2.22; Sl 144.12), desviando-se do Caminho de Deus. Toda adoração, ou seja, toda veneração é dada ao mundo, ao seu sistema e aos seus valores e relacionamentos. Multidões apóstatas que outrora caminharam com o Senhor. Agora escondem-se dEle e não querem estar na Sua presença. Desviaram-se e seguiram seu próprio caminho. Rejeitaram a Jesus e ainda não O querem mais em suas vidas.
IV. CONCLUSÃO:
Amado crente de Laodicéia, o Senhor Jesus te convida a abrir seu coração para a real comunhão com Ele mesmo. Veja suas palavras: “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo”. (Ap. 3.19,20) Não importa o quão longe você desviou-se de Deus, não importa o quão profundo é o abismo em que você se encontra! Arrependa-se da vida cristã que você tem levado e abra o seu coração para a real comunhão com o Senhor. Ele te ama! Ele quer entrar na sua vida novamente, quer fazer parte dela nos mínimos detalhes!
Pense nisso e lembre-se: Deus está te dando Visão de Águia!
Um comentário:
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Laodicéia está aí.Tontos ,embriagados pelas suas lascívias.Gananciosos,incorrigíveis ,amando os valores desse mundo.São os que Naquele Dia farão parte dos que se esconderão nos penhascos.Laodicéia segue junto com Filadélfia e tentando desviá-la do caminho Jesus ,anseia para que os laodicenses aceitem o Seu oferecimento e passem a ver,se vistam e se enriqueçam.
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